sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Carlos

Eu vi que todo mundo postou sobre Black Swan. E eu não comentei no blog de ninguém porque eu ainda não vi. Porque o babybrother me contou que alguém arranca o pedaço do dedo de alguém e é nojento e eu não vou gostar. Conclusão: não sei comentar sobre esse filme ainda. Comentarei algo quase tão importante quanto o filme cuja atriz principal é a favorita para a estatueta do Oscar: eu vim falar do Carlos.

Ontem eu cheguei em casa, lavei a louça, coloquei o jantar pra fazer, tirei o lixo. E nessa hora, resolvi enfiar junto um pé de hortelã morto que eu tinha lá em casa. Que eu comprei no Ceasa debaixo de argumentos da vendedora dizendo "não, só está feinho, morrer não vai não." Eu queria algumas folhas de hortelã pra me acabar num mojito, já que comprei rum pra dar e vender. E foi aquele vaso feio de hortelãs feias que levei pra casa. Por 3 reais. Hortelã mumificada, foi pro lixo com vaso e tudo. Mas no pratinho do vaso, uma surpresa. Um tatu-bola.


Quando eu era criança, minha brincadeira preferida era de panelinhas. Não sei exatamente porque não existem mais panelinhas de plástico pra vender, porque a minha avó me dava coleções e coleções de pratinhos e xicarazinhas e panelinhas e fogõezinhos. Eu tinha vários e passava horas brincando com aquilo. Brincadeira barata. E eu passava o dia investigando pelo quintal por ingredientes pra colocar nas minhas panelinhas. A maioria dos meus ingredientes era sempre folhas, mas vez ou outra eu colocava formigas também. E as comia depois, inclusive. Era mesmo uma brincadeira bem real. Fato é que meu ingrediente preferido eram os tatus-bola. Eu tinha vários, tinha coleções, e achava uma graça que eles ficavam lá acondicionados feito lindas bolinhas nas minhas panelinhas. Eu passava o dia rodando tatuzinhos pra lá e pra cá no meio das minhas brincadeiras. Eu era filha única. E os tatuzinhos eram minhas companhias.

Vinte e muitos anos depois fico aqui a pensar que talvez eles tenham entrado em extinção. Porque nunca mais eu tinha visto um. Acho mesmo que a globalização, o crescimento desenfreado das metrópoles, a poluição e o trânsito fizeram com que tatus-bola morressem por falta de lugares mais tranquilos pra morar. Não sei. Mas sei que ontem, no pratinho do meu vaso de hortelãs falecidas, havia um tatu-bola.

Pequenininho, bonitinho, cheio das patinhas. Cinza, como os de antigamente. Gordinho, ele andava esperto pelas beiradas do pratinho. E eu achei que ele tinha cara de Carlos. Eu fiquei ali olhando o Carlos e lembrando da minha infância tranquila. Sem preocupações. Sem obrigações. Minhas tardes quentes de brincadeira solitária. O cheiro do ar daquela época. O som dos passarinhos.

Pensei em jogar o vaso fora, mas deixar Carlos ali. Por me trazer tantas lembranças, Carlos não merecia terminar a vida num saco de lixo. Carlos merecia andar e correr e ter herdeiros que brincassem com crianças e suas panelinhas no futuro. Rá. Crianças. Dessas que já nascem em frente ao computador. Nem sabem o que é panelinha. Nem nunca viram um tatu-bola em suas vidas. Nos dias de hoje, no alto do vigésimo segundo andar de um apartamento, as grandes expectativas de Carlos se resumiriam a se aventurar pela minha própria casa e só. E então eu lembrei do meu tapete egípcio. De pelinhos. Aí eu olhei pro tapete e olhei pro Carlos. Para o Carlos, para o tapete. E assoprei o Carlos, varanda abaixo.

Carlos caiu do vigésimo segundo andar de um apartamento. Na contramão, atrapalhando o tráfego.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Sobre minha primeira vez

Ontem. Quarta-feira. Aproximadamente 18h. Cheguei em casa, estacionei o carro, peguei minhas coisas. Era um início de resfriado e eu tinha um lenço de papel na mão. Prestei atenção no pessoal da academia. Pensei em tomar banho. Não podia esquecer um Benegrip. Grande coisa, Benegrip é um dos piores comprimidos pra resfriado. Mas era o único que eu tinha.

Apertei o botão do elevador e torci pra ele vir logo, antes que os passos de sapato chegassem perto de mim. Eu sempre corro pra pegar o elevador e sempre torço pra ninguém entrar comigo. Fecha-fecha-fecha, porta. Antes de alguém chegar. Ah, consegui. Quando o visor do elevador mostra que estou no primeiro andar é uma satisfação saber que ninguém mais vai entrar. E vou poder ficar sozinha, até meus longos vinte e dois andares. Ah, satisfação. Agora é só procurar a chave da porta. E então o elevador parou.

Parou, assim. Sem mais nem menos. E então eu pensei que vixe, ninguém começa a subir andares depois do térreo. Ninguém pega o elevador no quarto andar pra subir. Todo mundo só pega no térreo. Estranho. Olhei no visor pra saber o andar. E dei de cara com dois tracinhos. Adivinha.

Eu fiquei presa no elevador.

Ah, que bom. E isso nunca tinha acontecido nessa minha vida. Há trinta e um anos dessa indústria vital, eu nunca tinha ficado presa num elevador. Mas desde que eu me mudei pra esse prédio, ouço a sirene do elevador tocar. Já até acordei com ela e liguei pra portaria pra avisar que alguém estava preso. Todo mundo tem histórias de gente presa no elevador. Menos eu. E no fundo no fundo eu sabia que um dia esse dia ia chegar. Ou não, vai saber. Sou tão privilegiada em tantas coisas. Eu podia muito bem morar 50 e tantos anos no mesmo prédio sem nunca ficar presa nesse elevador. Mas isso não aconteceu. Vinte e três de fevereiro de 2011. Foi o dia que eu fiquei presa num elevador.

Daí tem lá um botãozinho com desenho de sino. Apertei. E então oi, que sirene tem que ser uma coisa pra que todo mundo ouça. Afinal é uma emergência. Só que esqueceram de avisar que quem tá preso no elevador ouve a sirene ali bem do seu lado. Bem dentro do ouvido. Beleza, pensei. Morro sufocada no elevador e ainda surda. Que bom. Fato é que eu não gosto de chamar a atenção, sei lá, eu não sou do tipo que pendura a melancia na cabeça. Mas eu tava presa, tinha que tocar a sirene. E enquanto eu ouvia aquele barulho ensurdecedor na minha orelha e fazia careta para a câmera, eu pensava. Que situação. Eu ali presa no elevador.

Devo dizer que eu não sou uma pessoa medrosa não. Eu sempre soube que não daria escândalo numa hora dessas. Nem tenho claustrofobia nem nada. Mas gente. Um elevador parado BALANÇA. Para os lados. E você tem a nítida sensação que de repente ele vai se soltar e cair de uma vez. É, porque enquanto você está lá preso, começa a lembrar que está só dentro de uma caixinha pendente por uns cabos. Simples assim. E então começa a pensar em todos os filmes de terror que remetem a elevadores presos. Daqueles que as portas abrem entre dois andares e na hora das pessoas saírem o elevador resolve cair, arrancando as pernas de todo mundo. Lembrei também de Gremlins, que eu sei que nem é da época de vocês, mas tem uma cena inesquecível que o elevador cai e as gosmas verdes pulam assim nas pessoas. E então passei a pensar no que eu deveria fazer caso o elevador resolvesse cair. Deitar no chão, acredito. Não que fosse melhorar alguma coisa num elevador que ia cair 24 andares. Mas né. Podiam ser minhas últimas horas de vida. Pelo menos pra não estragar o enterro, vai saber.

Finalmente alguém atendeu a sirene. Com uma voz do além, de repente a parede do elevador falava comigo "Oi?" disse ela. Eu, com vontade de responder 'oi, tou ligando pra saber como você está' respondi obviamente "oi, tou presa do elevador", como se fosse preciso avisar. Pensei mesmo se alguém liga do elevador só pra bater papo, porque do jeito que o cara atendeu, parecia que eu ia mesmo contar o último capítulo da novela. "Tá, onde você está?" Vontade de responder 'no elevador, dãã!', eu fui sensata. Mantive a calma e dei as coordenadas "bloco B, lado 1, elevador social" "HAN?" "BLOCO BÊ LADO UM ELEVADOR SOCIAL". "Ah, certo. Então, você vai ter que esperar, porque agora eu tou sozinho aqui e não posso ir aí, tá?". "Ta." Não sei ainda porque não xinguei. Não sei porque não mandei o cara para o inferno. Talvez porque eu precisasse dele. Ou porque a força do meu ódio ia pesar mais num elevador já pendente e balançando. Sei que fiquei quietinha e esperei.

Do alto da minha sanidade, tudo passou pela minha cabeça. Mandei uma mensagem para o celular do babybrother, pensando que mesmo que ali dentro do elevador não tivesse sinal, a hora que me tirassem de lá ele ia receber. E então caso eu passasse vários dias desaparecida, ele ia saber que tudo começou comigo presa no elevador. Já ia dar pra processar a empresa e tals. Muitas horas depois e nenhum sinal de preocupação do babybrother, lembrei: ele jogou o iphone numa privada qualquer e ele (o celular) morreu. Conclusão: se dependesse do meu irmão eu tava presa no elevador até agora.

Tentando pensar em coisas mais agradáveis enquanto eu estava presa (porque tudo que eu pensava é que ia morrer ali assim, gripada, nariz vermelho, despenteada - e nem tinha dado tempo de fazer depilação pra autópsia e tals), de repente a luz apagou. Ótimo. Como se eu já não tivesse visto coisas suspeitas nos corredores sem luz do prédio. Então minhas lembranças cinematográficas passaram de Premonição para Os Fantasmas Contra-Atacam, de 1988. Não é da época de vocês, mas eu conto: o fantasma do Natal passado é a morte. Que pega elevador com Bill Murray tranquilamente. Pra baixo, claro. (é um dos meus filmes preferidos da vida toda, juro!)

Então, já que eu já estava lá, no escuro, tasquei o dedo na sirene e fiquei. Pensando no pior. E então, depois de vários minutos, o elevador começou a descer devagarzinho. Eu, sem saber o que estava acontecendo, me encolhi no canto da parede e esperei. E então de repente abriram a porta e do outro lado eu vi uns 10 caras todos vestidos com roupa de manutenção. Todos olhando pra minha cara com ar de deboche. Todos pensando que eu tava lá descabelada, gritando e chorando, coisa que todo mundo deve fazer nessas situações. Eu dei mesmo graças a Deus de ter ficado presa sozinha. Já pensou eu e uma véia puxando assunto? Eu e alguém claustrofóbico desesperado? Eu e uma criança querendo fazer xixi? Mas eu não. Eu estava bem, do alto de meu autocontrole. Olhei pra cara deles como se fossem extraterrestres. Eles, rindo, falavam no rádio "já, já soltei, já, saiu, não, tá bem". Eu, pensando que NUNCA que eu ia subir 22 andares de escada. Entrei no elevador do lado, eles me olharam. E disseram que aquele também estava parando, que era pra eu pegar os elevadores do outro lado. Eu corri. Meio atordoada, meio aliviada. Meio pensando que não é ocasião pra pânico, meio pensando que dá mesmo um certo medo. Mas na minha mente, o tempo inteiro, só passava um videozinho que alguém um dia me mostrou na internet. E eu fiz questão de querer vir aqui pra mostrar pra vocês.




terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Sobre Inclusão Social

Eu acho válido. Acho legal que as vovós possam pegar as receitas da Ana Maria Braga via 'internete'. Acho bom que todo mundo possa fazer um currículo no Word e depois dar a desculpa do 'foi erro de digitação' pra qualquer palavra errada e ainda com a vantagem de não ter aqueles borrões que tinha antes nas folhas quando o currículo era manual. Acho divertido aquele caminhão da Inclusão Social parado no centro da cidade e o pessoal entrando ali pra usar computador grátis. Deve ser calor mas é válido. Lan house no shopping eu também acho bom. Você fica lá, no cubículo, usando aquele teclado cheio de meleca de nariz que todo mundo usa e com o fone de ouvido cheio de cera de muitas outras pessoas que já usaram. É inclusão social. Em todos os sentidos.

Eu acho legal que todo mundo tenha acesso ao mundo virtual. Pra tirar aquelas fotos de árvore de Natal em shopping de pobre pra botar no Orkut. E o que seria das pessoas sem maiores condições sem ter a internet pra votar no próximo indivíduo que vai sair do BBB no paredão? É realmente uma ferramenta imprescindível na atualidade. Concordo plenamente.

Mais ainda, como esquecer, como disse o Gustavo no post dele que colei aqui, tem aquela turma que bota no Anônimo no blog dos outros pra xingar-xingar-xingar muito no Blogspot. E aí eu digo que talvez aí esteja a grande ênfase da internet na inclusão digital. Porque veja bem, ser agressivo pessoalmente nos dias de hoje com alguém pode resultar num tiro na testa. Ou em coisa pior por aí. E nossa, a vida é tão difícil, a vontade de reclamar é tanta, a falta do que fazer é maior ainda. Mas nada como o anonimato pra deixar a raiva fluir. Ah, como xingar alguém muito-muito-muito como anônimo na internet é compensador. E o que seria de vocês, pessoas sem ter o que fazer, covardes e medíocres, que se escondem atrás de um anonimato para se acharem superiores, sem a internet pra ajudar?

Hoje eu vim dar seus 15 minutos de fama, Anônimo. Devo dizer que, parabéns. Por ter me mostrado apenas que, se antes eu falava de assuntos polêmicos, como opção sexual, religião e política, e através desses textos específicos eu recebia comentários de muita gente discordando sim, porque opinião é fundamental. Mas com argumentos para sustentá-las. Antes eu recebia palavras contrárias às minhas mas cheias de embasamento e senso crítico. Gente inteligente, como eu gostava de receber. Mas agora, comentando sobre um programa ínfimo da tv aberta, recebi muito mais comentários do que todos os outros, que tinham questões tão mais polêmicas e passíveis de discussão. E adivinhe: gente que não sabe nem xingar. Gente que consegue escrever um simples palavrão errado (eu sei que isso ficou implícito quando colei o texto do Gustavo, mas os anônimos não sabem o que significa 'implícito'). E aí eu pergunto pra vocês: tenho mesmo que dizer mais alguma coisa, sobre o público que dá ibope pra certos assuntos? Eu tenho recebido argumentos diferentes dos meus, mas com embasamento crítico e sensato a ponto de poder repensar minhas opiniões? Não. Em todo caso, obrigada, Anônimo. Por me mostrar que certos assuntos não são bons para comentar, não pela quantidade de xingamentos absurdos que recebi, mas pelo nível intelectual das pessoas que comentaram. E que, mesmo que você tenha se dado ao trabalho de vir comentar num blog que é MEU, com opiniões MINHAS, que eu falo o que quiser e se quiser, e que é FACULTATIVO a quem quer que seja entrar aqui e se dar ao trabalho de comentar ainda, quando poderia simplesmente fechar a janela (é ali no x no canto superior que fecha, tá?) e ir lá assistir o BBB, mesmo assim você me mostrou que falando sobre certas coisas, meu nível de comentários cai. E não, eu não quero isso. Eu sou uma pessoa que prefere, infinitamente, qualidade à quantidade. E quero continuar recebendo comentários só de quem tem cérebro. Obrigada por ter aberto meus olhos sobre assuntos a postar.

Abrindo parênteses no texto, preciso comentar da pessoa que falou que eu não gosto de BBB porque sou gorda. E se fosse magra eu ia gostar. Eu liberei o comentário dela porque não tinha nada de mais no texto, mas principalmente porque foi um comentário curioso. Achei divertido. Engraçado que, minha nega, mesmo não me adequando às circunstâncias, gostei da sua linha de raciocínio. Porque, veja bem, se o negócio for ser magra = ver BBB, se um dia eu for obesa vou é curtir minha vida muito mais intelectual. É um bom argumento. E um bom consolo para o dia em que eu estiver me achando gorda. Valeu.

Preciso dizer, a quem interessar, que se eu vi BBB alguns dias foi porque além da conveniência que eu já falei, conheço várias pessoas que assistem. Quase todas da minha lista de links, pra ser mais específica. E por ter contato além blog com essas pessoas, que possuem opiniões e afazeres diversos e vida além-internet, me convenceram a assistir, alguns episódios, que seja. Porque claro que há exceções nas regras e eu sei muito bem disso, e dou crédito para tais. Sei sim que não é todo mundo que assiste BBB que têm inteligência inferior. Tem até gente que "assiste e queria gostar, mas não consegue"! E meus amigos são todos com idéias e gostos contrários aos meus, porque é assim que eu prefiro. A diferença é que eles sabem opinar e sustentar suas opiniões com argumentos próprios, como todos os seres ditos 'racionais' deveriam ser. E, disposta primeiro a conhecer, pra depois saber opinar ao certo com argumentos reais, me aventurei na experiência. Porque eu tenho cérebro e sei usá-lo perfeitamente, obrigada.

Engraçado dizer que a internet é mesmo um ovo e a gente sempre tem uma certa desconfiança de onde as pessoas vêm. E eu sei muito bem que quem tem tempo a perder pra entrar todo dia num site de uma pessoa que não se sabe da onde vem nem pra onde vai, escrever errado e pensar que 'pronto, já me vinguei por hoje, amanhã tem mais', realmente tem tempo pra ver BBB e acha que esse é o melhor programa da televisão, a ponto de tomar as dores de qualquer um que ache o contrário. No pay-per-view da janela do vizinho, se precisar. Ah é. Tem o 'gato', esqueci. Mas devo concordar com alguém que disse nos comentários que assistir BBB não tem nada a ver com ler um livro. Verdade. Principalmente na vida de quem não faz nada o dia todo, é muito tempo vago. Dá pra ler um livro de autoajuda qualquer de manhã, comer de tarde, xingar muito-muito-muito no blog de alguém depois e terminar o dia vendo BBB. É mesmo um bom roteiro pra quem não tem maiores pretensões de crescimento na vida. Muito tempo para se fazer nada. Depois ainda dá pra sair dizendo por aí que 'nossa, você viu o fulano que vai sair no paredão quádruplo?', que você já fica antenado com a nova conversa de elevador, que substitui a antiga 'vai chover, hein?'. Com a mesma importância que tinha a pegunta clássica de puxar assunto anterior. Ou menor.

Enfim, eu sei que pra qualquer Anônimo que tenha lido o texto (se leu - claro, todo mundo sabe ler, mas INTERPRETAR é que são elas), não fui clara. Porque a minha linguagem realmente não é à sua altura de ignorância, desculpe. Mas vou resumir: você vai ficar aí, xingando-xingando-xingando muito, todo dia. Agradeço muito toda a sua dedicação em me irritar, me comparo mesmo ao BBB que você assiste todo dia: você não pode deixar de passar aqui pra me xingar um dia sequer. Nem aos finais de semana. É tipo você espiar o pessoal mostrando a bunda no BBB e vir aqui espiar a minha vida depois. Obrigada por toda essa atenção. Acho mesmo que tenho um blog com opiniões boas o suficiente pra ter todo esse ibope. Meu filho, quer xingar, xinga. No mais, eu vou sim ler tudo o que você me disser - porque eu não sou cega, mas não vou aprovar seu comentário para manter a total sanidade de quem me lê, me segue e comenta por aqui. Não tanto pelas palavras de baixo calão, porque esse tipo de coisa não abala mais ninguém, mas mais pela falta de inteligência de pelo menos xingar em português correto. Ninguém merece ler textos com erros ortográficos. Então você vai continuar xingando e eu vou continuar deletando, simples assim. Sem mais ibope seu no meu blog. Com esse texto, eu só tive a esperança de te fazer entender que não, você não me atinge. Diferente do meu efeito de ter dito qualquer coisa a ponto de você dispensar minutos de todos os seus dias pra vir aqui tentar me ofender, eu tenho coisa melhor pra fazer do que ficar dando créditos a você. Com um ponto só a ressaltar: você pode ser uma dessas pessoas que qualquer marido sustenta por aí e você fica fazendo inutilidades e gastando dinheiro do coitado durante o dia. Ou pode ser um desses fakes que fazem vários personagens pra se fingir de outra pessoa na internet porque a sua vida mesmo é um fracasso. Ou pode ser esses nerds gordos e espinhentos que chegam aos 25 anos virgens porque não conseguem se relacionar com a sociedade e passam o dia comendo e no bate papo na internet. Seja lá o que for, você com certeza é um loser (procura no Google e não esquece de clicar para respostas de páginas em português, porque isso é inglês, tá?), e o fundamental: com certeza você não me conhece. Do contrário, saberia exatamente o que me dizer pra me atingir. Não menospreze a minha inteligência, pessoa infeliz. E já que você é tão preocupado com a minha vida sexual, completo: vai DAR pra ocupar melhor seu tempo, vai? Desestressa bem mais que fingir ser quem você não é e xingar anonimamente na internet, sério.



quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Eu, Mecânica

Noite passada resolvi que precisaria dormir mais que as horas atuais. Decidi que tinha que dormir mais que um indivíduo normal e muito mais à minha maneira: mais que as 8 horas que qualquer pessoa precisa. Pra isso eu precisava dormir enquanto o resto do mundo estivesse acordado. Resto do condomínio. Resto de gente que continua vivendo enquanto eu durmo. Que não é lá grande coisa de pensar que nossa, tou perdendo meu tempo enquanto eu durmo. Porque eu não estou. Dormir uma bela quantidade de horas pra mim significa me acalmar mais que uma hora de massagem. Mais que os três minutos da minha música favorita. Mais que o milkshake do The Fifties. Dormir pra mim é vida. E eu vivo muito bem dormindo por 10 horas ininterruptas, à ponto de acordar pensando que meo, se morrer for isso, tomara que seja logo.

Eu não tenho sono leve. Claro, se estiver dormindo na minha cama e na minha casa. Do contrário, tenho sim. Meu sono também é pesado devido às circunstâncias: silêncio absoluto. É, porque quando eu morava com meus pais era um inferno de uma barulheira, pessoal resolvia correr maratona no corredor, de repente todas as gavetas do armário precisavam ser abertas, ou precisava-se de pregos na parede para os quadros e, acredite se quiser, um dia eu acordei com a minha mãe estourando bexigas de uma festa do dia anterior com um alfinete. Num domingo. Seis horas da manhã.

Mas quem acredita sempre alcança e hoje morando no céu, os passos do vizinho de cima ou de alguém que bata a porta da escada de incêndio são fichinha. Após ter me acostumado com o barulho da geladeira relativamente bem mais perto do que ficava de mim anteriormente, toda a minha noite de sono é um silêncio total. Dá pra ouvir até o canto do galo às 4h da manhã. SE eu estivesse acordada a essa hora. Eu consigo dormir 10, 12 horas ininterruptas. E não, eu não acordo pra ir ao banheiro ou beber água. Eu vou dormindo, apesar de não ser sonâmbula.

Voltando ao relato, noite passada estava eu desfrutando de meu sono de beleza e cheio de produção de colágeno quando no meio do meu sono um alarme de carro disparou. Por tempo suficiente pra que eu ponderasse ser de um carro velho. Pelo barulho eu podia jurar que era o alarme de um fusca. Como quem entende de alarmes. Ou de fuscas. O alarme disparou e eu em meio ao meu sono prestei atenção que o alarme disparava pelo tempo que tinha que disparar e depois parava. E então recomeçava. E sem me mexer, de plano de fundo da situação eu pensava que meu Deus, o que eu fiz pra merecer isso? Era nítido que o negócio disparava absurdamente uma vez atrás da outra e o energúmeno que era dono do carro não se mexia pra consertar. Será que tinha chamado um mecânico? Será que tinha acionado o seguro? Porque é mesmo o cúmulo que alguém deixe seu carro nessas condições enquanto alguém podia estar ali dormindo.

Levantei. Peguei o interfone, liguei pro porteiro. Reclamei algo que não me lembro exatamente como foi. Desci de elevador. Cheguei lá, uma pickup preta qualquer piscava os faróis sem parar. Eu, de chinelos e camisola, abri o capô que estranhamente não havia necessidade de ser aberto de dentro do carro. Vi um fio que saía da bateria, puxei. O alarme parou. Fechei o capô. Dei de cara com o casal dono do carro e falei 'ó, já arrumei'. Subi o elevador. Deitei na cama. E dormi.

Minutos depois eu reparei que não, nada daquilo tinha acontecido. Eu só sonhei que tinha feito tudo isso. Estranhamente, foi a partir desse momento que o alarme parou e não tocou mais durante toda a noite. E o que importa é que eu resolvi o meu problema. Acordada ou não, entendendo de mecânica ou não. Meu subconsciente esqueceu que eu colei na prova de mecânica do CFC. Em todo caso, se alguém hoje me disser que eu puxei um fio de um motor de um carro de camisola e chinelos no estacionamento do prédio eu conto pra vocês.

Em minha defesa, tenho algo a dizer: a camisola podia ser da Minnie, mas pelo menos eu não estava de pantufas.


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Ctrl + c Ctrl + v (mas muito bem feito)

E aí que estava eu meio que com preguiça de ser eu mesma, de me revoltar e querer esfolar a cara das pessoas no asfalto, ao mesmo tempo achando um absurdo que pra ser uma pessoa melhor é preciso ser lorpa. Daí dei uma olhada nos meus links. E achei um texto que cabe EXATAMENTE em tudo o que eu queria dizer. Segue aí o post do Gustavo Rezende, pessoa pensante que eu fiquei sabendo da existência através da Anna Vitória, garota pensante. Ainda há cérebros no mundo. Poucos, muito poucos. Mas há.

Gosto só é gosto pra quem tem mau gosto


O mundo é um lugar bem mais legal quando se tem um blog com comentários. Eu falo uma bobagenzinha exagerada qualquer e algumas galëres se revoltam por pouco, daí abrem a janelinha, marcam a opção anônimo e xingam, xingam muito-muito-muito no Blogspot. Tem sido assim em praticamente todo blog que já tive.

Não dou a mínima pra latido de vileno, senão não escreveria o que escrevo. As pessoas são politicamente corretas em demasia, e cobram que você também seja. Qualquer colocação que fuja do círculo do politicamente correto já é confrontada sob a égide do comportamento padrão e do bom-mocismo.

Por exemplo: toda vez que eu falo mal de algum estilo musical, sempre, absolutamente sempre pipocam uns comentários do tipo "VOSE NAUM RESPEIAT OS GOSTO DAS PESOAS EH UN ABSURDO KDA UM GOSTA DO Q KISEEE1.!11.;" ou, ainda, o obelisco da argumentação boba e sem inteligência, o famoso "GOSTO EH Q NEM CU KDA UM TEM O SEOOO!.1.;"

Beleza. O mundo sempre foi assim, as pessoas sempre gostaram de repetir argumentos-padrão como se fossem um apontamento filosófico genial. Mas, na minha opinião, falta ousadia. Ousadia de pensar diferente, de não ter medo de defender a sua opinião, de usar a cabeça para chegar a argumentos seus, pensados por você. De poder dizer que não gosta daquilo/daquele sem medo de contrariar. De ter a consciência de que você pode assumir uma posição contrária a alguém, sem precisar magoar essa pessoa. E de não se magoar quando discordam veementemente de uma opinião sua.

As pessoas são fortes, elas aguentam. Ninguém vai morrer se você discordar dele.

Todo mundo está querendo ser agradável, o tempo todo. Todo mundo concorda com tudo, o tempo todo. Neste país, discordar de uma pessoa equivale a ofendê-la. Antes sermos estúpidos que concordam entre si, como bois e vacas, do que indivíduos (vem de individual) que debatem, sem medo de emitir uma opinião fora do que é cunhado como politicamente correto.

Me recuso. Pra mim, sertanejo universitário é uma bosta e quem gosta de pagode é fedido. Não respeito mesmo. Acho tudo coisa de paquiderme. Não é como o jazz, por exemplo. Eu odeio jazz, mas respeito quem gosta, pois sei que ali existe, no mínimo, história e bagagem.

Quer fazer o teste? Vamos lá:

1) Vá a uma associação de cientistas, ou de grandes artistas, ou de executivos bem-sucedidos e pergunte: "E AE GALËRE BATUTA, QUEM AÍ CURTE O SOM DO JORGE E MATHEUS?" Anote o resultado.
2) Agora vá ao presídio mais próximo, à Uniesquina mais famosa ou à Associação Mineira de Repetentes Escolares e faça a mesma pergunta. Anote o resultado. Nesse caso, leve duas canetas. Você vai precisar.

Igualzinho aqueles maconheiros safados que faziam Ciências Sociais comigo. O cara tinha preguiça de pelo menos TENTAR fazer as provas, daí ficava o dia inteiro fumando erva e fazendo artesanato, que batizava de "arte". O cara desenhava, tipo, ISSO AQUI [abre em outra janela] e dizia: "É uma obra que expõe toda a dicotomia entre o desenvolvimento capitalista, representado pelos tijolos da construção civil, e a consciência ecológica, representada pela naturezaZZZZzzzzZzzz..."

Não, NÃO é uma "obra". E não, não representa porra nenhuma, rastafari fedorento. É só um desenho songamonga numa tela. "Ih cara, você que não interpretou direito, eu fiz uma abordagem diferentPOW. Som de um tiro na cara."

Jackson Pollock tinha uma abordagem diferente. Pablo Picasso tinha uma abordagem diferente. Você só é preguiçoso. Arte NÃO é gosto e interpretação, somente. É por causa desse argumento politicamente correto que as artes plásticas caíram na mesmice, a música pop é a mesma desde os anos 80 e o rock perdeu a ousadia e atrevimento de caras como os Rolling Stones ou o Led Zeppelin. Hoje, o rock'n'roll dessas bandas novas e com o selo de "independentes" (tão independentes quanto uma adolescente de 13 anos num shopping com a mãe) é bonitinho e engraçadinho, mas não tem ousadia nenhuma. Não se ouve mais falar em arranjos, em técnica, em ataque. O rock'n'roll virou rockinho. Não é ruim, mas não é rock. O rock tinha alma; hoje, virou mera repetição incessante de melodias tacanhas e bobinhas. O sujeito sequer precisa aprender a tocar guitarra mais. A delicadeza de novela das 7 do Kings of Leon só vai ser rock'n'roll no dia em que o Luan Santana conseguir focar um objeto de perto.

A curiosidade foi substituída pela preguiça de pensar. Vende o que é palatável, facilmente digerível, geral. Hoje, ouve-se Use Somebody e Meteoro da Paixão; ontem, ouvia-se Hey Jude e You Can't Always Get What You Want [tudo abre em nova janela]. Milhões de pessoas fazem do BBB um fenômeno nacional sob o argumento de que "chego em casa cansado, não quero pensar", como se diversão boa fosse sinônimo de diversão lixo. Como se, para se divertir, você tenha que se transformar em um debilóide.

Engraçado, pois somos seres humanos, mesmo que alguns se esqueçam disso. A curiosidade e desejo de inovação dos nossos ancestrais fez com que eles desafiassem o senso comum e construíssem pontes, inventassem aviões, fossem ao espaço. E hoje, no tão aguardado século XXI, a humanidade é formada por gente cagona e acomodada, que tem medo de ter opinião. Gente que foge do embate, que se esconde atrás da máscara da mesmice, e que consome qualquer tipo de porcaria sem questionar sua qualidade, sob o conveniente argumento de que "gosto é gosto".


A humanidade não está somente se emburrecendo. Está se acovardando também.


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Obs.: Sim, fui eu quem desenhou a casinha.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Vou entrar pro BBB

Sim, eu sempre achei que Big Brother era uma porcaria. Sim, quando eu ouço a musiquinha no comercial, que seja, eu já fico meio enjoada. Aham, eu acho mesmo que aquele pessoal não tem o que fazer e os que assistem, muito menos. Tá, eu sei que quase todo mundo que me lê assiste. Mas desculpa, gente. Vocês deviam ler um livro. E eu só não coloco vocês no grupo dos subdesenvolvidos intelectualmente por assistirem essa porcaria porque eu sei que vocês assistem mas tbm entendem de todas as séries que eu vejo e todos os outros assuntos culturais que eu comento. Sem contar o gosto supimpa das meninas que vão aos mesmos shows que eu. Enfim.

Venho por meio deste informar que BBB11, eu assisto de vez em quando. Porque quando tava passando a série Amor em 4 Atos, do Chico Buarque, eu quis ver. E apesar de, tirando o primeiro episódio que eu gostei bastante, mesmo assim eu só saberia que não gostaria dos outros assistindo. Mas as séries da Globo sempre passam depois dos BBB da vida (e eu não vi o Dalva e Herivelto por isso - queria tanto ter visto!), eu decidi que não ia ser qualquer um Big Bunda Brasil que ia me impedir. Somando-se isso ao fato de eu andar ocupada ultimamente com outros afazeres e isso estar me impedindo de gozar de meu sono maravilhoso de beleza diário de no mínimo 10 horas por noite, e ao fato de ter acabado o Amor em 4 Atos, mas ter começado o Troca de Família (que eu acho um baratão o pessoal na casa dos outros tudo se matando)... alguns dias da semana me pego assistindo BBB pra esperar algum programa que vai passar só quando pararem de esfregar a bunda na minha tela.

Fato é que, bundas à parte, fico eu lá vendo o pessoal. Aproveitando que entrou um fulano lá agora que é o meu número mas vai total de encontro com a minha teoria - quanto maior o diâmetro do bíceps, menor o do cérebro, mas beleza. Então fico lá pensando que puts, que falsidade. O pessoal entrou ontem, nunca ninguém se viu mais gordo, de repente todo mundo é amigo inseparável pra sempre desde criancinha. E daí num belo dia vai lá um fulano e xinga a ciclana horrores e meia hora depois tá todo mundo chorando e pedindo desculpa e se amando e dormindo de conchinha.

Avá.

Eu entendo, gente. É tv, é jogo, quem ganhar vai ficar rico de um dia pro outro então tem mais é que ser falso até o fim e fazer de tudo pra tocar fogo no barraco porque é quem dá mais ibope que tem mais chances de ganhar. Certo.

Daí eu fico aqui pensando:

1 - Eu vi um dia lá uma prova de resistência que tinha que segurar numa garrafa e ficar lá pendente e segurando seu próprio peso até chegar do outro lado. Claro que a gorda só conseguiu depois de cair muito e praticamente colarem a pata na corda depois de ser muito suspensa pelos outros e tals. Beleza. Me identifiquei. Não por a menina ser gordinha, mesmo porque eu devo ter no mínimo o dobro da altura dela e pra alguém me carregar nessa vida tem que comer muito arroz e feijão mesmo, mas por ser pata. Se tem alguém que nasceu pata nessa vida, sou eu. E se eu tivesse lá competindo com ela pra agarrar na corda e segurar o próprio peso ia ser um páreo difícil de quem ia estatalar mais de cara no chão. Mas ela ia levar uma vantagem: deixou o pessoal catar, pegar, jogar, socar no bagulho até ela conseguir. Eu ia simplesmente cair umas duas vezes e quando alguém ameaçasse me levantar, me ajudar ou simplesmente FALAR alguma coisa a respeito, eu ia rosnar. Ia morder, ia emburrar, ia cruzar os braços e sair andando e não tava nem aí que o resto do grupo tava perdendo a prova. Fodam-se todos e puf.

2 - Mesma gordinha, é toda amigaça lá da galera porque as gordinhas são assim mesmo. Não tem corpo pra mostrar, tem que mostrar alguma outra coisa. Que seja simpatia e muito amor, mesmo falsete. Enfim. O fato é que tem um gago infeliz lá que esses dias veio e xingou a menina aos berros e, juro pra vocês, eu aqui vendo na tv tive ódio. Não pelo xingamento em si, porque eu também sou boa pra caramba pra xingar alguém, mas porque cinco minutos depois veio o horroroso e pediu desculpas e deu abracinho e choraram e dormiram de conchinha. Gente. Olha, eu lá não tou nem aí se tou na tv. Não tou nem aí que vale grana. Não tou nem aí que o Brasil tá vendo. Alguém que me xingue onde quer que seja dorme de conchinha comigo depois só se for pra amanhecer capado. E não quero nem saber se é jogo, se era brincadeira, se era pra dar ibope. Amanhece capado no mínimo. E aí depois de toda essa palhaçada, xinga, avança pra terminar nessa mediocridade depois, eu só tenho a dizer: MORRA, GORDA. Ah, merece, sabe? Merece ser humilhada na televisão. Eu já tinha enfiado qualquer objeto maior que um metro goela abaixo de qualquer um assim que dissesse a primeira palavra que me ofendesse.

3 - Tem uma fulana lá que chama Maria e tem corpo malhado mas cara de vagaba. Pra mim tá elas por elas com a transexual que saiu (que eu tive que pesquisar no Google pra saber se isso é homem - e é). Sei que alguém devia ter avisado a fulana que o mundo agora é feito de tvs de high definition, porque toda vez que a câmera aproxima dela eu assusto e penso que podia ter pelo menos feito uma limpeza de pele naquela cara. Se bem que ela não deve saber o que é high definition. Nem limpeza de pele. Nem cara. Mas bunda ela sabe. E tudo bem que pegou o mais feio com pinta de roqueiro do lugar (olha o Elvis revirando no caixão) que deve gostar de U2 e não fazer a mínima idéia do que foi um Black Sabbath, mas enfim. Fato é que o Pão-muito-bíceps-pouco-cérebro curtiu e daí agora tem um tal de um triângulo amoroso no negócio. E a fulana feia e burra se atira no pseudo-roqueiro e o cara dá vários foras fenomenais e tals. Beleza. Merece também. Mas pelamor. Eu, por mais santa que seja, numa situação dessas eu ia era deixar o roqueiro-beiçudo TOTAL ignorado lá, se sentindo o maior corno da face da terra e ia MESMO com o bíceps-olhos-azuis-cérebro-nulo pro edredon, mas ia na mesma hora!

4 - Isso tudo, SE eu sobrevivesse pouco mais que algumas horas numa casa estranha, com gente estranha tentando ser tudo amiguinho meu. Eu ia era olhar de canto de olho pra qualquer um que se aproximasse menos de um metro de distância de mim e perguntar "te conheço?" minutos antes de deixar a pessoa falando sozinha e ir aproveitar a piscina e reclamar da bagunça quando eu quisesse dormir de noite - que diferente do resto da humanidade, é a hora que eu durmo.


Tá, eu sei que vocês estranharam um post meu sobre BBB. Mais ainda, sabendo de tantos detalhes do negócio. Mas eu queria dizer que, mesmo assim, meu sentimento por essa que eu acho ser a maior porcaria da tv brasileira, continuam exatamente iguais. E que eu tenho assistido por conveniência, que seja. E vim dividir com vocês o que eu penso quando vejo isso, concluindo que eu sei que de tudo que eu penso, vai sobrar um sentimento bom que eu não tinha antes: o de TER CERTEZA de que quando acabar o BBB eu vou poder dizer, com todas as letras, que é mesmo uma BOSTA e que sim, eu já assisti um pra saber.

É Renata em 2011 tentando ser uma pessoa melhor. E tendo provas concretas para sustentar cada vez mais as minhas opiniões.




PS: Esse post não tem foto porque, assim como todo o resto do BBB, eu acho aqueles robozinhos com olhos piscando e qualquer outra marca, imagem, bordão ou musiquinha retardada que remetam ao programa, ridículos. (RIP Paulo Ricardo. Antes disso eu achava ele charmoso).

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Sobre uma conserva de pimenta

Era uma vez uma bela moça prendada que, cheia da vontade de ampliar mais os conhecimentos culinários, resolve fazer uma conserva de pimenta. Eu, claro.

É, porque eu gosto de cozinhar, e assim como minha ampla vontade de entender de queijos e vinhos e ficar toda chique igual filme e tals, eu também tenho uma vontade doida de aprender a fazer conserva de pimentas. Primeiro porque pimenta emagrece, segundo porque minha neurologista receitou a pimenta para prevenir minhas crises de enxaqueca e terceiro, o que é mais provável para a minha decisão, é que quando eu vou ao Ceasa tem uma banca inteirinha cheia de pimentas bem coloridinhas e eu acho LINDO e fico querendo comê-las ali mesmo de tanto que eu me apaixono. E tem também o fato de o babybrother ter feito sua própria conserva de pimenta semana passada, fui eu lá comer e descobri que a compota devia ser de alho porque deu meia-noite e eu tava com tanto gosto de alho na boca ainda que até enjoada eu fiquei. Alho pra mim é no feijão e na carne. E só.

Enfim, eu gosto de pimenta. Além de achá-las fofas e bonitinhas, eu acho legal a sensação de ficar tudo ardendo depois. É, porque eu não tenho hemorróida. Então eu posso comer o tanto de pimenta que eu quiser.

Então.

Decidido isso, ameacei o babybrother de morte, porque só pedir o arquivo de um livro de dicas culinárias enorme, importado e supimpa que ele e o tio fizeram download na internet não bastou. Daí o dia que eu o ameacei com a foice na mão ele me deu o link do arquivo pra baixar e aí demorou uma vida mas depois disso eu fui feliz porque tenho o arquivo do livro supimpa que deve custar bem mais que meus dois olhos da cara na livraria. Oi, pessoal do crime virtual e blablabla, eu compraria se o valor do livro fosse acessível a pobres mortais que só querem ler como fazer uma compota de pimentas.

Tá, eu lá com o arquivo do livro, vasculhei tudo e só tinha a explicação de cada tipo de pimenta. O que já era meio caminho andado, mas só seria informação completa se viesse com uma porcentagem do tanto que cada uma vai arder na minha boca e com qual comida combina. Mas tudo bem, saber o nome da cada pimenta já tava bom. O resto eu procurei no tio Google.

Caí num site da Ana Maria Braga, ensinando como fazer uma compota de pimenta. Salvei o link e no sábado fui ao Ceasa feliz da vida e cheguei na barraca de pimenta sorrindo e maravilhada que eu enfim ia comprar aquelas bolinhas coloridas e fazer a festa. Perguntei pro japa se essa era igual àquela e ele me olhou com cara de "essa vai enfiar o nariz onde não sabe" e explicou que não, dando ênfase ao "essa arde muito". Olhei pra ele com cara de 'não tem problema, eu sou super e se arder é nóis mano que um dia eu vou entender de pimenta supimpa e ele vai ver só'. Catei as pimentas com a mão no plástico porque disse a Ana Maria Braga que era preciso proteger as mãos senão a ardência passava e tals. Dei o saquinho para o japa pesar toda feliz da vida, paguei e saí pra fazer minhas outras compras protegendo minhas bolinhas com minha própria vida.

Chegando em casa, zona total, jantar com família planejado, cheia de coisas pra fazer. Fui eu lá me empenhar na minha compota de pimenta. Algo me dizia que se eu fizesse rápido, quando chegasse a noite e todo mundo estivesse na minha casa, eu mostraria orgulhosa minha compota de pimentas e todo mundo ia comer (assim, a compota recém feita) e achar a coisa mais maravilhosa de todo o universo. Liguei computador, procurei a receita da Ana Maria Braga e fui.

Pega o vidro, bota pra ferver na água com o pano e blablabla de esterilizar e tals. Fiz. Peguei o vidro mais bonito que eu tinha, fiz todo o processo, tirei todos os cabinhos de todas as pimentinhas sempre exclamando que ó que gracinha que bolinha amarelinha cuti-cuti da mamãe. Lavei, sequei, alisei, arrumei no vidro, coisa linda de Deus, nunca fiz nada mais maravilhoso nessa vida. Puxa vida, o vinagre pra botar na compota tá acabando mas olha só que meodeusdocéu deu certinho a quantidade que eu precisava. Nossa como eu sou linda. Nossa que isso vai ficar maravilhoso.

Fiz tudo bonitinha, cheia de amor e depois contemplei minha obra de arte maravilhosa. Tava lindo. Feliz da vida, botei na geladeira e fui arrumar o resto do cardápio do jantar.

Horas depois, família em casa, eu arrumando a mesa, de repente lembrei da minha compota mais maravilhosa de todo o mundo da face da terra meodeusdocéu. Peguei na geladeira toda feliz como se fosse um troféu e mostrei para o tio com exclamações de "olha que lindo que fui eu que fiz" e argumentos de "não sei como o pessoal compra compotas já prontas, do jeito que a minha ficou maravilhosa eu podia fazer pra vender na vizinhança cobrando o olho da cara.." Ele, achando graça da minha empolgação, pegou o vidro e foi todo analisar pra concluir que "puxa, que legal, foi você que fez e como que faz e blablabla"... e de repente veio o silêncio.


E então, analisando o vidro da minha compota recém feita e toda linda, ele argumentou, ainda sem certeza: "puxa Rê, mas esse pedaço de pimenta aqui não parece um bicho??"



Era. Uma larva. Eu, incrédula, virava o vidro pra ela chacoalhar como se de repente num passe de mágica ela virasse um pedaço de pimenta e no fim das contas tudo fosse só um mal entendido. Mas não. Estava ela lá, feliz da vida na minha compota de pimenta antes tão linda e tão amada. Nadando no vinagre com azeite como se não houvesse amanhã.


Sim, eu lavei cada pimenta. Uma por uma. E não achei nenhum furinho sequer que demonstrasse que em alguma delas tinha um bicho. E então foi-se compota, última porção de vinagre, azeite extra-virgem lindo do jeito que a prima nutricionista diz que tem que ser, pimentas compradas com amor mais vidro maravilhoso tudo para o lixo, assim, sem nem abrir. E assim se acabou a história da compota de pimenta mais maravilhosa do universo. Bichada.

The End.