sexta-feira, 30 de julho de 2010

Sobre a Noite

Então que a noite, quando chega, é sempre linda a meu ver. Aprecio muito o amanhecer e o anoitecer. Acho lindo ver o céu passar de azul claro e amarelo, laranja, pink... a azul escuro. Acho que o brilho da noite é diferente. Excitante. Apesar de tudo, não sou uma pessoa noturna. Gosto sim, de sair às vezes. Como toda mulher, gosto do preparar para sair. Gosto de olhar lá fora e pensar que logo estarei aproveitando a noite. Dançando, na maioria das vezes. Quando não, a noite é bem aproveitada dormindo. E eu gosto muito mesmo de dormir.

Ultimamente, infelizmente, tenho tido oportunidade de analisar que o êxtase de aproveitar a noite acaba por volta de 2 horas da manhã. E que, a partir daí, quem não dormiu... encontra-se na solidão de sua própria consciência. A calmaria e o silêncio da madrugada me trazem à tona os fatos do cotidiano que não tive tempo para pensar durante o dia. As situações, os problemas, as coisas que eu deveria ter dito e que na hora não o fiz. E tudo parece maior. Tudo parece quase sem solução. Insônia me faz pensar em problemas, e problemas me dão insônia. Eu e o círculo vicioso, andando de mãos dadas na escuridão da noite.

Nas minhas poucas noites de insônia, levanto pra tomar um chá de camomila. Porque apesar de gostar muito mais de café, camomila não ataca a enxaqueca. E então enquanto o mundo dorme, tomo meu chá encostada na sacada do vigésimo segundo andar. Sentindo o vento no rosto e olhando tudo lá embaixo. Escuro e pequeno. Ninguém. Ninguém pra conversar além de minha própria consciência. Que, como sempre, fala pelos cotovelos. Mas apesar da solidão, não me sinto sozinha. Eu quase nunca me sinto sozinha. Só assustada com o tanto de coisas que ouço de mim mesma.

Eu, o chá e o ar gelado da madrugada. Na melhor das hipóteses, conversando e decidindo dias seguintes diferentes. A mudança radical. A fuga. A luta de espadas. Batalha com leões. Na pior, sempre lembro da frase antes escrita em um desses blogs aí que eu leio diariamente: 'todo blogueiro é um suicida em potencial'.

Alguns minutos, algumas horas. Até o chá acabar e eu perceber que está frio demais para um reles pijama de florzinhas. Até lembrar da cama quentinha, do sono perfeito que sempre tive. E voltar ao mundo real.


Num canto escuro, pequenos goles de solidão.
A noite esclarece o que o dia escondeu...

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Sobre meu gosto musical

E então, quando me entendi por gente, comecei a ter gosto musical. Eu tinha um balanço em casa, que me lembro até hoje. Mas não era desses balanços prontos e de plástico que vende por aí não. Nem existia essas coisas naquela época. O meu balanço era mesmo feito com corda e uma tábua de madeira, que meu pai fez pra mim. E eu posso dizer bem que acho que foi a primeira paixão da minha vida aquele balanço. Gostava muito mesmo. E então enquanto a minha mãe lavava a louça, eu sentava lá e balançava. Entrei na escola bem cedo, porque ela tinha que trabalhar e eu não tinha com quem ficar. E a parte que eu mais gostava da escolinha era a música. De atirei o pau no gato a borboletinha fazendo chocolate para a madrinha com uma passada rápida por marcha soldado, pobre de marré, passa anel (tinha uma música pra passar o anel!) e fui morar na casinha enfeitada de cupim. E aí soma-se mais trocentas musiquinhas tradicionais que eu aprendia cada uma e chegava em casa fazendo show para os meus pais. Lembro bem que meu pai tirava uma com a minha cara (porque ele tinha só uns 25 anos) e deve ter sido daí que eu aprendi a ser tímida. Enfim. Eu gostava das musiquinhas, aprendia e depois cantava em casa sozinha. Sentava no meu lindo balanço e cantava cada uma. Tinha até uma ordem pra cantar. Depois o repertório foi aumentando e eu passei a acrescentar trechos das músicas que meus pais ouviam, no rádio mesmo. Eu cantava numa boa com a Rita Lee que no escurinho do cinema chupava 'dropchonis' e outras versões à lá Renata do tipo. E mais as que a gente usava na escola pra fazer apresentações, tipo aquela da pulga e do percevejo que fizeram a combinação.

Daí que o primeiro disco que eu ganhei na vida (é, eu sou de 1979, minha nega!) foi no aniversário de 6 anos. Trem da Alegria. Achava lindo brincar com o meu triciclo (é, porque eu não tive tico-tico. Eu tive um belo de um senhor triciclo, igualzinho àquele do Quico, do Chaves!) pelo quintal cantando as músicas. Cantava Unidunitê do Trem da Alegria como ninguém. E nesse disco tinha aquela música que chamava Hi Lili Hi Lo, e que depois que representamos na escola e eu fui com aquela fantasia tchutchuca de flor, com a cartolina cortada em volta da cabeça... passei a saber cantar. E cantava Dona Felicidade também, porque eu achava a Lucinha Lins fofa e daí gostava da música. E então que depois eu ganhei um disco do Balão Mágico, que vinha com um carrossel pra montar. E daí aprendi a cantar que o Barato Bom é da Barata. Mas eu assistia Atchim e Espirro na tv e por isso mesmo foi o disco que mais gostei de ganhar e sabia cantar todas as músicas. E a Dança do King Kong tinha até coreografia!

Mas aí eu fui crescendo, e apesar das constantes investidas do meu pai pra que eu ouvisse rock (hoje ele conseguiu!) e minha mãe me fazendo decorar por osmose as músicas do Elton John.. eu continuava firme e forte no meu Atchim e Espirro. Até começar a assistir a Angélica. Daí pronto, que naquela época depois que a menina fazia 10 anos (hoje é beeem antes disso) o papo já começava a ser sobre os meninos. Ah, mal sabia eu que tava entrando no papo que ia me acompanhar para o resto da vida nas rodinhas de meninas. Tá. Daí que todo mundo gostava de alguém menos eu. Eu tava era feliz da vida que tinha ganhado logo ali, aos 9 anos, minha primeira Barbie! Nem morta que eu trocava ela por algum menino daqueles que babavam. Todos babavam, claro. Mas um dia a insistência venceu e eu olhei assim em volta e foquei. Fernando, meu filho. Vai ser você. E pronto. E aí eu já precisava gostar de músicas que falavam de amores não correspondidos...... porque afinal de contas o menino nem sabia o que era amor e muito menos que eu tava sentindo por ele, claro. Mas foi um fato marcante para que o meu gosto musical mudasse. E a Angélica tinha boas músicas de amor platônico pra me acompanhar.

Daí que, não muito tempo depois disso... eu tinha uns 12 anos quando comecei a ter meus primeiros assuntos elaborados com as pessoas. Passava longas tardes com meu tio conversando sobre filmes que gostávamos. Sobre música. Sobre grandes programas. Sobre comerciais de tv. E aí que na época existiam muitos comerciais de cigarros. E era sempre uma coisa que chamava a minha atenção, porque eu não conseguia entender muito qual era o fundamento do negócio - afinal de contas o cigarro mal aparecia - mas achava bonito. Lembro que eram sempre mais elaboradas do que as propagandas comuns. Mas eu era fã mesmo das propagandas dos cigarros Hollywood (videozinho supimpa - e tremendamente velho - aqui). Se eu fumasse, ia ser Hollywood. Porque os comerciais eram sempre bonitos, com alguém surfando em uma onda enorme e com uma bela música de fundo que combinava com tudo. Todo mundo feliz e sorrindo. Eu achava o máximo. Bonito mesmo. E então que, numa das grandes conversas com meu tio (eu com 13, ele com 10 anos) um dia ele falou: 'parece que o cara que canta algumas daquelas músicas chama Bon Jovi.'

É. Nessa altura do campeonato você, meu filho, que me acompanha, me lê no twitter, frequenta meus blogs há algum tempo... já sabe que foi essa a frase divisora de águas na minha vida. Eu comecei mesmo a ficar fã de comerciais de cigarros. E nunca nem dei uma tragada na minha vida. E daí que, coincidentemente.. comecei a descobrir que minhas amigas na escola eram fãs de Bon Jovi. Falavam disso, colecionavam revistas. Eu sempre achei essa coisa de colecionar fotos de artistas a maior pobreza. E caro ao mesmo tempo. Jura que você vai comprar a revista toda por causa de uma página? Ah não, pelamor. Pra mim não dava não. Eu ficava feliz de ouvir as músicas no rádio. E então que em 1993 o Bon Jovi veio fazer um show no Brasil. Eu tinha exatos 13 anos e pensei que era melhor nem sonhar uma coisa dessas. Porque a minha mãe não me deixava nem ir na casa das amigas brincar, imagina num show em um estádio. Nem me arrisquei a pedir com medo de morrer. Ou devo ter pedido e a resposta deve ter sido tão traumática que esqueci. Não sei. Mas guardei a propaganda do jornal... deve estar em algum lugar bem fundo por aí. Bem junto com a minha amargura por não ter ido. Mas as amigas da minha sala foram. E voltaram todas felizes e contando sobre no dia seguinte. Ódio. Mas não tem problema não. Quando eu fizer 18 anos irei.

Anos se passaram e chegou no mundo a era do CD. Maior bonito os disquinhos. Meu pai foi lá, comprou um cd player... e um cd pra experimentar. Adivinha de quem. Coletâneas do Bon Jovi. O engraçado é que meu pai nunca soube bem quem é Bon Jovi. Negócio dele é uma coisa mais Guns, mais Led Zeppelin, mais Queen, mais Pink Floyd, mais Black Sabbath. Mas na compra do cd, não sei o que foi. Não sei se achou a capa bonita. Não sei se ouviu falar do nome da banda e achou bonito. Não sei. Sei que ele comprou. E foi do Bon Jovi o primeiro cd que eu ouvi na vida. Alguns meses depois meu pai comprou outros cds. E eu, um belo dia.... roubei o cd do Bon Jovi. Que ele gostava tanto e dava tanta falta que nunca percebeu. Tá aqui nas minhas coisas até hoje. Um tempo depois me perguntaram o que eu queria de presente de aniversário.. e eu pedi um cd player. Demorou mais de 20 anos pra eu ter uma tv no quarto. Mas o aparelho de cd era fundamental. E daí eu já podia ouvir o cd do Bon Jovi muitas e muitas vezes e cantar junto com o encarte, lindo assim.

Foi Bon Jovi que eu ouvi enquanto acompanhava meus amores platônicos. Foi Bon Jovi que eu ouvi minutos antes de dar o primeiro beijo e quando cheguei em casa, dancei uma música do Bon Jovi pra comemorar. Foi um cd do Bon Jovi a primeira coisa que eu comprei com o meu dinheiro. Era Bon Jovi que eu ouvia quando estava feliz. Era Bon Jovi que eu ouvia quando estava muito triste. Foi Bon Jovi que eu ouvi minutos antes da primeira transa e, quando cheguei em casa, dancei Bon Jovi pra comemorar. No meu walkman (eu sei que eu sou velha pacas, não precisa ficar lembrando) tinha uma fita (tutancamon!) do Bon Jovi. E por mais que os anos tenham se passado, que eu também tenha ficado muito integrada com o mundo 'dance' que nascia e nos entremeios daquela onda do além de lambada... eu estava sempre comprando mais um cd do Bon Jovi pra completar a minha coleção.

Daí que a gente começa a namorar e pega os gostos musicais dos namorados. O primeiro cd que eu pedi no 'amigo secreto de cd' foi Tony Braxton (???) e eu só sei que perdi mais uma bela oportunidade de ter outro cd do Bon Jovi. E aí um belo dia eu resolvi namorar com um cara que tocava violão e que, pra me agradar.... cantava músicas do Bon Jovi. E eu tenho mesmo que contar pra vocês que eu sinto O MAIOR ALÍVIO por não ter mais que olhar pra cara dele e dizer mal e falsamente 'que lindo, amor, adorei!' e antes que ele, todo empolgado, passasse para outra música do Bon Jovi eu dizia desesperadamente 'agora então toca aquela do Raimundos que eu gosto mais'. E então eu tive que deixar de lado um pouco o meu Bon Jovi, porque se eu quisesse escutar no carro, ele resolvia cantar junto. E gente, cá entre nós. Eu gosto de ouvir o Bon Jovi cantar, entendeu? Não qualquer outro mané cantando por cima do meu Bon Jovi lindo e maravilhoso. Isso me deixava tremendamente pê da vida, muito-muito-muito mesmo! Caramba que pô..... quer cantar, meu filho.. que cante qualquer outra coisa aí do seu mundinho e não o MEU Bon Jovi, porra!

Parei. Parei de ouvir Bon Jovi e passei a ouvir Skank. Igualzinho, fala a verdade. E aí comecei a gostar de rock musical, que pelo menos enquanto ele cantava não me incomodava. Mas felizmente tudo que irrita acaba e o namoro acabou e junto com o término aflorou em mim, de vez, minha veia rock 'n roll. Oi, pai, cheguei. Hoje eu ouço tudo aquilo que você quis tanto que eu ouvisse. Canto Janis Joplin a plenos pulmões. Não satisfeita, incorporei o Metallica na veia. Mas eu não tenho medo de dizer que é no rock menininha que eu sou mais feliz. É no Foo Fighters. É no Aerosmith, que dividia espaços no meu walkman também. E é no Bon Jovi. É do Bon Jovi a minha única coleção de cds, completíssima. Originais, com selinhos e tudo. É do Bon Jovi o wallpaper do meu computador, desde que eu tenho um computador. É do Bon Jovi a primeira camiseta preta que eu comprei na vida, e tenho ela até hoje. Foi pra usar argolas douradas como o Bon Jovi usava que eu fiz mais um furo em cada orelha. Foi do Bon Jovi o primeiro cd que ouvi no som do meu carro, e sempre tenho lá um cd com as melhores músicas dele, até hoje. São do Bon Jovi os cds que eu sempre quero desesperadamente comprar no primeiro dia de lançamento. E, apesar de não ser mais com tanta frequência.... é Bon Jovi que eu escuto há quase 20 anos sem enjoar. Foi o último cd do Bon Jovi o que eu pedi quando fiz 30 anos e me perguntaram o que eu queria ganhar. Junto com esse, comprei o primeiro, raro, remasterizado. E assim, no meu aniversário de 30 anos de vida, completei minha coleção.

Devo dizer que eu acho sim que Bon Jovi é coisa de mulherzinha. Que homem que olha pra mim e diz 'eu gosto de Bon Jovi' é meio suspeito. Pra mim homem que é homem pode até gostar, mas não pode admitir. E acho também que o gosto musical muda conforme vão passando os anos. A gente evolui, começa a gostar de coisas melhores, vai deixando de lado os gostos infantis e aprimorando a coisa. Eu aprimorei o meu gosto musical sim. Incorporei muita coisa e posso bem dizer que sou bastante eclética. Gosto de quase todos os ritmos musicais e eu juro que sei cantar até Brincar de Ser Feliz, de Chitãozinho e Xororó. Sertanejo, o gosto musical que beira à loucura, na minha opinião. Mas gosto é gosto, fazer o que? Mas apesar de ter virado toda a roqueira que papai sempre quis, ter acompanhado de perto a transformação de poperô (que o Fernando gostava - lembra do Fernando? Lá do terceiro parágrafo?) em música eletrônica, ser a namorada que canta todos os rocks nacionais que o ex sempre quis, e entender da mpb que deve ter brotado em mim porque apesar de meus pais sempre ouvirem o Chico, ninguém nunca quis que eu gostasse... eu não esqueci do Bon Jovi. Não esqueci que foi ele que me acompanhou em tantos anos de vida. Em tantas indas e vindas. Em tantos choros e alegrias. Tantos começos e finais. Foi com o Bon Jovi o sonho que eu sonhei há muitos anos e nunca mais esqueci. E apesar de não cantar mais suas músicas acompanhando o encarte desesperadamente... ainda é a minha banda favorita.

É, porque tem gente que pode gostar imensamente de Bruno e Marrone e chorar de cantinho quando ouve no quarto sozinho... e sai lá na rua dizendo que ama o dj sei lá das quantas. É porque amar o dj dá ibope, e o Bruno e Marrone nem tanto. Tem gente que molda seu gosto pelos gostos alheios. Fala que gosta mais do que é mais bonito de dizer. Gente que veste máscara. E eu não sou assim não. Eu sou aberta sim a novas experiências, mas nada passa por cima das minhas origens, das minhas raízes. E eu posso gostar de muitas outras coisas, mas nunca substituirei por meus próprios gostos. E não tenho vergonha de dizer não. Eu gosto de Bon Jovi e se você acha que isso é o maior mico, problema seu. Se você acha brega, problema seu. Amigos estão aí à sua disposição. Os que dizem coisas que te agradam e gostam das mesmas coisas que você porque é mais conveniente, inclusive. Boa sorte. Como se gosto, que é uma coisa tão pessoal, influenciasse diretamente na simpatia que você sente por alguém. Rá.

Enfim, desde os meus 13 anos para cá... o Bon Jovi veio fazer um show em São Paulo. Fechado para o público. Somente para convidados. E eu fiquei tentando, durante vários dias, ligar para a rádio e participar de promoções para ganhar ingresso, sem sucesso. Mas não os julgo por isso não, porque daquela vez que o show foi aberto, eu tive vergonha alheia. Vergonha alheia de ver o Bon Jovi no Faustão, que não sabe falar inglês. Vergonha alheia do Bon Jovi no Programa Livre, que a meninada agarrava chorando e passando baba e meleca de nariz na roupa limpinha dele. Não julgo não, sabe? Eu acho mesmo que se ele pensa que aqui é mesmo um país melequento e subdesenvolvido.... tem toda razão. Porque é mesmo. Esse povo gritando, chorando, melando, suando, babando... é mesmo um horror, eu concordo. E concordo mesmo que ele tenha motivo pra estar vindo aqui fazer um show aberto somente depois de 16 anos. Tá vindo só porque todo mundo também está, eu sei. Tá vindo só porque devem ter espalhado lá no hemisfério norte que o Brasil está rumo ao desenvolvimento. Está mesmo. Rumo a. Por enquanto, continua tudo a mesma coisa. Gente chorando, babando, melando. E eu vou mesmo levantar uma plaquinha lá no show dizendo "eu não pertenço a essa gente". Em inglês muito bem escrito, claro.

E então que eu escrevi esse livro pra dizer que hoje é um dia especial. Porque hoje, aos exatos 30 anos e 6 meses de vida, e depois de tanta espera.. eu comprei o ingresso para o show do Bon Jovi. E digo pra vocês que eu paguei, sem dó nem piedade, 720 reais. E eu quero que foda-se quem vier me dizer que é muito dinheiro, que é um absurdo, que é dinheiro jogado fora, que eu podia ter doado para a caridade. Foda-se. Foda-se, porque o dinheiro é meu e eu faço dele o que quiser. Foda-se quem acha o que quer que seja porque sou eu que pago minhas contas e não devo satisfações pra ninguém. Porque, atipicamente, hoje eu gastei dinheiro. E, atipicamente, gastei dinheiro comigo. E, quando me traz felicidade, não importa quanto foi. E não interessa pra você se, pra ser feliz, às vezes, eu precise pagar. Dinheiro pra mim traz felicidade sim.

Hoje a minha felicidade custou 720 reais.


E eu tou feliz pra-ca-ra-le-o.


Eu casava fácil com esse biquinho. Juro!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Sobre O Negão

Daí que eu fui lá ler os posts da Anna sobre filmes cool e fiquei pensando. Renata, minha filha. Quais são seus filmes favoritos? Então. Difícil pensar. Primeiro porque eu sou a criatura mais bagunçada no quesito enredo de filmes que conheço. Misturo tudo e mais alguma coisa, de Tropa de Elite à Cinderela. Pede pra sair, Príncipe Encantado! E então, enquanto eu estou lá toda empolgada pra comentar sobre tal fato de tal filme, quando eu vejo já estou no outro e aí se a pessoa não entende bulhufas do filme que tou falando eu disfarço e continuo toda empolgada e com cara de que sou especialista na coisa e aí no fim a pessoa me acha o máximo e fica tudo bem. Mas se quem escuta é entendida do assunto, dá uma parada assim repentina e pergunta 'mas essa parte não era daquele outro filme tal?'. É, era. Sempre é. Eu sempre começo falando de um e termino comentando o outro. Só que pra mim é tudo o mesmo, entende? Tudo junto e misturado, tudo parte de um enredo só. E eu podia jurar que em Bastardos Inglórios, Hitler morreu feliz, andando de bicicleta de olhos fechados e braços abertos na contramão até passar um caminhão e plaft, enquanto o personagem de Keanu Reeves o esperava saboreando suculentas pílulas azuis com sabor de pera.

Não bastando esse fato sinistro da minha vida, soma-se à dificuldade em eleger meus filmes favoritos a regra dos 15 anos. Tipo assim: há muito, muito muito tempo, quando você era criança e chegava cansado da escola, ficava coçando a tarde toda e assistia trocentas vezes os mesmos filmes na Sessão da Tarde. E pô, mano, como eram filmes bons. Han. Passou 15 anos que você viu esse filme sensacionalmente maravilhoso já? E aê, já assistiu essa dádiva divina nos dias atuais? Pois é. Porque passado todo esse tempo, além de amadurecer o pensamento, o quesito 'era maior bom e nunca mais passou' influencia pacas no processo de oitava maravilha do universo. É, porque você nunca mais viu. Já viu namoro que terminou e você nunca mais ficou sabendo da pessoa? Nunca mais encontrou? Nunca mais conversou? Vira deus, fala a verdade. Só pelo simples fato de não estar lá todo dia enchendo os pacovás. Sumiu, evaporou, deu linha. E na sua lembrança sobraram só os momentos bons. Beautiful.

Filme sem a regra dos 15 anos é isso aê. Era lindo, maravilhoso, divino. Mas você nunca mais viu. Daí um belo dia você pensa 'nossa, que com o advento da internet lindamente supimpa pra fazer downloads, tem aquele filme da minha infância! vou baixar.' Aham. Daí você baixa, assiste... e adivinha. Putaqueopariu, que decepção. Jura que era isso que eu achava a oitava maravilha do universo? Nuss.

E então que eu não sei. Não sei fazer uma lista de meus filmes preferidos. Não sei ser linda e cinéfila feito a Anna. Não sei passar direto pela prateleira de blockbusters e lançamentos e ir direto para o canto escuro de filmes com a capa desbotada e alugar aquela coisa poeirenta que me faz espirrar e que vai passar em preto e branco e eu vou dormir no segundo diálogo. Não dá. Mas eu acho lindo. Acho mesmo que aos 30 eu devia mesmo criar vergonha na cara e ter um repertório vasto de argumentos sobre filmes B, porque veja bem que a Anna tem 16 e imagina essa garota quando tiver 30, que futuro brilhante.

É. Um dia eu vou ser assim. Mas esse dia ainda não chegou.

E enquanto eu tentava lembrar de um bom filme que gosto muito pra citar em post, eu, criatura inferiorizada cinefilamente por uma guriazinha de 16, só consegui pensar que gosto dAs Branquelas. É, um filme que quando o amigo agregado distante falou 'juro, é maior legal!' eu olhei pra cara dele e pensei: é só o Wagner. A cor preferida dele é amarelo! Eu não posso exigir muito dessa pessoa. Imagina, maior filme da galerinha do barulho de Sessão da Tarde atual (porque a Sessão da Tarde atual dá infinitamente mais vergonha alheia do que dava quando era na minha época). Aham, Wagner. Senta lá.

Mas aí um dia eu vi o filme. E aí eu posso dizer pra vocês que posso contar nos dedos quais foram os filmes que me fizeram gargalhar até engasgar nessa vida. Ó, assim só por cima, eu gargalhei horrores nO Máscara, na hora que ele coloca os policiais pra dançar. E gargalhei horrores no Todo Poderoso, quando Steve Carell gagueja durante vários minutos pra dar a notícia. E gargalhei em As Branquelas. Porque a cena de Terry Crews cantando A Thousand Miles de Vanessa Calton pra mim é demais. Tanto, que eu tive que baixar, gravar cd e decorar a música, pra cantar a plenos pulmões quando tocar no carro. Igualzinho ele. Música essa que a suburbana Stefhany fez questão de estragar - e eu vou odiá-la pra sempre por ser suburbana, por estragar a música que gosto e, por tabela, por todas as versões brasileiras e bregas de todas as músicas gringas e supimpas que esse pessoal me envergonha traduzindo mal e porcamente tudo e transformando numa grande merda.

Mas não tem problema não. Apesar disso, Terry Crews é o negão da minha vida, só por ter feito esse pedacinho desse filme. O resto do filme tem história, enredo, elenco, figurino e maquiagem que deixa tudo a desejar, confesso. Mas só a parte do negão cantando vale tudo. Vale muito. Vale comprar loucamente o dvd do filme assim que eu ver na prateleira das Lojas Americanas por 12 reais. E eu não tenho problema em dizer que assisto Everybody Hates Cris só por causa dele. E porque, no fundo no fundo, eu torço pra que no meio de toda aquela história pobre e focada para o Cris, no meio daquele episódio horroroso das linguiças que sempre que eu ligo a tv pra assistir passa o mesmo e eu fico enjoada.... de repente Terry Crews se levante da mesa e cante loucamente ♪ If I coud fall /into the sky/do you think time/would pass me by/ 'cause you know I'd walk a thousand miles if I could just see you.... tonight!


terça-feira, 20 de julho de 2010

Cheguei.

Eu sabia desde o início que não ia me ausentar do mundo virtual por muito tempo. Porque escrever faz mesmo parte de mim, sinto necessidade de dizer para o mundo que a vida não é esse frufru todo que todo mundo pensa. Gosto de ser eu mesma, dizer o que quero e não ter medo do que os outros vão pensar. E cada vez estou mais assim. Cada vez sou mais eu. Um blog aberto, como tem que ser.

Então. Sou feliz pela mudança de blog. Para mais informações sobre o novo nome e endereço, é só clicar ali em visualizar meu perfil completo. Tudo tem seu motivo de ser. E aproveito para dizer para vocês não deixarem de ver, lá dentro do meu perfil, o clipe de áudio. ♥

Daí que, mesmo com o blog novo, minha inspiração ainda não está 100%. E juntando isso à minha atual falta de tempo livre para escrever diariamente e mais - à grande reclamação por eu ter deletado os posts antigos, dos meus blogs antigos... decidi. Que postarei de novo meus antigos textos. Cronologicamente, cada dia um, e com os comentários antigos. Pra quem não leu, ler de novo, pra quem leu, reler. Re-comentar, re-palpitar..... re-meter o pau e tal. Farei algumas observações e algumas atualizações, quando necessário. E vou intercalar os textos antigos com novos, pra todo mundo se sentir feliz e pra que eu tenha aqui o arquivo de antigos posts. Pra posteridade, para pesquisas de escola, para que vocês percebam meu desenvolvimento literário.... e pro mundo internético poder ter certeza que eu sou mesmo bem supimpa. ;)