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quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Nuvens dançam sob meus pés

Quando a gente entrou naquela loja do shopping, eu não imaginei o que viria tão depois. Sei que as meninas enlouqueceram com os vidrinhos de perfume de bolsa, cada uma pegou um, de "siga aquela flor amarela", passando por "quem vai pegar o buquê lilás" e "pra onde levam esses olhos castanhos". Eu, que nunca tinha comprado um perfume na minha vida, olhava outras coisas enquanto esperava, até que uma delas correu para o meu lado e disse "achamos o seu, achamos o seu! É a sua cara!". Eu, em meio a elas, fui ver o tal perfume que era a minha cara.

O mais discreto de todos, com a embalagem branquinha, era o "nuvens dançam sob meus pés". Eu, que nunca tinha comprado um perfume na minha vida, analisei nome tão sugestivo e duvidei que compraria, até sentir o cheirinho suave, nem muito doce nem muito amadeirado, nem forte nem fraco, nem isso nem aquilo. Simples, como eu. E eu comprei, levada pela animação delas, pelo momento e pelo compartilhar o fato de cada uma ter um perfume da loja. Combinamos de escrever posts, cada uma com seu nome de perfume. Isso, há mais de 2 anos. Quase todas escreveram, mas eu nunca escrevi. Talvez porque estivesse esperando a hora certa.

Eu, que antes desse nunca tinha comprado um perfume na minha vida, semana passada fui ao shopping pra comprar o vidro grande dele, porque desde então eu só renovava a minha versão de bolsa. E no caminho para a loja pensava no assunto. Ele virou o meu perfume. O cheiro que me caracteriza. É por causa dele também que alguém me diz que eu sou cheirosa.

Alguém-me-diz-que-eu-sou-cheirosa. E não é uma amiga, tipo a Anna Vitória, que foi a primeira coisa que me disse quando me conheceu pessoalmente. Não é uma tia, não é minha avó. Alguém me diz que eu sou cheirosa. E é sempre. É passando o perfume ou não. É estando realmente cheirosa ou não. Alguém me diz que eu sou cheirosa como complemento de "você é linda". Alguém me diz que eu sou cheirosa entre os beijos apaixonados, entre os abraços de urso, entre as corridas de mãos dadas na chuva, entre os encontros escondidos Avenida Paulista afora em horários improváveis. Alguém me diz que eu sou cheirosa enquanto saio apressada e descabelada, mas mesmo assim pronta pra mais um dia, independente da programação.

Alguém me disse que eu sou cheirosa e era véspera de Natal, à lá Bridget Jones. Alguém me diz que eu sou cheirosa mesmo se eu estiver usando calcinha bege. Alguém me diz que eu sou cheirosa enquanto me olha nos olhos com aquele olhar tão azul, cheios de cumplicidade, e pergunta se eu quero casar e enquanto me pede um filho.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Não sentem perto de mim

Ah, a vida social. Tão difícil de viver. Amar cinema, mas ter problemas em frequentá-lo aos finais de semana. Porque sexta, sábado e domingo (e quarta-feira, que é meia entrada!) são os piores dias possíveis para ir ao cinema. São aqueles dias em que as pessoas fazem questão de se amontoar umas em cima das outras. São os dias em que os pais separados levam seus filhos de pais separados para passear. Porque é um dia que eles TÊM que passear. Tipo, um momento que deveria ser leve e feliz e intuitivo se transforma NA OBRIGAÇÃO de ter que levar os filhos para passear. Mas é uma obrigação velada. Imagina. É ótimo levar os filhos pra passear. Foi tudo o que eles sempre quiseram. Babar o ovo do filho só pra tentar ser melhor que a mãe em dois míseros dias. E olha aqui a pipoca, meu filhote. E o refrigerante. E a bala. Blusa. Chiclete. Brinquedo! Vamos no cinema, garotão? Vamos. Que que a gente vai assistir? Ah, sei lá, chegando lá a gente ver. VAMOS VER AQUELE FILME QUE A RENATA QUER VER. E DAÍ A GENTE APROVEITA E SENTA DO LADO DELA, NÃO É SUPIMPA? Então. Essa é a sensação que eu tenho quando vou ao cinema aos finais de semana. Que o mundo inteiro quis sentar ao meu lado. Atrás de mim, a mãe dedicada que lê a legenda do filme para o filho "retardado" que enquanto isso chuta o assento da minha cadeira. Enquanto de um lado a criatura quase derruba o refrigerante em mim, do outro a pessoa não sabe onde botar a blusa que de repente fez o maior calor e, adivinha, sobrou pra ficar no meu colo! E na frente? Na frente sempre senta alguém que DEVE TER DOR DE BARRIGA, ou hemorróida, ou algo do tipo, porque nunca, NUNCA é alguém que para quieto na poltrona. 

Ah, a vida em sociedade. Passear na rua nas tardes de domingo. Aquela paz, aquela calmaria. E todos os carrinhos de bebês do mundo que atravessam ensandecidamente na minha frente bem naquela hora que não dá mais pra brecar. E os cachorros. E as crianças. E os patinetes. Mas quem é que quer passear nas tardes de domingo? Não, melhor coisa é ir no mercado.

Eu e a população mundial. No mercado. Não importa a hora do dia, se não for de manhã cedinho 8h da manhã assim que abre, se eu não vou na hora das velhinhas, adivinha. O mundo todo resolve ir comigo. E aí é um tal de JUNIOR, PEGA ALI O REQUEIJÃO, JUSTO AQUELE QUE A RENATA ESTÁ PEGANDO AGORA que meudeus. O mundo resolve ir comigo, de corredor em corredor, como uma grande canção dos Beatles Love, Love me do. You know, I love you. E então vamos todos juntos, lata de milho a vidro de maionese, cantando e dando as mãos. Às vezes eu tenho mesmo a impressão de que as pessoas fazem uma roda ao meu redor, tipo ciranda-cirandinha. É toda uma emoção.

Mas imagina, eu sou uma moça solteira. Tenho que ir pra balada pra aproveitar a vida. ATÁ. Às vezes eu tenho que me convencer disso. Daí eu vou. Chego no lugar e, danças do acasalamento à parte (em toda balada SEMPRE tem danças do acasalamento), é toda aquela emoção. Sensação de que todo mundo olha pra você porque, naquele momento, você é o frango da padaria que sai dançandinho no meio de um monte de cachorros vira latas, tipo desenho do Pica Pau. Ah, a balada. Ah, a socialização.

Ah, a família. Coisa bonita de se ver. Todo mundo parecido, falando no mesmo tom de voz e com toda a personalidade parecida (imaginem um monte de Renatas falando tudo junto). Família é uma coisa divertida. Aquilo ali de você ver qual será o seu futuro, tudo ali bem diante do seu nariz. É simples, só juntar toda a sua família, bater no liquidificador e voilá. Seu futuro. Aquela bunda caída que a sua tia tem, você também terá. Aquela coisa que a tia avó diz, que os pelos das partes baixas estão brancos, os seus também ficarão. Aquela gastrite/esporão/burcite que você também terá, claro. Tá preocupada com as varizes? Olha a perna da sua avó. Porque a sua também ficará igual. Ah, família. Aquele povo que te diz NOSSA RENATA COMO VOCÊ ENGORDOU/ENVELHECEU/EMPELANCOU desde a última vez que eu te vi! Você viu que sua prima viajou/casou/empirigou/botou silicone na bunda? E você ficou lá limpando a casa enquanto isso? E o trabalho/a casa/os amigos E QUE COISA QUE VOCÊ NUNCA ARRUMA UM NAMORADO! Ah, a família. Gente da gente. 

É por isso que, via de regra, eu prefiro o meu lar. Ah, a tranquilidade da vida. Ah, o meu pequeno sofá fielmente localizado na melhor parede da sala, porque me dá visão ampla de tudo, desde a tv, o céu da varanda e todos os outros cômodos, para o caso de eu assistir The Walking Dead e não ser pega desprevenida por zumbis que queiram adentrar no meu apartamento. Meus quadros fielmente localizados no ângulo perfeito de cada parede, assim como minhas plantas e flores, cujas quais eu já contei quantas argolinhas da corrente que os pendura no teto devem ter, já que elas formam um padrão. Meus discos, meus livros, meus filmes. Todos arrumadinhos em uma harmonia perfeita que dá gosto de olhar (e cujo quarto eu fecho a porta quando recebo visitas, já que esse povo não tem total noção de que não deve pedir NADA meu emprestado - já que, via de regra, é tudo sempre igual: ou não volta mais, ou volta em estado de lixo). Ah, meus armários. Com tudo fielmente arrumado para minha satisfação ao abrir as portas. Como é lindo viver. Sheldon Cooper me entenderia perfeitamente. Mas não só ele.


Em todos esses 33 anos nessa indústria vital, eu achei que fosse única. Achei que minhas neuroses e manias fossem únicas. Mas um dia eu achei alguém igual. MUITO IGUAL. 

Há exatos 19 anos existe uma mineira de Berlândia que consegue ter exatamente os mesmos pensamentos que eu. E as mesmas atitudes. O mesmo pensamento de arrumar desculpas infinitas para os amigos só pra não ter que sair de casa e poder ficar assistindo séries de pijama no sofá. Alguém que prefere viver a party hard da vida no mundinho de um apartamento, assim como eu. ♥ Gente que tem os móveis todos bem dimensionados com relação ao tamanho do quarto. ♥ Gente que tem os livros organizados por cor. ♥ Gente que anda pela rua e não cumprimenta ninguém não porque seja metida, é que ela só vê borrões ao invés de pessoas. ♥ Gente que tem milhares de caixinhas pra guardar não interessa muito bem o que, porque o que importa é ter caixinhas para guardá-los. ♥ Gente que anda pela casa rumo à cozinha com o telefone na mão pra beber água e de repente se vê com a geladeira aberta, sem o telefone que você provavelmente colocou no congelador, tirando a carne pra fazer o almoço mas encontrando a escova de cabelo que perdeu semana passada dentro da panela. ♥ Gente que tem vontade de botar na bio do twitter "pareço gostar de acelga mas sou legal. ♥ ♥ ♥ Gente que, apesar do brilhantismo, é daquele povo que é capaz de andar divamente rua afora até tropeçar fenomenalmente em um buraco e sair caindo em câmera lenta pra todo mundo que estiver passando assistir comendo pipoca. ♥ Gente que as pessoas sempre acharam ser metida porque tem cara de quem comeu e não gostou. ♥ Gente que fica desesperada quando esquece se tomou o remédio ou não - porque isso com certeza é Alzheimer. ♥ Gente que as pessoas nunca imaginam que faça alguma porquice ou mistura gastronômica considerada errada. ♥ Gente que tem aflição com bolinhas (eu não tenho, mas acho extremamente divertido praticar bullying com essas pessoas). ♥ Gente que tem um lugar preferido em algum lugar comum só porque o lugar em si tem particularidades que só a gente percebe e ama - e fica absurdamente nervosa quando algum desavisado o ocupa. ♥ Gente que nunca sabe dizer se o copo está meio cheio ou meio vazio. ♥ Gente que se preocupa em puxar assunto com alguém e estar incomodando. ♥ Gente que tem amigos mas não sabe bem o real motivo de tê-los (eu sei, eles vão lá em casa pra comer). ♥ Gente que passa o dia lembrando de algo pra não esquecer e, no fim do dia, não faz ideia de que precisava lembrar de, inclusive, anotar aquela coisa que esqueceu na agenda, coisa que também esqueceu de fazer. ♥ Gente que não sabe conversar com pessoas (eu por exemplo atravesso a rua e mudo de calçada e vou olhando para o outro lado pelo simples motivo de não saber como conversar com aquele colega de escola que vem andando na minha direção lá longe - é ótimo ter a visão perfeita). ♥ Alguém que as pessoas têm medo de chegar perto, mas que, em todos esses anos da minha vida de blog, é a única que permaneceu na minha vida desde quase o início - e melhor, há vários meses ela faz parte da minha vida pessoalmente também - porque ela existe! ♥ Gente que eu não vou esquecer que eu não fui a primeira a abraçar, mas quando eu consegui foi a sensação linda de reconhecer alguém que há muitos anos eu já conhecia - e admirava absurdamente. E em vez de ela dizer algo comum do tipo "prazer em te conhecer", ela disse "como seu cabelo é cheiroso!" ♥ ♥ ♥

Anna Vitória, essa linda, tem futuro. Não é minha parente de sangue (mas é de coração, porque eu adotei virtualmente como a filha perfeita que eu gostaria de ter), mas eu já consigo prever como ela será só analisando a minha própria vida e vendo como somos parecidas. Anna Vitória, assim como eu, se um dia tiver a pretensão de dirigir (porque eu também não tinha, mas meu patriarca achou que devia ser assim e eu não quis decepcioná-lo) vai estacionar o carro sempre nos mesmos lugares do shopping para não perdê-lo. Anna Vitória um dia terá sua própria casa, cuja qual terá uma harmonia perfeita em sua decoração frufru e cool ao mesmo tempo (aquela coisa de sofá florido com o poster de algum filme foda tipo Pulp Fiction pendurado na parede logo em cima). Anna Vitória terá um guardarroupa com as roupas arrumadinhas por cor (porque tem uma hora da vida que a gente descobre que a gente quer ser uma mulher diva e bem vestida - e arruma todas as roupas estampadas seguindo a cor base de cada estampa), mas que a porta logo ali do lado, a dos papéis, será sempre aquela zona que a gente não consegue organizar (e ao abrir a porta do armário cai tudo em cima da gente). Anna Vitória continuará tendo seus amigos (quanto mais malucos melhor), mas a união perfeita será sempre com o seu animal de estimação (Pandora no meu caso, Chico no dela). 

Mas Anna é ainda melhor que eu. Anna é a personificação do que é saber perfeitamente TUDO o que acontece no mundo relacionado à cultura. Anna é ler todos os melhores livros, é assistir todos os melhores filmes, é escrever desde sobre a sorveteria da esquina até um texto sobre o Oscar que poderia perfeitamente ser publicado na melhor revista sobre o assunto. Anna é a pessoa que assiste quase todas as séries e que, se não assiste, sabe do que se trata. Anna tem a pretensão de viajar e de conhecer e de saber ainda mais do que toda a bagagem que já sabe em seus poucos 19 anos de vida que completa hoje.


Muitas felicidades, minha filha virtual mais admirada e querida do mundo! Te amo infinitamente e te quero pra sempre na minha vida, real e virtual, floreando meus dias, dançando forró, comentando os melhores filmes e as melhores séries e aprendendo com você tudo o mais que eu quero ser de linda nessa vida. 

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Cor de laranja

Oi. Esse é o primeiro post de 2013.

E eu nem preciso sair lendo os títulos dos posts dos blogs por aí pra saber que todo mundo já postou sobre as resoluções de ano novo. Daí eu também vim. Contar pra vocês que eu passei o Reveillon com um vestido cor de laranja.

Em todos esses 33 anos nessa indústria vital, eu nunca passei o Reveillon de cor de laranja. Mas já que o mundo decidiu não acabar (bem que eu pedi pra cair um meteoro lá na Serra do Mar pra galera que foi viajar não conseguir voltar nunca mais - porque São Paulo tava ótima de andar até ontem gente, eu fui pro trabalho de carro em 15 minutos!) eu decidi vestir laranja. Porque eu curto essa coisa do feng shui (e porque assim que eu vi o vestido na Hering me apaixonei e nem queria saber qual cor era o que, tudo o que eu queria era comprar aquele vestido pra usar no Reveillon). Mas, pensando cá com meus botões, eu sempre soube que a gente só usa cor de laranja quando está feliz. Pois é. Usar essa cor no Reveillon deve significar alguma coisa na minha vida.


Laranja:

É uma cor quente (ui), representada pela forma da lua crescente, o elemento é a água e o sentido é o paladar (é, eu comi pra caramba mesmo)Inconscientemente, lembra sabores agradáveis e nos remete à infância, às brincadeiras e aos doces. A cor laranja na Cromoterapia corresponde ao metal ouro  e é considerado a cor da prosperidade (porque eu quero ficar rica, claro). O planeta é a Lua (lua vaaaai. Iluminar os pensamentos dela"! Fala pra ela que sem ela eu não vivo - derererê). Para a Musicoterapia, esta cor corresponde à nota musical ré (ré, quase Rê, olhaí). A polaridade do laranja é Yang; logo, é positiva (porque esse ano eu vou botar pra quebrar), solar, diurna e simboliza o verão (ave que calor). O laranja influencia o dia de segunda-feira (e veja bem que o Reveillon foi de segunda pra terça!). A cor laranja representa a intelectualidade (eu, claro). É uma cor jovial (porque apesar das dores dizem por aí que 33 ainda é jovem), antidepressiva, alegre (uhú), leve (continuarei não batendo nas pessoas que merecem) e transmitindo psicologicamente prazer, despreocupação, fazendo superar a repressão e inibições, abrindo a mente para novos objetivos (me aguardem). A cor laranja é muito ligada à maternidade (wow) e tolerância (não vou avançar em ninguém - não vou avançar em ninguém - não vou avançar em ninguém), e sugere sol (to vendo que vou gastar uma grana em protetor solar), calor (dá cá um abraço) e profundidade (porque eu já quase nem sou densa, imagina). A cor laranja traz força (eu abro mesmo todos os vidros de palmito sozinha), coragem (tirei aquela mariposa gigante que entrou em casa no meu aniversário quase sozinha - Pandora me ajudou), determinação e ousadia, tirando do estado de medo e covardia. A cor ainda nos estimula e inspira, desabrocha, faz com que se tenha um impulso mais voltado à prática, repleto de coragem e astúcia (não contavam com a minha astúcia!). Permite que a gente possa desvendar o todo, em alguma situação que possa estar obscura. A cor está manifestada em algumas frutas cítricas, como por exemplo a própria laranja ou a tangerina, que nos dão mais energia de ação. Cor do intelecto e mental. Em tons mais escuros, sugere estabilidade.


É isso aí que eu quero para o meu 2013. E, se for pra repetir o que estou fazendo no primeiro dia do ano em todos os outros, estou aqui, postando no meu blog, ouvindo as 500 mais da Kiss (Pink Floyd no momento), acumulando receitas no meu caderninho, assistindo séries, lendo meus livros, dormindo até cansar e esperando amigas queridas em casa pra mais tarde.

Feliz ano cor de laranja para todos nós!


quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

33 Renatas

Trinta e três. Onde isso vai parar?

Fato é que, quando eu tinha quatro anos e bati na bunda do menino na escola porque ele pisou na minha tiara amarela e a quebrou, não imaginava como seria ser uma mulher de 33 anos. Ter 33 anos é melhor. Melhor que todas as outras idades. Porque eu, capricorniana (da cabra que sobe a montanha sozinha apesar dos percalços da vida para olhar por cima e ver que conseguiu), do horóscopo chinês cabra, elemento terra e ascendente virgem, também de terra. Eu preciso de pés no chão pra ser feliz. Preciso estar segura. Preciso saber onde piso. Responsabilidade.

Ter 33 anos é melhor que todos os outros, porque ao longo da minha existência foram 33 anos de vida que eu passei crescendo. Aprendendo. Evoluindo. E hoje, com a sabedoria que meus 33 anos me permitem, eu posso dizer pra vocês que tudo é muito melhor. Eu nunca gostei de ser criança, porque infância significa dependência. Nunca gostei de ser adolescente, porque adolescência significa inconstância. Eu gosto de ser adulta. Madura.

No último ano da minha vida eu mudei. Bastante, aliás. E pensei nisso quando, no sábado passado, cheguei num restaurante mexicano que já fui algumas vezes e o garçom me olhou e disse "essa moça eu conheço, essa é aquela moça simpática e animada que sempre vem aqui". Simpática. Quem diria? Animada eu sempre fui (para os que entendem meu humor sarcástico, claro). Mas simpática?

Nesse tempo eu troquei de emprego (e por isso estive tão ausente desse blog, infelizmente) e, como tudo na minha vida é planejado, planejei ser uma pessoa melhor. Porque da minha capacidade profissional de produzir eu nunca tive dúvidas, mas tenho consciência que sempre deixei a desejar no quesito relacionamentos interpessoais. E então, como meta previamente estipulada, eu decidi ser uma pessoa mais sociável. Mais leve.

Agora as pessoas fazem reunião no trabalho pra questionar a qualidade da minha produtividade (lembra que eu disse que nunca tive dúvidas da minha capacidade profissional? Então. Porque eu produzo mais e melhor, sabe, isso irrita os outros) e eu fico quieta. FICO QUIETA, BRASIL. Juro. Tá lá a galera "é, porque tem que ver isso aí, é impossível a pessoa fazer tanto e tão bem" e eu fico calmamente sentada no canto da sala com os braços cruzados. JURO. Quem me imaginaria assim, mundo? Porque há 1 ano atrás, nesse momento, eu faria igual o Hulk fez com o irmão do Thor em Os Vingadores. Sabe quando ele pega o cara pelas pernas e bate uma meia dúzia de vezes o cara no chão?



Mas não. Agora eu sou uma pessoa mais pacífica. Já sei que isso aí seria ótimo e extravasaria meus sentimentos, mas ao mesmo tempo atiçaria os "Lokis" da vida e então eu nunca mais teria sossego. Hoje eu deixo falar. Reclamo sim, mas para a pessoa certa. E a minha vingança (é, porque eu continuo sendo vingativa, não pense você que eu alcancei a paz espiritual não porque daí tudo ia ficar muito chato na minha vida) virá em forma de valores: a pessoa que me agrediu (porque duvidar do meu trabalho pra mim é agressão) não alcançará um aumento de salário que poderia, porque falar mal de mim implica um mal resultado na análise de desempenho dela (minha chefe me ama, beijos).

Mas intrigas trabalhísticas à parte, hoje eu posso dizer que estou mais calma. Mais pacífica. Não falando o que todo mundo quer ouvir, mas deixando de falar e de fazer o que com certeza me prejudicaria futuramente. O lado bom da história: meus amigos estão levando vantagem. Porque me tornei uma pessoa mais agradável. Exemplo disso é que daqui a algumas horas eu, que nem ia comemorar o aniversário, terei a maior galera presente na minha casa. Todos por espontânea vontade (eu nem tive que ameaçar ninguém). Mas queria muito mais.

Queria as amadinhas virtuais que se tornaram reais no decorrer do ano e que me fizeram surpresa hoje e que vocês podem ler lá todo o amor que eu já li e me emocionei: Anna - Analu - Tary - Dedê - Milena
Trinta e três. Gosto da minha idade. Gosto de tudo o que passei até hoje porque eu aprendi e tudo me trouxe para o que eu sou hoje. Uma pessoa feliz por ser quem é. 

Queria agradecer por tudo. Por quem é presente hoje na minha vida. Quem vai vir me dar abraço pessoalmente, quem voou de Curitiba só pra me dar abraço, quem deixou videozinho de parabéns desde ontem no meu whatsapp. Quem vai só atravessar a rua pra vir me ver e quem vai vir de longe. Quem não vai vir porque mora espalhadinha pelos arredores do Brasil. Mas que queria. Agradeço muito, muito mais, por quem esteve SEMPRE na minha vida. No ano passado e no anterior e no anterior e no anterior. Que ouviu minhas alegrias, mas também minhas tristezas. Quem me ajudou a seguir em frente e quem demonstrou carinho mesmo que distante. Obrigada, gente. Eu sei que eu fui um porre, Edgar. Mas hoje se eu estou aqui feliz e comemorando, com certeza grande parte disso é culpa de vocês. 

Agora eu vou lá que tenho que fazer bolo (e lembrarei a cada segundo da carinha que Dedê fazia ao comê-lo).

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Milena

FISH. Bem no carioqueish mesmo. FISH como Milena é linda. Milenoca. Que deve mesmo ser a única do mundo, porque eu nunca conheci outra. E agora já era. Mesmo que conhecesse, nenhuma outra Milena do mundo deve se comparar à ela. Milena. Da terra do bishcoito. Rio de Janeiro. A única carioca do mundo todo que chega em São Paulo dizendo que existe sim amor por aqui, na minha terra da garoa. Milena, talvez a única carioca fofa do mundo. Mileninha. Porque apesar de toda a altura que tem (é alta mesmo a mocinha) ela parece sempre viver no País das Maravilhas. Mas tem olhos de Bela. Aquela, da Fera. Brilhantes, como só Milena consegue ter. E, de repente, ela te invade com os cabelos lindos e você só sente o abraço. Milena é uma das pessoas mais carinhosas que já conheci na vida. Amorosa. Meiga. E linda. FISH, como Milena é linda. Milena é menininha. Está sempre de meia-calça. E saia. Porque quem inventou essa meia-calça com short jeans com certeza não foi feito pra viver no mesmo planeta que eu. Mas Milena não. Milena invade o mundo da gente com saias e vestidinhos e sapatinhos boneca e de repente você está ali envolvida com o sinônimo da doçura. Milena é doce. Milena é amor. Milena é aquela que faz dois meses que está pensando em uma qualidade própria para me convencer de que se eu adotá-la seria um bom negócio. Na verdade ela queria mesmo é morar comigo pra comer bem. FISH como a Milena é safada. Mas eu relevo. Relevo, porque estar do lado dela é ter a sensação de que não falta ninguém. É rir da leveza da vida. É aproveitar as coisas simples. Pra onde levam esses olhos castanhos, Milena? FISH. Sei lá. Talvez para a nave. Milena. A menininha saltitante cuja lembrança dos olhos brilhantes mora mesmo é no meu coração. 

domingo, 16 de setembro de 2012

Doces Rodopios

Ela era uma menina que gostava da vida. Vinte e poucos anos, morava na casinha humilde porém cheia de amor com a mãe. Tatá era aquele tipo de menina doce, que quando sai de casa para ir à padaria, consegue cumprimentar quase toda a cidade no caminho. "Bom dia, Tatá", era o que ela ouvia por onde passava. "Bom dia, seu José" era o que ela respondia, tão educada como sua mãe gostaria que fosse.

Tatá saía de casa com seu vestido florido, sua sandália rasteira. Saltitando pelas ruas de paralelepídedo do bairro do Pantanal sul-mato-grossense. O calor do fim da tarde em seus ombros, mas ela amava aquilo. A calma da cidade. O mormaço típico. Tatá era uma menina que saltitava e rodopiava, feliz com a vida.

Naquela tarde, como em todas as outras, Tatá tomou rapidamente seu café e saiu apressada e com os cabelos esvoaçantes levando uma pequena sacola pela rua até o rio. Ela cresceu na beira daquele rio. Tomando banho enquanto era criança, brincando com os amigos. O rio que era a sua casa, porque ela sempre morou ali naquele lugar. E não há melhor lugar que a nossa casa.

Tatá correu até o rio, sentou em seu lugarzinho favorito e tirou o que tinha de dentro da sacola. Ali, de longe, quem passasse veria algo como um lanche. E era sim, um lanche. Mas não pra ela.

De dentro do pacote saiu um pedaço de bife, de um tamanho razoável, que ela mesmo tinha comprado para a mãe no açougue pouco antes do almoço. Enquanto a mãe não via, surrupiou um dos bifes e enfiou na sacolinha. Um hábito que já há algum tempo fazia. A mãe fingia não ver e se questionava o motivo pelo qual a filha geralmente separava um bife cru do montante total para a refeição. Mães sempre sabem das coisas, mas ela imaginava que Tatá alimentava algum cachorrinho pela rua. Que engano.

Tatá era sim aquela menina que amava animais. Da mesma forma que cumprimentava as pessoas por onde passava, sabia os nomes de todos os cachorros da vizinhança. E os gatos. E assoviava como os passarinhos. E saía para passear com as galinhas. Até um camundongo, certa vez, fez amizade com Tatá. Porque ela teve medo sim, mas era um animalzinho tão pequeno e indefeso e peludinho que ali, mesmo de longe, ela se afeiçoou a ele.

Essa tarde Tatá visitava seu amigo preferido. Aquele que um dia, enquanto Tatá assistia o pôr do sol, viu se aprochegar meio que em sua direção. Quando o viu, Tatá quase gritou de susto. Mas a criaturinha, indefesa, somente olhou pra ela e abaixou a cabeça. Como um gato ou cachorro à espera de um cafuné. Tatá, ainda assim temerosa pelo animalzinho, não se movimentou. Mas ele, como pedindo a atenção dela e quase deixando de lado a física e a sua espécie, virou o corpo mostrando a barriga. Ele queria carinho. E era um jacaré.

Jacaré, lagarto, iguana, lagartixa. Tatá não sabia muito bem de que se tratava aquele animal feio, mas que exigia tanto da sua atenção. Mas ele não era tão grande quanto um jacaré. Talvez fosse um filhote. Talvez fosse um jacaré anão. Porque em meio às suas feias feições, ele até que era engraçadinho - pouco mais de trinta centímetros e bem mais gordinho do que deveria ser. E ficaram os dois ali, cada um de seu lado, assistindo o pôr do sol. Fato esse que se repetiu depois por mais alguns dias da semana. E Tatá se afeiçoou a ele. Ir até a beira do rio no fim da tarde agora já não era mais só para ver o pôr do sol. Era para visitar o Janjão. Janjão tornou-se o amigo confidente, pois Tatá passava as tardes conversando com ele. Tinha medo de segurá-lo, mas isso não os impedia de ter um relacionamento amigável saudável. Janjão fazia exatamente o mesmo movimento todos os dias: saía da água, avistava Tatá sentada na beira do rio assistindo o pôr do sol, se aconchegava em seu redor e fazia companhia. E assim criou-se uma afeição mútua. E quem foi que disse que os répteis têm o sangue frio?

Naquela tarde, Janjão não veio assistir o pôr do sol e comer o bife que Tatá deixou à sua espera. "Deve ter perdido a hora", pensou ela preocupada. Esperou até quase a lua aparecer no céu. Mas não podia esperar mais. Ela quase ouvia no fim da rua a sua mãe chamando para o jantar.D eixou o bife no lugar de sempre, meio que escondido para que outros animais não pegassem. "Janjão pode ter fome durante a noite". E correu para casa.

No dia seguinte, o bife ainda estava lá. E no outro, e no outro. Passou quase uma semana sem que Janjão chegasse para fazer companhia. Para comer. Para conversarem. E Tatá pensou no pior. Pensou que ele deveria estar doente. Pensou que ele poderia ter se perdido. Pensou que, ai meu Deus, ele poderia ter morrido. E então o desespero veio à tona.

Tatá passou mais vários dias indo sozinha à beira do rio no fim da tarde. Um mês, dois meses, três meses. Chateada, chegava às vezes até a chorar. Demorou, mas passou. Tatá era uma menina cheia de esperanças e de bons pensamentos, o que a ajudou a pensar que onde quer que Janjão estivesse, estaria melhor. Mesmo assim, Tatá deixou de rodopiar pela rua para assistir o pôr do sol na beira do rio no fim das tardes.

Um dia enquanto assistia no sofá à novela com a mãe, Tatá ouviu um burburinho das crianças na rua. Abriu a porta e viu o pessoalzinho afobado correndo, mas a mãe de Tatá não a deixou sair de casa. "Isso não é hora de moça de família ficar na rua, Taryne" foi parte da bronca ouvida. Tatá, muito obediente, porém com a curiosidade maior, rolava na cama em seu quarto contando as horas para o amanhecer. Com os pensamentos tão entretidos em sua própria cabecinha, Tatá quase nem percebeu que o burburinho da rua tinha se dissipado. E agora, lá fora, só se ouvia os grilos da madrugada.

Tatá saiu pela janela. Pé ante pé, descalça pela rua, o tecido da camisola fina esvoaçante. Tatá correu no sentido do rio. Cheia de emoção e ansiedade, marejou os olhos quando chegou na margem.

Janjão estava lá, à sua espera. Pareceu sorrir no momento em que viu Tatá. Ela, feliz da vida, pela primeira vez passou as mãos no dorso dele e viu que ele fechava os olhos de satisfação. Em meio ao carinho há tanto esperado, Janjão olhou para o lado, como quem mostrava alguma coisa. Tatá também olhou. E no bife que Tatá havia deixado lá já há algumas semanas meio escondido entre as folhas, um filhotinho.


sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Deyse

Deyse da Cova. Dey. Dedê. Que eu nunca me aproximaria se nosso único recurso de intermediação fosse o blog. Porque Dedê, pra quem lê assim, é densa. Demais. Bem mais que eu. Dedê parece ser profunda. Mas é só ter alguns minutos de prosa com ela, pra saber que ela entende de profundidade sim. Só que de profundidade de covas. Porque Dedê caiu numa cova um dia. E em meio a tanta proximidade com o defunto de uma história que se alastrou bem além do susto, foi que eu descobri Dedê. Deyse. Que se pronuncia Deíse. Deíse, do alto de São Luiz, no Maranhão, e de suas duas faculdades executadas ao mesmo tempo, Direito e Letras. O adjetivo dela só pode ser "incrível". Dedê quando me contou toda a história da cova, na época que eu tinha mais tempo pra conversar na internet, passei mais de uma semana rindo sozinha. A história de Dedê foi parar no meio dos meus amigos. Da família. Dos colegas de trabalho. Dedê nem podia imaginar, naquele dia que caiu na cova, que alguém, algum dia, iria amá-la inicialmente só por essa história. Inicialmente, porque ela tem várias outras. De quando comeu cocô e ficou cega. Dedê é mesmo daquelas pessoas que a gente tem o prazer de fazer xixi na almofada junto, só de rir. O humor sarcástico dela vai totalmente ao meu encontro do que é uma pessoa brilhantemente agradável de se conviver. Porque até o jeito ranzinza dela eu amo. Dedê, minha cerejinha do nordeste. Que bebe xampu comigo "porque a gente tem que experimentar tudo na vida", "mas condicionador é mais legal porque deixa a língua dormente". Eu queria ter uma filha como Dedê. Nordestina, com aquele sotaque lindo. E queria esperá-la no aeroporto todos os dias, pra que ela corresse na minha direção pra abraçar todos os dias, como ela fez naquele dia. Dedê, tão incrível, que eu até cheguei a duvidar que ela era de verdade. Dedê, tão parecida comigo no humor e na rabugice. Dedê, a mistura perfeita da menina séria e responsável, mau humorada e sarcástica, linda e amorosa. Queria teletransporte, pra ser mais próxima de Dedê, apesar de morar nessa distância imensa. Dedê é aquela pessoa que eu queria todo dia. Pra ser amiga de todo dia. Pra rir junto. Pra ouvir ela dizer que "vou banhar" todo dia. E o "vocês comem comida estranha" todo dia. Dedê. Do pão com mortadela, queijo branco e doce de leite, tudo junto. Do frio que ela sente, porque lá na terra dela 40 graus é bacana. Só por você que eu compraria 2 edredons na 25 de Março em dia de semana em meio de expediente, em hora de almoço. Só você que fungou horas ao meu lado nessa vida e eu não quis atirar pela janela. Da atenção de carregar trocentas garrafas de guaraná Jesus nas costas, durante dois dias inteiros, com o pé torcido, andando horrores. Sabendo que quase ninguém gostaria de bebê-lo. Dedê é gente do meu time, que a gente se dedica pelos outros mesmo que o carinho não volte na mesma proporção. Mas o meu carinho volta por você, Dedê. Na mesma proporção e alguns quilos a mais. Por tudo. Te amo pelas risadas, pelas histórias, pela loucura, pelo mau humor, pela dedicação, pelo sofrer quieta, pela alegria, pelo ciúme, por toda a densidade que você tem aí dentro, por toda a inteligência, pelo medo de gostarem ou não de você, pela modéstia. Você com certeza foi a melhor surpresa que eu podia ter, simplesmente por ser de verdade e por ser tudo aquilo que eu imaginava. Você é pra sempre. Na minha vida, no meu coração.

sábado, 25 de agosto de 2012

Ana Luísa

Analu. Cabelos loiros, bem loiros mesmo, quase brancos. Naturalmente. Olhos azuis e arregalados, daqueles que quase consomem. Pequena e grande ao mesmo tempo, porque tem todo aquele abraço esmagador que parece que ela quer entrar dentro da gente. Pulga na calcinha. Analu é aquela pessoa que não para quieta. Que quer tudo ao mesmo tempo, de todos os jeitos possíveis. Analu tem sede de viver. De aproveitar cada segundinho. De fazer tudo o que pode antes que termine o dia. Mas o dia quase não termina, porque ela quase não dorme. Ela não consegue dormir pensando que alguém vai ficar acordado. Analu é intensa. É feliz. Acredita em tudo e em todos, como todos deveríamos ser. Analu inspira alegria. Inspira bons momentos. Analu é daquelas pessoas que leem um livro em um dia, porque mais que isso seria perda de tempo. Analu não consegue parar duas horas pra ver um filme, porque ver um filme implica em fazer uma coisa só. Analu. Quer tudo pra ela, tudo é dela. O mundo inteiro é dela. E todas as pessoas do mundo são dela. E tudo ela consegue. Ciumenta. Ou não. Porque o que ela tem nem é ciúme mais, o que ela tem ainda não tem nome. E dedicada. E faminta. Não por comida, porque ela come pouco, já que não dá tempo. Ela tem é fome de ser feliz. Impaciente pra deixar as coisas da vida acontecerem da maneira normal, ela corre atrás e agarra tudo o que puder entre os braços curtos de seus 1,58m de altura. Analu brilha. Como a estrela mais brilhante do céu. Brilha a ponto de ofuscar qualquer outra estrelinha tímida ao seu lado. E não tem como ela não passar despercebida do lado da gente. Analu corre, brinca, canta, dança, sapateia e toca corneta enquanto passa. É aquele tipo de pessoa que não tem como não ser amiga. Não tem como não amar. Porque, se por acaso algum dia você se decidir por isso, vai só bastar mais um daqueles abraços esmagadores pra que ela consiga entrar de novo dentro de você. Dentro do coração. Porque ela consegue. Consegue, e preenche tudo com aquele calor que só ela sabe ter. Entra na vida da gente meio que se esparramando, e quando você vê está ali, com ela no meio da sua sala, espalhando o conteúdo da mala na sua casa e na sua vida. Feito docinhos de leite Ninho. Branquinhos, redondinhos, macios e que derretem na boca e que te dão a sensação de pensar em como a vida pode mesmo ser doce. Analu. Você pode ter escolhido qualquer outro trecho de música pra ser o seu. Mas pra mim, você será sempre o "faz de mim estrela que eu já sei brilhar!"


♪ Ela sabe o que ela quer. Ela quer o mundo, e quer sem demora. Ela sabe o que ela quer. Ela quer o mundo e ela quer agora. Ela sabe o que ela quer.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Taryne

Tary. Tary1. @tari1. A do jacaré, porque ela mora em Campo Grande. E eu imagino que ela deve morar assim no meio do Pantanal, em uma casinha de palafita no meio do rio. Mentira. É que trollar a Tary é tão legal! Desde aquele dia que eu estava chamando outra pessoa de feia, que eu falei uma frase do tipo "não, é muito feia aquela tal de Taryne". E o grito que ela deu. Pronto. Tary me ganhou pela indignação. Mas eu sempre soube da existência dela, desde que eu, depois de muito tempo, voltei para o mundo blogueiro. Taryne era um nome comum no mundo da internet, sempre foi. Era amiga de todo mundo, menos minha. Até Analu - sempre ela - fazer a intermediação. Taryne, antes que eu a conhecesse no mundo virtual, sempre me pareceu meio patricinha. Mas naquele julgamento que a gente faz antes de conhecer a pessoa, sabe? Sei lá, eu nunca nem tinha falado com ela, mas alguma coisa entre aqueles layouts lilazes e aquelas figuras fofas e românticas que ela tem no blog sempre me fizeram pensar que Tary fosse uma pessoa frufru. Mas como é gostoso se surpreender com alguém para o lado bom. Como é bom olhar pra trás e pensar que é, eu realmente não conhecia Taryne. Hoje, após quase um ano de conversa, após meses falando via mensagem e skype e, finalmente, após ter conhecido Taryne pessoalmente no último sábado, tenho a dizer que Tary é uma meninona. Menina em corpo de mulherão. Do alto de seus 1 metro e 70 e tralalá de altura, bem mais alta que eu, eu me senti uma nanica ao lado dela. E não consigo me esquecer daquele "oi" tímido que eu ouvi no aeroporto do meu lado direito. E, ao olhar para o lado, dar de cara com a criatura mais doce que conheci nos últimos tempos. Taryne. Cabelão, corpão, bocão. Mas a doçura em pessoa. Um ar de inocente e de menina sapeca ao mesmo tempo. E eu que pensei que ela seria quietinha. Tary, do alto de seu jacaré e sua palafita, fala tão bem quanto escreve. Nenhum sotaque tão aparente, mas um olhar penetrante que pouco deixa transparecer a timidez que eu achei que ela teria. Tary, uma moça educada. E ao dizer isso, quase posso ouvir a mãe dela dizer "ela é mesmo", como me disse ao telefone e eu achei incrível a modéstia que a tia Nil teve ao afirmar isso. Tary. Que molhou todo o banheiro. Que esperou sem dormir pra comer a minha pizza "porque eu não consigo dormir com fome". Que disse tantas vezes que São Paulo é linda. Que dá abraços enormes. Que faz cara de choro quando quer alguma coisa, mas que logo em seguida coloca seus óculos escuros novos e chiques que quando você olha nem lembra que ela é só aquela criança que tem medo de escadas rolantes. Tary, linda que só ela. Que saudade de você. 

sábado, 5 de maio de 2012

Do meu dia. 04/05/2012


4:45h. Do prazer de acordar sem energia. E agora pra achar a roupa pra vestir?



5:10h. Da arte de fazer luz. 



5:20h. Do café. 



6:30h. Do trabalho. 



6:45h. Do biscoito. Meu pote é bonito, obrigada.



6:48h. Do chocolate quente. 



7:25h. Do casual day. 



7:58h. Do dia lá fora. 



8:35h. Da minha mesa. Eu gosto de vermelho.



9:28h. Do sol. 



9:35h. Do banheiro. De mulher.



9:38h. Do espelho. E da mamata.



10:15h. Do melão. No pote com formato de maçã. O melão teve crise de identidade. Estava insosso.



10:28h. Da máquina de café poliglota. Escreve ENJOY e GRACIAS ao mesmo tempo. Eu respondo sayonará.



11:00h. Do pípou. Na sexta-feira.



11:45h. Da Alameda Santos. Na hora do almoço.



11:54h. Do melhor restaurante. 



11:56h. Da escadinha com azulejos portugueses.



12:14h. Da comidinha feliz. 



13:10h. Da gaveta de guloseimas. Eu curto paçoca.



13:42h. Eu trabalho muito.



14:25h. Falta um ano para as minhas férias.



15:28. Do sistema fora do ar.



16:08h. Do ir embora.



16:11h. Do ponto de ônibus na Av. Paulista.



16:25h. Da cadeira alta do ônibus.



17:30h. Da casa de mamãe. Na poltrona do papai.



18:45h. Da janta. De quatro queijos.



19:38h. Do chegar na casinha.



19:50h. Da filhinha.



21:05h. Do pijama



21:26h. Do futuro cachecol.



22:05h. Do domingo fail.



22:22h. Da cama.



22:30h. Do antes de dormir.

sábado, 14 de abril de 2012

#analuday ♥

Eu já tive muitos amigos feitos pela internet. Muitos mesmo. Gente de todos os tipos. Gente que entrou e saiu da minha vida. Gente de todas as cores e todos os sabores (eu lambi uns dois só, tá?). Mas com ela é diferente. Ela entrou e ficou. Ela eu não lambi (porque eu não sou lésbica), mas eu sei que ela tem sabor de docinhos de leite Ninho. E de moranguinhos da vovó. E de fim de tarde abafada deitada no chão da varanda. Analu tem sabor de alegria. De abraço apertado. De agitação, não de balada, mas de muitas coisas pra fazer em pouco tempo. Analu tem sabor de empolgação. De criança que puxa a barra da nossa calça até nos convencer a fazer o que ela quer. Analu tem sabor de intensidade. Ri até chorar. Chora até soluçar. Analu tem sabor de grandes amizades. De amizades pra sempre. Analu tem pulga na calcinha. Olhos azuis que te olham como que pra saber o que se passa no fundo da sua alma. Analu. De vestido florido e sapatilhas, samba na aurora e na cara de quem diz que não tem tempo pra fazer as coisas. Porque ela tem tempo, sempre. Pra fazer qualquer coisa. Faz milhares de coisas no mesmo momento. O dia dela teve ter umas duzentas horas. Analu abraça tudo porque é tudo dela. O mundo é dela. As pessoas são dela. E a vida dela, ela divide em pedacinhos pra dar pra todo mundo. Ela é de todo mundo, presente na vida de todo mundo, sabe de tudo de todo mundo. Analu. Capixaba, paulistana, paranaense. E do mundo todo. Porque Analu tem a proeza de ter amizades intensas que moram em lugares que ela nunca foi. Mas vai. Porque ninguém segura a loirinha de 1,58m. E pensar que são só 20 anos. De muitos outros que virão. Que ela vai viver intensamente cada segundinho, dormindo o menos possível pra aproveitar acordada e de olhos bem abertos a vida o máximo que der. E um pouquinho mais. Analu ainda tem muito o que saltitar.

FELIZ ANIVERSÁRIO, minha flor mais alegre do universo. Ainda teremos muito o que comemorar! Que seus 20 anos de vida sejam só o início de tudo e de todos os sonhos que ainda virão! Ainda compartilharemos juntas muitas fases da vida, momentos lindos e importantes, sucesso profissional e pessoal e tudo o mais. E eu sei que não preciso te desejar felicidades, porque isso você já tem de sobra, mas desejo pra você tudo o que tiver de mais lindo, de mais gostoso de viver, de mais cheio de emoção. Tudo o que te faça ter ainda mais vontade de sentir, de aproveitar e de amar, cada vez mais, sempre!


afilhada e madrinha ♥

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Sobre abraços

Um gesto tão simples. Tão singelo, tão comum. Às vezes escasso, às vezes frequente. E que através dele somos capazes de expressar cada sentimento. Cada palavra que muitas vezes não conseguimos dizer. Cada pensamento.

Eu não sou uma pessoa que abraça muito. Não saio simplesmente abraçando qualquer pessoa. É preciso primeiro conquistar a minha amizade e a minha confiança pra depois receber um abraço meu. Mas quando eu abraço, abraço de verdade. Seja nos abraços apertados e esmagadores que eu sempre ganho de meu pai, irmão, tios e primos e avó, aos mais contidos - esses reservados às pessoas normais do mundo (e que me achariam maluca se eu os esmagasse). Eu sempre achei que o abraço é uma troca não só de carinho, mas de compreensão e cumplicidade. Porém sempre tive mais afeição ao abraço apertado. Sempre fui da opinião que sentimento bom a gente tem mais é que demonstrar até esmagar.

Acontece que na última semana de 2011 eu recebi todos os abraços mais apertados do mundo todo. Todos cheios de carinho e, dessa vez, não só da minha família. Ganhei abraços esmagadores também dos amigos. Abraços que me disseram que eles estão aqui comigo. Estão aqui pra mim. Para o que der e vier. São amigos de verdade, presentes de verdade. Todos os que eu queria e esperava ter presentes. Pela primeira vez na minha vida, eu senti abraços sinceros de todo mundo que esteve lá não só naquele dia pra mim. Mas que está presente sempre. E não só as pessoas presentes de corpo e alma. Mas todas as que também estiveram presentes em pensamento e nas mensagens e presentes fofos que recebi.

Nesse 2012 eu só tenho a desejar que meus sinceros amigos permaneçam em minha vida. Que eu continue recebendo ao longo do ano não só os abraços, mas também a presença de todos eles em tudo. Que eu consiga deixar transparecer que eles são todos importantes pra mim e que do mesmo jeito que estão aí por mim, também estou aqui por eles. E que eu continue digna de poder receber cada um desses abraços apertados. Que me esmagaram. E me deixaram imensamente feliz.


segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A gente colhe o que a gente planta

*título por Mayra

Felicidade é passar dias felizes fazendo coisas felizes com pessoas felizes. Felicidade é ter aquela amiga linda que vai montar quebra-cabeça com a gente e comer o que quer que seja e falar sobre o que quer que seja e que no fim do dia a gente não quer que ela vá embora. Felicidade é conhecer a amiga virtual fofa, e ter a certeza de que, pessoalmente, ela é muito mais amiga e muito mais fofa que o esperado. Felicidade é ver o pai da gente na casa da gente falando cheio de orgulho para o primo que "olha como a minha filha é caprichosa e organizada". E o primo, por sua vez, exclamar "a sua casa é maravilhosa porque a sua energia é maravilhosa". E então você pensar e lembrar de todos os amigos que chegam lá e se sentem bem e dizem tantas outras coisas do mesmo tipo. Ser feliz é ter a casa da gente, do jeito da gente e amigos que apesar da reclamação a respeito do tamanho e da distância da lixeira do banheiro, ainda se convidem pra dormir em casa, nem que seja no tapete. E outros que dormem no tapete, literalmente. Felicidade é ter poucos amigos, porém fiéis. Que gostem da gente apesar de tudo. E que concordem absolutamente que o lugar de maior felicidade na casa da gente é a cozinha. Amigos que disputam, cada um a seu gosto, o prato preferido que comeram lá. E os pratos que ainda comerão. Amigos que vão só às vezes porque moram longe. Amigos que nunca tinham ido e da primeira vez que foram não queriam mais ir embora. Amigos que eu ainda vou colocar sentadinhos no sofá pra assistirem Dirty Dancing porque nunca viram. E os que já viram mas vão querer ver de novo tamanha a vontade de apenas compartilhar o momento. Amigos que vão sempre e que sempre querem ir. E gente que comete o absurdo de me influenciar a ponto de eu cogitar morar junto.

Felicidade é ver a mãe da gente caçando plantas no próprio quintal pra colaborar para a decoração da casa Jumanji que a gente sempre quis ter. É ir ao cinema em plena quinta-feira assistir um filme estranho com gente esquisita, porém muito amada. E segurar a vontade de rir por medo de apanhar. Felicidade é ter amiga virando mãe e mandando mensagem de "parabéns titia". E segurar o pequeno serzinho com apenas um dia de vida nos braços e compartilhar da imensa alegria dos amigos pais. Felicidade é fazer de um simples hambúrguer com milkshake e de um simples chão de uma livraria muito mais que isso. E poder compartilhar o momento com amigas mais antigas e completar um belo clube de Luluzinhas de gente que não se conhecia pessoalmente mas que se identificou na hora. É não querer ir embora, é não querer que ninguém vá embora. É acordar no dia seguinte pensando em como foi divertido. Em como as pessoas do meu convívio são especiais. E em quanto os "novos" amigos também são. É pensar nos motivos pelos quais essas pessoas circulam pela minha vida e chegar a uma grande lista cheia de qualidades de cada um. De cada uma. É me orgulhar pela inteligência e pelos pensamentos compartilhados de cada pessoa que me cerca. Pela doçura de cada um. Pelo carinho. E pelo tanto que eu queria colocar todo mundo em um potinho.

Eu sou tão feliz. :~



Ana Lu. A mais fofa ex-amiga-virtual-agora-muito-real.
(já falei que ela é magra de ruindade?)

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

#10,5 Dream

Estava eu hoje de manhã ouvindo o rádio enquanto dirigia até o trabalho (quase morri por estar cantando e fechar um caminhão enorme) e pensei. Que incrível. Ando pensando tanto em músicas que talvez esse blog um dia se torne musical, como o do @_pozzi. Mas veja bem: música talvez seja a minha arte preferida. Capaz de nos fazer ter as mais diversas sensações com o simples fato de ouvir alguém exercitar as cordas vocais (lembrei que eu tava querendo morrer no domingo enquanto algum vizinho ouvia axé). Enfim, pensando eu a respeito de músicas, cheguei à conclusão que todas as músicas que falam sobre sonhos que eu já ouvi até hoje, acabei gostando. Claro, as da variante rock/pop somente, que é só o que eu permito que meus ouvidos ouçam, para que meu cérebro permaneça são. E então que eu sei que a maioria de vocês nem é tão ligado em música assim e muitos outros nem são acostumados a ver clipes e nem gostam e tal. Mas hoje eu quis vir aqui contar pra vocês e mostrar quão lindas são todas as músicas que falam de sonhos.

Sonho. Nem é minha palavra preferida, nem em português nem em inglês. E eu nem gosto daquele doce mole e com aquele creme amarelo no meio. Sei lá, meio que me afoga. Mas no fundo, bem lá no fundo... talvez eu seja uma pessoa sonhadora. E sou feliz por isso. Triste é aquele que não sabe sonhar.

Para os sonhadores: ouçam as musiquinhas! Vale a pena. :)






All I Have to do is Dream, Everly Brothers - a qualidade da música deixa a desejar e o vídeo preto e branco mais ainda. Mas vejam bem: 1961, gente. A Segunda Guerra Mundial ainda estava fresquinha na mente e ninguém nem sonhava em ir à lua ainda. Minha mãe tinha 1 ano de vida e meu pai 3. E chegam os caras jovens porém com aparência sofrida (com terno, porque naquela época não devia ser permitido nem dormir trajando nada que não fosse terno) cantando sobre SONHAR, gente. :~ Com versos inocentes sobre romance (igualzinho o funk proibidão de hoje ¬¬), sobre pegar a mocinha nos braços e sentir o gosto dos lábios. Música essa que estamos nós aqui em 2011, exatos 50 anos depois e eu aposto que quase todo mundo já ouviu essa música por aí, até os mais novinhos. Na versão original ou nas muitas regravações que ela teve, a música está aí até hoje embalando casais e nas trilhas sonoras de novelas. Jajá alguém tipo Justin Bieber regrava, vocês vão ver. Ou pior: alguma dupla sertaneja traduz. Em versão mal e porcamente feita, como eles fazem com todas as músicas. Mas a original é isso aí. Linda.






Dreamer, Supertramp - já comentei no twitter que eu gosto dessa música e vira e mexe estou com ela na cabeça. Hoje, quando eu quase morri esmagada por um caminhão, era essa que eu cantava em alto e bom som no carro. E agora, passado o momento, devo dizer pra vocês que nem assustei. Porque se eu tivesse morrido estaria cantando Dreamer, olha que poético. 1974, eu nem sonhava em vir à vida ainda, mas hoje eu canto essa música como se tivesse vivido esse tempo. Porque meus pais viveram e eu cresci ouvindo o rock de 1970 - e sou imensamente grata a eles por ter tido essa formação.






#9 Dream, John Lennon - tá. Eu sei que apesar de ter sido o mais brilhante Beatle, John Lennon fez toda uma merda na vida. E que deixou filhos e família pra se juntar a uma japonesa estranha e cabeluda que separou o quarteto (antes quinteto!) mais famoso de toda a história da música e hoje é podre de rica sem nunca ter feito nada na vida. MESMO ASSIM, eu amo todas as músicas de John e Yoko quase tanto quanto amo as dos Beatles. Acho que talvez Woman seja a música dele que mais gosto, muito mais que Imagine. E gosto das músicas dele por falarem de maneira sutil e com musicalidade tranquila a respeito dos problemas do mundo e da necessidade de sermos alguém além dessa coisinha terrena e cheia de conflitos que somos. John pensava em algo além. Maior. Em #9 Dream (já existia hashtag, gente!), no sonho número 9, ele fala de sonhos que parecem reais e realidades que parecem sonhos. E eu tenho tantas sensações parecidas com essas na minha vida! Parece que foi ontem. Parece que foi sonho. Terá sido realidade?






Dream On, Nazareth - Nazareth foi uma banda de 1960 que durou tipo pra sempre, porque Dream On é uma música de 1982. Eu tinha dois anos. Mas o que eu lembro da banda era mesmo na época que eu tinha uns 6, 7 anos e que assistia Clip Trip com meu pai. E nos intervalos de Pink Floyd e Queen, passava assim esse momento glam com Nazareth. Propício pra passar no Clip Trip, que deve ter sido o primeiro programa de clipes que existiu muito antes da fundação da Mtv brasileira, o clipe mostra o início da era de vídeos musicais mostrando algo além da banda só tocando (início, porque Michael Jackson ainda devia engatinhar). Tá na cara (e nos dentes necessitados de aparelho) que de fato a época era o início e auge de Star Wars, o fenômeno. Em um vídeo bizarro (já existiam anões em 1980!) e com efeitos especiais bizarros, porém revolucionários para a época, O Dream On de Nazareth fala a respeito de continuar sonhando, apesar de parecer que a gente se engana quando faz isso.






Dreams, The Cranberries - Cranberries chegou na minha vida exatamente naquela época que a gente para de gostar de músicas infantis (no meu caso, Trem da Alegria e Angélica) e passa a olhar mais o mundo em volta e reparar na música pop. Era aquela fase de pré-adolescência e as minhas amigas gostavam de Cranberries, Roxette, The Cardigans e outras bandas pop femininas da época. Foi nesses mesmos anos que eu passei a amar Bon Jovi, mas ali bem no comecinho eu também compartilhava do gosto musical das amigas, porque eu ouvia muito. Dreams de Cranberries diz exatamente o que se passava comigo na época: mudanças. E apesar delas, a esperança de que sonhos se realizassem, mesmo não sendo exatamente o que pareciam ser.







Sweet Dreams, La Bouche - veja bem: La Bouche foi um grupo alemão de eurodance. E eu só descobri isso agora, ali na Wikipédia, 15 anos depois. Concluindo: um grupo alemão de eurodance já foi o meu grupo musical favorito. Em 1994, quando eu tinha 14 anos, no auge da oitava série de um colégio onde esse era o último ano e eu dizia de boca cheia que era veterana. Que eu sempre quis ser. Mais velha que todo mundo, da temida oitava série. Nessa época eu tinha o primeiro amor platônico da minha vida. Fernando, que arrumou o primeiro emprego dele como promoter do Resumo da Ópera, a matinê mais famosa de São Paulo. Matinê mesmo, porque era dentro do shopping. E tudo o que eu queria aos 14 anos de vida era ir no Resumo. Que a minha mãe, claro, nunca deixou. Mesmo assim, essa foi a época da minha vida que eu passei a ouvir rádio e o meu estilo musical preferido era esse tipo de "dance", avó da eletrônica de hoje. Aos 14 anos meu grupo musical preferido era o La Bouche, e a minha música preferida era Sweet Dreams. Mesmo com o típico estilo "tou falando muito mas não digo nada", característica das músicas dos anos 90, quando eu ouvia Sweet Dreams era bem a sensação de 'sonhos encantados de ritmo e dança através da noite' mesmo. Eu amava.






Sweet Dreams, Marilyn Manson - daí chegou Marilyn Manson e transformou meus sonhos encantados de dança em 'sonhos que as pessoas sonham - e algumas sonham em te usar, outras sonham em ser usadas por você, algumas sonham em te abusar e outras sonham em ser abusadas por você'. Marilyn Manson tinha na época toda uma lenda por trás dele que dizia que ele era o Paul, de Anos Incríveis e que ele tinha se revoltado por ter feito um papel de banana por tantos anos na série mais famosa da época e então se pintou e entrou pra música fazendo performances sadomasoquistas pra se vingar de todo o bullying (não existia essa expressão na época) que havia sofrido em sua infância por isso. E então eu digo pra vocês que Marilyn Manson e Matanza fazem mesmo parte de meu gosto musical, talvez exatamente por serem estranhos e chocarem a maioria da população por dizerem verdades em suas músicas. Marilyn Manson trocou meus sonhos por realidade e foi nessa música que eu passei a achar que o cara merecia ter algumas músicas na pasta de mp3 que eu teria no meu computador futuramente. E a versão dele de Tainted Love também é sensacional.






Just a Dream, Nelly - e eu sei que disse lá no primeiro parágrafo a respeito de só gostar e ouvir pop/rock. E é exatamente essa a razão dessa música estar aqui. Apesar de Just a Dream ser uma música de 2010, é de Nelly, um cara que cantou Dilemma, lá em 2002. Uma música que me marcou por tantos motivos e cada vez que eu ouço (e até hoje eu não consigo ouvi-la e continuar sã) me lembra tantas coisas que hoje, na atualidade, só me fazem pensar que tudo foi "just a dream". Nelly foi esse cara que por embalar vários anos da minha vida fez com que hoje eu odiasse todas as rádios "mainstream" da atualidade, porque todas elas só tocam esse R&B / Black Music tããão amado (e que um dia eu também gostei), mas que pra mim hoje só lembram momentos e pessoas das quais eu não quero lembrar. Just A Dream de Nelly mostra imagens e fala uma letra que bate exatamente com meu interior: "hoje eu abro meus olhos e sim, foi apenas um sonho. Deveria ter feito? Deveria ter comprado aquele anel? Porque eu ainda posso sentir isso no ar. Quando eu estou dando um rolê, eu juro ver o rosto dela por qualquer canto. Tentando apagar tudo, eu posso deixar doer." Nelly atualizou Dilemma para Just a Dream. Exatamente nos mesmos compassos da minha vida. E eu odeio ele por isso.






Teenage Dream, Katy Perry - então que quem vive de passado é museu e eu também gosto de músicas atuais. Katy Perry não é nada que se compare com o fenômeno Lady Gaga, e apesar de eu saber que ela ao vivo não canta NADA (just like Ke$ha) e que com certeza ela vive de playback (just like Britney Spears) e que apesar de eu ter visto esses dias o clipe de Last Friday Night e ter achado um absurdo de bizarro (para o sentido ruim) e que mesmo tendo Rebecca Black coadjuvando e apesar de eu ter achado o máximo a lavada na cara que Katy Perry dá nela (algo tipo 'olha como eu faço com muito menos uma música imensamente melhor que a sua sobre uma simples sexta-feira), ainda assim eu conversei com a amiga sobre algo no gosto musical dela ter dado tilt por começar com Creedence Clearwater Revival e terminar com.................... Katy Perry. Mesmo assim, em outras situações, não menosprezo a moça. Tanto, que Teenage Dream é a minha música preferida dela apesar de achar o clipe de California Gurls o máximo. E apesar de "você é um fooooooooogo de artifício" ter uma letra simpática, é em Teenage Dream que eu me acho. Primeiro porque eu acho que ela está linda no clipe, segundo porque essa pegada viajar de carro por um lugar lindo com o sol na cara e vento no rosto aproveitando o dia é super a minha cara (oi, eu sou uma pessoa diurna, à noite eu preciso dormir), e terceiro porque eu acho a letra da música ótima. Essa coisa de gostar da pessoa pelo que ela é, mesmo sendo desastrada e sem maquiagem e curtir as coisas simples da vida, sem preocupações e correndo na praia - eu acho lindo. Viver um teenage dream é tudo o que eu faço quando estou nos momentos mais felizes da minha vida. Tomando sorvete em uma tarde de sol ou conversando sobre coisas inúteis com amigos que me permitem ser quem eu sou sem que eu precise me preocupar com o que eles estão pensando a meu respeito.






Sing for the Moment, Eminem - não, eu não gosto de rap (morram, Racionais). Mas eu vou com a cara do Eminem. Muito provavelmente porque ele é um cara branco fazendo música de negro, como todo mundo diz. Que fez modinha e tals. E daí? Minha preferida dele é Cleaning out my Closet claro, porque música mais dark e polêmica eu não poderia escolher. Eu não sei exatamente porque Eminem resolveu "estragar" a melhor música de todos os tempos, porque de "sonhar" mesmo, a versão dele nada fala. Mas apesar disso fala sobre essa coisa de rigidez da sociedade que pega nos pés dos jovens que usam brincos e fones de ouvido e que ao invés de atingirem seus objetivos tornando seus filhos médicos e advogados, só se bloqueiam na vida deles. E aí tudo fica pior. Eu, adepta dos cabeludos e tatuagens, concordo plenamente. Já cantava Pink Floyd em Another Brick on the Wall.






Dream On, Aerosmith - desculpem. Infelizmente essa música não tem clipe. Mesmo assim, saibam vocês, que é a minha música preferida. DE TODAS. Não, muito se enganou quem pensou que a minha música preferida de todos os tempos seria do Bon Jovi. Não é. É assim, Aerosmith, com Steven Tyler gritando contidamente uma prévia do que gritaria hoje, mas já tão brilhante quanto, lá em 1973. E, apesar de ter sido gravada em 1973, estava eu ali, em 2007, no primeiro grande show de rock da minha vida, cantando (e chorando) a plenos pulmões ali, ao vivo e pessoalmente, junto com essa que é a minha segunda banda preferida. Steven Tyler e eu, eu e Steven Tyler. A MINHA MÚSICA PREFERIDA DE TODAS FALA SOBRE SONHAR. Essa sim, a forma mais pura (e mais real) que a palavra "sonho" pode ter. Sonhar, apesar do passado, apesar do futuro. Sonhar, apesar das dificuldades e dos percalços da vida, que tantas rasteiras nos dá. Sonhar, apesar das pessoas bobas e das sábias que passam em nossas vidas. Apesar de nossos erros e acertos. Apesar do riso e apesar das lágrimas. Sonhar, só por hoje. Sonhar, porque a vida é curta. Sonhar, até seu sonho se realizar.




PS: (quem entendeu porque o título do post se chama #10,5 Dream vai ganhar um beijo!)