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sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Sobre o dia que eu fui pro Inferno.

Tudo começou com um e-mail. Pessoa amor mandando escrito "estarei em São Paulo e aviso que na sexta quero ir no Inferno. Se alguém quiser me acompanhar, agradeço." Eu, encantada com o nome do lugar, pesquisei a respeito. Inferno. Um bar na Rua Augusta, a rua mais promíscua de São Paulo. Um inferninho, pra ser mais precisa. Topei.

Já na mesma hora, mandei mensagem pra outra pessoa amor: "vou pro Inferno e preciso da sua companhia, pessoa acostumada a ir pra lá, pra me proteger. Vai tocar rockabilly." Rockabilly no inferno. E eu já imaginei diabinhos com topetes balançando as cadeiras à lá Elvis Presley. Fato que a primeira interessada em ir para o Inferno se interessasse pela banda que ia tocar rockabilly. O gato dela se chama Elvis.

Eu, interessadíssima em ir pro Inferno, me dividi ente a curiosidade de frequentar um ambiente na Rua Augusta (visto que seria a primeira vez já que Renata e Rua Augusta são opostos que não se atraem) e à emoção de estar em um lugar que tocasse rockabilly. Porque veja bem que nessa vida eu frequento bares que tocam rock, mas já estive em samba, pagode, reggae, sertanejo (funk não que funk é demais pra minha pessoa). Mas rockabilly, gente, eu nunca tinha ido. E meu imaginário a respeito de como seria um lugar assim corria solto.

Era ainda durante a semana quando eu recebi um sms falando a respeito de colocar nome na lista da balada. E, cheia de emoção, mandei um sms dizendo "seu nome já está na lista do Inferno." E então que na sexta o moço da oficina quis ficar com o meu carro por lá. E eu cheguei suplicante "mas moço, eu preciso do meu carro, preciso ir para o Inferno no fim de semana!". Ele atendeu prontamente, meio incrédulo na situação, meio com medo de perguntar a respeito. E eu em meio ao compartilhamento de informações com as amigas virtuais no Facebook: "gente, hoje eu vou pro Inferno!" e elas: "ah, eu também queria!!", ligava para as amigas reais e dizia "já peguei o carro pra podermos ir confortáveis para o Inferno!"

Sexta feira à noite, nós no inferninho da Augusta, saídas do Violeta (bar de nome muito meigo para a localização), descendo a rua. E o Inferno demorava a chegar. Amiga amor abordou um segurança: "moço, onde fica o inferno?" e ele: "é só descer!" e pensamos que bom. Pra baixo é sempre o caminho do inferno, claro. Que pergunta. E então eu recebi a ligação: "oi, você tá demorando pra chegar, eu estou aqui na porta do Inferno usando um vestido de oncinha, tá?". E eu ri. Ri desde o começo da sugestão de lugar, ri internamente até chegar lá na porta. Do Inferno. Onde o segurança abriu pra nós a porta pesada dizendo "sejam bem vindas ao Inferno e aproveitem." (e eu lembrei nitidamente do episódio da minha vida em que fui no Castelo dos Horrores do Playcenter). Mas não, ali era só o Inferno. E eu nunca tinha ido em um lugar com o nome tão legal. E nunca tinha sido tão divertido contar para as pessoas que eu estava indo em uma simples balada.


E gente, o Inferno é lindo. Com as paredes revestidas de tecido de oncinha e grandes cortinas vermelhas, lá dentro é a oitava maravilha do mundo. E toca Foo Fighters. E Metallica. E Ramones. E Elvis Presley, claro. E Elvis Costello também. Lá, no Inferno, tem mais mulher do que homem. Porque a entrada para mulheres é vip. Mesmo assim, tem sofás. Muitos sofás. E poucas pessoas. Na verdade, no Inferno tem espaço suficiente pra você se jogar na pista e dançar com os braços abertos. E mexer as perninhas e os braços tatuados arriscando o twist mais desengonçado que conseguir. Sem encostar em ninguém.

No Inferno toca uma banda de rockabilly que se você fechar os olhos se vê em 1950. E tem a impressão que ao abri-los vai ver todo mundo de rabos de cavalo e fitas no cabelo e saias rodadas. E rapazes de brilhantina no cabelo, camiseta branca e jaqueta de couro. E bebendo Heineken, porque é só esse o drink que servem lá no Inferno. E se você sonhar mais um pouco, capaz de enxergar John Travolta cantando pra você ♪ Summer days drifting away, to oh oh the summer nights..



Eu, que cheguei no lugar pensando encontrar mulheres de biquínis dançando com cobras que se transformariam em demônios vampiros à lá Tarantino em cerca de minutos, saí encantada com o bom gosto da pessoa em escolher um lugar tão legal pra irmos. E tão improvável. Tão escondido. E tão vazio. Porque o gosto musical das pessoas para lá em cima, na Augusta, no purgatório, no black music, muito antes do Inferno. E, minha gente. Se no inferno for mesmo tudo isso lindo assim e ainda tocar rock... meu nome já está na lista.


Inferno: recomendadíssimo.



PS: Detalhe considerável: Anna Vitória, a caçulinha, me contou que foi barrada na porta do Inferno por ter voz de neném ♥. Portanto, caso queira se aventurar, certifique-se antes que você está compatível com o lugar.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Sobre os melhores 10 segundos da minha vida



Assistiu? Agora volta lá pra ver de novo que eu vou falar pra você: ali, no segundinho, exatamente de 0:07 a 0:17, bem na parte do "That you look lovely as can be. Are you lonely just like me?", enquanto todo mundo levantava as mãos e pulava, eu fazia um coraçãozinho, assim com as mãos. E aí FOI PRA MIM QUE ELE OLHOU. Sorriu, cantou o trecho PRA MIM, enquanto fazia um gesto de pegar o próprio coração e jogar na minha direção.

Faz dois dias que eu procuro um vídeo do momento pra mostrar pra vocês e esse por enquanto é o que está melhor. Mas juro. Apesar de estar morrendo de emoção durante todo o show, eu não delirei. Foi pra mim que ele olhou, foi pra mim que ele cantou. E eu choooreeei horrores e não vou esquecer disso nunca mais.

Conto com vocês pra escreverem na minha lápide: "Aqui jaz Renata. Aquela para a qual o Bon Jovi jogou seu coração. Morreu feliz."


UPLOAD

Comunicação nessa vida é tudo. Lilica foi lá no youtube com as próprias mãos e achou pra mim um vídeo melhor. De pertinho. Chorei. :~~


terça-feira, 2 de junho de 2009

Natal - sexto dia

Sexto dia 07/05 - quinta:

De acordo com os passeios que havíamos contratado com Janaína (e nossos planos iniciais), já teríamos terminado de conhecer Natal e a partir desse dia só aproveitaríamos o ótimo hotel. Não foi o que aconteceu, porque eu já tinha pesquisado tudo na internet antes de irmos, e li que Galinhos, uma cidade do Rio Grande do Norte próxima de Natal, era lindo. E Janaína só confirmou minha suspeita, dizendo que era o lugar mais lindo do Estado dela, e que Galinhos apareceria no Fantástico no mês que vem, em uma nova série chamada Paraísos Esquecidos. Nos contou que Alexandre Garcia pousou de helicóptero no meio da ilha e fez leve alvoroço na população humilde do lugar.

Acréscimo no pagamento e no pacote de passeios, esse era o dia de Galinhos e eu estava ansiosa. O dia amanheceu lindo e eu saí animadíssima do hotel, depois de ter feito amizade com o garçom do restaurante e ter conseguido duas tapiocas quentinhas e feitas na hora antes do horário em que a moça da chapa chegaria. Feliz da vida (e com meu biquíni mais bonito), entrei no ônibus a caminho de Galinhos. Pouco mais de uma hora de viagem de ônibus, chegamos em Galos e pegamos um barco no rio Pratagy, onde mais pra frente pudemos ver a Salina Diamante Branco. O sal é retirado do fundo do rio e processado em pedaços menores. Grande parte dele é exportado para os Estados Unidos e colocado por cima da neve nas ruas, para derretê-las. E o que sobra é exportado para países menores ou utilizado dentro do Brasil mesmo como sal grosso, refinado em outros lugares. No barco tinha um balde cheio do sal, que eu não resisti e dei uma lambida (imagina se a pessoa que come sabonete de macadâmia não ía dar uma lambida no sal) porque pareciam pedras ou gelo, tudo menos sal. E confesso: era mesmo bem salgado. Tratei foi de pegar uma garrafa plástica e encher de sal grosso pra trazer pra casa. Assim, purinho, tirado direto do fundo do rio, deve funcionar bem mais do que o que a gente compra no mercado. Contra inveja deve ser tiro e queda!

Depois de várias fotos das salinas (montanhas imensas de sal, muito sal, bem branquinho), chegamos na Praia do Capim, que de praia não tem nada. Um braço do rio que encontra com as dunas. À primeira vista um grande manguezal. Mas o melhor estava por vir: devido à alta salinidade da água, torna-se mais densa que o nosso corpo. Conclusão: o braço do rio tinha por volta de 4 metros de profundidade, e vc podia ir ficar lá no meio que não afundava. Paraíso dos “não-sei-nadar”, você consegue ficar completamente parado no meio da água sem dar pé e sem noção nenhuma de profundidade. Você não afunda. Superlegal. Ainda mais depois de termos percorrido três dunas (sobe duna, desce duna, sobe duna, desce duna, sobe duna, desce duna) até a praia de Galos, lindíssima, mas imprópria: muitos arrecifes na beirada. Só olhamos de cima da duna, tiramos fotos e voltamos. O que? Foi fácil? Imagina você lá, calorzão, na duna, digamos que você tenha optado por ter deixado a bolsa no barco (afinal subir e descer três dunas não é nada fácil) e ter ido somente de chinelos (porque duna queima o pé, tá?) e máquina fotográfica. Aí no fim da primeira duna você repara que o calor é quase que insuportável (em maio, imagina no verão!) e que você, pessoa branca, já cheia de sardas por ter tomado sol demais, última “passação” de protetor solar vencida, vento dos infernos, cabelo voando, vc tentando amarrar, e suor que escorre, e vc não consegue abrir o olho direito porque além de ter deixado o óculos na bolsa, o sol bate na duna e reflete em dobro no rosto das pessoas. Tá fácil pra você agora?

Daí que eu, com toda essa situação, fui lá sobe duna – desce duna – sobe duna – desce duna – sobe duna – desce duna – oi, mar! Lindão hein? Então tá, tchau. – sobe duna – desce duna – sobe duna – desce duna – sobe duna – desce duna. Eu quando me vi na praia do capim, na água morninha, no lugar que eu bóio e não preciso me cansar nadando....... me enfiei na água escura de biquíni branco e tudo, sem nem pensar no amanhã. Coisa boa. Estiquei lá e achei o cúmulo quando quiseram entrar no barco e ir pra outro lugar. De volta a Galos, almoçamos no restaurante da Dona Irene, o que foi um dos meus melhores almoços da viagem, só por um motivo: tinha arroz e feijão. É, porque eu não vi feijão em lugar nenhum desse nordeste, só lá. E a minha tia que foi pra Fortaleza falou o mesmo. Oi? Feijão tá em falta? Eu sinceramente não como feijão fora de casa, mas em dívida com meu estômago, feijão com arroz e salada era tudo o que eu queria. Comi muito bem e achando que o dia estava realmente sendo ótimo.

De pança cheia, todos no barco novamente rumo a Galinhos. Dessa vez eu sentei lá na proa e vi tudo como se deve ver. Assim que chegamos à ilha, várias carroças esperando por nós. Galinhos não possui nenhum carro. E ninguém consegue chegar lá usando um, porque é uma ilha. Então o meio de transporte deles é carroça, todas puxadas por mulas.

Eu nem tinha descido do barco ainda, olhei as mulas e tive dó. Eu, amiga, Carol e Álvaro, todos levemente gordinhos. Mula, coitada de você. Eu não sabía bem se ria ou chorava da situação, mas na falta de opção sentei lá na mula e rezei pra Deus fazer com que a próxima encarnação dela fosse mais feliz. Nossa mulinha chamava-se Jasmine (tinha também o Popeye, Ayrton Senna, Schumacher – que apostavam corrida - e vários outros nomes divertidos), e o passeio pelas praias de Galinhos foi ótimo. Até chegarmos ao paraíso. Sério, paraíso, não tem outra palavra fora essa que expresse. PA-RA-Í-SO. O paraíso se chama Praia do Farol, em Galinhos. Sabe? Tou sem palavras. Você me entende? Então, é isso aí. Eu pensei seriamente em comprar uma daquelas casinhas de palha ali da beirada e viver de olhar praquele lugar. Pensei umas dez vezes. Deus do céu, que vontade de ser nordestina de Galinhos! Bom, o fato é que o lugar é divino. Valeu cada centavo gasto. E valeu tudo o que viria depois.

Anestesiada depois das poucas horas no paraíso, saí quase chorando do lugar. Sabe criança que faz manha no mercado que quer porque quer alguma coisa? Então. Sentamos nós levemente emburrados por ser a volta na carroça e viemos. Estávamos os quatro mais o condutor da carroça pensando cada um na sua vida, Jasmine sofrendo horrores na vida dela que Deus lhe deu... até passar uma carroça do lado e o menino dizer “ô, fulano, seu pneu furou!”. Bem que eu vi que Jasmine estava mesmo morrendo mais que o normal minutos antes. O menino, preocupado, saiu da carroça e foi a pé incentivando Jasmine a continuar. Pediu pra amiga mudar de lugar no banco para que o peso pendesse mais para o pneu cheio. Eu, Álvaro e Carol no banco de trás sem saber se a gente ria ou chorava. Optamos por rir. Cinco minutos nessa situação, Jasmine quase parando de cansada, o menino da carroça desesperado começou a empurrar, Jasmine puxando, o menino empurrando, a gente em cima rindo, até que vimos que o outro pneu também estava murchando e eu e Carol fomos ouvidas: vamos descer! O sofrimento era demais, Carol empurrou o recém-marido pra fora da carroça e o dono de Jasmine deu graças à Deus por ainda termos cérebro. Mas só Álvaro fora da carroça ainda não surtia o efeito suficiente, resolvemos Carol e eu descer também.

Pausa. Abre parênteses. Oi? Sou pata. Sabe, pata? Eu vou, faço, pulo, subo, desço, me aventuro. Mas sou pata. Pata que escorrega nas pedras da praia e fica todo mundo desesperado porque eu vou cair lá embaixo e morrer. Pata que subo na árvore e justo no meu galho tem uma cobra e fica todo mundo desesperado que ela vai me morder e eu vou morrer. Pata que fica por último, sã e salva, no jogo de queimada da escola, única e vitalícia ganhadora, que pra vingar o céu a criatura vai lá e me queima. Bolada na cara. Eu no chão. Morri. Pata que faz defesa excelente no time de futebol da escola, não passa ninguém. Nem o único menino que tapava buraco no time. Me deu uma cabeçada na sobrancelha que inchou tudo e cheguei em casa com o olho roxo e inchado e minha mãe achando que eu me meti em briga na escola. Eu? Santa? Briga? Nada, foi só a minha defesa espetacular! Até hoje o meu osso - esse que fica embaixo da sobrancelha - é diferente, de um lado e do outro. Pata que brinca de balança-caixão na rede na casa da avó e cai de cara no chão. Pata-mirim que resolve se aventurar na escada com carpete verde na casa da tia e termina no chão e com os únicos dois dentes de leite quebrados. Pata que se enrola na corda de pular. Pata que joga Super Bonder no olho. Pata que enfia o dedo na comida do cachorro e depois não sabe por que leva mordida e sai com o braço pingando sangue. Fecha parênteses.

Esse é o perfil da pessoa que ficou com pena da mulinha e foi descer da carroça. Se o Álvaro pode descer com a carroça andando, eu também posso. Levando em consideração que era fácil e que a carroça estava a 5km/h, fui.

Oi.



Eu só posso dizer que escorreguei. Sei lá, muita perna. Sei que eu coloquei uma perna pra fora, não foi no lugar certo, e antes que eu pusesse pôr a outra, o pneu cheio me levou, escorreguei, caí estatalada feito abacate podre na areia do paraíso e a roda da carroça passou em cima da minha perna. E então naqueles milésimos de segundo que se passaram, enquanto eu sentia a carroça passando em mim, eu pensava. Pensava que pelo menos tava morrendo no paraíso. Pensava que tinha tido uma premonição, quando na ída perguntei ao menino da carroça se eles tinham hospital. Pensava que meu objetivo era descer da carroça e que eu tinha alcançado com sucesso. Pensava que ainda bem que fiz amizade com o casal em lua-de-mel e que os dois eram médicos e que agora o problema era deles. Estava eu, estatalada na areia quente, bolsa pra cima, canga pra um lado, óculos para o outro, máquina fotográfica para outro, de olhos fechados, pensando assim na vida quando apurei os ouvidos e me dei conta do ambiente. Álvaro, desesperado, em volta de mim e gritando meu nome junto com o coitado do condutor da carroça que deveria estar pensando que eu talvez acabasse com seu casamento no próximo sábado (é, ele ía casar) se caso morresse ali e ele tivesse que dar explicações. Carol não sabía se ficava na carroça ou descia pra acudir a defunta na areia. E a amiga. Amigos são realmente o que a gente tem de divertido nessa vida. Porque ela gritava desesperadamente. Não por mim, mas porque quando descemos da carroça, Jasmine se vendo livre de tanto sofrimento continuou sozinha e desesperada o caminho, antes que pudéssemos subir novamente. É, sem condutor. Deu pinote e saiu correndo. Com a amiga dentro. A pessoa gritava de tal maneira de desespero que eu tive que ressuscitar pra rir. E gargalhava. Amiga gritava e Carol gritava atrás "Segura o arreio!!!" "Que arreio????" Agora, aqui, tanto tempo depois, só de lembrar eu começo a rir. Porque naquele momento era tudo o que eu conseguia fazer. Foi realmente muito engraçado. Abri os olhos e vi o povo. Álvaro perguntando se estava tudo bem, o menino da carroça vendo que eu tava viva e dando no pé pra pegar Jasmine lá na frente, Carol gritando pra amiga pegar o arreio e vindo ver se estava tudo certo comigo, e a amiga gritando desesperadamente como se não houvesse amanhã dentro da carroça.

Sei que o menino foi embora com Jasmine, carroça e amiga, até perder de vista, e ficamos lá. Eu e o casal. Não, não quebrei nada. Levantei e saí andando. E rindo. E fomos andando, os três perdidos, no meio do nada do paraíso, sol, céu e mar, tudo muito lindo, e nós sem sabermos pra onde ir, gargalhando feito bêbados pelas ruas, Carol só de biquíni e Álvaro só de toalha, porque a bolsa com as roupas deles tinha ficado na carroça. Três doidos pelas ruas desconhecidas de Galinhos dando boa tarde para as criancinhas e rindo feito doidos da situação. Todo casal tem algum perrengue na lua-de-mel. Minha mãe passou a dela vomitando, meu pai no banheiro. A mãe de Carol fez xixi na cama. E, pensando por esse lado, veja só que honra: faço parte da lua-de-mel com emoção de Álvaro e Carol. Estarei na história deles pra sempre, que vão contar para filhos, netos, bisnetos. Eu. Pessoa que foi atropelada pela carroça. Lindo.

Por Deus conseguimos chegar no lugar das carroças e ainda tivemos que pagar o passeio. Cinco reais pra cada um. Por um lado achamos injustiça por todo o ocorrido, por outro ficamos com dó do menino que teve prejuízo com o pneu por nossa culpa. Pagamos e voltamos ao barco para ir para o hotel.

Sei que a aventura me causou roxos e arranhões nas duas pernas, mas nada mais que isso, felizmente. Foi sorte de pata, só pode ser. E assim que nos encontramos de banho tomado e feridas cuidadas, combinamos eu e a amiga de sairmos para jantar com o casal. O restaurante escolhido foi o Camarões, mais famoso de lá. Cardápio com camarão frito, camarão cozido, camarão ensopado, camarão na manteiga, espetinho de camarão, camarão assado, suco de camarão e sorvete de camarão. E eu não como camarão. Pedi salmão com legumes à juliana. E tava realmente muito bom.

De volta ao hotel, a aventura da noite (além da briga da amiga com Janaína para que ela nos encaixasse desesperadamente no passeio do dia seguinte porque não queríamos ficar o último dia em Natal sem nada pra fazer) foi o fantasma que eu vi da janela do quarto no mar. Sério, eu vi. Um parado e um se mexendo, em um lugar onde nem um pescador local estaria à noite, porque é cheio de arrecifes e com a água cobrindo as pedras, não dá pra andar. Não dá pra enxergar onde pisar. Pois bem, eu vi vultos lá. E chamei a amiga pra ver. “Não, você ta louca. Não, foi esse tombo. Não, não tem nada lá, é só alguma coisa que você acha que é alguém, mas amanhã você vai ver que é uma madeira em pé ou algo assim. Sai dessa varanda, fecha a porta e pára de atiçar o fantasma!”

E assim eu fui dormir...

>continua....

:: Postado por às 08h33



Ri alto imaginando a cena da carroça passando em cima de você e a Janaína levando sua amiga embora enqto ela gritava desesperadamente. uhioaeuheoia
E muitas das paisagens que vi nos seus slides me lembraram lugares maravilhosos por onde passei em janeiro, qdo estive em Porto Seguro *.*
Beijo
Carolda | Homepage | 06.02.09 - 8:49 pm

Ave Maria Rê! Sua viagem daria um bom episódio de Os Normais, ou qualquer outra série cômica!!!! Tô morrendo de rir de toda a situação e, principalmente, da pobre Jasmine na foto! Ela estava com um cara tão tristonha tadinha! Rsrsrsrsrs! E dizem que chegar ao Paraíso é fácil hein!!! RS! Beijos
Lilica | Homepage | 06.03.09 - 2:12 pm

Oi Pata kkkkkkkkk
O guria, eu lendo aqui no escritorio, trancando o riso, sabe como é, a gente acaba rindo mais kkkkk
Juro que essa parte vai ser a que vc mais vai lembrar... pq essas coisas toscas que marcam as viagens! kkkkkk
Beijos
Jana | Homepage | 06.02.09 - 10:09 am

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Natal - quinto dia

Quinto dia 06/05 - quarta:

Os celulares despertaram 5h da manhã. É, porque deveríamos estar prontos às 5h30, horário em que nosso ônibus viria nos pegar. Era dia do mergulho.

Pra quem tinha derretido no calor das dunas no dia anterior, passar a manhã inteira submersa na água me parecia maravilhoso. Foi mesmo, que bom.

Depois da amiga e de Carol atrasarem levemente a nossa saída (porque foram tentar assaltar a mesa do café da manhã antes que desse o horário), seguimos. Todos com os estômagos roncando no caminho, enquanto Janaína nos dizia que o lugar que embarcaríamos nos ofereceria café da manhã com algumas frutas e torradas, já que comida pesada não era indicado para quem fosse mergulhar. A amiga reclamou que torradas não a deixariam satisfeita, e eu pensando que pra mim não faria muita diferença, já que meu estômago não estava 100% mesmo. Janaína nos dava orientações de correr para sentar no melhor lugar, de correr e pegar logo 4 torradas se fosse a vontade, já que acabaria rápido. Enfim, não só nesse passeio, as orientações dela nos deixava parecendo pobres-desesperados-que-vieram-da-etiópia-famintos-e-sedentos-desesperadamente-por-lugares-específicos, mas que se dane o que parecia para os outros, o que importa é que seguindo o que ela dizia nós sempre conseguíamos fazer o que fosse melhor para nós.

Então que a coisa toda - a torrada - era um maravilhoso misto quente! E nós realmente saímos no tapa por eles. Enfim, felizes e bem alimentados, vestimos as cadeiras do restaurante Portal de Maracajaú com roupas nossas para guardar lugar, escolhemos o cardápio para o almoço, já que Janaína nos preveniu que o povo natalense é "cheio de talento, sabe? Tááááá leeeeeeento!" e que enquanto mergulhássemos seria preparado o nosso almoço. Pegamos cada um o seu colete salva-vidas e seu escafandro e nos aventuramos pela beira do mar cheia de pedras e molhando a bunda até chegar no barco.

Eu no ritual protetor-óculos-cabelo-brincos-escafandro-roupa-colete-máquina, devo ter desajustado alguma coisa nela, porque as fotos do passeio ficaram todas embaçadas. Eu devo mesmo é ter enchido a máquina de protetor solar. Enfim, antes isso do que a Carol que em um movimento de cabeça para trás deixou o óculos de 300 reais cair na água e começou a briga séria com Álvaro em plena lua-de-mel e talvez estivessem assim até hoje se Janaína não tivesse entrado lá com roupa e tudo e mobilizado os rapazes do barco na busca eficaz pelo óculos da moça. Enquanto isso a amiga xingava horrores a máquina nova que, sem cartão de memória, a deixou na mão no passeio mesmo com todo o esforço dinheiro gastos de última hora. Sei que eu mesmo nesse ambiente estava lá linda, careca (com o couro cabeludo ardendo do sol) e animada pelo primeiro mergulho da minha vida.

O barco avança 7 km mar adentro a partir da praia de Maracajaú até os parrachos de mergulho. E quando vai chegando a gente já percebe que a água fica cristalina, do barco nos parecia ter meio metro de profundidade só. O dia desse passeio é calculado de acordo com a fase em que a lua está, e o horário é tão cedo porque é quando a maré está mais baixa - sendo visíveis os arrecifes de corais. "Recife é quando é feito pelo homem, e arrecife é quando é da natureza", dizia Janaína. As praias de Natal são quase todas cheias de arrecifes, pedras naturais lapidadas pelo mar que ficam ali, na areia, na beiradinha, e é preciso ter cuidado na hora de entrar na água.

Sei que o barco chegou nos corais e eu já tive vontade de pular na água ali mesmo. Decidi que iria de colete mesmo sabendo nadar, ninguém merece nadar 4 horas sem parar onde não dá pé, e realmente foi a melhor opção. Quem nada faz barulho, se faz barulho espanta os peixes, se espanta os peixes não vê nada. Eu, pessoa delicada, fui quietinha, longe da muvuca, eu e a água, a água e eu. E vi um monte de coisa que quase ninguém viu.

A aula de escafandro foi bem bacana: "você enfia isso aqui na boca (babado assim mesmo - as mocinhas nojentinhas feito eu foram todas lavar o negócio antes de pôr na boca - e cheio de cuspe no visor pra ficar visível - que eu, agora diferente das outras e acostumada com óculos de natação nem me abalei), enche o peito de ar, pula na água e solta com força. Aí respira normal." Aham. Ô. Pra quem faz isso toda hora é normal, mas eu precisava que alguém desenhasse. Por via das dúvidas, não pulei na água, entrei delicadamente e comecei logo do processo de respirar normal. Estranho, porque no começo dá uma falta de ar louca e parece que você está se afogando mesmo sem ingerir água. É que a pressão da água no corpo faz com que você sinta necessidade de respirar mais rápido, só que quanto mais rápido vc respira, mais falta de ar sente. Então o negócio é se acalmar e respirar devagar. Quando acostuma, parece que você simplesmente nasceu de escafandro.

Acostumada com a coisa toda, depois disso foi só maravilha. Logo que comecei olhar ao redor pensei que tinha bebido e tava enxergando demais. Pequenas águas vivas, do tamanho da palma da minha mão, muitas delas, passavam por mim. Eu achei que tava alucinando, mesmo porque não era muito visível (água viva é uma coisinha quase que transparente) mas dependendo da luminosidade e do ângulo, vc consegue ver. Então quando eu vi que a coisa era real, me deu um certo pânico. Mas antes que começasse a ter um chilique, eu pensei. Quase 50 pessoas mergulhavam ali. Ninguém tinha morrido ainda. Ninguém deu nem um gritinho sequer. Eu tava levemente afastada, mas mesmo assim, perto demais dos outros para ter águas-vivas somente ao meu redor. Tá, das duas uma: ou eu tava mesmo louca, ou elas não queimavam. Estiquei a mão e passei em uma. Põe aí na minha lista de sensações indescritíveis na vida: você sente a água levemente mais densa quando passa a mão em uma água viva. E só. Não me queimou, nem morri nem nada. Das duas uma: ou aquelas águas vivas realmente não queimavam, ou não estavam em posição de queimar ninguém. Parece que só interior delas queima, sei lá (babybrother falou que elas só queimam quando querem. Foram com a minha cara então, entendi tudo!). Sei que eu achei lindo e logo estava brincando com as aguinhas vivas. Fofas. Coisa chata mergulhar pra ver peixe. Eu tenho certo receio de peixes, tirando esses pequenos coloridinhos, bicho feio! Ficam te encarando, olho arregalado, boca abrindo e fechando... ah, não. Legal mesmo são águas-vivas!

Tá. Águas vivas à parte, os peixes estavam muito solicitados para as fotos embaixo d'água e para quem não via águas-vivas. Fiquei lá na minha me deslocando calmamente. E o vi. Lembrei daquele prato de palmito, sabe? Um polvo. Vivinho. Camuflado nos corais. Sei que eu olhei pra ele e ele olhou pra mim. Eu vim pra cá, ele foi pra lá. Eu voltei, ele também. E assim ficamos longos minutos. Eu e ele, ele e eu. Cheguei até a imaginar o que o coitado pensava: "quem será essa baleia que saiu dos quintos dos infernos pra atazanar a minha vida?". Enfim, foi divertido. Primeira vez que eu vi um polvo solto, vivo e no mesmo ambiente que eu. E o melhor: ninguém mais viu.

O único estress do passeio todo foi os nativos terem avisado a gente que não podia pisar nos corais. Por que? Como assim por que? Não vê Globo Repórter? Discovery Channel? Aquela coisa linda de corais coloridinhos tipo Procurando Nemo não existe mais. Por conta do aquecimento global, poluição, camada de ozônio, efeito estufa, fim do mundo e afins. Daí agora eles são todos mais para tons de bege. O que significa que estão morrendo. Daqui 5 a 10 anos não haverá mais corais no mundo. Extintos. E não há nada que se possa fazer quanto a isso. E daí você vai lá pisar nos corais pra destruir mais rápido? Sabe, eu tava com vontade de bater quem subiu. Porque o coitado do cara do barco estava lá esgoelando pra descer (mesmo porque se passar algum tipo de fiscalização por ali eu acredito que eles respondam por isso), e a pessoa não estava nem aí. Subiu nos corais como se fossem pedras. Ah que se eu tivesse mais mobilidade embaixo da água, com escafandro e colete, eu tinha ido lá socar. Ô se tinha.

O mergulho durou por volta de 4 horas e esse foi o tempo que eu fiquei lá na água com a bunda pra cima (depois eu vi no espelho que só a bunda tava queimada de sol). Lindo demais. Não imaginei que eu fosse curtir tanto. Aí que o horário de almoço chegou e o barco voltou ao restaurante, todo mundo correndo desesperado para chegar logo e pedir primeiro o prato, como Janaína nos orientou. Eu, que tinha passado até o momento ainda sentindo resquícios da noite vomitando, encontrei com alegria meu prato de arroz, filé de frango e batatas fritas (enfim achei batatas fritas nesse lugar) e comi como se não houvesse amanhã. O que 4 horas de mergulho não fazem, né?

Panças cheias, lugar divino, cansaço. O que todo mundo vai fazer? Deitar feito jacaré à sombra dos coqueiros e dormir! Eu que, fora de casa sempre odiei essa coisa de dormir à tarde (perda de tempo!) fui passear no lugar e tirar fotos.

Na volta do passeio paramos no melhor artesanato local, segundo Janaína: Shopping de Artesanato Potiguar. Tanto, que eu e a amiga resolvemos ficar por lá mesmo fazendo comprinhas enquanto o ônibus foi levar todo mundo embora. Nos aventuramos, vimos tudo, compramos pouco e voltamos para o hotel depois de andar muito ("imagina, é pertinho, logo ali fica o ponto" - disse-nos Janaína) e pegar um micro onibus (sei lá, põe aí hífen e acento se te agradar) lotado e irmos em pé até o hotel. Enfim, lembranças de São Paulo. Só sei que eu tava feliz da vida com uma bolsa de praia nova chiquérrima.

No hotel a amiga mal jantou, quis ir no shopping novamente trocar a máquina fotográfica, mas foi sozinha com o Romildo e eu fiquei lá calmamente saboreando o meu jantar (aproveitando que tinha sarado). Algumas noites o jantar tinha os pratos todos à americana (tudo lá na mesa pra vc se servir como quisesse), mas em algumas o serviço era à la carte (você pega o cardápio e escolhe) e só os acompanhamentos permaneciam à americana. Nesse dia eu sei que pedi um escalopinho com molho de mostarda e vinho branco acompanhado de arroz e batatinhas douradas. Fome, né? Então, eu lembro pra dizer porque estava simplesmente divino. Carne macia, bem passada (como gosto) e eu comi com tanto gosto que até esqueci que tava jantando sozinha. Estávamos simplesmente eu e meu escalopinho, meu escalopinho e eu. E isso nos bastava.

Fui dormir feito um anjo e me lembro só de ter acordado durante a noite pra pedir pra amiga abaixar o volume da tv (depois ela me disse que tava no mesmo volume desde que ela tinha chego). Dia seguinte só deu ela mostrando a máquina nova, contando dos acontecimentos e as fotos minhas dormindo que ela tirou pra testar. Ficou bom, claro. Eram fotos minhas!

>continua...

:: Postado por às 10h23



[Taty] [http://praserfeliz.wordpress.com]
Snif, e eu nem posso mergulhar... Puxa, os corais... vc lembrou q meus filhos só conheceram essas belezas por fotos e documentários. Que pena. Um beijo!! P.S.: As fotos estão ótimas!

Rê, super obrigada pelos preços. Eu tb prefiro fazer tudo com a agência, porque os clandestinos não são muuito confiáveis. E depois, no meu caso por exemplo, paguei os passeios em 3x no cartão, o que já facilita um bocado né. Nunca viajei com a Tam viagens e é bom saber que vc gostou. É mais uma opção afinal sempre fiz com a CVC, mas é bom ter opções né!
Vou ficar no aguardo dos 2 últimos dias!!!!
Obrigadão!
Beijos
Lilica | Homepage | 06.01.09 - 4:59 pm

Aii eu quero mergulhar!! Mas é para pode espancara as águas vivas!! Eu fui queimada por várias nessa vida, e se no mergulho eu posso toca-las, eu juro que esmurrava todas!!
OW, vc deveria ter pedido a receita pro cheff, fiquei com vontade aqui (mente gordaaaa)
Ta o dia que eu for uma pessoa organizada com grana, a gente vai programar uma viagem juntas, pq aqui entre nós, sua amiga reclama de mais kkkkkkkk
beijos
Jana | Homepage | 06.01.09 - 4:37 pm

Ai, ai... ler esses seus relatos da viagem me fez lembrar de quando fui pra Porto de Galinhas, em 2001. Fui feliz mergulhando longe de todo mundo naquelas piscinas naturais e vendo coisas que ninguém mais viu. E eu andando pelos recifes de chinelo, pra não machucar o pé, e o chinelo saindo do meu pé e flutuando mar afora enquanto eu arranhava meu pé nos corais. ha
Mas foi tudo tão feliz! Ai, que saudade!
Beijo
Carolda | Homepage | 06.01.09 - 3:33 pm

Rê a piadinha do Tá Lento é ouvida em todos os lugares do Nordeste! Rs!
Eu não fiz mergulho em Maceió e me arrependi um pouquinho, mas lá era meia boca e não durava 4 horas não!!! Que coisa linda deve ter sido o seu.
Depois, se não tiver problema, queria saber quanto vc pagou pelos passeios (pode ser no meu e-mail), porque Natal é minha próxima opção de viagem!
Tô lendo esse post antes de almioçar....e só de ouvir a palavra "escalopinho" meu estômago se remexeu de vontade! Que maldade a sua! Rs!
Beijos
Lilica | Homepage | 06.01.09 - 1:54 pm

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Natal - quarto dia

Quarto dia 05/05 - terça:

Amanheci sem vomitar, ao menos. E comendo só frutas no café da manhã (justo agora que eu tinha gostado dos ovos mexidos - e a amiga descobriu a tapioca feita na hora. Eu só AMO tapioca, mas não podia comer). Daí que eu catei o pacote de Ruffles do hotel (o meu estômago gosta disso quando eu fico enjoada) e sem comer quase nada, esperamos o bugue chegar para nos buscar. Se eu não comesse, não vomitaria e ainda ficaria mais bonita no biquíni, porque estaria mais magra. E tudo deu certo.

Nós fizemos amizade com um casal que além de estar no mesmo grupo de passeio que nós ainda estava também no mesmo hotel e pedimos para que o passeio de bugue fosse com eles. Carol e Álvaro, do Rio, em lua-de-mel, ambos médicos. Mesmo assim eu me contive para não ligar pra eles no dia anterior enquanto virava do avesso pra perguntar o que devia pedir que me trouxessem da farmácia. Afinal eles estavam "vendo Uma Noite No Museu na tv" (piada interna entre o povo em lua-de-mel, era o filme que passava à noite e Branca de Neve comentou que todos iriam ver). Aguentei firme e na espera pelo bugue a troca de conversas foi "a Renata passou a noite vomitando", "ah, mas a Carol passou a noite no banheiro". Coisa linda. Enfim, é nosso estômago sulista ("sudestista") não acostumado com a comida nordestina. Normal. Depois eles me explicaram que claras de ovos mal cozidas podem dar uma bactéria chamada salmonela. Eu lembrei que o House sempre fala sobre essa bactéria quando os pacientes estão nas últimas e pensei que se eu morresse depois do passeio do bugue pelo menos morreria feliz. Ouvi sobre o remédio a ser encomendado da farmácia caso passasse mal por outra noite e o assunto médico acabou por aí, afinal era o dia do bugue!

Chegou o bugue e doenças à parte, a gente só pensava no passeio com emoção. A amiga se encaixou bem no banco da frente (ela não queria com emoção) e aí não tivemos briga pra saber quem ía lá. Eu, Álvaro e Carol, todos emocionados na parte de trás. O bugueiro não deixou que fôssemos os três sentados na parte de cima, só um de cada vez, então entramos em acordo que Carol iria enquanto era passeio pelas praias, e que eu e Álvaro dividiríamos a emoção. Até parece que eu não ía aproveitar o melhor do passeio. Ha.

Aí que vimos o que é Natal. Dunas de areias fofas, areia, areia, areia, muita areia! Muito sol, muito calor, muito suor, muito protetor, muita luminosidade que reflete na duna e vem parar na cara. Conhecemos pelas praias toda a costa natalense e paramos, entre outros lugares, na famosa Lagoa de Genipabu para várias fotos. Daí que chegamos na lagoa de Pitangui, um verdadeiro barzinho com mesas e cadeiras dentro da água e muitos peixinhos nadando por entre os pés de mesas, cadeiras e pessoas, pra lá e pra cá. Nadamos, falamos, bebemos e fomos embora. O lugar era ótimo, mas tinha chegado a minha vez de sentir emoção.

Hopi Hari é fichinha. Aquela montanha russa que vai pra lá e pra cá e vira de ponta cabeça, cheia das leis da física e com proteção pra ninguém cair é a maior coisa monótona. Bom mesmo é andar de bugue nas dunas, cheias de emoção, com o bugueiro fazendo as maiores peripécias e a gente lá em cima, se segurando por si só. Coisa boa. Dor de barriga? Qual?

Passamos e paramos por mais algumas praias e chegamos ao famoso destino: esquibunda. Pra quem não sabe, é uma madeira tipo um skate sem rodinhas, que você senta e o negócio desce por uma duna quase em pé e você cai na água lá embaixo. Eu, que até o momento estava só "pensando" se ía (porque além de ter passado a noite vomitando eu acordei com uma inflamação de ouvido por conta de água que entrou e não saiu e tava doendo - povo que nunca viaja e quando vai resolve morrer é fogo...) e achando que talvez enfiar a cabeça na água podia piorar o negócio, quando vi a descida do esquibunda tive faniquito e nem pensei duas vezes: já estava lá. Sensação gostosa, descer a duna com as mãos na areia, mas não chega nem aos pés da aventura que estava por vir....

Daí que a parada seguinte era o aerobunda. Aerobunda é tipo uma tirolesa, que você senta em uma cadeirinha feita por cordas e desce pelo cabo. A diferença é que na tirolesa você chega do outro lado, mas no aerobunda você cai no meio do lago. E eu no "não, já fui no esquibunda, e o ouvido dói, não sei se vou" cheguei lá em cima e dei de cara com o lago lá embaixo, faniquito louco de ir desesperadamente. "Quer com emoção ou sem emoção?" Eu nem sabía que tinha aerobunda com emoção, minha gente! Já que tem emoção, dá esse mesmo e vamos que vamos. Ouvido? Quem, eu? Tenho algum ouvido? Onde?

Então que sentei na cadeirinha, e enquanto o rapaz perguntava umas 10 vezes "Renata, você sabe nadar?" e eu respondia que sim, nas últimas vezes que ele perguntou eu até fiquei na dúvida. Sei lá, tá insistindo tanto, vai saber. Fui. Com emoção. E coloquei esse fato na minha lista de "coisas maravilhosas feitas nessa vida". É um fato que eu não tenho nem palavras pra explicar o tanto que é bom. Sem dúvida, o que eu mais gostei na viagem toda. Ventinho na cara, sensação de liberdade, tchibum na água. Que bom que eu sei nadar. E, não contente com isso, cansei de esperar o barquinho que buscava as pessoas e resolvi voltar nadando até a margem. De onde eu estava, pareciam 100 metros. Mas depois que eu comecei nadar deve ter dado uns 100km. Morri. Nadei todas as modalidades possíveis e imaginárias, e o treco não chegava nunca. Quando eu já estava perdendo as esperanças, cheguei. E peguei o carrinho da morte pra subir de novo a duna (as pessoas estavam com medo do carrinho - ele era violento, subia a duna com emoção - imagina o medo do aerobunda em si). E cheguei lá em cima feito os menininhos do meu joguinho de montanha russa, quando saem do brinquedo e comemoram: dando gritinhos e pulando de emoção. Se vocês tiverem a oportunidade de irem pra Natal, não deixem de fazer o aerobunda. Coloque na sua lista de coisas para fazer antes de morrer! Aerobunda com emoção - eu recomendo imensamente.

Dali fomos para o almoço (que eu não sei onde foi porque não almocei pra não passar mal) e a amiga perdeu a máquina fotográfica. Pena, muita pena mesmo. Tantas fotos minhas que estavam lá.... rs. Daí que andamos em mais algumas dunas, ouvindo observações de "aqui foi filmado a novela O Clone", "aqui foi onde a Jade deu" (gente, ela deu na areia? Aquela areia fina? Deve te saído com os fundos esfolados!), "aqui foi onde foi filmada a novela Tieta"... e eu decidi que dunas também fazem parte das grandezas do mundo. Imensidão de areia quente e dourada, algumas fixas e outras móveis. Bonito mesmo. Mas o dia acabou e junto com ele o meu passeio tão esperado e tão aproveitado.

De volta ao hotel, eu querendo purê de batatas e dormir, amiga querendo ir no shopping para comprar outra máquina. Fizemos tudo, dormi no intervalo, conhecemos o Romildo (o taxista que nos levou ao shopping e depois foi buscar), comi batatinhas na manteiga (que o chef sabia que eu tinha morrido no dia anterior e fez especialmente pra mim - fofo esse chef). Dormi tudo o que eu não tinha dormido no dia anterior, a amiga tirou fotos minhas dormindo pra testar a máquina nova enquanto via um seriado de assombração, ficava com medo e fechava todo o quarto pra eu acordar com calor no dia seguinte e tudo deu certo no final.

>continua...



[JuJu] [www.felis.catus.zip.net]
Nossa... Ainda bem que você melhorou do mal-estar da noite passada e curtiu bastante o bugue! Passe lá no meu blog e deixe seu comentário!!!

Oi Re! Que bom que voltou! Aproveitou bastante, pelo jeito. Agora em junho vou eu! Bjs!
Adri | Homepage | 06.01.09 - 9:25 am

Rê, fico feliz que vc tenha melhorado rápido! Porque eu passei mal na quinta feira em Maceió e só melhorei uma semana depois, já aqui em Sampa!
Me diz ma coisa: eu não sei nadar, posso andar no aerobunda assim mesmo?
Que dia maravilhosos hein! Todas as emoções juntas! Que delícia!
Beijos
Lilica | Homepage | 05.31.09 - 7:16 pm

Muito bonito seu blog ^^ volto com + tempo para ler o post, bjao
geane | Homepage | 05.30.09 - 5:15 pm

kkkkkkkkkkkkk
Eu me estribuchei rindo aqui!
Esta tudo anotado, pro dia que eu for phyna e puder ir a Natal e ficar em hotel 5 estrelas
- não comer doce de claras
- fazer aerobunda com emoção
esses itens estão grifados em vermelho!!!
EU tinha mais trocentas coisas pra comentar mas estão me berrando....
tipo to lendo tudo, espero email contativo, com fotos tuas!
Beijos mulher!
Jana | Homepage | 05.29.09 - 12:36 pm

sexta-feira, 17 de abril de 2009

O dia que eu fui guarda-costas

Semana passada estava eu com a amiga no shopping, reclamação vai, reclamação vem (amigos também servem pra gente desabafar os problemas), até que ela recebeu uma ligação do tipo "vem aqui AGORA que a gente vai resolver esse problema pessoalmente". Pronto. Ela ficou pálida que eu achei que fosse morrer ali. Sei que entre "acho melhor eu tirar os brincos antes de ir" (eram de argola e sabe como é, em um quebra-pau é bem fácil de arrancar a orelha através deles) eu perguntei pra ela onde a pessoa morava, e como era perto da minha casa, fui junto. Eu sou mesmo uma super amiga. :D

Daí que enquanto eu prendia o cabelo e pensava também em tirar meus brincos, avisei que eu só ía me meter na situação se ela começasse a apanhar. Aproveitando que eu tava de saco cheio da vida mesmo, um boxe básico em alguém que nunca vi na vida ía desestressar bem. Do contrário, ficaria lá quieta só observando pra contar para os nossos netos.

Chegamos, e enquanto o dono da casa abria a porta e fazia cara de desaprovação por ver que ela estava acompanhada, entrei na casa desconhecida, de gente desconhecida, com briga desconhecida. E enquanto eu ouvia um "você pode esperar lá fora?" e respondia "não", reparava na decoração da casa. Legal, sabe? Legal porque eles moram no lugar que um dia eu vou morar (ou seja, meus futuros vizinhos), e aí mesmo com o quebra-pau ao fundo eu reparava na textura da parede, na combinação do sofá com o piso, nos armários embutidos da cozinha, do quadro de flores, na mesa de jantar. E pensava que o povo era barraqueiro, mas tinha bom gosto para decoração.

Sei que a briga durou pouco (sempre dura menos que o previsto quando se tem uma testemunha que nunca se viu na vida) e eu que estava entretida na cor do piso que combinava com o tapete, levei uma portada previamente com intenção de ser na cara, mas meus joelhos foram mais espertos e seguraram a violência, e acordei do meu transe decorativo da casa alheia.

E agora, passada toda a situação, me pego aqui pensando que foi pena, sabe? Eu podia muito bem ter dito "oi? então, enquanto vocês brigam aí, me deem licença que eu vou ali ver a decoração dos quartos, viu? Qualquer coisa se forem partir para o tapa me chamem, tá?"

:: Postado por às 09h14



[Mari] [www.perfeitamente-imperfeita.blogspot.com]
Uahsuahsuahsau! Essa foi óteema. Eu só esperava no fim da história, uma pancadaria, rs! Beeejos, Rê! :)
20/04/2009 15:34

[Mari] [www.perfeitamente-imperfeita.blogspot.com]
Uahsuahsuahsau!
Essa foi óteema. Eu só esperava no fim da história, uma pancadaria, rs! Beeejos, Rê! :)
20/04/2009 15:34

[Mary] [http://aescritora.org/aprendendo]
Uau, que história! Mas foi bom para você poder tirar umas ideiazinhas! kkk Bjs

[Taty] [http://praserfeliz.wordpress.com]
É isso aí... Amigo que é amigo não aparta briga não, já chega é dando voadora! hahaha. Um beijo!!
17/04/2009 11:18

VOLTEI, VC PODE COLAR O MEU COMENT NO BLOG DO ED? KKKKKKKKKK
EU NÃO CONSIGO ABRIR O SISTEMA DE COMENTÁRIOS DO BLOGGER AQUI, APROVEITA E DIZ QUE EU MANDEI ELE POR UM HALOSCAN LÁ!
KKKKKKKKKKKKKKK
A PESSOA VEM RECLAMAR E VIRA PEDINTE!
BEIJOS
Jana | Homepage | 04.20.09 - 3:23 pm

RECLAMAÇÃO:
EU TO COM CRISE DE CIUME, ESSA COISA DE EU NÃO CONSEGUIR FICAR ON DURANTE O DIA TA ME DEIXANDO CARENTE, EU ONTEM A NOITE FALANDO COM O ED, E ELE "A RE É UMA MENINA TÃO BACANA..." (claro que vc é bacana, rsrs), AI VC ME MANDA EMAIL E FALA DO ED... (e sim ele tb é bacana)E EU TÃO PEIXE FORA D'AGUA, TÃO NO LIMBO, TÃO FOLHA AO VENTO... AI TA TO COM CIUMINHO DOS MEUS AMIGOS, E QUERO UM EMAIL MELOSO DOS DOIS ME PAPARICANDO!
KKKKKKK
PS, VC COLOCA NO EMAIL AS NOVIDADES DAQUELE ASSUNTO...
AGORA VOU LA NO ED COLAR O MESMO COMENTÁRIO!
KKKKKKKKK
BEIJOS
Jana | Homepage | 04.20.09 - 3:21 pm

Quanto tempo!
Puts, a situação foi no mínimo hilaria!Mas ua coisa tem de ser dita: Você é amiga para todas a horas!Abraço!
Fabi | Homepage | 04.20.09 - 2:17 pm

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
eu ADORO decoração tb... sempre assisto a Mix TV na sky e fico imaginando como os móveis ficariam na minha casa, qual a melhor cor de parede pra combinar com a decoração, mó viagem!
bjos Rê!
lyaanja | Homepage | 04.20.09 - 12:06 pm

tudo muito lindo, mas porra eu aqui queria mesmo saber por conta do que era a briga [2]
hueaioeia
e eu também sou mestre em fazer essas coisas... o pau quebrando, seja de qual maneira for, e eu reparando no que 'não devo' (.
Beiiiijos
Carol | Homepage | 04.20.09 - 4:09 am

tudo muito lindo, mas porra eu aqui queria mesmo saber por conta do que era a briga kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
beijos
Jana | Homepage | 04.19.09 - 9:05 pm

Meu deus, que historia maluca uhoauaih ;}
mas mto divertiiiiiida :} ;*
tatá, | Homepage | 04.19.09 - 11:46 am

Puxa que pena que nem rolou um boxe!!!! Rsrsrsrsrs! Beijos
Lilica | Homepage | 04.18.09 - 11:02 pm

Então...
É tão bom poder contar com os amigos né.
Ah! Essa tal de
AMIZADE. Coisa linda de meu Deus.
Bjo Rê.. :D
Edgar Callegari | Homepage | 04.18.09 - 5:36 pm

achei q vc fosse sair no tapa...rs...
mas é bom ver casa bonita e decorada e ficar pensando na que pretendemos comprar/como decorar... gosto disso... mas nao com briga ao fundo...rs...
só voce mesmo... mas o importante é q nao perdeu tempo....
beijoo e bom fds! e feriado claro!
Rosana | Homepage

Gente, e eu aqui esperando você contar quem quebrou a cara de quem! shaiushauhsuha
adorei! ^^
~nat | Homepage | 04.18.09 - 2:31 am

Uma amiga corajosa, q num foge da raia. Mas ficar observando a decoração? rs. Seu instinto de sobrevivência tava meio em off, né? rs.
Bjs.
Tathiana | Homepage | 04.18.09 - 1:47 am

ahnn ?
vocês foram na casa da pessoa brigar rs.. ???
eu quebrava tudo uhauahua
viniciusjau | Homepage | 04.17.09 - 8:39 pm

Que história doida ! Amei o post da festa dos anos 80. Amo os anos 80 e as festas nos levam de volta ao passado |! Bjs !
Hanny Meire | Homepage | 04.17.09 - 8:22 pm

hahahahahahahah mas então nem teve boxee? pow aheuaheuahe
me diverti lendo isso.
pensa pelo lado bom, agora vc já tem idéias pra decorar a sua futura casa (:
pois é, duvido que os velhinhos de 60 anos tenham ido lá ¬¬'
é tensooooooo !
beijoos.
may | Homepage | 04.17.09 - 6:20 pm

Amigo é isso. Tem que chegar junto nas horas boas e nas ruins!
Porque vc não tirou umas fotos da decoração com o celular??rs
Beijão
Renata Nogueira | Homepage

Bom, vamos começar a rasgar a seda...
Acho você muito inteligente e realmente adoro seus textos. Desde o primeiro dia que li seu blog eu sempre dou uma olhadinha todo dia. É uma honra pra mim qualquer comentário seu em meu humilde cantinho. Valeu!!!!!
bjs
Gi
Giovana | Homepage | 04.17.09 - 3:35 pm

Eu não teria essa coragem... Fiquei um pouco sem entender que tipo de briga se tratava, mas não sei se teria coragem de ficar ali presenciando tudo.
Bjitos!
*Lusinha* | Homepage | 04.17.09 - 12:50 pm

hahaha
adorei! mas como era a decoração?
acho que como será vizinho você pode muito bem ir lá fazer uma visita. Tomar um café e aproveitar pra conhecer a casa né?! Nada de mais. ho ho ho
Mas essa coisa de "vizinho" me intriga. Porque eu nunca sei se é dez metros ou dez quilometros de distancia. Porque aqui vizinho é do lado sabe? rs
Beijo
PS: não teve quebra-pau se não você teria falado né?! é. não teve... a, mas isso nem importa né?! o que importa é o sofá e a cor da parede e... né?! rs
Fersi | Homepage | 04.17.09 - 11:38 am

E vocês são doidas mesmo de ir pra briga.
Com gente barraqueira e briguenta a gente não se mete. Simplesmente ignora, deixa pra lá, sem se misturar.
Se liga. Mas pelo menos você viu a boa decoração da casa. rsrsrs
obs: passa lá depois e pede para ver o restante da decoração, como quem não quer nada. rsrs
Cirilo Veloso Moraes | Homepage | 04.17.09 - 11:30 am