sexta-feira, 29 de julho de 2011

Sobre gatos

Daí que ontem de madrugada eu perdi o sono, peguei o celular e comecei a ler os últimos tweets da minha timeline. E me deparei com as meninas falando sobre animais. Tary, apaixonada por corujas e Ruvis por girafas. E faz um tempo já que eu sabia das preferências delas, mas foi lendo as exclamações do tipo "ah, são tão fofinhas" que eu resolvi escrever esse post.

Eu acho muito legal saber dos animais preferidos das pessoas. Quando não são cachorros, na verdade. Eu sempre acho que quem diz que cachorro é animal preferido tem falta de imaginação. Primeiro porque é o óbvio. Todo mundo tem, todo mundo gosta, é o animal doméstico mais dócil e serve tanto pra ficar lá de guarda quanto pra botar na mesa do jantar com roupinha e laço na cabeça como se fosse da família. Gostar de cachorro é clichê. Homem gosta de cachorro. Mas homem gosta de qualquer animal que bote a língua pra fora e balance o rabinho pra eles. Ainda mais se o animal fizer isso depois de uma bronca ou um chute na bunda. É fácil agradar um homem.

Já que é pra gostar de um animal, goste por algum motivo além. Não estou falando de gostar no sentido de ter em casa. De alimentar, de criar. Estou falando GOSTAR, no geral. A Ruvis nunca vai ter uma girafa em casa (espero), mas eu imagino que ela fique encantada com elas quando vai ao zoológico. E eu entendo, são animais enormes, meio desproporcionais anatomicamente, mas com uma elegância e sutileza ímpar. Eu também acho as girafas sensacionais. Ou elefantes, que com todo aquele tamanho e tanta capacidade de serem fortes e brutos, são delicados a ponto de prestar atenção onde pisam. Um dia eu ainda vou abraçar um elefante, de tanto que acho lindo.

Mas a minha preferência são os felinos. Eu fico arrepiada de ouvir aquele rugido de leões ou tigres. Acho sensacional o pelo tão colorido e fico impressionada em como a pantera consegue ter pelos todos da mesma cor e mesmo assim brilharem muito mais que qualquer cabelo bem tratado. Mas é a onça que me encanta. Gordinha, com patas enormes (e LINDAS!) e cabeça delicada, eu queria uma onça de estimação lá em casa, no meio da sala. Forte, ameaçadora. Um grande gatinho. E é aí que entra a minha preferência no quesito animais domésticos. Gatos são pequenas onças.

Gatos são inteligentes e no olhar deles é possível decifrar o que pensam. É preciso conquistar um gato, e mesmo assim ele nunca vai correr babando na sua direção. Gatos não latem aquele som estridente que entra quadrado nos ouvidos de qualquer pessoa que sofre de enxaqueca assim como eu. Gatos já nascem sabendo onde fazer suas necessidades e você nunca vai ver um gato rolando por entre suas fezes ou, pior, comendo-as - coisa muito normal no mundo dos cães. Gatos tomam banho sozinhos. Gatos não fazem barulho nem comem sapatos. Gatos têm senso de responsabilidade e acreditam precisar ajudar seu dono a cuidar do sustento do lar. Gatos trazem presentes pra você. Você não cria um gato. É ele que cria você.

- Gatos têm a capacidade de sentar no livro exatamente na palavra que você estava lendo.
- Gatos têm a sutileza de passar na frente da sua tela de computador sem que você tenha vontade de matá-los.
- Gatos têm o encanto de se enfiarem em lugares inusitados a ponto de você, quando encontrá-los, achar a coisa mais linda do mundo.
- Gatos são associados à mitologia e superstições e no Egito (onde é associado à uma deusa) já houve punição pra quem fosse encontrado traficando um gato.
- É de um gato o nome do bicho de estimação mais original que eu já fiquei sabendo existir até hoje. O Elvis, da Silvia! (tem o Gato da Pri, mas isso não entra em questão - o que importa é que todo mundo que é legal tem um gato)

Eu sempre fui a menina dos gatos. A minha avó sempre teve vários, e eu apesar da rinite alérgica sempre vivia entre eles. Com vários entre os braços. Com arranhões nas mãos. Com a cara inchada, olhos vermelhos e espirrando como se não houvesse amanhã. Eu com os gatos sempre me senti feliz. Eu sou sempre a pessoa que quando alguém diz "cuidado, esse gato é arisco" ou "esse gato não gosta de gente estranha", passa alguns minutos e estou eu com o gato no colo. Agora nem tanto, porque eu cresci e sei que antes uma mulher de 30 fina, elegante e com a roupa sem pelos do que a felicidade de um gato entre os braços e olhos e nariz coçando loucamente.

Sobre as pessoas que não gostam de gatos, eu tenho vontade de colocá-los no micro ondas e clicar em ligar. Tenho vontade de atirar chumbinho e mapear o corpo dessas pessoas como aquele joguinho de ligar os pontos - que depois eu ia querer ligar com estilete. Tenho vontade de prender latas nos pelos da bunda e correr jogando pedras atrás. Tenho vontade de amarrá-los a carros e sair puxando até que fiquem como um espeto cru de kafta.

Eu já fiz uma apresentação sobre gatos para uma turma de pós graduação. E convenci um público de cerca de cinquenta homens que um gato é o melhor bicho de estimação. Eu já voltei pra casa chorando porque vi um gatinho machucado na rua e não podia trazê-lo comigo. Eu já voltei pra casa chorando porque um vendedor de gatos colocou um deles no meu colo e eu não pude trazê-lo comigo. Já voltei pra casa chorando depois de levar o meu gato pra tomar banho e ele miar enlouquecidamente pra mim como se estivesse sendo torturado. Voltei pra casa chorando quando ele de fato foi torturado por uma máquina de raspar pelos na barriga, e ele me olhou como se eu o segurasse enquanto alguém o estuprava. E voltei pra casa chorando quando eu soube que a eutanásia levaria de mim o gato mais lindo que eu conheci nessa vida.

Eu tenho milhares de avatares com fotos de gato e não consigo ver fotos deles no WeHeartIt e clicar em 'heart' logo depois de ressoar 'own' internamente. E hoje eu vim aqui dizer pra vocês, que no mundo de girafas e corujas, o meu animal preferido é o gato.

Segue abaixo a minha demonstração de afeto por esse animal tão de Deus e tão especial (obs: cachorros precisam ser induzidos a poses e situações que chamem a atenção. Gatos são encantadores por si só):


ówn


óówn


ówn ³


ôôówn


óóóóówn


ówwm


óóóóóóówwnnn meu deus!


ówn (segura que ele vai pular)


óówn onde vende essa touca?


ówn, o dia que eles aprenderem a gente tá ferrado


ówn - pior é que eles são safados assim mesmo












R.I.P. Bóris <3 :~

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Sobre a minha grama verde

Coisa boa na vida é conversar com uma pessoa sincera. Alguém que não vai passar a mão na sua cabeça mas também não vai te criticar por simples esporte. Alguém que diz o que pensa com o cuidado necessário pra não te machucar. E às vezes nem amigo direito a pessoa ainda não é. Às vezes você está só sentindo o terreno pra ver as coisas que a pessoa pode te dizer e como vai te dizer.

Hoje já é quarta-feira e eu passei todos esses dias pensando no que ouvi sobre a minha vida no sábado. Nas coisas que eu guardei por muito tempo e um belo dia falei pra essa pessoa que nunca achei que ia ter vontade um dia de contar. E ouvi coisas que na hora eu fiquei meio que sem saber mais o que pensar, um misto de medo e alívio que só agora, depois de 4 dias, consegui 'colocar no papel'.

Então que hoje eu acordei pensando que por mais que eu seja uma pessoa reservada, por mais que a minha vida seja restrita, por mais que eu abra poucos pensamentos para pouquíssimas pessoas, mesmo assim sempre tem muita gente que encontra em mim um encantamento. Não no sentido bom da palavra, que deveria ser, mas no ruim mesmo. Gente que se encosta. Gente que quer viver a minha vida. Gente que me acha tão interessante que deixa de viver a vida deles pra viver a minha, exatamente como aquela pessoa no sábado me disse que é assim que acontece. Gente que acha a própria vida tão merda que fica de olho aqui, na minha grama. Gente que me admira pelo pouquíssimo que me conhece, mas não consegue levar isso pelo lado bom. E vive de me criticar. De jogar água na minha terra. De absorver minhas energias. De ser parasita na minha vida.

Saibam vocês, meus parasitas, que vocês não sabem de nada. Que por mais que a minha vida me deixe à desejar, é porque eu sou uma pessoa ambiciosa (não só para as coisas materiais) e que a cada dia penso em ser melhor. Mas levando pelo ponto de vista de quem vive fora de mim, tudo aqui dentro realmente é bem bom. E eu sou mesmo uma pessoa interessante, com pensamentos interessantes e atos interessantes. A minha vida é interessante, e vocês mal sabem disso. Eu sou uma pessoa complexa, em todos os sentidos. Gosto de muitas coisas, tenho muitas coisas (não só materiais), quero muitas coisas, penso em muitas coisas, faço muitas coisas. Na maior amplitude que vocês podem imaginar. E, agora com a minha usual ironia de lado, eu posso dizer pra vocês, que eu sou mesmo uma pessoa ótima no quesito "gente interessante para se conhecer" - a fundo, eu digo. E eu perco as contas com o tanto de gente que quis isso mas se perdeu no meio do caminho porque um belo dia eu achei que aquela pessoa não era digna e fechei todas as minhas portas.

Eu sou do jeito que eu sou. Não sou igual à ninguém. Não me comparo com ninguém. Não imito ninguém. E por mais que eu pense e repense meus gostos e atitudes, nunca mudo o que eu sou ou sinto só porque alguém acha melhor mudar, só porque alguém acha que o que eu gosto ou faço não é bom. Eu não me preocupo em seguir regras. Nem agradar. Nem em ser aceita. Nem me igualar. Eu sou do jeito que sou, vivo do jeito que vivo, gosto das coisas que eu gosto e ninguém - eu disse NINGUÉM - tem moral pra criticar, questionar ou botar dedo nenhum na minha cara.

O mundo está cheio de gente querendo saber da minha vida, viver a minha vida e ser eu. E pra vocês, meus queridos, eu digo: a grama aqui é mesmo muito verdinha. E vocês nem imaginam.


segunda-feira, 25 de julho de 2011

Amy, Carol e eu

Foi em algum dia do ano passado ou retrasado que a Carol, minha prima, mudou-se. Era longe pra ela a casa da mãe, em São Bernardo do Campo, até a faculdade, na Usp, do outro lado da cidade. Carol arrumou um trabalho por aqui na zona oeste também e era impossível ir e voltar de SBC todos os dias nesse trânsito de São Paulo. Então ela resolveu, a mãe apoiou, e Carol alugou um apartamento em Perdizes, aqui pertinho. Aos 24 anos então, Carolina começou a morar sozinha. Da turma do 0ba-oba como sempre foi, Carol usa o apartamento não só pra dormir, mas também para várias reuniões com amigos quase todos os dias. Tudo regado à muitos petiscos e cerveja - porque ela é da minha família e gente na nossa casa sai satisfeito no quesito comes e bebes.

Sendo nós - primos de meu lado paterno - em 9 pessoas, fica relativamente fácil fazer qualquer reunião em que estejamos todos os primos juntos. E se levarmos em consideração que a mais velha tem 31 e o mais novo 15, estamos praticamente todos ali balanceando em uma escadinha de idades muito próximas, o que torna mais fácil ainda o nosso convívio além almoços familiares de Natal.

Carol quando se mudou e arrumou basicamente seu apto no quesito móveis, foi intimada a nos convidar. Um encontro de primos pra inaugurar o apê novo, dissemos. E assim foi. E eu me lembro nitidamente de estarmos todos lá (com exceção da prima mais velha, já casada e com filhos, que mora em Porto Alegre) sentados no sofá revestido de couro preto e a poltrona vermelha de couro no canto, comendo brusquetas e enroladinhos de salsicha e falando muita coisa inútil. E durante todo esse tempo que durou o nosso encontro, em um intervalo ou outro em que o Leandro contava do dia que vomitou no carro dirigindo e sua namorada e irmã tiveram tanto nojo que todo mundo vomitou tudo (e depois eles passaram frio na viagem São Paulo/Campinas porque fazia uns 10 graus e eles tiveram que viajar com os vidros todos abertos - e mais tarde ele precisou vender o carro porque nada tirou aquele cheiro de vômito dos cintos de segurança) - assistíamos Amy Winehouse na tv. A Carol havia comprado o dvd daquela moça que eu tinha ouvido falar pouco (eu digo pra vocês que eu sou atrasada, só eu que descobri há pouco quem é Adele) e via ali, naquele dvd, pela primeira vez, a fisionomia da dona daquela voz que da primeira vez que eu ouvi achei que era uma música gravada nos entornos de 1950. E enquanto o Leandro contava da vez que estava sem cueca e fez cocô que caiu e foi parar no elástico na perna da calça de moletom, eu assistia ali a performance de Amy, montada no ninho na cabeça e muito delineador, tentando decifrar se aquilo ali era mesmo a voz dela ou se era tipo esse pessoal que força a voz pra ser algo que não é e acaba a vida com câncer na garganta tipo Marina Lima ou Guilherme Arantes (eu não sei se eles tiveram câncer tá gente, foi só exemplo de gente que um dia a voz acaba).

No dia seguinte, eu ainda com a voz espetacular da moça na cabeça, decidi colocar a minha "indústria de pirataria" (por Anna Vitória) em prática e decidi baixar os únicos dois cds que Amy Winehouse fez nessa vida. E já ouvi bastante, posso dizer. Só que ao mesmo tempo eu também baixei o cd da Duffy, estrela da música soul que surgiu na mesma época, mas não teve o mesmo boom que Amy e melou geral no segundo cd. Mesmo assim eu sempre comparei Amy com Duffy e o meu gosto auditivo sempre foi mais à lá Duffy, mas a partir daí passei sempre a acompanhar dados a respeito das duas - mesmo porque os fatos da mídia sobre Amy Winehouse não me deixavam esquecer da existência dela.

Alguns meses depois foi a minha vez de ir morar sozinha e foi atrás de mim que os primos ficaram para fazermos alguma coisa em casa e comemorarmos o acontecimento. Demorou um pouquinho pra acontecer - mesmo porque a Carol é mais desencanada na vida, mas eu sou neurótica e precisava que as coisas estivessem com um mínimo de organização para poder convidá-los (mesmo com eles jurando que sentariam no chão sem problemas).

Foi janeiro desse ano que eu esperei todo mundo chegar de viagem de festas e marquei lá em casa uns comes e bebes pra chamar os primos. Foi um milagre que aconteceu da agenda de todos bater e estarem disponíveis para ir (eu fiquei uns 6 meses tentando marcar e sempre alguém não podia). Mas a Carol, que mora relativamente perto de casa, já tinha ido sozinha conhecer meu apartamento novo anteriormente. E então, na semana do encontro de primos pra inaugurar o meu apartamento, a Carol mandou um e-mail dizendo que não ia poder. Em protesto geral da nação, xingamos Carolina de tudo o que estava em nosso alcance no momento, mas o argumento dela foi fatal: "desculpem, não vou poder, eu tinha esquecido. Comprei o ingresso para o show da Amy Winehouse e é bem nesse dia!". Nós, família roqueira que somos, a gente não paga 100 reais em uma calça jeans mas paga 720 em um show do Bon Jovi, nos rendemos ao argumento dela. E a privamos da nossa companhia pra poder assistir a Amy (tudo bem que eu perguntei milhares de vezes se ela gostava mais da Amy ou dos primos, mas ok).

E então, em um belo sábado de sol à tarde, enquanto os primos gritavam horrores (e eu estava esperando a hora que os vizinhos iam ligar pra reclamar) jogando um simples Imagem e Ação (imagina se fosse truco!), enquanto eu imitava mal e timidamente um macaco - e a minha equipe adivinhava que a palavra era Planeta dos Macacos, enquanto Leandro, Rafael e Daniel faziam campeonato de "quem peida mais no tapete de pelinhos da Rê" e enquanto assistíamos dessa vez a Duffy na tv, nos perguntávamos se a Carol estava bem na fila do show. Se já havia entrado. Se estava feliz. Se estava curtindo.

É, porque a primeira afirmação que eu ouvi da boca da Carol sobre Amy Winehouse foi naquela inauguração do apto dela. "Essa mulher precisa vir fazer show aqui pra eu poder ir". E então quando a Carol veio furar o nosso evento e eu perguntei se ela gostava mais da Amy do que de nós, ela concluiu dizendo que "lógico que eu amo mais vocês, mas eu não sei se a Amy vai ficar viva por muito tempo. Na verdade eu já comprei o ingresso meio com medo de ela morrer nesse meio tempo."

Carol faltou no nosso encontro de primos e foi no show da Amy. Voltou feliz, dizendo que tinha gostado e que a voz da moça era mesmo sensacional. Mas imitou no meio da sala da casa da vó a postura e a expressão de derrotada que a Amy fez durante todo o show. Encolhida. Sem olhar o público. Cambaleando. Farrapo humano. E a Carol concluiu seu relato sobre o show dizendo "voz sensacional. Mas ela não vai ficar viva por muito tempo."


Eu estava almoçando feliz da vida um peixe que havia acabado de comprar no sábado porque eu estava com desejo (só eu devo ter desejo de comer peixe nessa vida) e fiz na frigideira mesmo porque eu não tenho chapa, mas mesmo assim ficou bom demais e tava ali comendo e pensando que aqueles 20 reais que eu paguei em 1 kg de peixe tinham valido cada centavo. E então a moça estranha que ficou no lugar do Evaristo no Jornal Hoje comentou com a cara séria que "a última notícia era" e antes de ela terminar de dizer eu já sabia que alguém tinha morrido e fiquei ali rapidamente eu e meu cérebro tentando adivinhar qual seria o pé-rapado e sem importância que finalmente bateu as botas. E quando ela disse Amy Winehouse eu esqueci que tava comendo o peixe mais maravilhoso de todos os tempos e fiquei chateada. Fiquei pensando que porra, Amy, tão participante dos meus encontros de primos! Como assim que morre? Amy, a dona da voz sensacional. Amy, a mulher que ganhou toda a mídia da polêmica depois que Michael Jackson se foi.

E então eu passei de "nossa que peixe sensacional" para "poxa, que pena". Sabe? Valeska Popozuda não morre, esse inferno. Esse pessoal aí do funk. Da música merda. Belo vai e volta da cadeia mas está lá inteirão. Latino, que se eu encontrasse ele na rua passava com o carro por cima e ainda dava ré, tá lá, vivo. Wanessa Camargo, que com certeza deixou sequelas em meus ouvidos depois de ter cantado sem música ontem no Faustão... viva. E todos esses neguinhos à lá Nelly e Puff Daddy que fazem essas músicas bunda e que eu aposto que todo mundo que tava fazendo piada e dizendo que Amy já foi tarde anteontem no twitter gostam e acham que isso é boa música. Eu só observo que funk e rap só tocam em carro de gente que ganha dinheiro de forma suspeita. Porque eu acho que se você ouvir a sua música em volume adequado, pouco me importa que porra que você tá ouvindo. Se mata aí no sertanejo universitário e no Restart e não me enche. Mas não. Tem gente que tem a moral de levantar a bunda da cadeira e se movimentar só pra agredir os outros e falar mal das coisas que os outros gostam. Falta de respeito, não tem outro nome pra isso. Deixa eu só avisar: VOCÊS TAMBÉM VÃO MORRER.

Sobre a Amy, eu não era fã. Eu também achei que todo aquele Fantástico de ontem sobre ela foi exagerado. Daniela Mercury, minha nega, falta ainda muito arroz e feijão (e algumas encarnações) pra você ficar com a voz da Amy Winehouse. E eu concordo que Amy não era o Michael Jackson - não precisava de tanto exagero. Já as reportagens da MTV reprisando episódios com a história dela e alguns shows que ela fez, eu curti. Chuck cantou e tocou alguns pedaços de músicas dela pra passar nos intervalos, em uma versão que ficou ao mesmo tempo meio tétrica e meio homenagem ao mesmo tempo. Foi legal. Mas o fato é que eu acho que, mesmo sem ser fã, a mulher tinha uma voz sensacional. E não importa se ela era drogada, se era hora dela, se ela pegou a maldição dos 27 (não comparável com Janis Joplin e Jimi Hendrix, mas dona de uma voz sensacional tanto quanto), se o destino dela estava traçado. Eu acho triste que ela tenha morrido. E que mais um talento da música tenha se ido.

Acho triste quando as pessoas dizem que ela mereceu. Que procurou isso. Que já foi tarde. Triste que mais uma pessoa tenha se acabado assim. E, claro, tudo foi consequência. Mas eu acho medíocre essa coisa que as pessoas têm de enfiar o dedo na cara dos outros, sabe? Eu só lamento pelas mentes pequenas. E lamento, muito mesmo, por ela ter ido assim tão cedo.


Mas, talvez, se ela não tivesse sido "uma pessoa que aos 10 anos já achava a vida uma merda e tido tendências suicidas", se ela não tivesse enchido a cara de drogas e álcool, se ela não tivesse feito todas as suas músicas autobiográficas sobre os problemas em sua vida e se ela tivesse dito SIM, SIM, SIM para a reabilitação........ ela não teria sido tão brilhante.

Teria sido só Restart.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Sobre Heróis

Heróis não são aqueles que usam capa. Que vêm de um planeta distante e dotados de poderes que aqui na Terra são superiores aos nossos. Em terra de cego quem tem um olho é rei e portanto esse tipo de pessoa não seria herói lá na terra dele e com indivíduos com poderes como os dele. Não se é herói quando se veste a cueca por cima da calça. Nem quando se é picado por um bicho qualquer e passa-se a ter alguns sentidos a mais que humanos. Não se é herói quando se participa de experiências tecnológicas. Quando se insere equipamentos dentro de simples humanos para torná-los diferentes. Não dá pra ser herói quando se é diferente. Não dá pra ser herói quando seu disfarce é um óculos sem grau e um pega-rapaz que não muda quando você veste seu grande uniforme de super. Não dá pra ser herói usando uma roupa azul e vermelha. Não se é herói quando se é um deus (por mais bonito que você seja). Não se é herói quando a arma que você usa vai além dos precedentes físicos e intelectuais superiores aos das pessoas que você salva. Superpoderes não são armas de heroísmo pra ninguém. Fica fácil assim. Não se é herói quando você tem um anel verde que te faz ser dono do mundo. Nem quando você usa simplesmente uma tanga e tudo o que você tem que salvar é um bando de macacos na selva. Não dá pra ser herói quando você usa uniformes fake à lá Restart, um de cada cor. E combate grandes monstros feitos de plástico e ar, tipo João Bobo em formato de Godzila. Não dá pra ser herói quando você é um fantasma. Ou um espectro. E você também não é um herói quando nasceu um tremendo filhinho de papai com a língua presa e pra conseguir combater o mal você sai comprando os vilões usando uma máscara com chifres. Não se é um herói se você corre pra caramba a ponto de ganhar as maratonas dos competidores da Etiópia. Não se é herói se a água te dá super poderes além daquela leve sensação de renovação que todo humano tem quando sai do banho. Não se é herói se você é feito de pedra (a não ser que o que você tem que salvar são pedras). Nem se fica verde e dobra de tamanho e sai pisando nas pessoas pela rua quando está nervoso - eu também se dobrasse de tamanho faria uma coisa tipo essas. Não se é herói se você passou por uma mutação genética. Hoje você tem mais poderes que os outros, mas amanhã pode nascer gente com mais poderes que você. Não se é herói se você acha uma máscara feia de madeira e coloca aquilo na cara e fica com aparente mais inteligência. Você não é nada sem esse adereço. Não se é herói se seu cosmos é mais coloridinho que os outros e você tiver que ser selecionado para um exército do zodíaco e usar armaduras ridículas pra lutar com outros personagens ridículos em uma série que não mostra nem a luta em si pra ficar com menos slides e ser mais barato pra vender. E se você tiver que sair catando esferas do dragão por aí, adivinha: você também não é um herói.

Herói é aquele dotado de habilidades cujas quais não diferem em nada dos seres a serem salvos. Herói é aquele que se destaca de cueca por cima da calça e uniforme em cores berrantes, em uma população que também usa cuecas por cima da calça e uniforme com cores berrantes. Herói é aquele que sem poder sobrenatural nenhum utiliza de sua inteligência, sua determinação, seu objetivo.. para fazer a diferença. Herói é aquele que não se exibe. Não sai ridiculamente mostrando suas teias de aranha pra qualquer rabo de saia que passar por aí. Herói não é aquele que voa pra impressionar garotas. Herói é aquele cara que sofre calado. Que morre por alguém sem anunciar que faz aquilo. Sem querer os louros da vitória. Sem se mostrar superior. Herói é aquele cara comum que faz coisas que ninguém entende porque ele não faz questão que entendam. Herói é aquele que não quer ser reconhecido. Que não quer ser pego em ação. Herói é aquele que mantém seu heroísmo mesmo quando seu motivo de ser já não existe mais. Herói é um cara foda. Um cara aparentemente não importante. Um cara que não se importa em ser odiado, em ser estranho. Em não ser principal. Em não aparecer em cartazes de exibição. O herói não se importa em não ser personagem secundário. Mesmo sendo, no fundo-no fundo, o personagem principal.

:~

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Sobre nós no sofá



Tudo começou com o meu post anterior. Que eu procurei a foto no Google pra ilustrar, e fiquei feliz em achar bebês todos amontoados assim no sofá. Não, não são bonecas. São bebês de verdade (clique na foto pra ampliar). Daí que eu até cheguei a publicar a foto sem nenhuma edição, mas depois analisando melhor achei que um dos bebês parecia bem comigo e chorava desesperadamente o amontoado no sofá. Então me marquei ali pra exemplificar o que ia bem de acordo com o que eu dizia no post passado. Acontece que enquanto eu editava a foto, conversava com a Analu no msn, ao mesmo tempo. E daí reparando melhor em cada bebê, pensei que se eu fosse nomear um exemplo pra ela também ali no sofá seria, sem dúvida, o neném com a camiseta de borboleta. Primeiro porque a borboleta é rosa, cor que excluindo o lilás é a cara dela. Borboleta rosa, jeans, sapatinhos rosa, o neném loirinho e de olhos claros bem de boa só olhando o movimento. É a cara da Analu, pensei. E compartilhei com ela o pensamento que foi prontamente aceito e ela me disse na hora que se identificava mesmo naquele bebê ali. E então, dona Analu, pessoa pop que é, já saiu identificando total cada blogueira da panela em cada bebê sentado ali e não satisfeita pediu que eu escrevesse um post a respeito. Vocês sabem como ela é, não? Empolgada. Eu, 31 anos na cara, preguiça, comentei com ela que nem tenho tanto contato com algumas pessoas, que não dava pra sair assim falando a respeito de vocês, que eu nem sei o que dizer, e que se ela quisesse fazer o post e usar a foto estava liberada. MAS NÃO. Ela agarrou na perna da minha calça como criança que quer um doce no mercado, e só soltou quando eu disse que faria o post. Falou que confiava no meu talento pra escrever sobre vocês todas e passou a perguntar de 5 em 5 minutos se ia demorar muito para o post ficar pronto, como uma criança que pergunta se 'já chegou'. Eu resolvi escrever com uma condição: eu usaria em grande parte os argumentos dela pra falar a respeito de vocês, porque eu só tenho respaldo pra falar de algumas pessoas que eu acompanho há mais tempo. E o principal: eu escrevo o post, porém TODA E QUALQUER reclamação a respeito é com ela (e ela, na ânsia de ver esse post pronto, repetiu várias vezes que assume qualquer coisa, tá? Se você tiver aí um problema de nome sujo no Serasa, bota no nome da Analu que ela tá assumindo tudo!). O argumento dela, pessoa pop, pra me convencer a escrever isso aqui foi simples: "você é top". E eu sou foda mesmo, vamos assumir. Mas concluindo: se você se encontra na descrição a seguir e não gostou da escolha, não gostou do argumento, não gostou do texto, não gostou que te usamos pra fazer um post e você não recebeu os royalties = reclame com a Analu. Ela prometeu ouvir todas as lamúrias e reclamações e estar encaminhando sua solicitação para a área responsável e a sra. vai estar recebendo o retorno da reclamação no prazo de 5 dias úteis por favor anote o número do protocolo. Porque sabem como é. Se a reclamação fosse comigo, te jogaria da janela do vigésimo segundo andar e pronto. Simples assim.

Então que a terceira pessoa a ser identificada no sofá das blogueiras foi srta. Anna Vitória. A Analu escolheu e eu não achei de acordo, afinal uma roupinha verde, simples e lisa não é bem a minha visão da Anninha. Mas depois que a Analu comentou, eu não conseguia mais olhar para os outros bebês e achar a Anna Vitória em nenhum deles! Foi assim tão carimbada no neném de verde e sapatinhos vermelhos que não teve mais como mudar. Anna Vitória, no sofá entulhado, dormindo bem de boa e não dando a mínima para o que está acontecendo.

Rúvila foi a seguinte a ser escolhida no sofá, primeiro porque a expressão esmagada do bebê é muito engraçada (cara de 'que porra é essa', como disse Analu) e segundo porque eu achei que parecia com ela e quase que nem sei dizer exatamente o porquê. Mas olhando melhor, reparei: o macacão xadrez. Essa coisa meio indie. Parece que vai levantar a qualquer momento e sair saltitando pela rua. E eu não faço idéia se a Ruvis é baixinha ou não, só sei que aquele ali eu bati o olho e achei que parecia com ela. Com a cara assustada na foto, ela tá morrendo de medo do bebê do lado auto-intitulado Analu.

Gabi Petrucci foi de cara aquela primeira ali, meio torta-meio caindo, mas por um motivo especial: a cor do cabelo. Que eu vi, "pessoalmente", a foto dela por e-mail depois de ter pintado o cabelo anteontem com uma cor diferente da normal e, vendo ela chorando a respeito no twitter, eu quis ter fatos concretos pra argumentar sobre. Gabi, sua boba, ficou lindo! E eu não ia reclamar de ser chamada de Paramore, já que a vocalista além de ter um cabelo de cor muito legal ainda tem músicas ótimas!

Daí eu lembrei da Lilica, a única de todas as blogueiras que eu conheço pessoalmente e achei que ela também tinha que participar do sofá. Gente, a Lilica é pequenininha e o bebê respectivo é grande, mas foi escolhido pela expressão. Apesar de pequenininha, Lilica é brava, viu? Foi dela a idéia de esfaquear a menina que me chamou de tia no cinema! Mas gente, olha só que bebê fofo. Além de ser loirinho também igual à própria Lilica, ainda tem a roupinha mais meiga de todas, toda batinha com florzinhas azuis e calça combinando!

Tary, a próxima blogueira a ser escolhida no sofá de bebês, acabou sendo o de camisetinha vermelha só porque o neném é moreno, como ela. No fim das contas a Analu quando viu a minha escolha achou que parecia direitinho, fazendo biquinho e analisando a situação como um todo. E eu acho que esse bebê está é sofrendo, porque está do lado do outro que chora desesperadamente e ainda enfia o cotovelo sem dó nem piedade (a minha cara).

Nina, a pessoa séria que quando viu a gente brincando sobre a foto no twitter nos chamou de crianças mas reclamou por não estar na foto e quis ser incluída na brincadeira. A Analu já tinha dito que você é esse bebezão do meio, tá? Não adianta querer ser loira e Barbie, contente-se em ser um de nós. Bebezão sério do meio, no alto da maturidade e sem entender o que faz no meio das crianças, você, Nina, sem dúvida, parece com esse. O único que tem cabelos e veja bem minha gente, ela é modelo e usa não um macacãozinho, nem um vestidinho, nem um conjuntinho. Ela usa um cardigã, tá? Nina, o super bebê do meio, com cara de "quem são vocês? Eu escrevo crônicas legais e o Odilon Wagner lê meu blog."

E então, pra finalizar, os dois últimos bebês que sobraram foram os únicos que houve desentendimento entre eu (a criatura que achou essa foto bizarra no Google) e a Analu (a pessoa que quis nomear cada blogueira na foto bizarra). Analu achou de cara que a Gab tinha que ser a do chupetão no fundo e que a Rafaela podia ser a que come cabelo da ponta. Por outro lado eu já acho que a chupetinha é a cara da Rafa, que eu acho horrores que ela parece aquela menina bonitinha da novela das 7 e penso que quando ela era bebê devia ter sido assim desse tipo bebê Johnson: gordinha e de chupetão (eu também era, mas isso não vem ao caso agora). E a Gab, que eu só conheço por meia dúzia de fotos no Flickr, acho que é menorzinha, mais mignon, e que parece mais com o maluquinho pegando piolho ali na ponta. Duas Gabrielas juntas. E, sabem como é, o blog é meu, negócio aqui é do meu jeito, e foi assim que eu identifiquei as duas na foto (mas que fique claro que a Analu queria ao contrário!)

É isso gente. Oservações insanas e dedos na cara finalizados, o resultado do bagulho ficou isso aí. Qualquer dúvida ou sugestão, aguardo vocês na caixa de comentários. Para reclamações, o endereço respectivo é esse aqui e o número do SAC vocês perguntem lá pra ela, mas eu já sei que é um Tim, que faz ligações gratuitas para o Brasil todo - olha só que facilidade.


Obs: já fiz uma criança feliz. Agora posso ir para o céu em paz.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Sobre o sofá de 3 lugares

É uma coisa que eu não entendo o por quê da existência. Tudo bem que em jogos de sofás tradicionais você compre um de dois e um de três lugares. Tá certo que em algumas salas de casas amplas e com grandes paredes talvez fique bom no quesito decoração. Mas eu, cá comigo, simplesmente não acho legal. Não sei exatamente o que passa na cabeça das pessoas por aceitarem um trambolho de um sofá de 3 lugares no meio da sala. Eu explico:

Está lá, família toda, almoço de domingo à tarde. Hora da sesta, pessoal se entulha na sala. Pode reparar no próximo domingo quando você estiver na casa da sua avó: o último lugar a ser ocupado é exatamente o lugar do meio do sofá de 3 lugares. As pessoas vão sentando nos cantos dos sofás, nos braços, no chão. E o lugar do meio do sofá de 3 lugares é sempre o último a ser ocupado - quando é. E eu entendo que se não for uma criança ou um casal de namorados que precisa sentar grudado, é meio desagradável a gente sentar assim no meio do sofá. Sem ventilação. Sem braço pra encostar. Você nem pode pender pra um lado que encosta em alguém. Dependendo, se a sala tiver uma mesa de centro, você ainda tem que pedir licença para qualquer um de seus vizinhos de sofá para afastarem um pouco as pernas pra você passar. Sabe? É incômodo. É como sentar na lateral de uma mesa. Fatalmente você não vai conseguir sair se precisar ir ao banheiro no meio da refeição. Ou se tiver sede e a água estiver na geladeira da cozinha, lá longe. E se do seu lado sentou aquele seu tio que demora a terminar a refeição, esquece. Você tá ferrado e vai criar teias de aranha até que o tio levante pra você poder sair.

Eu sento nas cabeceiras da mesa. E não estou nem aí quando dizem que é lugar da pessoa mais velha. Sou mesmo, eu preciso me locomover quando quiser, eu digo. Nos sofás, sou muito mais à favor das solitárias poltronas. Eu moro sozinha, galera. Preciso da minha individualidade. Mas poltronas geralmente têm seus donos, e na casa dos outros eu acabo sentando em sofás de dois lugares mesmo. Pelo menos tem ventilação. Tem um braço do sofá para que eu possa encostar meu próprio braço. Tem logo ali do meu lado o fim do sofá para que eu possa ver o movimento.

Sofás de 3 lugares são incômodos. São um trambolho pra carregar e se tornam um trambolho também no quesito decoração, porque eu já cansei de ver sofás de 3 lugares onde não deveriam estar. No meio da sala. Fechando alguma porta. No meio do caminho. Sofás de três lugares são comprados por gente que gosta de dormir em sofás. E eu não pertenço a essa categoria pura e simplesmente porque eu acho que cama é um lugar muito mais confortável, já que minha posição preferida pra dormir é de bruços. E eu não gosto de dormir assim em público, na hora da sesta de domingo no meio da família, sabe? Mesmo porque eu acho desagradável você ter visita em casa e ficar lá esticadão no sofá de 3 lugares enquanto o resto da galera senta nas cadeiras de plástico que sobraram. Acho que é o mínimo da educação a sua bunda ocupar somente um lugar no sofá se você por acaso convidou mais pessoas para compartilhar da sua casa. Conclusão: um sofá de 3 lugares perde sua razão de ser. Porque apesar de você ter comprado um pensando em dormir nele, na hora da visita ninguém vai dormir ali. E enquanto as pessoas compartilham da sua linda companhia, ninguém vai sentar no lugar do meio do sofá de 3 lugares. Vai ter gente que vai preferir sentar na escada (tipo eu - escadas são confortáveis). No tapete. Na cadeira da sala de jantar.

Eu sinceramente não sei o que pensou a pessoa que inventou que um jogo de sofá deveria ser composto por um de dois e um de três lugares. Porque as pessoas não têm mais três filhos. O limite aqui são só dois. Então dois sofás de dois lugares seria o ideal. Claro, se seus filhos não se odiarem e precisarem do lugar do meio do de três lugares pra manter distância. Ou pra servir de mesa, pra você colocar a pizza.

Sofás de 3 lugares são inúteis. Deixam as pessoas entulhadas, umas em cima das outras, com falta de ar. E na minha casa, apesar de ter bastante espaço, vai haver só 2 sofás de 2 lugares. Assim, funcional. Vai custar mais caro? Não tem problema, eu pago pela funcionalidade e pelo meu bom gosto em ter dois sofás de dois lugares. Porque lugar de dormir é na cama. E eu não quero ninguém babando no meu sofá (vai dormir na tua casa!)


(Não preciso falar do meu asco a respeito de sofás de mais de 3 lugares, né? Aquela coisa horrorosa de canto. Ou preciso?)

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Obrigada, Elvis

Por ter balançado as cadeiras e feito o mundo ferver. Por ter chamado a atenção desse pessoal chato, sério e sem graça. Por toda a sua brilhantina no cabelo que fez a moda dos anos 70. Por ter dado coragem àquela banda dos 4 garotos e por terem sido vocês cinco os donos de tudo o que veio depois. Obrigada por ter feito essa sua expressão blasé que fez moda. Por ter pego esse instrumento disforme e cheio de cordas e ter feito acontecer. Obrigada por ter vindo ao mundo e ter feito a diferença. E por ser o pai que inspira seus filhos e netos e bisnetos do mundo da música pra sempre. No seu caso, obrigada por ter inspirado toda a boa música que veio depois. Porque até hoje as pessoas fazem música inspirada nas suas. Obrigada por esses seus versos rápidos e dançantes. E pelas calças pantalona. E pelas golas bizarras. E pela voz peculiar. E pelos olhos azuis. Obrigada por ter sido O REI (e aqui excluo todos os outros "reis". Nenhum se compara a você). Obrigada por ainda ser o artista detentor do maior número de hits nas paradas mundiais e por ainda ser o maior recordista mundial em venda de discos de todos os tempos. Obrigada por ter inventado o rock. E por fazer com que, ainda hoje, tudo o que seja boa música tenha a sua música como inspiração. E eu posso até admitir que você não é nem nunca foi dos meus músicos preferidos. Mas merece infinitamente o meu respeito por ter inventado o melhor estilo musical de todos os tempos. Feliz Dia Mundial do Rock, Elvis. Você, realmente, ainda não morreu.


terça-feira, 12 de julho de 2011

Sobre a tia Beth

Eu tenho somente 6 tias nessa vida. Tia Sandra, tia Solange, tia Lurdinha, tia Sissi, tia Ariane e tia Kelen, que apesar das mudanças da vida vai continuar sendo minha tia pra sempre. Reparem na frase que eu acabei de dizer e no título do post e assinalem o erro. Acontece que apesar de ter minha meia dúzia de tias, três porque casaram com meus tios e as três S de sangue, são todas tias minhas. Porque eu não sou desse tipo de gente que só chama de parente os que realmente têm o mesmo sangue. Não. Gente que casa com meu sangue é do sangue também, se fizer por merecer. Se me tratar como sobrinha. Se me amar como tem que ser. Se for igual à tia Lurdinha, que fizer almoço árabe pra mim (porque ela tem descendência libanesa) sempre que eu pedir. Ou como a tia Kelen, que não vai deixar nunca de ser minha tia, porque eu sempre vou lembrar de quando ela virava a esquina lááá longe da escola, com aquela cabeleira cacheada e ruiva, indo me buscar. E ela passava a tarde brincando de jogo da memória comigo. E apesar da descendência alemã, até esses dias fazia sopa de ervilha de aniversário pra mim. Ou como a tia Ariane, que é minha tia só há 1 ano (ou 2, não sei, eu tenho problema de memória pré-idosa) e apesar de ter ganhado todas as partidas de War e de eu ter expulsado ela de casa por isso em pleno Natal, ela é uma flor. E faz pizza pra mim.

Mas apesar de considerar total as semi-tias como tias verdadeiras, não é qualquer um que eu chamo de tia. Tem que ter todo um embasamento. Não é igual à tia da cantina, ou a tia Dores, motorista da perua escolar que eu esperei por tantos anos. Eu não sou de chamar ninguém de tia e talvez esses dois sejam os únicos exemplos que tive nessa vida sobre isso. Eu tenho amiga barbada, 30 anos nas costas, que chama a mãe das outras de tia. E então eu me pego aqui pensando como seria se, caso a minha mãe fosse uma pessoa sociável (eu tenho a quem puxar), se algum reles mortal chamasse ela de tia (porque ela só considera duas pessoas nessa vida como sobrinhos - e os sobrinhos do meu pai não contam), o tanto que ela ia fuzilar até que o indivíduo virasse pó bem diante de seus olhos. E não é nem pela posição "tia", não. É pela intimidade que a pessoa acha que tem quando diz isso. E eu nem julgo ela não, sabe. Não posso. Porque eu quis fatiar bem fininho a menina de 13 anos que me chamou de tia no dia que eu fui ver o Pânico 4 no cinema com a Lilica. Mas passada a época da cantina e da perua escolar, eu só chamo de tia quem realmente o é. Porque pra chamar as outras pessoas eu tenho outros meios, vide o gordinho da locadora. Ou o gordinho da pizzaria. Ou a robótica da avícola.


Tia Beth foi minha tia. Com os cabelos loiros e cacheadinhos, morava no apartamento simples com o marido e os três filhos. Do mais velho, fui madrinha de casamento. E ele foi meu melhor amigo por muitos anos. E junto com as duas mais novas, eram os três primos agregados mais primos que eu tive, muito próximo da minha relação com os meus próprios primos. No tempo em que foi minha tia, tia Beth arrumou a casa e comprou lindos sofás com tecido florido pra decorar a sala. E foi a tia Beth a única pessoa que leu minha coleção de livros preferida de todas, as Memórias de Cleópatra. Porque eu emprestei, e vocês sabem o quanto isso é difícil pra mim. Emprestei pra tia Sandra também, mas essa é sangue-muito-do-meu-sangue-e-somos-infinitamente-parecidas-de-corpo-e-alma e daí não doeu tanto emprestar. Mas pra tia Beth doeu. E ela me surpreendeu quando devolveu rápido e em perfeitas condições. Tia Beth ganhou minha admiração por isso. Mas não foi aí que ela me conquistou.

Um belo dia, tia Beth comprou um creme de leite fresco pra bater chantilly. E um pacote de suspiros. E uma caixa de morangos. E fez um dos doces mais saborosos de toda essa vida. E então eu fui apresentada ao merengue. Apresentada, coisa difícil. Porque a minha mãe e minhas avós são excelentes cozinheiras. Difícil coisa simples assim que eu ainda não tenha comido. Porque pato não é simples. E eu não pretendo comer pato nessa vida.

Negócio é que eu nunca tinha comido merengue. E quando a tia Beth fez pra mim, foi amor à primeira vista. Em grande parte pelo sabor do doce, mas muito mais por ela ter feito PRA MIM. Tia Beth foi ali minha tia também. Por seis longos anos. E em todo esse tempo eu não me lembro de ter tido um minuto sequer de impaciência com ela. Não me lembro de não ter gostado de alguma coisa que ela dizia. E de todas as casas de todas as tias agregadas que eu frequentava, era lá na casa da tia Beth que eu me sentia em casa. Quase como na casa das minhas próprias tias.

Todos os merengues que eu comi até hoje foi a tia Beth que fez. Porque eu não entendo o que é que acontece que apesar de ser um doce fácil de fazer, ninguém faz. Não vejo em restaurantes. Nem docerias. Eu nunca vi um merengue pra vender. Tia Beth me apresentou a um doce lindo, que vai ser o doce dela pra sempre.


Faz quase 7 anos que eu não vejo a tia Beth e muito provavelmente, nunca mais a verei na vida. Mas sexta-feira passada eu resolvi fazer o primeiro merengue da minha vida e por isso sonhei a noite anterior inteira com ela.


Tia Beth, eu nunca te esqueci. E o meu merengue nem de longe ficou tão maravilhoso quanto o seu.


PS: Boa tia é aquela que faz boa comida para os sobrinhos comerem. Lógico.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Sobre a Maldição da Internet

Quando eu era criança não existia internet. Nem rede social, nem computador. Nem nada parecido. O meio de comunicação em alta era o telefone e o motivo das grandes brigas nas casas era o valor da conta. Até na minha casa já chegou a acontecer. Comigo, que nem gosto de falar no telefone. Teve uma época lá que meu pai me encheu os pacovás porque eu falava muito com o namorado. Mas enfim.

Antigamente não tinha esse negócio de você abrir a página e ficar sabendo da vida das pessoas. Onde elas estão. Fazendo o que. Pensando o que. Comendo o que. Usando qual roupa. Sendo amigas de quem. Você simplesmente sabia das coisas porque o fulano contou pro beltrano que contou pro siclano que te ligou pra contar. E nem celular tinha, hein. A gente era obrigado a atender o telefone com fio na sala mesmo, no meio do almoço de domingo, com a família inteira ficando em silêncio pra ouvir o que você dizia e você lá toda sem graça respondendo "aham, ah é, talvez" quando o namorado no outro lado da linha dizia algo do tipo "quero você sem calcinha".

Os anos passavam, a gente mudava de classe na escola, gente entrava, gente saía. E nunca mais se tinha contato. "Dizem que fulano morreu, você viu?" Não, não vi. E até hoje não sei se é verdade. Porque o diz-que-me-diz era meio vago, a gente nunca podia acreditar plenamente. O que eu sei é que o tempo passou e eu perdi contato com as pessoas. Pessoas mudaram de casa e de número de telefone. E eu nunca mais as vi.

Eu posso me dar ao luxo de dizer que não lembro de mais de 10% das pessoas que passaram na minha vida. Lembro sequer das melhores amigas de infância. Justamente porque, naquela época, as melhores amigas de infância mudavam conforme os anos na escola. Ano novo, classes separadas? A falta de contato fazia com que as melhores amigas também fossem trocadas. E então, vinda eu de uma época em que o contato com as pessoas era restrito, hoje me pego aqui pensando se aquela moça da academia talvez não tenha estudado comigo no colégio. Ou pensando quem será que é aquela menina que encontro na fila da eleição, com rosto tão familiar. Ou aceitando convites de pessoas no Facebook que eu não faço a mínima idéia de quem sejam, mas que têm os mesmos amigos que eu e que estão, inclusive, lá na página da mesma desconhecida não só aceitando a amizade de bom grado, mas também deixando mensagens como "é uma imensa alegria te ver por aqui, estou morrendo de saudades". Ok, eu também aceitei. Se a minha amiga está morrendo de saudades daquela pessoa, é sinal de que ela também existiu na minha vida. Melhor aceitar então. Mesmo que eu não faça a mínima idéia de quem seja.

Hoje as pessoas da minha época se reencontram nas redes sociais. Depois de 10, 20 anos. E a gente (eu) não sabe mais como eram os relacionamentos passados. Eu sinceramente esqueço se eu gostava ou não gostava daquela pessoa. Se eu mal lembro da pessoa, imagine se vou lembrar o que eu achava ou deixava de achar a respeito dela. Esqueço das coisas que me faziam simpatizar ou não por ela. Esqueço, e daí de repente as pessoas se reencontram e eu só penso 'ah é, estudei junto, é boa gente então'. Mas não. No fundo no fundo, eu sei quem mais ou menos eu gostava ou deixava de gostar, mas por pura intuição. Eu lembro somente de coisas vagas, que aquele era o cdf que sentava na primeira cadeira e levava os livros da professora. E que aquela era O bullying da escola e que, veja bem, hoje é instrutora de academia e cheia de amigos.

Hoje as pessoas daquela época se reencontram e é necessário viver mais um tempo compartilhando momentos pra lembrarmos exatamente o que sentíamos por esse ou aquele. Saímos juntos um tempo pra lembrar que ah ta, aquele cara ali que eu beijei no Natal e que depois disso simplesmente me bloqueou no msn e vira a cara pra mim na rua (não fui eu não, é só um exemplo REAL, porém não meu - pq eu escovo os dentes! HAHAHA melhor parar senão recebo carta com anthrax) realmente há 20 anos atrás era um nerd que tremia nas bases em momentos que não devia e por isso lá, antigamente, eu já tinha decidido que não tinha motivos para manter amizade. Saímos juntos para lembrar que aquele cara insignificante e a gente só lembra o nome até hoje porque tinha outro na classe com o mesmo nome e era necessário dizer o sobrenome pra diferenciar, na verdade era insignificante porque só fazia amigos quando lhe convinha, visto que foi necessário um tempo razoável de reaproximação e conversas inapropriadas e divertidas que foram simplesmente deixadas de lado quando ele simplesmente achou que devia e você ficou no vácuo. Ou aquela menina feia e com o cabelo feio, que um dia chegou razoavelmente apresentável e simpática e todo mundo só lembrou pra comentar do choque de transformação, mas que depois de um tempo simplesmente acabou a conversa e os novos-velhos-amigos lembraram que ah, verdade. Há 20 anos atrás ela não era só feia e com o cabelo feio. Era desinteressante também.


Hoje não dá pra esquecer das pessoas. Hoje todo mundo é conectado na internet. Hoje todo mundo está dizendo como está, com quem está, comendo o que, fazendo o que, assistindo qual filme, fazendo sexo com quem, xingando o chefe de que e com a unha de qual cor. Hoje eu consigo saber da vida dos meus 179 "amigos" do Facebook ao mesmo tempo. Mais 173 no Orkut. Hoje ninguém pode se dar ao luxo de esquecer de alguém. De não lembrar o nome de alguém. De não saber da onde conhece. De saber o nome e não conseguir ligar à pessoa. De não ter mais notícias. Daí você, pessoa chata de plantão, vai me dizer: saia das redes sociais! Desligue esse computador! Delete esse twitter! Desinstale esse Instagram do seu iPhone! E aí, meu filho, eu vou te responder que eu vou chegar domingo pra almoçar na casa da minha mãe e meu pai vai me dizer "Você viu as fotos que a fulana postou? Nossa, tá gorda/magra/velha/feia!" E eu juro que estou aqui dizendo o exemplo MÍNIMO do fato, visto que meus pais entendem de internet tal qual eu entendo de mecânica. Imagine o tanto de informações que as pessoas integrantes de todas as redes sociais e com 600 amigos em cada uma têm pra te contar a respeito dos contatos dela que você também conhece.

Então eu fico aqui pensando, sabe. Já pensou essas criancinhas que estão começando a vida escolar agora? O tanto de contatos no Facebook que vão acumular durante uma vida? O tanto de gente presente e viva e divulgando sua própria vida pra quem quiser ver? O tanto de sufoco de informações que isso vai causar um dia? É, porque daqui 30 anos as crianças de hoje saberão exatamente quem era amigo no passado e quem não era. E saberão exatamente quem é aquela pessoa que passa ali na rua e que estudou com ela há 20 anos atrás e sabe, inclusive, até o que a pessoa comeu ontem. Daqui 30 anos as crianças de hoje não precisarão mais reencontrar os amigos de escola. Pra reviver os momentos. Pra beijar tardiamente quem queria antes e não tinha conseguido. Pra ter a surpresa de ver que nossa, aquela mina com cabelo capacete hoje descobriu que existe chapinha. Ou perguntar pra alguém "o que foi que houve exatamente com você nesses 15 anos que te transformaram de um cara divertido e popular nessa pessoa confusa e que sai pregando sua religião PRA MIM, que odeio isso??"

Não haverá emoções de reencontros. Não haverá surpresas de 'nossa, você emagreceu/pintou o cabelo/teve 5 filhos um de cada pai!'. Não. A internet está aí todos os dias. Pra fazer a gente lembrar de cada um. Pra acompanhar a vida e os pensamentos de cada conhecido. E pra gente ter certeza e nenhuma dúvida que é. Eu convivi mesmo com esse bando de gente chata, e a cada dia que passa eles ficam mais chatos. Ai que tédio.