





Oitavo dia 09/05 - sábado:
Daí que levantamos de manhã com a maior vontade de chorar que você pode imaginar. O dia estava lindo e é horrível mesmo se despedir de um lugar como Natal. Enquanto a amiga pré-arrumava a mala dela (porque eu já tinha feito isso na noite anterior), fui molhar meus pezinhos na água quentinha do mar. Na volta, enfiamos os biquínis e fomos tomar café.
Enquanto eu saboreava a minha última tapioca, a amiga tirava fotos de todos os cantos do hotel. E então eu decidi que passaria minhas últimas horas de Natal dentro do mar. Peguei minha máquina e fui. Sozinha, eu e o mar, o mar e eu. E o salva vidas que me olhava de longe. Uma hora me trouxe guarda-sol e espreguiçadeira, para que eu ficasse mais confortável. Fofos esses natalenses.
Me despedindo do mar e tentando pegar uma cor mais uniforme (porque nas costas só a bunda tava bronzeada - resultado do mergulho), passei a manhã lá sozinha. A amiga ficou com Álvaro e Carol no bar molhado e piscinas do hotel. Fiquei na praia até que eles fossem me buscar, pensando se eu não teria suicidado pra não ter que voltar pra casa. Não, eu ainda estava viva. Passei mais poucas horas na piscina e quando deu 11h fui dar meu último mergulho no mar de Natal. Banho, fim de arrumação de malas, almoço pelo nariz e fechamento da conta do hotel. O translado de Álvaro e Carol chegou antes do nosso, e nós na correria ainda achamos que nos encontraríamos no aeroporto, o que não aconteceu. Nem nos despedimos. O fim da viagem foi angustiante. Demora para chegarmos no aeroporto, demora para chegar o horário do vôo, nós novamente não conseguimos sentar na janelinha, eu saí tirando uma menina da cadeira pq eu estava crente que ela estava sentada no meu lugar, mas não estava.
Um sanduíche de queijo com mato no avião (pelo menos foi melhor que o da viagem de ída), e a monotonia que me fazia não ver a hora de chegar em casa. No fim da tarde o piloto nos disse para olhar para as janelinhas, porque havia um lindo pôr do sol em tons de vermelho, amarelo e laranja do lado direito do avião, e um lindo anoitecer, com lua cheia e estrelas do lado esquerdo. Tudo ao mesmo tempo. "Obra de Deus", dizia ele. Devia ser mesmo. Tudo obra de Deus, menos o meu ódio mortal por não conseguir olhar para nenhum dos dois lados. Porque é o cúmulo do absurdo quem senta na janelinha e fecha. Ou quem dorme. Ou quem enfia a cara e não deixa o pobre ser que sentou no corredor olhar. Inferno.
Cheguei irritada. Apreensiva por uma leve turbulência já em São Paulo. Pô, tanto lugar legal pra cair o avião e eu morrer, vou morrer logo em casa? Enfim, pousamos. E o piloto achando que tava pousando um aviãozinho de brinquedo, porque fez igual a bunda dele. Então eu achei que morreríamos como o avião que não parou, em Congonhas, dia desses. Estatelou do outro lado da rua. Mas foi tudo bem. Até a hora de resgatar a minha mala.
Porque na ída eu via as pessoas com malas de oncinha, lenços de cores vivas amarrados... eu, pessoa lerda que sou, nem pensei nos motivos. Mas naquela hora eu processei. Todo ser que pegava uma mala vermelha da esteira, colocava no caminho e ía embora, me dava pânico de pensar que aquela mala era parecida com a minha. E eu não tinha nenhum adicional para diferenciá-la, nem poderia culpar a criatura que tivesse levado. Justo na volta que eu achei que não seria necessário colocar cadeado no zíper. Na ída, que eu coloquei, nada aconteceu. Na eternidade do momento em que eu esperava a minha mala e ela não vinha nunca eu pensava na surpresa de quem chegasse em casa e, na hora de abrir a mala, desse de cara com as minhas calcinhas. Enfim, ela chegou (e quando cheguei em casa também enchi de frufrus para não passar esse perrengue da próxima vez). E nós fomos, no frio, na chuva, no vento (yes, cheguei na minha terra) atrás de estacionamento, carro, trânsito, casa.
E aí o fim da viagem é sempre aquela coisa de desfazer malas, lavar roupa, passar roupa, trabalhar na segunda-feira. Mas essa parte vocês já sabem, né? Ok, eu pulo então.
Assim acabou a minha SUPER viagem à Natal. Voltemos à programação normal do blog.
:: Postado por Rê às 08h33
agora vc ja sabe pq da cafonice nas malas... a gente sempre aprende... bem vinda a vida normal!... rs
beijo
Mågö Mër£îm†™ | Homepage | 06.05.09 - 6:02 pm
aah, natal *-*
morro de vontade de conhecer
:*
Lud | Homepage | 06.05.09 - 2:59 pm
Voltei, lindona!
Beijão!
danny | Homepage | 06.04.09 - 11:50 pm
Aii voltar sempre da uma nostalgia, uma dor de deixar o lugar... Eu aqui que nem fui a Natal, fiquei nostalgica rsrs
Beijos
Jana | Homepage | 06.04.09 - 2:24 pm
A volta é sempre um saco porque estamos nos despedindo de um lugar que não sabemos se vamos voltar a visitar algum dia, né. Quando voltei de Maceió, o vôo atrasou 3 horas e, detalhe, era de madrugada! Eu odeio a janelinha (medo!) então se a gente for viajar juntas alguma vez eu cedo o meu lugar pra vc ok! Rsrsrsrsrs!
Beijos
Lilica | Homepage | 06.04.09 - 2:01 pm
Sétimo dia 08/05 - sexta:
Era 5h da manhã e a amiga roncava alto. Entre jogar ela da janela e levantar para ver o nascer do sol, escolhi a primeira opção. É, eu sou sempre zen quando viajo. Tirei fotos, voltei para chamar a amiga para o café da manhã, comi a minha cota matinal de tapiocas (deliciosas!) e fomos para o passeio do dia: João Pessoa.
Se você não cabulou aula na quarta série do ensino fundamental e como eu teve que decorar Estados e capitais, sabe que João Pessoa é a capital da Paraíba. Eu estava em Natal, capital do Estado do Rio Grande do Norte. Paraíba é o Estado vizinho, pertinho. Duas horas e meia de ônibus para chegar lá. Estávamos ansiosas para conhecer mais um Estado desse Brasil lindo (porque eu sou super patriota).
Daí que a minha lista de Brasil conhecido agora é
(além de São Paulo, minha cidade natal):
São Lourenço/Soledade/Caxambu – Minas Gerais – desde 1991, todo ano vou pra lá.
Londrina – Paraná – 1994
Porto Seguro – Bahia – 1997
Niterói – Rio de Janeiro – 2007
Natal/Galinhos – Rio Grande do Norte – 2009
João Pessoa – Paraíba – 2009
(faltam só mais 20 Estados do meu país para conhecer.. rs - tirando o Acre, que lá só deve ter mosquito vitaminado - aqueles que não adianta usar repelente - e jacaré. Isso SE o Acre realmente existir, se não for lenda, né.)
Então que pelo menos ali por onde passamos, às margens da rodovia BR101 (que começa lá no Rio Grande do Sul – bem mais perto aqui de casa, lá perto da casa da Jana – e termina lá no Rio Grande do Norte, onde eu estava), também tem muito verde. Muita árvore, muito mato. Mas João Pessoa, mesmo sendo a capital do Estado, me pareceu assim um Largo da Batata. Oi? Não conhece o Largo da Batata? Ah, é um lugar aqui no bairro de Pinheiros, onde se concentram terminais de ônibus que saem da capital de São Paulo toda. Mas não é isso que se parece João Pessoa. Parece porque no Largo da Batata só tem sobrados, embaixo com comércios variados – de material de construção a salões de beleza passando por açougues – e em cima com... bom... casas de divertimento com luz vermelha. Não menosprezando o Estado alheio (eu nem sei se lá tem prostíbulo), digo assim na disposição das construções, sabe? Tudo muito juntinho, apertadinho, obras que crescem pra cima porque para o lado não cabe. Muito camelô. Enfim,
não dá pra dizer que é só preconceito que o pessoal do sudeste tem com a Paraíba e seus habitantes. Pelo menos João Pessoa não me pareceu bonito. O que exclui totalmente a praia.
Sei que depois de ficarmos sentados 2h30 no ônibus esperando chegar e morrendo com o ar condicionado alto demais (as toalhas quentinhas do hotel me serviram de cobertor nesse momento, mas mesmo assim fiquei resfriada) e com Janaína revesando entre “um filme lindo, hein? Quero ver todo mundo prestando atenção e chorando no final” e dvds de clipes musicais ótimos (piratões da Paraíba, lógico) chegamos. Depois de tentarmos tirar fotos do ônibus que comprovassem que estivemos na Paraíba, descemos e fomos visitar o maior monumento em estilo barroco da América Latina (e aí, cabulou as aulas de literatura?). Igreja de São Francisco/Convento de Santo Antônio. Eu que gosto bastante de museus e arquitetura, me deliciei. Várias fotos lindas. Azulejos portugueses originais, altares banhados a ouro, chão de pedras dos anos de 1500. Lindo. Ficamos um tempo lá, eu e Carol compramos toda a lojinha de rosários do lugar e entramos novamente no ônibus, para fazer parada logo depois. A amiga, dormindo, não quis descer. Peguei a máquina nova dela e fui pra galera.
Daí que chegando no farol eu estava meio sem entender o início da coisa (porque eu cabulei algumas aulas de história na escola – coisa chata). Mas Janaína tinha nos orientado a tirar fotos de lá pra comprovarmos que estivemos em um lugar importante. Então li lá. Ponta do Seixas. E aí, assistiu essa aula? Eu facilito a sua vida: “Ponta do Seixas é o ponto mais oriental do Brasil e da América Continental, localizado em João Pessoa, capital da Paraíba. Fica bem na Praia do Seixas, à catorze quilômetros do centro da cidade. Dos pontos extremos brasileiros, a Ponta do Seixas é o único que é ao mesmo tempo extremo do país e do continente.” Foi? É a curvinha do Brasil, minha gente! O ponto mais próximo da África! Daí caiu a ficha e eu fiquei emocionada. Eu também preciso ir ao Chuí!
Sei que de lá de cima a gente via a Ponta do Seixas lá embaixo. E ao contrário do que eu disse sobre a cidade de João Pessoa, digo agora: a praia é uma coisa linda. Nem na Paraíba a costa brasileira é feia, minha gente! A água tem tons de azul e verde, nenhuma ilha à vista. Lindo mesmo, de morrer. E olha que tava armando a maior chuva! Tirei várias fotos do lugar pra provar que EU ESTIVE MAIS PERTO DA ÁFRICA e voltei. Mais alguns passeios de ônibus pela costa, eu pensando que a Paraíba também era legal, e a nossa parada para o almoço.
Aí que o restaurante chamava “não-sei-o-que Palace”, nesse momento chovia e a gente entrou meio que correndo. E apesar da fila gigantesca pela refeição (achei que o ambiente não tinha layout compatível com o número de pessoas que o freqüentavam) o povo achou que a comida era boa. E eu tava verde. Já tinha enjoado na viagem de ida, ainda me enfiam lá num restaurante na Paraíba. Adivinha o prato principal. Buchada de bode. Não, nunca comi. Muito menos dessa vez. Muito menos na Paraíba. Mas o cheiro do negócio impregnava no ambiente (o meu olfato é muito bom) e eu que já estava listrada e de bolinhas por causa da viagem demorada, foi sentir o cheiro e quase morrer. O povo se entupiu de comer, tudo e mais alguma coisa (bando de estômago de avestruz, se tivesse despertador pra eles comerem tinha ido), mas eu consegui garimpar salada de couve-flor com batata frita e farofa. E o povo falando do torresmo, da feijoada, da lingüiça. Oi? Neta de mineira? Meu bem, eu como torresmo em Minas, aquela coisa sequinha e cheia de carne, cada pedação enorme e suculento. Você vem me falar de torresmo da Paraíba? Pelamordedeus. O negócio tinha 2 cm, cheio de gordura e encharcado! Perdão aê, mas até hoje eu acho que Minas Gerais é o Estado da comida boa e, por enquanto, essa opinião ninguém me tira. Enfiei a batata frita com farofa goela abaixo e fomos embora fazer compras no Mercado de Artesanato Paraibano. O que? Mais compras? Lógico! Eu tava na Paraíba, ía trazer pra casa nem que fosse um ímã de geladeira escrito “estive na Paraíba e lembrei de você”!
Então fomos nós para os finalmentes do passeio na Paraíba. A famosa Praia do Jacaré. Famosa porque um dia lá tava tendo o pôr-do-sol (não é bem uma praia, é como o braço de um rio, onde o sol se põe bem de frente para a margem) e aí tinha uma música tocando no rádio, quando de repente tocou aquela clássica, Bolero, de Ravel. E aí então todo mundo parou de fazer o que estavam fazendo, olharam para o sol e ficaram todos meio que anestesiados, ouvindo a música e assistindo o pôr-do-sol. É. E o dono do bar percebeu que poderia ganhar uma grana preta tocando a música todos os finais de tarde e aí foi isso.
Quando eu ouvi essa história achei meio que não ía colar nesse coraçãozinho de Grinch. Essa coisa de sacada de marketing tem que ser boa para me envolver. E o pior que é. Sei que eu tava sentada lá, no barzinho que fizeram na beira da praia, e me irritei com a população que não parava quieta e queria levantar-tirar foto-sentar. Então saí de lá e fui ficar em pé fora do bar mesmo, afinal se o sol nasce para todos, se põe para todos também, você estando ou não dentro do bar cheio de gente e mesinhas que pagou 3 reais e 50 pra ficar. Fui lá fora. E pôr-do-sol é aquela coisa linda de morrer mesmo, né? Eu estava lá toda emocionada assistindo sozinha na paz de estar comigo mesma, quando saiu o cara de dentro do bar tocando saxofone. Foi. A sacada de marketing do dono do bar inclui um saxofonista local que toca a mesma música, passa pelo bar, entra em uma canoa na praia e dá voltas pelos bares por ali, sempre tocando a música enquanto todos assistem ao pôr-do-sol. E eu te digo: é realmente anestesiante.
Aí que o cara toca a música e sai. E continuamos lá assistindo o sol se pôr, até chegar 18h em ponto, quando entra em cena uma moça bonita, moradora local também, que toca ao vivo Ave Maria no violino. Aí eu desabei. Aí a música entrou fundo na alma e eu pensei que a minha viagem estava acabando. Mas que foi realmente proporcionada por Deus. Em uma hora que eu não esperava, mas precisava muito. Um sonho esquecido realizado. Tudo deu certo, tudo saiu lindo. Eu aproveitei demais. E vou me lembrar daqueles dias pra sempre. E me lembrei de agradecer.
>continua...
Postado por Rê às 09h37
Sexto dia 07/05 - quinta:
De acordo com os passeios que havíamos contratado com Janaína (e nossos planos iniciais), já teríamos terminado de conhecer Natal e a partir desse dia só aproveitaríamos o ótimo hotel. Não foi o que aconteceu, porque eu já tinha pesquisado tudo na internet antes de irmos, e li que Galinhos, uma cidade do Rio Grande do Norte próxima de Natal, era lindo. E Janaína só confirmou minha suspeita, dizendo que era o lugar mais lindo do Estado dela, e que Galinhos apareceria no Fantástico no mês que vem, em uma nova série chamada Paraísos Esquecidos. Nos contou que Alexandre Garcia pousou de helicóptero no meio da ilha e fez leve alvoroço na população humilde do lugar.
Acréscimo no pagamento e no pacote de passeios, esse era o dia de Galinhos e eu estava ansiosa. O dia amanheceu lindo e eu saí animadíssima do hotel, depois de ter feito amizade com o garçom do restaurante e ter conseguido duas tapiocas quentinhas e feitas na hora antes do horário em que a moça da chapa chegaria. Feliz da vida (e com meu biquíni mais bonito), entrei no ônibus a caminho de Galinhos. Pouco mais de uma hora de viagem de ônibus, chegamos em Galos e pegamos um barco no rio Pratagy, onde mais pra frente pudemos ver a Salina Diamante Branco. O sal é retirado do fundo do rio e processado em pedaços menores. Grande parte dele é exportado para os Estados Unidos e colocado por cima da neve nas ruas, para derretê-las. E o que sobra é exportado para países menores ou utilizado dentro do Brasil mesmo como sal grosso, refinado em outros lugares. No barco tinha um balde cheio do sal, que eu não resisti e dei uma lambida (imagina se a pessoa que come sabonete de macadâmia não ía dar uma lambida no sal) porque pareciam pedras ou gelo, tudo menos sal. E confesso: era mesmo bem salgado. Tratei foi de pegar uma garrafa plástica e encher de sal grosso pra trazer pra casa. Assim, purinho, tirado direto do fundo do rio, deve funcionar bem mais do que o que a gente compra no mercado. Contra inveja deve ser tiro e queda!
Depois de várias fotos das salinas (montanhas imensas de sal, muito sal, bem branquinho), chegamos na Praia do Capim, que de praia não tem nada. Um braço do rio que encontra com as dunas. À primeira vista um grande manguezal. Mas o melhor estava por vir: devido à alta salinidade da água, torna-se mais densa que o nosso corpo. Conclusão: o braço do rio tinha por volta de 4 metros de profundidade, e vc podia ir ficar lá no meio que não afundava. Paraíso dos “não-sei-nadar”, você consegue ficar completamente parado no meio da água sem dar pé e sem noção nenhuma de profundidade. Você não afunda. Superlegal. Ainda mais depois de termos percorrido três dunas (sobe duna, desce duna, sobe duna, desce duna, sobe duna, desce duna) até a praia de Galos, lindíssima, mas imprópria: muitos arrecifes na beirada. Só olhamos de cima da duna, tiramos fotos e voltamos. O que? Foi fácil? Imagina você lá, calorzão, na duna, digamos que você tenha optado por ter deixado a bolsa no barco (afinal subir e descer três dunas não é nada fácil) e ter ido somente de chinelos (porque duna queima o pé, tá?) e máquina fotográfica. Aí no fim da primeira duna você repara que o calor é quase que insuportável (em maio, imagina no verão!) e que você, pessoa branca, já cheia de sardas por ter tomado sol demais, última “passação” de protetor solar vencida, vento dos infernos, cabelo voando, vc tentando amarrar, e suor que escorre, e vc não consegue abrir o olho direito porque além de ter deixado o óculos na bolsa, o sol bate na duna e reflete em dobro no rosto das pessoas. Tá fácil pra você agora?
Daí que eu, com toda essa situação, fui lá sobe duna – desce duna – sobe duna – desce duna – sobe duna – desce duna – oi, mar! Lindão hein? Então tá, tchau. – sobe duna – desce duna – sobe duna – desce duna – sobe duna – desce duna. Eu quando me vi na praia do capim, na água morninha, no lugar que eu bóio e não preciso me cansar nadando....... me enfiei na água escura de biquíni branco e tudo, sem nem pensar no amanhã. Coisa boa. Estiquei lá e achei o cúmulo quando quiseram entrar no barco e ir pra outro lugar. De volta a Galos, almoçamos no restaurante da Dona Irene, o que foi um dos meus melhores almoços da viagem, só por um motivo: tinha arroz e feijão. É, porque eu não vi feijão em lugar nenhum desse nordeste, só lá. E a minha tia que foi pra Fortaleza falou o mesmo. Oi? Feijão tá em falta? Eu sinceramente não como feijão fora de casa, mas em dívida com meu estômago, feijão com arroz e salada era tudo o que eu queria. Comi muito bem e achando que o dia estava realmente sendo ótimo.
De pança cheia, todos no barco novamente rumo a Galinhos. Dessa vez eu sentei lá na proa e vi tudo como se deve ver. Assim que chegamos à ilha, várias carroças esperando por nós. Galinhos não possui nenhum carro. E ninguém consegue chegar lá usando um, porque é uma ilha. Então o meio de transporte deles é carroça, todas puxadas por mulas.
Eu nem tinha descido do barco ainda, olhei as mulas e tive dó. Eu, amiga, Carol e Álvaro, todos levemente gordinhos. Mula, coitada de você. Eu não sabía bem se ria ou chorava da situação, mas na falta de opção sentei lá na mula e rezei pra Deus fazer com que a próxima encarnação dela fosse mais feliz. Nossa mulinha chamava-se Jasmine (tinha também o Popeye, Ayrton Senna, Schumacher – que apostavam corrida - e vários outros nomes divertidos), e o passeio pelas praias de Galinhos foi ótimo. Até chegarmos ao paraíso. Sério, paraíso, não tem outra palavra fora essa que expresse. PA-RA-Í-SO. O paraíso se chama Praia do Farol, em Galinhos. Sabe? Tou sem palavras. Você me entende? Então, é isso aí. Eu pensei seriamente em comprar uma daquelas casinhas de palha ali da beirada e viver de olhar praquele lugar. Pensei umas dez vezes. Deus do céu, que vontade de ser nordestina de Galinhos! Bom, o fato é que o lugar é divino. Valeu cada centavo gasto. E valeu tudo o que viria depois.
Anestesiada depois das poucas horas no paraíso, saí quase chorando do lugar. Sabe criança que faz manha no mercado que quer porque quer alguma coisa? Então. Sentamos nós levemente emburrados por ser a volta na carroça e viemos. Estávamos os quatro mais o condutor da carroça pensando cada um na sua vida, Jasmine sofrendo horrores na vida dela que Deus lhe deu... até passar uma carroça do lado e o menino dizer “ô, fulano, seu pneu furou!”. Bem que eu vi que Jasmine estava mesmo morrendo mais que o normal minutos antes. O menino, preocupado, saiu da carroça e foi a pé incentivando Jasmine a continuar. Pediu pra amiga mudar de lugar no banco para que o peso pendesse mais para o pneu cheio. Eu, Álvaro e Carol no banco de trás sem saber se a gente ria ou chorava. Optamos por rir. Cinco minutos nessa situação, Jasmine quase parando de cansada, o menino da carroça desesperado começou a empurrar, Jasmine puxando, o menino empurrando, a gente em cima rindo, até que vimos que o outro pneu também estava murchando e eu e Carol fomos ouvidas: vamos descer! O sofrimento era demais, Carol empurrou o recém-marido pra fora da carroça e o dono de Jasmine deu graças à Deus por ainda termos cérebro. Mas só Álvaro fora da carroça ainda não surtia o efeito suficiente, resolvemos Carol e eu descer também.
Pausa. Abre parênteses. Oi? Sou pata. Sabe, pata? Eu vou, faço, pulo, subo, desço, me aventuro. Mas sou pata. Pata que escorrega nas pedras da praia e fica todo mundo desesperado porque eu vou cair lá embaixo e morrer. Pata que subo na árvore e justo no meu galho tem uma cobra e fica todo mundo desesperado que ela vai me morder e eu vou morrer. Pata que fica por último, sã e salva, no jogo de queimada da escola, única e vitalícia ganhadora, que pra vingar o céu a criatura vai lá e me queima. Bolada na cara. Eu no chão. Morri. Pata que faz defesa excelente no time de futebol da escola, não passa ninguém. Nem o único menino que tapava buraco no time. Me deu uma cabeçada na sobrancelha que inchou tudo e cheguei em casa com o olho roxo e inchado e minha mãe achando que eu me meti em briga na escola. Eu? Santa? Briga? Nada, foi só a minha defesa espetacular! Até hoje o meu osso - esse que fica embaixo da sobrancelha - é diferente, de um lado e do outro. Pata que brinca de balança-caixão na rede na casa da avó e cai de cara no chão. Pata-mirim que resolve se aventurar na escada com carpete verde na casa da tia e termina no chão e com os únicos dois dentes de leite quebrados. Pata que se enrola na corda de pular. Pata que joga Super Bonder no olho. Pata que enfia o dedo na comida do cachorro e depois não sabe por que leva mordida e sai com o braço pingando sangue. Fecha parênteses.
Esse é o perfil da pessoa que ficou com pena da mulinha e foi descer da carroça. Se o Álvaro pode descer com a carroça andando, eu também posso. Levando em consideração que era fácil e que a carroça estava a 5km/h, fui.
Oi.
Eu só posso dizer que escorreguei. Sei lá, muita perna. Sei que eu coloquei uma perna pra fora, não foi no lugar certo, e antes que eu pusesse pôr a outra, o pneu cheio me levou, escorreguei, caí estatalada feito abacate podre na areia do paraíso e a roda da carroça passou em cima da minha perna. E então naqueles milésimos de segundo que se passaram, enquanto eu sentia a carroça passando em mim, eu pensava. Pensava que pelo menos tava morrendo no paraíso. Pensava que tinha tido uma premonição, quando na ída perguntei ao menino da carroça se eles tinham hospital. Pensava que meu objetivo era descer da carroça e que eu tinha alcançado com sucesso. Pensava que ainda bem que fiz amizade com o casal em lua-de-mel e que os dois eram médicos e que agora o problema era deles. Estava eu, estatalada na areia quente, bolsa pra cima, canga pra um lado, óculos para o outro, máquina fotográfica para outro, de olhos fechados, pensando assim na vida quando apurei os ouvidos e me dei conta do ambiente. Álvaro, desesperado, em volta de mim e gritando meu nome junto com o coitado do condutor da carroça que deveria estar pensando que eu talvez acabasse com seu casamento no próximo sábado (é, ele ía casar) se caso morresse ali e ele tivesse que dar explicações. Carol não sabía se ficava na carroça ou descia pra acudir a defunta na areia. E a amiga. Amigos são realmente o que a gente tem de divertido nessa vida. Porque ela gritava desesperadamente. Não por mim, mas porque quando descemos da carroça, Jasmine se vendo livre de tanto sofrimento continuou sozinha e desesperada o caminho, antes que pudéssemos subir novamente. É, sem condutor. Deu pinote e saiu correndo. Com a amiga dentro. A pessoa gritava de tal maneira de desespero que eu tive que ressuscitar pra rir. E gargalhava. Amiga gritava e Carol gritava atrás "Segura o arreio!!!" "Que arreio????" Agora, aqui, tanto tempo depois, só de lembrar eu começo a rir. Porque naquele momento era tudo o que eu conseguia fazer. Foi realmente muito engraçado. Abri os olhos e vi o povo. Álvaro perguntando se estava tudo bem, o menino da carroça vendo que eu tava viva e dando no pé pra pegar Jasmine lá na frente, Carol gritando pra amiga pegar o arreio e vindo ver se estava tudo certo comigo, e a amiga gritando desesperadamente como se não houvesse amanhã dentro da carroça.
Sei que o menino foi embora com Jasmine, carroça e amiga, até perder de vista, e ficamos lá. Eu e o casal. Não, não quebrei nada. Levantei e saí andando. E rindo. E fomos andando, os três perdidos, no meio do nada do paraíso, sol, céu e mar, tudo muito lindo, e nós sem sabermos pra onde ir, gargalhando feito bêbados pelas ruas, Carol só de biquíni e Álvaro só de toalha, porque a bolsa com as roupas deles tinha ficado na carroça. Três doidos pelas ruas desconhecidas de Galinhos dando boa tarde para as criancinhas e rindo feito doidos da situação. Todo casal tem algum perrengue na lua-de-mel. Minha mãe passou a dela vomitando, meu pai no banheiro. A mãe de Carol fez xixi na cama. E, pensando por esse lado, veja só que honra: faço parte da lua-de-mel com emoção de Álvaro e Carol. Estarei na história deles pra sempre, que vão contar para filhos, netos, bisnetos. Eu. Pessoa que foi atropelada pela carroça. Lindo.
Por Deus conseguimos chegar no lugar das carroças e ainda tivemos que pagar o passeio. Cinco reais pra cada um. Por um lado achamos injustiça por todo o ocorrido, por outro ficamos com dó do menino que teve prejuízo com o pneu por nossa culpa. Pagamos e voltamos ao barco para ir para o hotel.
Sei que a aventura me causou roxos e arranhões nas duas pernas, mas nada mais que isso, felizmente. Foi sorte de pata, só pode ser. E assim que nos encontramos de banho tomado e feridas cuidadas, combinamos eu e a amiga de sairmos para jantar com o casal. O restaurante escolhido foi o Camarões, mais famoso de lá. Cardápio com camarão frito, camarão cozido, camarão ensopado, camarão na manteiga, espetinho de camarão, camarão assado, suco de camarão e sorvete de camarão. E eu não como camarão. Pedi salmão com legumes à juliana. E tava realmente muito bom.
De volta ao hotel, a aventura da noite (além da briga da amiga com Janaína para que ela nos encaixasse desesperadamente no passeio do dia seguinte porque não queríamos ficar o último dia em Natal sem nada pra fazer) foi o fantasma que eu vi da janela do quarto no mar. Sério, eu vi. Um parado e um se mexendo, em um lugar onde nem um pescador local estaria à noite, porque é cheio de arrecifes e com a água cobrindo as pedras, não dá pra andar. Não dá pra enxergar onde pisar. Pois bem, eu vi vultos lá. E chamei a amiga pra ver. “Não, você ta louca. Não, foi esse tombo. Não, não tem nada lá, é só alguma coisa que você acha que é alguém, mas amanhã você vai ver que é uma madeira em pé ou algo assim. Sai dessa varanda, fecha a porta e pára de atiçar o fantasma!”
E assim eu fui dormir...
>continua....
:: Postado por Rê às 08h33
Quinto dia 06/05 - quarta:
Os celulares despertaram 5h da manhã. É, porque deveríamos estar prontos às 5h30, horário em que nosso ônibus viria nos pegar. Era dia do mergulho.
Pra quem tinha derretido no calor das dunas no dia anterior, passar a manhã inteira submersa na água me parecia maravilhoso. Foi mesmo, que bom.
Depois da amiga e de Carol atrasarem levemente a nossa saída (porque foram tentar assaltar a mesa do café da manhã antes que desse o horário), seguimos. Todos com os estômagos roncando no caminho, enquanto Janaína nos dizia que o lugar que embarcaríamos nos ofereceria café da manhã com algumas frutas e torradas, já que comida pesada não era indicado para quem fosse mergulhar. A amiga reclamou que torradas não a deixariam satisfeita, e eu pensando que pra mim não faria muita diferença, já que meu estômago não estava 100% mesmo. Janaína nos dava orientações de correr para sentar no melhor lugar, de correr e pegar logo 4 torradas se fosse a vontade, já que acabaria rápido. Enfim, não só nesse passeio, as orientações dela nos deixava parecendo pobres-desesperados-que-vieram-da-etiópia-famintos-e-sedentos-desesperadamente-por-lugares-específicos, mas que se dane o que parecia para os outros, o que importa é que seguindo o que ela dizia nós sempre conseguíamos fazer o que fosse melhor para nós.
Então que a coisa toda - a torrada - era um maravilhoso misto quente! E nós realmente saímos no tapa por eles. Enfim, felizes e bem alimentados, vestimos as cadeiras do restaurante Portal de Maracajaú com roupas nossas para guardar lugar, escolhemos o cardápio para o almoço, já que Janaína nos preveniu que o povo natalense é "cheio de talento, sabe? Tááááá leeeeeeento!" e que enquanto mergulhássemos seria preparado o nosso almoço. Pegamos cada um o seu colete salva-vidas e seu escafandro e nos aventuramos pela beira do mar cheia de pedras e molhando a bunda até chegar no barco.
Eu no ritual protetor-óculos-cabelo-brincos-escafandro-roupa-colete-máquina, devo ter desajustado alguma coisa nela, porque as fotos do passeio ficaram todas embaçadas. Eu devo mesmo é ter enchido a máquina de protetor solar. Enfim, antes isso do que a Carol que em um movimento de cabeça para trás deixou o óculos de 300 reais cair na água e começou a briga séria com Álvaro em plena lua-de-mel e talvez estivessem assim até hoje se Janaína não tivesse entrado lá com roupa e tudo e mobilizado os rapazes do barco na busca eficaz pelo óculos da moça. Enquanto isso a amiga xingava horrores a máquina nova que, sem cartão de memória, a deixou na mão no passeio mesmo com todo o esforço dinheiro gastos de última hora. Sei que eu mesmo nesse ambiente estava lá linda, careca (com o couro cabeludo ardendo do sol) e animada pelo primeiro mergulho da minha vida.
O barco avança 7 km mar adentro a partir da praia de Maracajaú até os parrachos de mergulho. E quando vai chegando a gente já percebe que a água fica cristalina, do barco nos parecia ter meio metro de profundidade só. O dia desse passeio é calculado de acordo com a fase em que a lua está, e o horário é tão cedo porque é quando a maré está mais baixa - sendo visíveis os arrecifes de corais. "Recife é quando é feito pelo homem, e arrecife é quando é da natureza", dizia Janaína. As praias de Natal são quase todas cheias de arrecifes, pedras naturais lapidadas pelo mar que ficam ali, na areia, na beiradinha, e é preciso ter cuidado na hora de entrar na água.
Sei que o barco chegou nos corais e eu já tive vontade de pular na água ali mesmo. Decidi que iria de colete mesmo sabendo nadar, ninguém merece nadar 4 horas sem parar onde não dá pé, e realmente foi a melhor opção. Quem nada faz barulho, se faz barulho espanta os peixes, se espanta os peixes não vê nada. Eu, pessoa delicada, fui quietinha, longe da muvuca, eu e a água, a água e eu. E vi um monte de coisa que quase ninguém viu.
A aula de escafandro foi bem bacana: "você enfia isso aqui na boca (babado assim mesmo - as mocinhas nojentinhas feito eu foram todas lavar o negócio antes de pôr na boca - e cheio de cuspe no visor pra ficar visível - que eu, agora diferente das outras e acostumada com óculos de natação nem me abalei), enche o peito de ar, pula na água e solta com força. Aí respira normal." Aham. Ô. Pra quem faz isso toda hora é normal, mas eu precisava que alguém desenhasse. Por via das dúvidas, não pulei na água, entrei delicadamente e comecei logo do processo de respirar normal. Estranho, porque no começo dá uma falta de ar louca e parece que você está se afogando mesmo sem ingerir água. É que a pressão da água no corpo faz com que você sinta necessidade de respirar mais rápido, só que quanto mais rápido vc respira, mais falta de ar sente. Então o negócio é se acalmar e respirar devagar. Quando acostuma, parece que você simplesmente nasceu de escafandro.
Acostumada com a coisa toda, depois disso foi só maravilha. Logo que comecei olhar ao redor pensei que tinha bebido e tava enxergando demais. Pequenas águas vivas, do tamanho da palma da minha mão, muitas delas, passavam por mim. Eu achei que tava alucinando, mesmo porque não era muito visível (água viva é uma coisinha quase que transparente) mas dependendo da luminosidade e do ângulo, vc consegue ver. Então quando eu vi que a coisa era real, me deu um certo pânico. Mas antes que começasse a ter um chilique, eu pensei. Quase 50 pessoas mergulhavam ali. Ninguém tinha morrido ainda. Ninguém deu nem um gritinho sequer. Eu tava levemente afastada, mas mesmo assim, perto demais dos outros para ter águas-vivas somente ao meu redor. Tá, das duas uma: ou eu tava mesmo louca, ou elas não queimavam. Estiquei a mão e passei em uma. Põe aí na minha lista de sensações indescritíveis na vida: você sente a água levemente mais densa quando passa a mão em uma água viva. E só. Não me queimou, nem morri nem nada. Das duas uma: ou aquelas águas vivas realmente não queimavam, ou não estavam em posição de queimar ninguém. Parece que só interior delas queima, sei lá (babybrother falou que elas só queimam quando querem. Foram com a minha cara então, entendi tudo!). Sei que eu achei lindo e logo estava brincando com as aguinhas vivas. Fofas. Coisa chata mergulhar pra ver peixe. Eu tenho certo receio de peixes, tirando esses pequenos coloridinhos, bicho feio! Ficam te encarando, olho arregalado, boca abrindo e fechando... ah, não. Legal mesmo são águas-vivas!
Tá. Águas vivas à parte, os peixes estavam muito solicitados para as fotos embaixo d'água e para quem não via águas-vivas. Fiquei lá na minha me deslocando calmamente. E o vi. Lembrei daquele prato de palmito, sabe? Um polvo. Vivinho. Camuflado nos corais. Sei que eu olhei pra ele e ele olhou pra mim. Eu vim pra cá, ele foi pra lá. Eu voltei, ele também. E assim ficamos longos minutos. Eu e ele, ele e eu. Cheguei até a imaginar o que o coitado pensava: "quem será essa baleia que saiu dos quintos dos infernos pra atazanar a minha vida?". Enfim, foi divertido. Primeira vez que eu vi um polvo solto, vivo e no mesmo ambiente que eu. E o melhor: ninguém mais viu.
O único estress do passeio todo foi os nativos terem avisado a gente que não podia pisar nos corais. Por que? Como assim por que? Não vê Globo Repórter? Discovery Channel? Aquela coisa linda de corais coloridinhos tipo Procurando Nemo não existe mais. Por conta do aquecimento global, poluição, camada de ozônio, efeito estufa, fim do mundo e afins. Daí agora eles são todos mais para tons de bege. O que significa que estão morrendo. Daqui 5 a 10 anos não haverá mais corais no mundo. Extintos. E não há nada que se possa fazer quanto a isso. E daí você vai lá pisar nos corais pra destruir mais rápido? Sabe, eu tava com vontade de bater quem subiu. Porque o coitado do cara do barco estava lá esgoelando pra descer (mesmo porque se passar algum tipo de fiscalização por ali eu acredito que eles respondam por isso), e a pessoa não estava nem aí. Subiu nos corais como se fossem pedras. Ah que se eu tivesse mais mobilidade embaixo da água, com escafandro e colete, eu tinha ido lá socar. Ô se tinha.
O mergulho durou por volta de 4 horas e esse foi o tempo que eu fiquei lá na água com a bunda pra cima (depois eu vi no espelho que só a bunda tava queimada de sol). Lindo demais. Não imaginei que eu fosse curtir tanto. Aí que o horário de almoço chegou e o barco voltou ao restaurante, todo mundo correndo desesperado para chegar logo e pedir primeiro o prato, como Janaína nos orientou. Eu, que tinha passado até o momento ainda sentindo resquícios da noite vomitando, encontrei com alegria meu prato de arroz, filé de frango e batatas fritas (enfim achei batatas fritas nesse lugar) e comi como se não houvesse amanhã. O que 4 horas de mergulho não fazem, né?
Panças cheias, lugar divino, cansaço. O que todo mundo vai fazer? Deitar feito jacaré à sombra dos coqueiros e dormir! Eu que, fora de casa sempre odiei essa coisa de dormir à tarde (perda de tempo!) fui passear no lugar e tirar fotos.
Na volta do passeio paramos no melhor artesanato local, segundo Janaína: Shopping de Artesanato Potiguar. Tanto, que eu e a amiga resolvemos ficar por lá mesmo fazendo comprinhas enquanto o ônibus foi levar todo mundo embora. Nos aventuramos, vimos tudo, compramos pouco e voltamos para o hotel depois de andar muito ("imagina, é pertinho, logo ali fica o ponto" - disse-nos Janaína) e pegar um micro onibus (sei lá, põe aí hífen e acento se te agradar) lotado e irmos em pé até o hotel. Enfim, lembranças de São Paulo. Só sei que eu tava feliz da vida com uma bolsa de praia nova chiquérrima.
No hotel a amiga mal jantou, quis ir no shopping novamente trocar a máquina fotográfica, mas foi sozinha com o Romildo e eu fiquei lá calmamente saboreando o meu jantar (aproveitando que tinha sarado). Algumas noites o jantar tinha os pratos todos à americana (tudo lá na mesa pra vc se servir como quisesse), mas em algumas o serviço era à la carte (você pega o cardápio e escolhe) e só os acompanhamentos permaneciam à americana. Nesse dia eu sei que pedi um escalopinho com molho de mostarda e vinho branco acompanhado de arroz e batatinhas douradas. Fome, né? Então, eu lembro pra dizer porque estava simplesmente divino. Carne macia, bem passada (como gosto) e eu comi com tanto gosto que até esqueci que tava jantando sozinha. Estávamos simplesmente eu e meu escalopinho, meu escalopinho e eu. E isso nos bastava.
Fui dormir feito um anjo e me lembro só de ter acordado durante a noite pra pedir pra amiga abaixar o volume da tv (depois ela me disse que tava no mesmo volume desde que ela tinha chego). Dia seguinte só deu ela mostrando a máquina nova, contando dos acontecimentos e as fotos minhas dormindo que ela tirou pra testar. Ficou bom, claro. Eram fotos minhas!
>continua...
:: Postado por Rê às 10h23
[Taty] [http://praserfeliz.wordpress.com]
Snif, e eu nem posso mergulhar... Puxa, os corais... vc lembrou q meus filhos só conheceram essas belezas por fotos e documentários. Que pena. Um beijo!! P.S.: As fotos estão ótimas!
Rê, super obrigada pelos preços. Eu tb prefiro fazer tudo com a agência, porque os clandestinos não são muuito confiáveis. E depois, no meu caso por exemplo, paguei os passeios em 3x no cartão, o que já facilita um bocado né. Nunca viajei com a Tam viagens e é bom saber que vc gostou. É mais uma opção afinal sempre fiz com a CVC, mas é bom ter opções né!
Vou ficar no aguardo dos 2 últimos dias!!!!
Obrigadão!
Beijos
Lilica | Homepage | 06.01.09 - 4:59 pm
Aii eu quero mergulhar!! Mas é para pode espancara as águas vivas!! Eu fui queimada por várias nessa vida, e se no mergulho eu posso toca-las, eu juro que esmurrava todas!!
OW, vc deveria ter pedido a receita pro cheff, fiquei com vontade aqui (mente gordaaaa)
Ta o dia que eu for uma pessoa organizada com grana, a gente vai programar uma viagem juntas, pq aqui entre nós, sua amiga reclama de mais kkkkkkkk
beijos
Jana | Homepage | 06.01.09 - 4:37 pm
Ai, ai... ler esses seus relatos da viagem me fez lembrar de quando fui pra Porto de Galinhas, em 2001. Fui feliz mergulhando longe de todo mundo naquelas piscinas naturais e vendo coisas que ninguém mais viu. E eu andando pelos recifes de chinelo, pra não machucar o pé, e o chinelo saindo do meu pé e flutuando mar afora enquanto eu arranhava meu pé nos corais. ha
Mas foi tudo tão feliz! Ai, que saudade!
Beijo
Carolda | Homepage | 06.01.09 - 3:33 pm
Rê a piadinha do Tá Lento é ouvida em todos os lugares do Nordeste! Rs!
Eu não fiz mergulho em Maceió e me arrependi um pouquinho, mas lá era meia boca e não durava 4 horas não!!! Que coisa linda deve ter sido o seu.
Depois, se não tiver problema, queria saber quanto vc pagou pelos passeios (pode ser no meu e-mail), porque Natal é minha próxima opção de viagem!
Tô lendo esse post antes de almioçar....e só de ouvir a palavra "escalopinho" meu estômago se remexeu de vontade! Que maldade a sua! Rs!
Beijos
Lilica | Homepage | 06.01.09 - 1:54 pm
Quarto dia 05/05 - terça:
Amanheci sem vomitar, ao menos. E comendo só frutas no café da manhã (justo agora que eu tinha gostado dos ovos mexidos - e a amiga descobriu a tapioca feita na hora. Eu só AMO tapioca, mas não podia comer). Daí que eu catei o pacote de Ruffles do hotel (o meu estômago gosta disso quando eu fico enjoada) e sem comer quase nada, esperamos o bugue chegar para nos buscar. Se eu não comesse, não vomitaria e ainda ficaria mais bonita no biquíni, porque estaria mais magra. E tudo deu certo.
Nós fizemos amizade com um casal que além de estar no mesmo grupo de passeio que nós ainda estava também no mesmo hotel e pedimos para que o passeio de bugue fosse com eles. Carol e Álvaro, do Rio, em lua-de-mel, ambos médicos. Mesmo assim eu me contive para não ligar pra eles no dia anterior enquanto virava do avesso pra perguntar o que devia pedir que me trouxessem da farmácia. Afinal eles estavam "vendo Uma Noite No Museu na tv" (piada interna entre o povo em lua-de-mel, era o filme que passava à noite e Branca de Neve comentou que todos iriam ver). Aguentei firme e na espera pelo bugue a troca de conversas foi "a Renata passou a noite vomitando", "ah, mas a Carol passou a noite no banheiro". Coisa linda. Enfim, é nosso estômago sulista ("sudestista") não acostumado com a comida nordestina. Normal. Depois eles me explicaram que claras de ovos mal cozidas podem dar uma bactéria chamada salmonela. Eu lembrei que o House sempre fala sobre essa bactéria quando os pacientes estão nas últimas e pensei que se eu morresse depois do passeio do bugue pelo menos morreria feliz. Ouvi sobre o remédio a ser encomendado da farmácia caso passasse mal por outra noite e o assunto médico acabou por aí, afinal era o dia do bugue!
Chegou o bugue e doenças à parte, a gente só pensava no passeio com emoção. A amiga se encaixou bem no banco da frente (ela não queria com emoção) e aí não tivemos briga pra saber quem ía lá. Eu, Álvaro e Carol, todos emocionados na parte de trás. O bugueiro não deixou que fôssemos os três sentados na parte de cima, só um de cada vez, então entramos em acordo que Carol iria enquanto era passeio pelas praias, e que eu e Álvaro dividiríamos a emoção. Até parece que eu não ía aproveitar o melhor do passeio. Ha.
Aí que vimos o que é Natal. Dunas de areias fofas, areia, areia, areia, muita areia! Muito sol, muito calor, muito suor, muito protetor, muita luminosidade que reflete na duna e vem parar na cara. Conhecemos pelas praias toda a costa natalense e paramos, entre outros lugares, na famosa Lagoa de Genipabu para várias fotos. Daí que chegamos na lagoa de Pitangui, um verdadeiro barzinho com mesas e cadeiras dentro da água e muitos peixinhos nadando por entre os pés de mesas, cadeiras e pessoas, pra lá e pra cá. Nadamos, falamos, bebemos e fomos embora. O lugar era ótimo, mas tinha chegado a minha vez de sentir emoção.
Hopi Hari é fichinha. Aquela montanha russa que vai pra lá e pra cá e vira de ponta cabeça, cheia das leis da física e com proteção pra ninguém cair é a maior coisa monótona. Bom mesmo é andar de bugue nas dunas, cheias de emoção, com o bugueiro fazendo as maiores peripécias e a gente lá em cima, se segurando por si só. Coisa boa. Dor de barriga? Qual?
Passamos e paramos por mais algumas praias e chegamos ao famoso destino: esquibunda. Pra quem não sabe, é uma madeira tipo um skate sem rodinhas, que você senta e o negócio desce por uma duna quase em pé e você cai na água lá embaixo. Eu, que até o momento estava só "pensando" se ía (porque além de ter passado a noite vomitando eu acordei com uma inflamação de ouvido por conta de água que entrou e não saiu e tava doendo - povo que nunca viaja e quando vai resolve morrer é fogo...) e achando que talvez enfiar a cabeça na água podia piorar o negócio, quando vi a descida do esquibunda tive faniquito e nem pensei duas vezes: já estava lá. Sensação gostosa, descer a duna com as mãos na areia, mas não chega nem aos pés da aventura que estava por vir....
Daí que a parada seguinte era o aerobunda. Aerobunda é tipo uma tirolesa, que você senta em uma cadeirinha feita por cordas e desce pelo cabo. A diferença é que na tirolesa você chega do outro lado, mas no aerobunda você cai no meio do lago. E eu no "não, já fui no esquibunda, e o ouvido dói, não sei se vou" cheguei lá em cima e dei de cara com o lago lá embaixo, faniquito louco de ir desesperadamente. "Quer com emoção ou sem emoção?" Eu nem sabía que tinha aerobunda com emoção, minha gente! Já que tem emoção, dá esse mesmo e vamos que vamos. Ouvido? Quem, eu? Tenho algum ouvido? Onde?
Então que sentei na cadeirinha, e enquanto o rapaz perguntava umas 10 vezes "Renata, você sabe nadar?" e eu respondia que sim, nas últimas vezes que ele perguntou eu até fiquei na dúvida. Sei lá, tá insistindo tanto, vai saber. Fui. Com emoção. E coloquei esse fato na minha lista de "coisas maravilhosas feitas nessa vida". É um fato que eu não tenho nem palavras pra explicar o tanto que é bom. Sem dúvida, o que eu mais gostei na viagem toda. Ventinho na cara, sensação de liberdade, tchibum na água. Que bom que eu sei nadar. E, não contente com isso, cansei de esperar o barquinho que buscava as pessoas e resolvi voltar nadando até a margem. De onde eu estava, pareciam 100 metros. Mas depois que eu comecei nadar deve ter dado uns 100km. Morri. Nadei todas as modalidades possíveis e imaginárias, e o treco não chegava nunca. Quando eu já estava perdendo as esperanças, cheguei. E peguei o carrinho da morte pra subir de novo a duna (as pessoas estavam com medo do carrinho - ele era violento, subia a duna com emoção - imagina o medo do aerobunda em si). E cheguei lá em cima feito os menininhos do meu joguinho de montanha russa, quando saem do brinquedo e comemoram: dando gritinhos e pulando de emoção. Se vocês tiverem a oportunidade de irem pra Natal, não deixem de fazer o aerobunda. Coloque na sua lista de coisas para fazer antes de morrer! Aerobunda com emoção - eu recomendo imensamente.
Dali fomos para o almoço (que eu não sei onde foi porque não almocei pra não passar mal) e a amiga perdeu a máquina fotográfica. Pena, muita pena mesmo. Tantas fotos minhas que estavam lá.... rs. Daí que andamos em mais algumas dunas, ouvindo observações de "aqui foi filmado a novela O Clone", "aqui foi onde a Jade deu" (gente, ela deu na areia? Aquela areia fina? Deve te saído com os fundos esfolados!), "aqui foi onde foi filmada a novela Tieta"... e eu decidi que dunas também fazem parte das grandezas do mundo. Imensidão de areia quente e dourada, algumas fixas e outras móveis. Bonito mesmo. Mas o dia acabou e junto com ele o meu passeio tão esperado e tão aproveitado.
De volta ao hotel, eu querendo purê de batatas e dormir, amiga querendo ir no shopping para comprar outra máquina. Fizemos tudo, dormi no intervalo, conhecemos o Romildo (o taxista que nos levou ao shopping e depois foi buscar), comi batatinhas na manteiga (que o chef sabia que eu tinha morrido no dia anterior e fez especialmente pra mim - fofo esse chef). Dormi tudo o que eu não tinha dormido no dia anterior, a amiga tirou fotos minhas dormindo pra testar a máquina nova enquanto via um seriado de assombração, ficava com medo e fechava todo o quarto pra eu acordar com calor no dia seguinte e tudo deu certo no final.
>continua...
Terceiro dia 04/05 - segunda:
Deus atendeu às nossas preces e logo cedo eu já pude ver que faria sol. Animados, os casais do ônibus (é, porque só eu e a amiga e mais uma tia e sobrinha que não éramos casal, o resto do ônibus era todo feito de homem com mulher, mulher com mulher e homem com homem, todos em lua-de-mel. Natal é o típico roteiro para tal, e eu voltei até meio depressiva querendo catar o primeiro que passasse pra casar e ir pra lua-de-mel) saíram todos felizes de seus hotéis, agora que o sol tinha chegado sim, começaria o verdadeiro "aproveitamento". Eu e a amiga queríamos pular o passeio desse dia, já que Janaína falou umas 10 vezes que para chegarmos à praia de Pipa era necessário descer 168 degraus, e nós já estávamos mesmo era pensando na volta. Janaína então nos convenceu dizendo que Pipa era a praia mais famosa de Natal e que não tem quem vá lá e não conheça Pipa. Papo de guia turístico, sabe como é? Daí que ela nos convenceu, nós fomos e pronto. Enfim, os 168 degraus nem nos mataram e voltamos vivinhas da silva, depois de aproveitar um lindo dia de sol e uma praia maravilhosa, com lindas dunas na vista. Areia fofinha, mar quentinho, céu azul.
Esse dia, além da nossa guia famosa "pra quem não me conhece, o meu nome é JA-NA-Í-NA, também conhecida como A MARAVILHOSA.... clap, clap, clap" (as palmas já eram automáticas), começamos o dia ouvindo "e o nosso condutor hoje é o IROMAR, que também é conhecido como IRON MAN! E as palmas?... clap, clap, clap". E o motorista piscando as luzes do ônibus em sinal de agradecimento. Tínhamos também durante todo o passeio do dia um cinegrafista, que filmaria todos nós e depois nos venderia as filmagens. Eu achei que não queria trazer pra casa um monte de casais em lua-de-mel pra ver depois e dispensei, mas realmente foi um espetáculo à parte. O cara se apresentou como Branca de Neve. Gay, gay, gay e gay, divertiu-nos muito durante todo o dia. Sei que me filmou de costas e comentou com a amiga, o que quer dizer que algum casal em lua-de-mel levou a minha bunda de presente pra casa. E quando ele veio perguntar se eu ía comprar o dvd e eu respondi que não, ele: "ok, amanhã você estará no youtube".
Nosso almoço foi no restaurante O Lampião, na Baía dos Golfinhos. Devo dizer-lhes que além da macaxeira, o prato típico lá é camarão. Só se fala em camarão, só se pensa em camarão, só se cheira camarão. E eu, que comi tantos quando era criança, esgotei a minha cota por lá mesmo: não como mais. Não sei se eu enjoei do gosto, não sei se enjoei do cheiro, ou não sei se foi trauma por ter feito a minha mãe comprar um dia e ela de castigo tenha me feito limpá-los. Mais provável ser essa última opção. Enfim, não vai mais. Mesmo assim eu me acabei no escondidinho de macaxeira com carne de sol, bolinho de macaxeira e macaxeira chips frita. Moço, tem aipim? Não. Tem mandioca? Não. Mas macaxeira tem, né? TEM!
Sei que pra sobremesa tinha um doce lá que eu tinha visto na tv e achei que devia ser divino, não lembro o nome mas era uma coisa de clara de ovos frita com um caldo que levava as gemas e algo doce tipo leite condensado. Pensei em explodir de comer aquilo, de tão bom que era. Ha. Depois do almoço fomos caminhar pela rua mais charmosa de Natal, quase uma Oscar Freire, onde as casinhas são simples, mas vendem artesanato, bolsas, jóias e roupas a preços exorbitantes, visando fazer com que os turistas internacionais deixem até as cuecas lá. Rua bonitinha, mas nós tínhamos que estar na igreja que fica de frente para o mar da Baía dos Golfinhos em hora determinada, para não perdermos o trenzinho.
Chegou o tal do trem, que pra mim é tipo um bondinho desses que tem em cidades de interior. Chacoalha o negócio daqui e dali, mais um gay-turístico (essa coisa de se fingir de gay dá ibope por lá) local pra nos contar sobre o lugar, e depois de um tempo chegamos nas falésias.
Pra quem cabulou a aula de geografia: "Falésia é uma forma geográfica litoral, caracterizada por um abrupto encontro da terra com o mar. Formam-se escarpas na vertical que terminam ao nível do mar e encontram-se permanentemente sob a ação erosiva do mar. Ondas desgastam constantemente a costa, o que por vezes pode provocar desmoronamentos ou instabilidade da parede rochosa. Com as mudanças climáticas, o nível do mar pode descer, deixando entre a falésia e o mar um espaço plano. Passa-se a chamar, então, uma arriba fóssil. Segundo o dicionário geológico as falésias são geralmente constituídas de camadas sedimentares ou vulcano-sedimentares, acompanhando a linha costeira."
Eu achei o lugar lindo. De lá debaixo via-se a praia do amor, onde as ondas formam constantemente um coração, com a maré alta ou baixa. É sempre um coração por lá. Aquela coisa romântica toda, mas eu achei que o despenhadeiro cheio de pedras lá embaixo lembrou o filme O Chamado. Sabe? Se jogar assim? Achei superlegal. E depois, em casa, pesquisando sobre o lugar, descobri que antes de ser Praia do Amor, o lugar chamava-se Praia dos Suicidas. Bem característico por sinal, gostei muito.
Então que lá foi onde foi filmada a abertura do Fantástico, sabe aquela das tiazinhas que saíam da água? Então. E aí que nossos guias/cinegrafistas gays resolveram fazer uma performance básica de Isadora Ribeiro no lugar só pra fechar o passeio. E foi um sucesso.
De volta ao trenzinho, a amiga emburrada por não ter gostado do passeio, sentei lá e tentei aproveitar o fim do dia. Até o trenzinho dar uma chacolejada a mais e quebrar o banco em que eu estava. Murphy foi comigo na viagem, como não iria? Então que eu aguentei firme até chegar e sem nem reparar muito que eu tava ficando enjoada...
Eu meio verde, ainda paramos em mais uma loja de artesanato, dessa vez chique, onde eu comprei uma tigela de barro em formato de caju pra minha mãe mais um bordado chiquérrimo que eu demorei pra decorar o nome: richelieu.
Foi. De volta ao hotel, eu fui ficando verde. Cor de abóbora, de bolinhas, azul. Porque eu tava passando mal. A amiga dormiu até que desse a hora de irmos jantar (mas não fomos porque eu estava sem condições para tal), mas eu fiquei lá pensando que realmente aquele doce de claras de ovos, que eu comi até explodir, explodiu mesmo. E que naquele momento tudo o que estava em meu interior queria sair, por todos os orifícios possíveis, e desesperadamente. Fiquei mal mesmo. A ponto de pensar que devia ser obrigatório ter um médico/ambulatório em todo e qualquer hotel de cidade turística. Absurdo, você morrendo lá, longe de casa, ninguém pra ajudar, a amiga acordava, perguntava se eu tava bem, eu respondia que não, ela virava pro outro lado e dormia. E eu virando do avesso. E aí que eu passei a noite assim, chegando até a pensar que talvez perdesse o passeio mais esperado de todos por mim, que seria no dia seguinte: o bugue. Não, eu tinha que sarar. Não, eu ía nem que fosse vomitando. God, tira de mim esse corpo que não me pertence que eu quero desesperadamente ir no passeio de bugue!
>continua...