segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Lidia

(não é você não, engenheira. Seu dia de estrela ainda não chegou. Aguenta ae que no dia que chegar eu faço maionese pra gente comemorar.)


Sou uma pessoa que não chora em filmes. Na verdade eu choro muito pouco nessa vida, e nas poucas vezes que isso acontece quase sempre eu estou chorando de raiva. É mesmo bem raro alguém me ver chorando. Porque eu sou forte. Quase tanto quanto Lidia.


Lidia é uma mulher que um belo dia conheceu aquele que viria a ser seu grande amor. Ela, corpo magro e sedutor, deixou-se envolver pelos encantos dele, um negão de presença. Ele, casado, muito bem de vida, carro de luxo e conta bancária gorda, aproveitou-a até que ela engravidasse e tivesse seu corpo modificado por isso. Ela teve a filha dele e voltou a ter o corpo como o de antes. E então ele se apaixonou por ela novamente, mas ela, magoada, já não tinha por ele a mesma afeição de antes. Ele então gostou de ser pai e quis ter outro filho com ela, dessa vez um homem. Ela, ajudada por outra mulher, ligou as trompas e escondeu o fato do amante. Por anos seguidos ela afirmava que sim, fariam o filho homem que ele tanto queria. Ele, cheio da grana, pagou por anos a fio o tratamento dela para engravidar. Ela, pobre, trompas ligadas e coração cheio de mágoa, usou todo o dinheiro dele pra construir uma casa pra ela e para os filhos. E outra casa pra alugar. E outra casa. Ele, negão cheiroso, a usava estritamente para o sexo. Ela, apaixonada, tinha desejo por ele mas não conseguia mais se deitar. Comprou uma arma um belo dia. E decidiu matá-lo. Em uma carona no carro de luxo dele, ela apertou o gatilho. Uma, duas, três vezes. E a bala não saiu. E ela, no primeiro ato de dignidade que teve na vida, saiu do carro e voltou pra casa andando. Do dinheiro dele ela cresceu na vida. Fez cursos, mudou sua situação financeira. Ele morreu há alguns anos e deixou a certeza de nunca ter amado Lidia. Ela, olhando fixamente para a câmera, disse ter passado por tudo por ser forte. "Tenho tanto jogo de cintura que meu cabelo é duro e pixaim, mas quando eu balanço a cabeça ele balança junto." Lidia, que cantou em cena a música que a faz lembrar dele. A que tocava no toca fitas do carro de luxo, toda vez que ela ligava. E se imaginava nos filmes de Hollywood, feito Marilyn Monroe sentada em um carro conversível e com a echarpe sendo levada pelo vento. Lidia nunca andou em um carro conversível, mas tem várias echarpes. Lidia, uma mulher guerreira.

Que saiu de cena e chorou de soluçar por trás das cortinas.


E eu estou aqui até hoje desesperada querendo dar um abraço nela. Por toda essa sociedade que nos obriga a ser fortes quando tudo o que a gente quer é chorar. Por muitas vezes termos que levantar da cama todos os dias e responder a todos os bom dias e dizer que sim, está tudo ótimo. Quando a gente só quer morrer. Por ter milhares de pessoas todos os dias no Facebook fazendo competição de quem é mais feliz pra exaltar, na maioria das vezes, exatamente o contrário do que se passa por dentro deles. Obrigação de estar bem. Tristeza é guardar no coração, trancada a sete chaves, uma mágoa que não se pode expressar. Não se pode conversar a respeito, não se pode nem chorar. Porque isso é sinal de fraqueza. "Nossa, mas há tempos você já devia ter superado isso". Quem disse? Quem disse que tem tempo pra superar fatos? Quem foi que disse que os três dias que a lei trabalhista dá para luto por morte de familiar são suficientes pra chorar e se recuperar do ocorrido? Quem foi que inventou esse negócio de passar corretivo no rosto pra esconder as olheiras de uma noite mal dormida? Quem foi que disse que a gente tem obrigação de ser feliz?

Chorei junto com Lidia.


Filme "As Canções", de Eduardo Coutinho, foca o cancioneiro brasileiro e 18 personagens. Traz depoimentos que explicam escolhas de músicas como trilhas de suas vidas. (...) O melhor está na história que cada um conta pra explicar porque aquela determinada canção é a trilha da sua vida. (...) Não há grandes peripécias a contar nestas vidas, todas muito comuns e parecidas com a da platéia que as verá. (fonte)



E, fazendo da voz do Queimado as minhas: "quem não gosta de música não tem lembranças."


Mas gente. E o RAMON então? Tô chorando até agora.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Mendigo Sensível

Eu sei, vocês estão com saudades de mim.

Hoje eu vim aqui falar sobre um tema que anda sendo muito discutido à minha volta: os tipos de homens. Não sei bem o que foi que houve nos últimos tempos, nem qual mudança brusca na sociedade aconteceu desde 1980 até hoje. Mas acontece que antigamente, na minha época de escola, quando eu conversava com as amigas sobre os meninos, eles eram apenas classificados como bonitos ou feios. Hoje já tem toda uma coisa de ter que especificar que "ah, eu gosto dos barbudinhos", "ah eu gosto dos de camisa xadrez", "ah eu gosto dos cabeludinhos" ou "ah, eu não gosto de homem coxinha" e cá estou eu aqui pensando sobre como se classifica o meu estilo de homem favorito. Isadora esses dias me apontou o dedo dizendo "ah, você gosta de mauricinhos" e eu quando visualizei o meu entendimento sobre mauricinhos pensei que não é exatamente isso não. Daí explicando melhor meu gosto pra Pri (cujo gosto para homens o Edgar denominou melhor do que ninguém como "mendigo sensível"), ela disse que eu gosto dos "mauricinhos sujos". E cá estou eu, tentando denominar meu gosto masculino (porque o "mendigo sensível" tá na moda mas não é o meu estilo preferido) e resolvi exemplificar aqui pra vocês me darem uma luz. Que fique claro que o meu gosto está exatamente associado à ordem em que será colocado. Analisem:


PRIMEIRO LUGAR

Josh Holloway, vulgo Sawyer. Único, indiscutível e salve-salve. O homem mais lindo do mundo todo na minha opinião. Que olhar. Que cara de safado. Que covinhas. Ah, o amor.


SEGUNDO LUGAR

Jon Bon Jovi, claro. E eu sei que vocês que me conhecem bem achavam que ele estava no primeiro lugar. Entendo. Por muito pouco ele não está. Acontece que, apesar de cantar lindamente, apesar de todos esses olhos azuis, nariz perfeito, covinhas, cútis maravilhosa, o único que quanto mais envelhece mais lindão fica e apesar de ter cantado Pretty Woman PRA MIM... ele é um bom moço. E o Sawyer ganha na cafajestagem, que eu tenho um fraco por. Vou ali bater a cabeça na parede e já volto.


TERCEIRO LUGAR

Chris Hemsworth, o Thor, meudeusdocéu. Não sei como foi que eu vivi todos esses anos achando que o Superman podia ser o meu herói preferido. NÃO SEI. Ah que olhos. Que voz. Que martelo. Podia cair um desse lá em casa.


QUARTO LUGAR

Jamie Oliver. Porque eu não sei se eu babo mais nele ou nas receitas que ele faz. Porque é o único homem do mundo que tem a língua presa e eu tenho vontade de pegar porque isso deixa ele mais charmoso ainda. É o cara que não lava as mãos pra fazer a comida mas mesmo assim eu comeria. Que olhos. Que coisa. Que vontade de morder.


QUINTO LUGAR

Kurt Cobain. Que nariz fino e perfeito. Que covinha no queixo. Que olhos azuis. E resolveu se suicidar com um tiro na cabeça, hein. Estragou o velório.


SEXTO LUGAR

Shannon Hoon, Vocalista do Blind Melon, uma banda de 1990 que quase ninguém conhece porque ele morreu de overdose em 1995. Cantou com Axl Rose, fez o clipe de No Rain, lindinho que só. E puf. Desperdício.


SÉTIMO LUGAR

Andreas Kisser. Pra vocês não dizerem que eu só gosto de gringo. Na verdade antes eu tinha Henry Castelli e Eric Marmo na minha lista, mas sinto dizer que eles não pertencem mais ao meu mundo de homens bonitos - o pessoal envelhece e perde o encanto. Andreas pra mim era um cara normal que gritava anormalmente. Até o dia que eu vi uma entrevista dele e pude constatar que além de lindo, ele é extremamente simpático e inteligente. Entrou pra lista.


OITAVO LUGAR

Dado Dolabella. Desculpa, sociedade. Eu sei que é o cara mais tosco da face da Terra. Eu sei que o João Gordo devia ter sentado nele. Eu sei que Luana Piovani devia ter enfiado o taco de beisebol na cara dele. Eu sei. Mas vamos esquecer todos os fatos. Foquem na aparência. Eu sei que até nisso ele era só mais um fuleiro até esses dias. Mas daí chegou o dia em que eu achei essa foto. E, desculpa, Brasil. Eu pegava. Eu casava. Olha que nariz/barba/cabelo perfeitos. Deus errou só no cérebro. Mas não se pode ter tudo.


NONO LUGAR

Axl Rose. Mesmo com essa cara de Avril Lavigne. Mesmo com essa expressão andrógina, mesmo tendo meio cara de mulher. Eu faria. Mas nessa época aí, em que ele usava shortinho vermelho e rebolava. Hoje não.


DÉCIMO LUGAR

Henry Cavill. Porque eu estava aqui bem calmamente na minha vidinha quando um belo dia a Tary resolveu me mostrar essa foto. E a partir de então eu nunca mais consegui dormir direito. De The Tudors, série que eu nunca vi na vida. Mas essa foto me convenceu de que eu preciso ver esse negócio URGENTE.


HONRA AO MÉRITO:

Steven Tyler, claro. Porque eu não sou míope. Porque eu sei que ele pelado deve ser um festival de pelancas. Mas porque se eu fosse a Luciana Gimenez e corresse lá pra fazer um filho de um cantor de rock eu trocaria fácil o Mick Jagger pelo Steven Tyler. Porque ele tem um bocão sexy. Porque ele é estiloso. Porque ele é extremamente simpático e inteligente e vocalista da minha segunda banda favorita. E, pra vocês que estão torcendo o nariz dizendo que eu bebi, lá vai:

Não era mesmo um xuxu? Eu faria fácil fácil. Casava até.



Dave Ghrol não está na minha lista dos mais bonitos muito especificamente porque eu não acho ele bonito em si. Porque né? Ele é moreno! Mas eu casava pura e simplesmente porque além de gritar cheio de testosterona no microfone em Best Of You, eu acho que ele é um dos caras mais brilhantes de todos os tempos. Porque ele saiu da banda mais depressiva e acabada, formou sozinho outra banda que faz tanto quanto ou até mais sucesso, e dessa vez dando ênfase ao humor e a letras de músicas bonitinhas. É um cara gente fina, mesmo sendo ameaçado até hoje pela louca da Courtney Love. Curto. Admiro. Eu pegava. Mesmo hoje ele estando mais gordinho e com o cabelo mais comprido do que essa foto, mas perder peso e cortar o cabelo é um negócio fácil. Pior é que ele me lembra alguém, mas abafa. Dave, querido. Vou vê-lo. Lollapalooza, é puro amor.



Roberto Trujillo não faz mesmo o meu tipo. Mas eu troco todo o brilho do vocalista James Hetfield (porque ele é loiro, tem olhos azuis mas tem uma péssima cútis) por ele, baixista do Metallica. Pura e simplesmente porque esses braços másculos combinados com a imensa cabeleira muito mais bonita do que a de qualquer mulher, chacoalhando lindamente no palco com toda essa expressão de mau (eu curto esse negócio de cara de mau) e daí de repente ele olha pra galera e sorri E ELE TEM COVINHAS NAS BOCHECHAS. Me derreto. E fim.



Bryan Adams. Porque eu sei que eu falei da cútis do James ali em cima. E o Bryan não fica nem um pouco atrás. E hoje eu sei que ele é só mais um velho feio e acabado, mas naquele clipe em que ele canta Heaven eu pegava fácil. É o cabelo. É o queixo quadrado. É a altura perfeita. É o nariz fino. É A VOZ ROUCA. Eu faria. Não tem jeito de passar uma massa corrida na cara, será??



Ozzy Osbourne. Eu sei, eu sei, acalmem-se. Eu ainda não enlouqueci. Ignorem a foto da direita e atentem na da esquerda. No antigamente. Na carinha de neném criado a iogurte com a vó. Bochechinhas rosadas. Cabelinho castanho claro e liso. Chacoalhava no microfone com a imaturidade de um menino virgem. Eu faria. Sharon fez.



Sebastian Bach. Porque eu, EU mesma, não faria. Mas o cara marcou época. Lá em 1980 quando todo mundo admitia que curtia Bon Jovi, logo atrás dele vinha o Sebastian no quesito beleza. Eu particularmente sempre gostei só do cabelão. Mas a mulherada curtia. Ninguém nem sabia o nome da banda, mas do cara todo mundo tinha as páginas de revista pregadas na porta do guardarroupa. E por isso ele está na minha lista de honra ao mérito. Sabe aquele cara que você faria só pra fazer inveja nas amigas? Então.



E, tem como a gente querer fazer alguém só por causa de uma música? Por causa de um clipe? Por causa da masculinidade do tom de voz? Do ângulo perfeito entre o nariz fino, o microfone e o queixo quadrado? Pois então. Um belo dia chegou lá em casa um dvd que tinha essa música. E o clipe não era bem esse (desculpem, não achei o clipe certo, não tem na internet, o que passa lá em casa é mais bonito). Mas daí eu quis fazer. E estou tendo sonhos com esse cara desde então. E agora eu assisto Anos Incríveis como se não houvesse amanhã.



E então? Como vocês nomeariam o meu gosto para homens?

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Lá vem o sol, tchurururu. Lá vem o sol - sim eu já sei, PORRA.

Faz bem um mês que as pessoas estão reclamando disso. No meu twitter. No meu facebook. Dia desses eu vi até um desenho do pobre São Pedro com problema no encanamento. É a pobre da Analu, que saiu do frio congelante de Curitiba doida pra suar no calor do Espírito Santo e tá chovendo. É a Jana, que saiu de Porto Alegre pra se esbaldar no Rio e tá chovendo. É o resto da população brasileira espraguejando e xingando o pobre Pedrinho que está fazendo "frio" e chuva em pleno verão.

Mas São Pedro é camarada. São Pedro é meu amigo.

São Pedro sempre soube que eu não gosto de sol. Ok, também não é assim. Eu gosto. Eu acho mesmo lindo todo nascer e todo pôr de sol e acho que eu sou uma das poucas pessoas que repara nisso todo santo dia. Oi, eu moro no vigésimo segundo andar e o grande motivo pra isso, além de gostar de altura, é poder ver o céu mais de perto. Eu realmente reparo nessas coisas. Hoje por exemplo o céu estava lindamente azul, mas estava mais lindo ainda porque as nuvens desenhavam grandes paisagens no meio de toda a imensidão. Eu acho o céu muito mais lindo quando tem nuvens. E acho clichê quem acha o contrário. Ai, modinha essa coisa de querer o céu totalmente azul e sem nenhuma nuvem. Vai lá dançar o tchererê-tche-tchê, vai?

Então. São Pedro sempre soube que eu curtia mais os dias sem sol. Mesmo quando nem eu sabia disso, quando eu era criança e sonhava que PELO MENOS parasse UM POUCO de chover no dia do meu aniversário pra ver se, quem sabe, talvez, ALGUÉM aparecesse na minha festa. Mas não, não parava. E não, ninguém ia, fazendo chuva ou sol. E eu demorei pra descobrir isso, demorei mais ainda pra descobrir que eu não gostava de sol. Demorei pra parar de desejar que fizesse sol quando eu fosse à praia nas férias de julho. Demorei. Demorei pra descobrir que eu era mais feliz nos dias de chuva.

E então que hoje, depois de vários dias, resolveu fazer sol em São Paulo. Bem agora que as pessoas já estão voltando de férias. E que elas estão acabando. E que mesmo assim o bem-te-vi já cantou hoje cedo e eu já sei que quando der umas 16h vai cair todo o mundo na cabeça das pessoas. E eu, diferente de todos os brasileiros, tou super curtindo. Nunca vi um verão tão lindo. Tão friozinho, tão chuvoso, tão supimpa. E aí foi pensando nisso que eu resolvi enumerar aqui pra vocês exatamente todos os motivos que fazem com que eu não goste de verão:

1 - Eu sou uma pessoa branca - E branco já é pouco pra mim, se levarmos em consideração que faz 2 anos que moro em um apartamento que não bate sol e deve fazer pouco mais que isso que não vou à praia. Minhas pernas estão verdes já, como diz a amiga. E eu sempre fui dessas pessoas que quando tira a roupa na praia o pessoal em volta olha e chama de palmito. SEMPRE. Isso quando eu ia à praia uma vez por mês, hein. Imagine hoje.

2 - Eu tenho sardas - Demorou bem uns 20 anos pra eu descobrir. Ou pra elas começarem a aparecer. Foi num belo dia que eu resolvi chegar em Porto Seguro pra passar uma semana com a escola, cheguei lá e passei CENOURA E BRONZE. Renata, a louca do Cenoura e Bronze na Bahia. Foi bonito. Foi beleza. Tanto, que eu tava lá pegando o menino e o máximo que dava pra encostar nele era a boca mesmo (e ele beijava mole tá, Anna?). Foi bom, porque ninguém pode sair falando que eu estava no "agarramento". Foi supimpa também porque como foi com a escola, o lema da galera era não dormir durante uma semana. E vocês sabem, né? Eu preciso dormir 10 horas por noite pra me sentir feliz. Então. Eu ardia TANTO que não conseguia encostar no lençol. Não conseguia virar o pescoço. Conclusão: não conseguia dormir. Pelo menos não nos dois primeiros dias, porque depois disso eu desmaiei de sono mesmo. Mas foi bom. Ninguém pode dizer que eu era mole e dormi mais do que aproveitei. A aventura com Cenoura e Bronze na Bahia por uma semana me rendeu sardas no peito PRA SEMPRE. E eu não tinha nenhuma. E apesar de saber por experiência própria que tem muito homem com fetiche por sardas, eu não gosto. Depois disso, fui reparando que todas as vezes que eu tomo sol elas aumentam. Agora, não só no peito, mas na barriga e nas coxas. E comecei a reparar nas minhas tias, tão sardentas quanto. Enfim - NO MORE sun for me.

3 - Eu viro pimentão - Não é regra o fato de ser branca e virar pimentão. Juro. Eu tenho uma prima branca e sardenta que depois de um dia na praia sai MORENA. Sem brincadeira. Mas essa não é a minha realidade e eu, depois de um dia de sol, saio parecendo que passei a cara na frigideira. Protetor solar pra mim tem que ser de fator 30 pra cima (mesmo assim na cara tem que ser o 50) senão não funfa não. Mesmo assim, a gente já sabe: NINGUÉM tem a capacidade de passar protetor solar bonitinho de 2 em 2 horas e de maneira uniforme no corpo todo. NINGUÉM. E é fato que eu sempre saio marcada e manchada aqui e ali. Meu maior feito nesse sentido foi o dia que eu passei protetor solar na barriga enquanto estava sentada na cadeira e no fim do dia saí listrada feito tigre. Do Rio de Janeiro. E as pessoas rindo da minha cara de paulista. Mas eu conheço gente pior: uma amiga que passou todo o protetor, lindo, uniforme, de 2 em 2 horas....... e no fim do dia estava com a orelha e os pés vermelhos feito pimentão. Ficou bonita. E ela é trollada por isso até hoje.

4 - Eu tenho tatuagem - Depois de anos e anos de tentativa frustrada de ser uma garota esperta e ~da cor do verão~, desisti. Porque finalmente eu ouvi aquelas mesmas tias sardentas e comecei a reparar nas pessoas brancas do mundo. E descobri que eu gosto delas. Gosto de gente branca, acho bonito. Eu quando saía da praia e tirava foto no meio dos meus primos brancos, me sentia destoada. E eu não gosto de destoar assim. Achava os outros mais bonitos porque eles eram mais brancos que eu. Mas um dia meu cérebro funcionou e eu descobri que se parasse de querer ser o que eu não sou, eu seria exatamente igual à eles: branca. Fato que se eu for olhar pra um cara na rua vai ser o mais branco. Não necessariamente o loiro (ok, em grande maioria, sim). Mas o que for mais branco de pele mesmo, independente da cor do cabelo. E aí que esse gosto por tatuagens que me invade tem bem uns 20 anos se incluiu na categoria. Eu acho que tatuagem foi feita pra existir em pessoas brancas. Pra destoar da cor da pele. Pra aparecer mais. E pra não ficar com cara de tatuagem de cadeia. Porque gente que toma muito sol ou tatuagem de gente com pele morena demais tem cara de que foi feita na cadeia.

5 - Eu acho feio gente de "roupa de banho" - Gente, seguinte. NINGUÉM fica bonito de biquíni. Nem de sunga. Nem de bermuda. nem de maiô. Ninguém tem o corpo perfeito. NINGUÉM. Ok, deve ter uma porcentagem de uma pessoa pra cada milhão só. Daqueles que não fazem mais nada além de passar o dia todo na academia e come só alface com frango há bem uns 10 anos. Mesmo assim, periga ser uma pessoa muito amarela. Eu concordo sim com o negócio de que todo mundo é igual e que a ditadura da magreza não tá com nada e que nesse BBB tem uma meia dúzia de gordos e tem que ser assim mesmo. Claro. Mas concordo do outro lado: não é que todo mundo é bonito. É QUE TODO MUNDO É FEIO. Desculpa. Mas arrumadinho, de roupa, maquiagem, ou ao estilo "descabelado-acordei-agora-sou-chique", tudo bem. As pessoas podem ficar até apresentáveis. Mas tira a roupa da galera e manda passear como veio ao mundo durante o dia e no sol. NÃO. Fato que se você for magra, vai ter celulite na bunda. Vai ter escoliose. Vai ter a barriga flácida. Peito caído. Periquita de biquinho. Cicatriz. Perna torta. Pé chato. Unha encravada. Culote. Pelanca do tchau. Careca. Pelo onde não devia. Ninguém é bonito na praia, gente. NINGUÉM. E os maiôs/biquínis/sungas/bermudas decididamente não ajudam. Desculpa.

6 - Eu passo mal - Não, eu não sou aquele povo mole que sai de casa morrendo porque a pressão baixa e desmaia nos ônibus da vida e dá trabalho para os outros. Eu não fico doente. Faz mais de três anos que eu não tenho uma gripe. Mas das últimas vezes que eu acordei de manhã e disse "bom dia sol, olha que dia supimpa, vou passear" eu não me senti bem. Aquela moleza, aquela falta de fome (isso pra mim é grave), aquele cansaço, aquela cabeça no sol (e eu sou meio careca, fica ardendo o couro cabeludo depois), tudo o que me faz pensar que o que eu queria mesmo era tomar um banho e deitar na minha cama ao invés de ficar ali andando debaixo de sol e com calor e com o pé suando no meio da rua inutilmente.

7 - Eu fico feia no verão - Não só eu, mas o mundo inteiro. Eu sei que eu já falei das pessoas feias na praia, mas fora dela também todo mundo fica feio no verão. As pessoas transpiram. Ficam com aquela cara brilhando. A mulherada prende o cabelo e fica com cabeção. Os caras saem de casa se sentindo gatos quando na verdade tudo o que eles têm é um cabelo ensebado. As pessoas usam roupa de malha no verão, gente. E eu tenho bastante roupa de malha no armário, mas já decidi que pretendo me desfazer delas pouco a pouco porque é fato: malha é uma roupa que deixa as pessoas feias. Pobre. Mostrando as banhas. Ontem eu tava reparando na bunda de uma mulher que estava na minha frente na fila do banco e ela realmente tinha uma pelanca fora do comum ali na popa da bunda. Tudo por que? Porque ela usava uma calça de malha colada. Se estivesse usando uma calça de um tecido mais nobre não deixaria isso aparente e ia mostrar a pelanca da bunda só lá na praia e cairia apenas no item 5 de meu texto. Mas não. E os gordos então? Gordos transpiram muito mais. E ficam com a roupa melada e grudando. E cheiram azedo.

8 - Eu durmo mal - Já falei que pra mim dormir é fundamental. Eu durmo bastante. Eu durmo de edredon. Mesmo no frio. Eu preciso de ventinho no clima pra dormir bem. E de ar relativamente frio, mas sem ser de ventilador nem de ar condicionado porque eu tenho rinite. Dormir pra mim é um negócio que precisa de qualidade. Dormir bem é qualidade de vida. E dormir no calor é um porre. Você fica lá suando. Fritando na cama. Quanto mais tira a roupa na tentativa de ficar com menos calor, mais gruda no lençol. Demonstrativo de inferno.

9 - Envelhece - E eu não vou colocar só eu nessa categoria. TODO MUNDO envelhece mais no verão. Você, bonitona, que tá lendo esse texto e pensando que eu sou uma mal amada que não sabe curtir a vida e que devo ser gorda e por isso não gosto do verão: você vai envelhecer bem mais que eu. Porque enquanto você está lá estatalada debaixo do sol, rugas vão se formando na sua pele (além das sardas e do câncer de pele e tals). Quando você não está dormindo bem à noite mas acha que isso é o melhor porque quem dorme muito não aproveita a vida, você é que não está produzindo colágeno para retardar o envelhecimento da sua pele. E quando você está lá tomando banho por mais tempo porque é calor e você fica uma hora no chuveiro e foda-se o mundo se você está jogando fora à toa toda a água do planeta: está envelhecendo a sua pele. Está tirando a proteção natural. Está de molho debaixo da água quente que vai te deixar enrugada feito uma uva passa não só ali no banho, mas também para o resto da vida.

10 - Eu sou uma pessoa saturnina - E deixo todo o crédito desse item com a Priscila. Porque eu sempre gostei de dias chuvosos e nublados, por mim seria sempre outono e fazendo no máximo 20º C. E nunca soube o porquê (Lidia: usado como substantivo = junto e com acento) desse meu gosto peculiar e que quando eu conto para as pessoas todo mundo me acha doida. Mas o meu irmão também prefere o tempo assim. E um belo dia, a Pri (a louca da astrologia) me contou: sou capricórnio, que tem como planeta regente Saturno. Apesar de ser o planeta mais bonito (ele tem anéis, né? ) é o planeta mais denso (lembra do "retorno de Saturno"? então). Saturno é um personagem austero, ligado à solidão (a cabra sente-se feliz ao subir a montanha sozinha, já diz Susan Miller). Representa a paciência, a prudência, a meditação. Conectado com o oculto, quem tem saturno como regente é mais ligado às trevas que à luz (oi que eu sou louca pra fazer tour monitorado no cemitério). Desempenha um papel na fatalidade, na doença e na ruína (e deve ser por isso que todo mundo só me liga quando tem problema). Mas ok que claro que nem todos os capricornianos são assim - e eu conheço um monte deles que curte bem mais o sol que a chuva. O que não é o meu caso e a mim se aplica perfeitamente todo esse esquema de gostar de tempos "feios" muito mais que dos "bonitos". Eu juro pra vocês que eu acordo bem mais feliz e cheia de vida e disposta quando o tempo está nublado e chuvoso. Ao mesmo tempo que o mundo inteiro tá achando um horror o verão ser chuvoso e tem gente morrendo e a enchente e o deslizamento... cá estou eu, do alto do meu vigésimo segundo andar, acordando feliz e abrindo a janela e dizendo

Bom dia, chuva. Que dia lindo. \o/



segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Otilita

Jorge Mario Vargas Llosa (28 de Março de 1936) é um escritor, jornalista e político peruano, laureado com o Nobel de Literatura de 2010. (fonte)


E eu nunca tinha ouvido falar nesse cara.

Na verdade, o que acontece, é que eu nunca me prendi a nenhum escritor que fosse. Até hoje pouco me importava quem escrevia o que e só o que eu posso dizer, vergonhosamente, é que até hoje eu sei que Stephanie whatever escreveu o Crepúsculo. E que J.K. fulana de tal escreveu o Harry Potter. E só. (ok, eu sei que Bernard Cornwell, um dos meus escritores favoritos da minha seleta lista de escritores, escreveu uma de minhas trilogias favoritas - aquela lá do Rei Artur). Mas é isso. Contemplo, com toda a vergonha possível, minha lista de livros preferidos do facebook. ISSO AÍ QUE EU DISSE ACIMA e mais uns 3 livros. Essa pobreza de literatura preferida.

Estava eu pensando esses dias onde foi que deixei toda aquela minha sede de leitura. Aquela minha origem tão peculiar que até hoje sou lembrada por sair da biblioteca da escola com uma lista de 10 livros emprestados nos braços toda semana. Eu posso dizer sem exagero nenhum que em um ano li e reli toda a biblioteca considerável de uma escola. Feita de livros infanto-juvenis em sua maioria, mas que seja. Li mais de uma vez muitos títulos que lembro com saudade até hoje. Lembro também o orgulho no olhar da professora Berenice, de português, me dizendo que bom seria se todos os alunos dela fossem assim. E a professora da biblioteca dizendo que o máximo de livros permitidos para empréstimo eram três, mas que dessa vez ela abriria exceção para os meus dez. Ela abria exceção pra mim toda semana.

Fora da escola e de sua respectiva biblioteca, continuei lendo bastante. Fiz ficha em uma biblioteca perto de casa e passei a frequentá-la toda semana. Mas namoro vai, namoro vem, depois de um tempo eu tinha coisas "mais importantes" pra fazer. Mas meu amor pela leitura não passou: foi o namorado da época que me deu de presente os livros que até hoje foram meus preferidos e que eu exalto na minha prateleira com orgulho (e rezando pra ninguém pedir emprestado) - pena que ele percebeu que eu gostava de livros meio tarde. Antes disso gastou dinheiro considerável me dando bichos de pelúcia. Desperdício.

Faz bem uns 3 anos que parei de ler, quase que totalmente. Com a mudança de casa e comigo tendo exatamente tudo pra fazer dentro dela, me distanciei dos livros. Me apeguei aos filmes (reparem na aba de filmes que eu assisti uma quantidade considerável deles em 2011), séries (duvido que alguém tenha uma lista de séries assistidas maior que a minha), e música (dvd de Clips Pop bombando lá em casa), grandes paixões também. Mas eu sentia falta da leitura. Da paixão de entrar em uma história simplesmente lendo um livro (História Sem Fim, oi.).

Até esses dias.


Chegou em casa, quase que de surpresa, o presente de aniversário que Analu (claro, sempre ela!) me mandou. O primeiro de todos os que eu receberia depois, Analu nem pensou duas vezes nem teve receios de pensar o que me dar de presente que eu gostaria de ganhar. Travessuras da Menina Má, de Mario Vargas Llosa, foi o que chegou lá em casa, junto com um cartãozinho fofo típico dela. Eu, recém saída da leitura de O Barulho na minha cabeça te incomoda?, de Steven Tyler, muito mais despojado, demorei um pouquinho pra engatilhar na leitura. Mas só um pouco: apesar das referências que Mario Vargas Llosa faz à política peruana (e eu não me interesso nem por política brasileira, imagine) logo me vi envolvida no romance mais trágico que divertido, onde ora torci por ele, mas grande parte do tempo torci mesmo foi pra ela (porque Ricardito era lerdo, mereceu sofrer!).

Li Travessuras da Menina Má em pouco mais de uma semana. Afoita, não querendo ter sono pra ler mais da história, mas ao mesmo tempo cambaleando - "vou descansar só esse olho enquanto eu continuo lendo com o outro" é meu lema. Com Pandora enroscada em meus braços, ao mesmo tempo em que eu cuidava do trabalho, da casa, dos amigos, da família (e de algunas cositas más) e exclamava frases do tipo: "Pandora, desce da árvore/da cortina/larga o papel higiênico/sai de cima da mesa/da cama/da roupa limpa!", nas páginas do livro que Analu me deu revivi minha adolescência e retomei todo o meu gosto pela leitura. Leitura diferente, eu digo. Porque Harry Potter e Crepúsculo qualquer macaco lê fácil.


Nesse amigo secreto/Natal/aniversário eu ganhei algo mais que 10 livros. Diferentes entre si, tenho lá romance, aventura, referência de músicas, de toda uma década. Mesmo assim, vim dizer pra vocês que nessa última semana eu fui capaz de visitar bem uma meia dúzia de livrarias. E não saí de mãos abanando de nenhuma delas. Saraiva (ACHEI!), Nobel, Fnac, Livraria da Vila (me apaixonei terminantemente por essa última e tive que sair de lá arrastada). Comprei alguns livros, mas me apaixonei um tanto por muitos outros. E é com imenso prazer que eu vim dizer pra vocês: no fim de 2012 poderei fazer uma retrospectiva literária tão apaixonante quanto à da Aninha. E a da Anninha. E a da Gabs. E a da Paloma (meudeus!).


Pra quem me dá sabonetes, hidratantes e canecas de presente, eu tenho a dizer: se você quiser me fazer feliz e se interessar em me dar algo que eu realmente goste, me dê livros. Gosto de outras coisas também, mas se você não quiser arriscar, dê sempre livros. Para a sua facilidade, minha lista do Skoob, ali do ladinho, está completamente atualizada (é, eu leio de Garfield a Otelo, e daí?). E para as queridas que já me deram livros de presente: obrigada, meninas. Não só pelos livros em si, mas por me lembrarem que no meu coração, além da música, séries, filmes, da Pandora (e de algunas cositas más), existe um espaço consideravelmente grande de amor a eles também.


segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Sobre abraços

Um gesto tão simples. Tão singelo, tão comum. Às vezes escasso, às vezes frequente. E que através dele somos capazes de expressar cada sentimento. Cada palavra que muitas vezes não conseguimos dizer. Cada pensamento.

Eu não sou uma pessoa que abraça muito. Não saio simplesmente abraçando qualquer pessoa. É preciso primeiro conquistar a minha amizade e a minha confiança pra depois receber um abraço meu. Mas quando eu abraço, abraço de verdade. Seja nos abraços apertados e esmagadores que eu sempre ganho de meu pai, irmão, tios e primos e avó, aos mais contidos - esses reservados às pessoas normais do mundo (e que me achariam maluca se eu os esmagasse). Eu sempre achei que o abraço é uma troca não só de carinho, mas de compreensão e cumplicidade. Porém sempre tive mais afeição ao abraço apertado. Sempre fui da opinião que sentimento bom a gente tem mais é que demonstrar até esmagar.

Acontece que na última semana de 2011 eu recebi todos os abraços mais apertados do mundo todo. Todos cheios de carinho e, dessa vez, não só da minha família. Ganhei abraços esmagadores também dos amigos. Abraços que me disseram que eles estão aqui comigo. Estão aqui pra mim. Para o que der e vier. São amigos de verdade, presentes de verdade. Todos os que eu queria e esperava ter presentes. Pela primeira vez na minha vida, eu senti abraços sinceros de todo mundo que esteve lá não só naquele dia pra mim. Mas que está presente sempre. E não só as pessoas presentes de corpo e alma. Mas todas as que também estiveram presentes em pensamento e nas mensagens e presentes fofos que recebi.

Nesse 2012 eu só tenho a desejar que meus sinceros amigos permaneçam em minha vida. Que eu continue recebendo ao longo do ano não só os abraços, mas também a presença de todos eles em tudo. Que eu consiga deixar transparecer que eles são todos importantes pra mim e que do mesmo jeito que estão aí por mim, também estou aqui por eles. E que eu continue digna de poder receber cada um desses abraços apertados. Que me esmagaram. E me deixaram imensamente feliz.