quarta-feira, 25 de setembro de 2013

A magia da cultura

Eu estava na minha vidinha normal de pegar o metrô de São Paulo todos os dias para ir e voltar do trabalho. Ah, linha amarela. Aquela que tem barreira de acrílico na catraca. Aquela que a gente pega 25 escadas pra descer e pra subir todos os dias. Por isso, a linha mais perto do inferno que existe. Mas é a melhor da cidade. E, se o metrô de São Paulo é o melhor do mundo, então a linha amarela do Metrô é a melhor do mundo. E eu até concordo. Tirando o cheiro de cachorro molhado por causa dos assentos de tecido e tirando essa coisa de parecer que vai cair a bunda da galera se todo mundo não entrar atropelando quem está saindo e correr desesperadamente como uma dança das cadeiras para sentar nem que seja apenas por 4 minutos, que é o tempo que dura de uma estação à outra. Tirando isso, e tirando o coreano que deixa o nariz escorrer até a jaqueta de couro, formando aquele horroroso fio de catarro bem na minha frente sem nem ao menos se mexer tentando disfarçar, e tirando o casalzinho chinês, que no caminho para o cursinho, todos os dias, vai se melando de maneira bem indecente todos os dias no metrô. Tirando todos esses poréns, o metrô da linha amarela de São Paulo é mesmo bem boa.

Enquanto estamos nas dependências da linha amarela, sempre ouvimos gravações a respeito de segurança. E, nas exatas seis horas da manhã, todos os dias, enquanto eu espero o metrô e penso na vida, a moça da gravação faz ares de som de fundo: “A faixa amarela é sua segurança, só a ultrapasse quando o trem abrir as portas. Se não puder embarcar aguarde o trem seguinte.” É, hoje eu tenho uma reunião às 14h. “Atenção: nas escadas rolantes utilize sempre o corrimão e deixe o lado esquerdo livre para circulação.” Ai que sono. “Fique atento aos seus pertences. Leve bolsas, mochilas e sacolas à frente do corpo, assim você protege o que é seu e não incomoda os outros usuários.” Acho que vou passar na Bella Paulista e comprar pão francês pra tomar café. “Evite acidentes. Ao embarcar e desembarcar, cuidado com o vão entre o trem e a plataforma.” Tomara que hoje a fofoca da área esteja controlada pra eu conseguir trabalhar em silêncio. “Evite acidentes. Ao som da campainha, não entre nem saia do trem.” Ai que bolsa pesada, eu acho que já estou carregando toda a casa aqui dentro. “Atenção. Não impeça o fechamento das portas, isso atrasa a circulação dos trens e prejudica todos os passageiros.” Talvez hoje não dê tempo de ir para a natação. “Os assentos indicados são de uso preferencial para idosos, gestantes, pessoas com deficiência ou pessoas com crianças de colo. Respeite esse direito. Ausentes pessoas nessas condições, o uso dos assentos é livre.”

E então, em meio a meus pensamentos, de repente eu penso estar na escotilha. Aquela, em que o Desmond esteve durante tanto tempo. Que não podia sair pois era preciso colocar um código todos os dias quando a sirene começava a tocar. E então agora meu plano de som ao fundo se resume a Make your own kind of music, sing your own special song na voz da incrível Mama Cass. E os sussurros dOs Outros. E Sawyer. Ô lá em casa.

Ah é. Eu estou no metrô. Indo trabalhar. E não no Lost.

Chegou o metrô. E tomara que o coreano do catarro não sente perto de mim, que senão dessa vez eu vou mesmo vomitar. E as mesmas pessoas. A mesma turminha de alunos do Liceu. A mesma dupla de mãe e filha que eu sempre imagino estarem indo ao médico. O mesmo cara que há 15 anos atrás eu acharia bonitinho, mas agora como eu já cresci e sou mulher sei que ele é só o tipo de cara que é bonito por fora e vazio por dentro – e que, daquele livro do cursinho que ele está lendo, deve estar absorvendo menos de 5% porque quando ele chegar lá vai ter alguma menina apaixonada burra que vai tentar ensiná-lo a matéria em vão. E a mesma menina estudante do Mackenzie, com aquele mesmo estereótipo de cara de burra porém calça agarrada, igual à tantas outras. E então, esperando chegar na minha estação, eu canso de olhar para os rostos das pessoas e passo a olhar os pés. É sempre divertido olhar os sapatos das pessoas no metrô. Aquele ali de plástico. E aquele lá com o tênis rasgado. A mulher de bico fino e salto alto, que do alto da pose só quem já sentiu na pele é que sabe o tamanho da dor que ela sente nos pés. E um par de coturnos. Pretos, sujos. Um amarrado, outro não. Um dobrado ao meio, outro não. Um com a barra da calça pra dentro, outro não. Um com os cadarços desalinhados, outro não. E eu, em meio à distração, de repente fiquei curiosa pra saber o rosto do dono de algo tão surreal e desalinhado nos pés. E quando meu olhar subiu do corpo dele ao rosto, dei de cara com alguém que me encarava. E aí eu quase tive um treco. Porque ele tinha cara de assassino. Daqueles que prendem a gente na mesa cheia de plástico. E que antes disso já sabem exatamente quem a gente é, porque passou um tempo se dedicando a conhecer suas vítimas. Ah é. Isso aqui não é Dexter. É só o metrô. Mas quem me garante, que ali em meio a tantas pessoas, enquanto a gente está no vuco-vuco da hora do pico no transporte público, quem te garante que aquela pessoa que escorrega a mão pelo ferro do metrô até encostar na sua mão, não é um assassino? Quem te garante que aquela criatura que espirra na mão pra logo em seguida segurar no ferro, não acabou de esquartejar alguém, colocar num saco de lixo e jogar em alto mar? Em meio a tantas pessoas, com certeza há, ali na vida cotidiana, algum psicopata? Com certeza há.

Mas a minha estação chegou, e enquanto eu pego minha meia dúzia de bolsas e saio andando com pressa em meio às pessoas, enquanto tento desviar de velhinhas, crianças e gente louca que sai correndo pra entrar na porta em que você precisa sair, porque o limite é o apito das portas, um rapaz relativamente grande empaca no meu caminho até a escada rolante. Um rapaz alto. E grande. E que usa uma blusa também maior que ele. Andando desengonçadamente. Tanto, que eu não consigo ultrapassá-lo. E então, por trás dele, começo a pensar que ele não tem um jeito bem peculiar. Tanto, que chego a pensar que, caso haja alguma vida não humana entre nós aqui na Terra, se houver outro tipo de vida tentando se disfarçar de humano.... talvez aquele rapaz não esteja conseguindo fazer isso tão bem. Mas ele não tem jeito de ET. Ele está mais para um Ciclope. Feito Tyson, o meio irmão de Percy Jackson. Tyson, chamando centauros de pôneis. Colocando nome de Arco-Íris em cavalos marinhos. E chamando Donuts com açúcar no mato.

Queria chegar logo em casa pra continuar a ler meu livro. Mas agora eu ainda estou no metrô indo para o trabalho.

Ah, o metrô de São Paulo. Sempre tão cheio. Todo mundo sempre com tanta pressa. Multidão de gente, todo mundo correndo pra lá e pra cá, como formigas quando a gente pisa sem querer num formigueiro. Todo mundo andando na mesma direção, mas sempre tem uma barata tonta no meio do caminho. Gente pra lá e pra cá, levando com a maré qualquer desavisado indeciso que estiver no meio. Gente. Muita gente. E então eu passo a imaginar como seria se toda essa multidão de gente fosse zumbi. Milhares de zumbis, pelos túneis do metrô. Cadê meu taco de beisebol? Eu preciso realmente comprar um taco de beisebol para o caso em que um dia todo mundo vire zumbi nos metrôs de São Paulo. Porque sabem como é: não dá pra atirar em zumbis, porque os outros escutam e isso os chama pra perto de você. Tacos de beisebol são silenciosos. Mas são milhares de zumbis. Muitos, vindos dos corredores. E o metrô tem muitos corredores subterrâneos. Ai Deus, como eu vou sair daqui, do meio desse Walking Dead?

Finalmente, eu no trabalho. Reunião de diretoria. Presidente da empresa vai falar. E eu, enquanto entendo um indiano falando inglês, penso que ele parece alguém que eu conheço. Que ele se chama Goku, mas não é com o das esferas do dragão que ele parece. Não. Ele me parece meio tímido. Um indiano presidente de uma empresa, porém tímido. E, enquanto ele faz piadas tentando interagir com os funcionários brasileiros, enquanto ele sorri com a bochecha rosada apesar da pele morena, eu lembro com quem ele se parece. Rajesh Koothrappali. Que bebe pra conseguir conversar com mulheres. E que, em meio a frases inteligentes e dignas de seu cargo de doutor, fala inocentemente absurdos mal compreendidos por quem os ouve. Ah, Raj. Acabe logo de falar e chame Sheldon, meu grande ídolo de The Big Bang Theory.

Do meu lado, a colega de trabalho tem o rosto todo vermelho por algum tipo de reação alérgica que ninguém sabe o que causou. A cada dia, a pele dela está mais inchada. Os médicos se limitam a dizer que ela está horrível. Mas eu não. Em conversas casuais, tento entender o que causou toda essa alergia absurda. Pergunto com quais tipos de produto ela está fazendo faxina em casa. Analiso momentos em que ela pode estar estressada no trabalho, e a chamo em meio a eles pra ver se a vermelhidão do rosto dela melhora ou piora. Pergunto o que ela vem comendo nos últimos dias e sugiro coisas que ela deveria parar de comer por uns tempos. Pergunto da família dela, se há algo parecido em alguém. Me certifico de não ser sarcoidose. Nem lúpus. Dr. House com certeza me contrataria.





Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros (e e filmes e séries) e nada mais.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

22 de setembro de 2013

Eu perdi o Rock in Rio do Bruce Springsteen pra dormir, mas tudo o que veio depois compensou isso. Coloquei o celular pra despertar às 4h da manhã e quando contei isso para as pessoas todo mundo me achou meio maluca. Mas eu não sei porque eu posso ser maluca ao acordar 4h pra fazer alguma coisa que eu vou gostar muito, mas não sou maluca quando acordo 4h da manhã pra trabalhar todos os dias, o que é fato. Ah, esse povo não sabe de nada. Calem suas bocas.

Acordei 4h da manhã feliz da vida, mas diferente do que foi da outra vez. Em 2010 eu não estava cabendo em mim em pensar no sonho que realizaria naquele dia. Mas ontem foi uma alegria mais contida, mais sã. Estava feliz, mas não estava ansiosa. Tomei meu café, escovei meus dentes, coloquei minha camiseta que tinha cortado no dia anterior e fui ao banheiro sabendo que essa seria a última vez por horas que eu podia fazer isso naquele dia.

Saí ainda com o céu escuro. Desci a rua como quem não pensa em nada além do vento no rosto e na ilusão de despreocupação. Peguei o ônibus, desci, andei pela rua deserta. E cheguei na fila que eu já sabia me esperar. Dessa vez mesmo tendo chegado mais cedo a fila estava maior que em 2010. E ainda ficaria muito mais. Concluo que o poder aquisitivo do brasileiro cresceu em 3 anos, porque a quantidade de pessoas na fila da pista premium do show era bem umas 3 vezes maior agora do que era antes. E é por isso que as pessoas pagam o absurdo de quase mil reais por um show. Porque pagam. E quem ganha com taxas de conveniência... ah como esse dinheiro chega fácil.

Já cheguei puxando assunto e sendo simpática com as meninas que estavam no fim da fila, porque é assim que a gente tem que ser quando sabe que vai passar o resto do dia ao lado daquela pessoa que antes era desconhecida. E o mesmo fez quem chegou depois de mim. E em menos de 10 minutos já éramos amigas de longos anos. E então, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, na dificuldade e na necessidade, no fim das contas já estava todo mundo dividindo seus lanches, suas garrafas de água e a minha maçã, enquanto filosofávamos loucamente sobre as vidas dos integrantes da nossa paixão em comum, compartilhávamos experiências e conhecimento e a opinião sobre a beleza do namorado de uma, sobre a profissão da outra e sobre como o pai de alguém parecia o Patrick Swayze. Isso sem contar a amizade que a gente fez com o menino que estava organizando a nossa fila (que era bem bonitinho, mas quando perguntamos se ele pegava muita mulher com essa profissão de organizador de eventos ele respondeu que "elas só se aproximam de mim por interesse". Own, fofo.) e as VÁRIAS vezes que falamos mal da mulher que Jon beijou na boca no Rock in Rio. Rosana, vulgo Maria Bethânea (apelido que todas as fãs de Bon Jovi deram a ela) estava lá, claro, passeando pra lá e pra cá e aproveitando de ter se tornado uma sub-sub-sub-celebridade. A nós restava, além do recalque e da zoeira cada vez que ela passava (eu gritei pra ela ir arrumar o que fazer e lavar uma louça) as especulações de quem seria a próxima felizarda a subir no palco e o que jogaríamos em Bethânea caso Jon a chamasse de novo.

Após 10 horas de muita dor na bunda por termos passado tanto tempo sentadas (dor essa que permanece mesmo eu estando agora sentada no meu sofazinho confortável), 2 reais a menos que eu paguei pra ir no banheiro, um São Pedro hipocondríaco que brincava conosco mandando chuva ou sol ou chuva e sol de 5 em 5 minutos (e a gente fez um exercício danado no esquema abre e fecha e abre guardachuvas), chegou nossa hora de ver os portões do estádio se abrirem e o nosso desespero de entrar correndo loucamente por um bom lugar. Achado isso, mais algumas horas sentada (dessa vez naquelas placas de plástico com furinhos que colocam pra proteger a grama do estádio - juro que minha bunda ficou com calo, mas isso são ossos do ofício que todo fã de shows sabe que é necessário passar. Uma vez em pé, nunca mais na vida você vai conseguir sentar).

De repente todo mundo que estava sentado levantou e eu quase fui pisoteada porque demorei um pouco mais pra entender o que estava acontecendo. Todo mundo correu pra chegar na grade. E aí, mano. Mano. MANO. Não deu pra respirar. Eu nunca fiquei naquela situação na vida. Nunca. NUNCA. Da outra vez o negócio foi que a gente não conseguia levantar ou abaixar os braços, mas dessa vez ficou BEM pior. Porque as pessoas não conseguiam respirar, sabe? E então, Deus, eu agradeci. Agradeci todos os meus 1,72m de altura que quando eu estava na adolescência odiava. É lindo ser alta. É divino. É lindo poder conseguir respirar no meio da multidão enquanto alguém enfia a barriga quase dentro da sua bunda de tão encostado e a criatura da frente enfia os cabelos na sua cara. Mas a gente consegue respirar. Nossa, que máximo.

Assim ficamos, em uma luta sem fim com quem empurrava de um lado para outro e para frente. Uma multidão de pessoas, como um mar infinito. E eu lá, uma reles gota d'água. Enquanto esperávamos o início do show tocou Welcome to the Jungle, Guns 'n Roses. E então eu eu achei a música bem propícia para o momento. Conversas daqui, brigas dali, quase não demorou pro Nickelback entrar e dar um show. Nem sou fã da banda, mas gosto de algumas músicas. E todo mundo amou, porque até os holdies são bonitos, gente. Que gente linda. E aquele guitarrista de meu Deus? Enfim: Nickelback é uma banda que antes eu achava bonitinha, mas agora assistindo o cara cantar ao vivo, a tamanha empolgação não só de quem é da banda mas também do pessoal da organização e a vontade de fazer uma coisa bacana imperou e me surpreendeu bastante para o lado bom. E agora eu vou gostar mais deles ainda. "Vocês estão bem? Vocês estão curtindo a nossa música? Mentira, vai. Vocês vieram aqui pra ver o Bon Jovi!". Ô dó.

Depois de músicas lindas, um show de simpatia e disposição e uma performance incrível de Ryan Peake (eu sou esperta, já procurei o belezinha), quando Nickelback acabou de cantar só restou a nós a reclamação pelo espaço que ainda estava difícil até de respirar. Mas não demorou muito para o mais lindo de todos os lindos da face da terra entrar no palco.

E nossa, como está lindo. Como continua lindo. E felizmente dessa vez, apesar do aperto e do empurra-empurra eu pude ficar novamente bem de pertinho. Que olhos azuis. Que pele branquinha. Que biquinho. Coisa linda. Ele entrou cantando as mesmas músicas que cantou no Rock in Rio, mas depois de três ou quatro músicas ele parou. E contemplou. E amou. Todo mundo juntinho batendo palmas e balançando as mãos como ele pedia. Todo mundo participando e gritando e cantando e levando bexigas e confete e vários cartazes com escritos do tipo "eu sei cantar as músicas" com referência à Bethânea, tão nossa conhecida, que subiu no palco mas não soube cantar a música que Jon tocava no momento. Então Jon comentou que isso sim é o que ele queria. Que São Paulo é melhor que o Rio. E aí pronto. Morumbi veio abaixo e a alegria toda foi mútua. Jon se transformou na criatura agradável e participativa que é na maioria dos shows e cantou feliz e animado e LINDO todas as músicas do set list.

Lindeza à parte, nem tudo foram flores. Estava eu aos pés de Jon, tremendo empurra-empurra e com dificuldade de respirar, já disse. Do meu lado, um cara com a mulher. Que de repente resolveu que ia me bater.

O retardado resolveu brigar porque estava todo mundo empurrando. Mas não resolveu brigar com todo mundo, ele quis brigar COMIGO por isso. Porque segundo ele eu estava deixando as pessoas passarem pra frente, o que tirava ele e seus pés de gay do lugar onde ele gostaria de ficar. E me empurrava de um lado, enquanto uma mina franzina tentava se enfiar EM MIM pelo outro lado. Mas com gente franzina eu já estou acostumada e nem me preocupo. Elas são tipo igual mosca rodeando sopa, você tampa a sopa pra ela não pular e pronto. Mas ficou um de cada lado me empurrando até o momento que eu me enchi e virei O Incrível Hulk e com cada braço eu empurrei os dois um pra cada lado gritando pra que deixassem de ser retardados e parassem com isso. E o cara, com ar de deboche: "eu estou morrendo de medo dos seus gritos" para o qual eu respondi "mas da minha mão na sua cara você está, né?" E então foi nessa hora ou pouco depois que ele disse que ia acabar com o meu show e eu levei uma cotovelada na costela. O cara me empurrou absurdamente como se eu fosse a prostituta da mãe dele. E aí, mundo, não prestou. Do mesmo jeito que ele me empurrou eu fiz exatamente a mesma coisa com ele. Só que com o agravante de eu ter descoberto nesse momento que sou mais forte que aquele cara. Ah, o que um babybrother de 2 metros de altura e que pesa 100 kg não faz? Anos de treino! Eu empurrei o cara e junto com ele foram a mulher e as vagabundas todas que estavam com ele. E então eu olhei bem pra cara dele e falei que ele deveria ir no show do Metallica, porque é um covarde que vai no show do Bon Jovi pra bater em mulher. E a mulherada ao meu redor começou a se manifestar e a gritar e chamamos a segurança que mandou ele sair. A vaca da mulher dele defendeu o imbecil e eu olhei bem pra cara dela dizendo que o cara tinha me dado uma cotovelada na costela, questionei se foi mesmo com esse covarde que ela resolveu casar e se ele faz isso com ela em casa também. E então eu, as meninas ao meu redor e a segurança calamos a boca do casal esdrúxulo, que se afastou de nós e agora espero que estejam se fodendo na puta que os pariram. (desculpem pelo absurdo de palavreado desse parágrafo, mas eu estou realmente revoltada até agora com essa situação).

Sabe. Quando eu era pequena e minha mãe ia me buscar na escola ela sempre me ensinou que se alguém me batesse era pra eu revidar. Que não era pra passar de boba. E que se chegasse em casa machucada ainda ia apanhar. E eu a agradeço por isso. Eu posso ser rabugenta e briguenta, mas pra eu sair na mão com alguém tem que ter alguma coisa muito extrema. Mas é só alguém mexer comigo pra eu entrar na porrada e não sair mais até ter matado o energúmeno ignorante. Aquele cara ouviu tanto, porque eu gritei pro estádio inteiro ouvir que ele era um covarde imbecil que bate em mulher porque estava nervosinho pelo empurra que se ele tiver o mínimo de consciência e tiver prestado atenção no que eu falei não deve nem ter dormido à noite. E depois que acabou o show eu saí gritando e apontando pra ele e dizendo pra todo mundo que passava que aquilo ali era covarde que batia em mulher. Mas mesmo assim toda a raiva que eu senti por esse idiota ainda está aqui tão presente que eu tenho até vontade de stalkear todo mundo que comenta no facebook sobre o show só pra achar onde o cara mora e esperar ele na rua pra esfregar a cara do filho da puta no asfalto. Porque eu fiquei puta. Eu bati na mesma proporção, mas se eu tivesse uma arma era ali e nele que eu ia usar. Não tenham dúvidas.

Mas ódio doentio pelo imbecil à parte, devo dizer que o show foi lindo. Que os fãs paulistas tiveram a decência de não questionar a falta de Richie na banda enquanto Jon se apresentava, e pra ele isso aliado à toda a participação e alegria do público teve muito valor. Jon abusou de sorrisos e gracinhas e comentou várias vezes o quanto estava feliz com tudo. Agora ele pode finalmente provar a Richie que ele, Jon, consegue sim, sozinho, sustentar um estádio de mais de 60 mil pessoas. Mesmo no subdesenvolvimento e desorganização brasileiras.

O show foi lindo e extremamente emocionante, mesmo que dessa vez eu não tenha chorado. Jon continuou cantando só as músicas mais novas, acredito mesmo que pela falta de Richie em fazer os solos e a segunda voz que é mais presente nas canções antigas. David, bonzinho como sempre, em seus ótimos teclados e sustentando felizinho todas as decisões de Jon.

Livin 'on a Prayer, a última música tocada na noite, foi regada a um temporal que caiu sobre nossas cabeças e nos ensopou de tal forma que eu não sabia se conseguiria chegar em casa sem um barco. E na imensidão do estádio do Morumbi andamos ainda todos juntos e sem fôlego, mas agora com capas de chuva rasgadas e vestidas porcamente rumo à saída.


Conclusões da noite:
1 - Bon Jovi é e sempre será uma das bandas favoritas da minha vida.
2 - Jon Bon Jovi sempre será meu modelo número 1 de beleza masculina, não importa qual idade e corte de cabelo ele tenha.
3 - O show foi lindo, mas não emocionante. O que prova que talvez os melhores dias da vida da gente só existam uma única vez. Não dá mesmo pra tentar repetir, nada nunca vai sair tão perfeito como da primeira vez.
4 - O Brasil é lindo e eu sou super patriota, mas os brasileiros são uma população de merda. Nunca terão educação. Nunca poderão se comparar aos europeus ou americanos no quesito respeito com o próximo.
5 - Talvez esse seja meu último show visto tão de perto. E talvez tenha sido a última vez que eu tenha visto Jon Bon Jovi pessoalmente. :~


Em tempo: nem tudo aqui nesse fim de post é melancolia. Das amizades que eu fiz na fila, uma das meninas me avisou pra procurar um certo vídeo no youtube. Eu procurei, encontrei, e achei tão bonitinho que decidi compartilhar com vocês. Assistam! O vídeo é de outubro de 2007 e diz muita coisa sobre o meu ídolo tão antigo e tão amado.


sábado, 21 de setembro de 2013

Da melancolia da música

Rock in Rio 2013. Sexta feira, 20 de setembro. Bon Jovi cantou com apenas metade da banda. E foi muito triste.

Eu, aqui, mesmo sabendo que isso aconteceria, estava animada. Apesar do sono incrível depois de estar quase virada por ter visto Metallica na noite anterior. Mesmo assim, Bon Jovi é Bon Jovi. É tudo o que envolve a trilha sonora da minha vida.

E então começaram as notícias a respeito de ele não querer dar entrevista para o Multishow. De estar mal humorado. De não olhar para os lados e demonstrar irritação. E foi só quando ele pisou no palco que eu entendi todas essas atitudes anormais quando vindas dele, sempre tão simpático e galanteador. Jon está triste.


Eu, na minha adolescência despreocupada, sempre amei música, mas nunca fui muito de me prender a detalhes. Nunca fui esse tipo de pessoa inteligente que só gosta da música se prestar atenção na letra e gostar. Eu nunca prestei atenção nas letras de músicas internacionais. Pra mim a melodia e voz do cantor sempre bastaram. E as poucas vezes que eu tentava ouvir a letra sempre me decepcionava com o conteúdo da música tão amada. Ossos do ofício de ter odiado inglês durante mais da metade da minha vida até hoje. Ou do resquício "este Romeu está chorando mas você não consegue ver esse choro".

Pra mim Bon Jovi sempre foi só Jon Bon Jovi e suas caras e bocas. Até que eu saísse da adolescência e me aprofundasse de maneira mais madura em tudo o que eu gosto. Capricornianos são velhos em corpos de jovens, já diz a astrologia. E eu sempre acho agora que tudo o que eu gosto tem que ser baseado em alguma coisa profunda e intensa.

Faz poucos anos que eu passei a me interessar pelos outros integrantes das bandas que eu gosto nessa vida. E me distanciei da origem de Bon Jovi ser somente Jon. De Aerosmith ser somente Steven Tyler. De Foo Fighters ser somente Dave Growl. De Guns ser somente Axl. De Queen ser somente Freddie. E isso se deu principalmente depois que eu passei a baladar nos shows e casas de rock da vida. Passei a acompanhar a virilidade dos bateristas. O charme dos guitarristas. A deselegância discreta dos baixistas. A sensibilidade dos tecladistas. Tudo o que uma banda precisa ter além da paixão de um vocalista.

Já faz tempo que ficou claro pra mim que uma banda é sempre uma composição de pessoas focadas em um comum. Mas foi só ontem que eu reparei a real falta que um desfalque faz. Só ontem eu entendi o que é a falta de um membro do grupo. E, se antes eu achava que um real desfalque em uma banda era percebido somente com a ausência de um vocalista, todo esse pensamento caiu por terra.


Richie Sambora sempre foi um nome pouco interessante na minha vida. Incomparável com Joe Perry, por exemplo. Muito menos incomparável com Slash ou Robert Trujillo também. Richie pra mim sempre foi um mero coadjuvante. Até que eu fosse no meu primeiro show do Bon Jovi da vida, em 2010. E, sem saber, ficasse ali posicionada na grade exatamente na frente de Richie. Por conta das amizades que eu fiz na fila, fãs dele, e que sabiam exatamente qual era o lugar dele no palco. Eu, fui na onda, e quando Jon entrou fiquei meio decepcionada por não ter ficado exatamente ali na frente dele. Mas foi só por alguns instantes. Foi só até Richie se mostrar o integrante mais interativo da banda. Simpático como poucos, passou o show inteiro brincando e sorrindo e conversando conosco, ali pertinho dele. Richie também se mostrou incrível com suas lindas guitarras, em especial a épica com dois braços. Richie me provou o quão importante é pra Bon Jovi. Mas eu só senti o que isso significa ontem.


Entre tantos shows, quase todos com integrantes "trabalhados no pó" loucamente, Rock in Rio se destacou pra mim como artistas com loucura insana. Desde Rogério Flausino não se contentando em somente cantar as músicas de Cazuza, mas querendo imitar também a opção sexual do outro, passando por Dinho Ouro Preto cara que coisa linda cara e daí velho não sei cantar minhas músicas cara, cantem vocês aí cara e chegando no absurdo de Bebel Gilberto e sua "vibe" vestido branco colado, até ontem eu pensei que a única banda que eu não senti estar completamente drogada, por incrível que pareça, foi Metallica. Mas isso foi até Jon Bon Jovi entrar pra cantar.

Eu senti daqui a tristeza de Jon. O esforço em cantar músicas onde o solo era feito desde sempre por Richie Sambora. A escolha de cantar somente as atuais, porque as antigas possuem os emblemáticos gritinhos agudos de Richie, que sempre deram o toque especial em tudo. Jon mostrou irritação quando a platéia morta gritou "volta, Richie", somente agradecendo. E, apesar de ter canalizado toda a culpa de sua dificuldade em Tico Torres, internado após duas cirurgias, eu sempre soube, Jon. Você está triste sim pela ausência de Tico. Mas está muito mais pela ausência de Richie.

Em tantos anos tão envolvida no mundo musical e integrante de uma família roqueira, eu sempre fui da opinião que bandas de música devem ter um relacionamento muito mais intenso entre seus integrantes do que cada um deles deve ter com sua própria esposa. Deve ser uma relação amizade-trabalho absurda de tão íntima. É aquela coisa de passar anos convivendo com aquelas pessoas inicialmente somente amigas 24 horas por dia. Viajando junto. Sabe, eu que sou uma reles mortal já penso que é complicado viajar com alguém que não é da sua família pra passar um Carnaval junto que seja, imagine esses caras. Eles são mais que colegas de trabalho. São mais que amigos. São irmãos. E cada um deles deve se sentir muito mais à vontade em viajar com os outros do que viajar com sua própria família. É a convivência que faz a vida.


Ontem Jon Bon Jovi sentiu na alma a falta do irmão de tantos anos. Ali, do ladinho, gritando junto. Dividindo o mesmo microfone. O "incrível Richie Sambora", como ele já disse tantas vezes nos shows. Irmãos. Que brigam, como a gente briga com nossos irmãos. Eu lembro bem que a única vez na vida que briguei com meu irmão eu quase morri de tristeza. E é exatamente isso que Jon está sentindo, por trás de toda a obrigação comercial de ter que fazer um show.

Richie foi demitido do Bon Jovi por "estar com problemas pessoais" vulgo alcoolismo. E Jon Bon Jovi, apesar de provavelmente já ter passado por essa experiência durante alguns anos, não gostou que Richie não parou na reabilitação. Richie, por sua vez, não aprovou a exposição que Jon fez dele ao divulgar ao público qual era a situação do cara. Jon então informou que Richie não é importante para a banda. E Richie foi demitido. Jon quis provar a sua capacidade de enfrentar um estádio sem Richie ao lado e vestiu a carapuça da irritação. Não deu certo, Jon. O Brasil inteiro reparou.

Por trás daqueles lindos olhos azuis, da pele branquinha e perfeita, do corpo ainda tão em forma, e das reboladinhas e biquinhos, está toda a tristeza perceptível e clara em cada canção. Que ele, esperto, desfocou chamando uma baranga da plateia e beijando na boca. Ah, Jon, Tão profissional. Tão homem de negócios. E tão fugitivo de seus próprios sentimentos.


Amanhã a essa hora eu estarei lá na fila na porta do estádio. Conversando com as outras fãs indignadas com a ausência de Richie. E pensando nas relações pessoais, tão complicadas mesmo nas vidas das pessoas que a gente acha "supermans". Amanhã o show vai sim ser lindo, com todas as músicas que eu sempre amei, com toda a beleza do cinquentão mais lindo do mundo todo. Mas não estará completo. 

Amanhã toda música cantada terá som de melancolia. O que, pensando bem, sempre tiveram as músicas do Bon Jovi na minha vida. O momento meu comigo mesma, pensando na vida com ar de tristeza. Amanhã o Bon Jovi será pra mim mais uma intensidade do que sempre foi. Phil X se esforçando ao máximo pra substituir Richie. Rich Scannella não chegando nem aos pés de Tico. David intermediando tudo e dando o seu melhor, como sempre. A platéia paulistana, felizmente e muito provavelmente bem mais animada que a carioca, fatalmente fará manifestações pela falta de ambos. E Jon tentando esconder seus tristes desfalques.

E o que seria a música, senão uma grande expressão de melancolia?

Please, não demorem uma eternidade pra voltarem a ser fofos e felizes assim.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Sobre ele. Sobre nós. Sobre mim.

Hoje eu vim aqui contar pra vocês que no próximo domingo eu vou ao show do Bon Jovi. Na pista premium, como da outra vez. E pra quem já me conhece, já sabe que no primeiro show que eu fui, foi o melhor dia da minha vida. Foi o dia que eu vivi pra mim. Pra fazer só o que eu mesma queria. Sem pensar em nada nem em ninguém. E foi lindo.

A diferença daquela vez pra essa, além da economia de posts (daquela vez eu fiz uns 20 posts e uma amiga - né, Analu?) é a sensação de tranquilidade. Eu já o conheço. Ele já me conhece. Já cantou música e fez coração pra mim e tudo. Já sei da imensidão de 65 mil pessoas cantando Always junto. Já sei que nas horas que eu passarei na fila pra ficar na grade, farei grandes amigos com os mesmos gostos que eu. E com muito mais histeria. Já sei que eu vou comprar tudo o que quiserem me vender. Já sei que tenho que separar mais de 100 reais pra comprar outra camiseta oficial. Já sei que vou ter que ir no banheiro das casas dos arredores do estádio. E já sei que não consigo fazer xixi em lugar que não tiver porta.

Sei também que a emoção da hora que ele entrar e enquanto eu estiver ali serão iguais, porém diferentes. Porque serão únicas. Sei que eu vou achar lindo cada biquinho que ele fizer. E vou achar fofa cada reboladinha que ele der. Vou chorar quando tocar Bed of Roses, Blaze of Glory e Wanted Dead or Alive. E, se duvidar, chorarei de novo em todas as outras também. Sei que ele continuará sem nenhuma ruga, perfeito pra mim como sempre foi. Perfeito como a imensidão daqueles lindos olhos azuis. Sei também que a perfeição dele deve parar ali, no palco de um show. E que, depois dali, ele deve ser uma pessoa normal, cheio de defeitos e de manias. E é por isso que a minha admiração e meu fanatismo param exatamente ali. Na hora em que acaba o show.

Sei que ele vai continuar sendo único na minha vida. Vai continuar simbolizando tudo o que já passou e tudo que ainda virá. Vai continuar sendo uma viagem por dentro de mim a cada vez que eu ouvir certas músicas. Ele vai continuar simbolizando a mim. Sei que, por mais que eu já o tenha visto assim tão de pertinho, e apesar de isso não ser a novidade da noite, enquanto eu estiver lá vai parecer tudo um sonho, como da primeira vez. Sei que enquanto eu estiver lá todo mundo que me conhece vai saber que eu estou em mais um dos melhores momentos da minha vida. E que eu estarei completamente feliz.

Sei que apesar de ser tudo igual, vai ser tudo diferente. Apesar de eu ainda ser eu, sairei de lá outra pessoa. Apesar de ficar cansada, suada, sem voz, dor até pra respirar, eu estarei feliz. Como nunca. Como sempre. E sei que, apesar da minha banda preferida atual não ser mais essa, apesar da falta enorme que Richie fará, apesar da recuperação da cirurgia em que Tico estará. Meu coração será sempre seu, Jon.

Always.

não me olha assim que senão eu não resisto.

domingo, 8 de setembro de 2013

Sobre o fim da MTV Brasil

Então. Quem me conhece até já sabe o que eu vou falar sobre. Quem me lê há tempos também sabe que eu sou saudosa de tudo e de todos. Que eu tenho saudade até de tudo que eu ainda não vi.

Eu acho triste. Bem triste mesmo. A MTV fez parte da minha vida mesmo antes de existir. Fez parte da minha vida quando eu era ainda bem criancinha, 5, 6 anos. Quando eu assistia clipes de música com o meu pai. Naquela época a MTV ainda nem existia. A gente assistia alguns programas específicos nos poucos canais da tv que existiam. Clip Trip. Mas um programa de clipe de música em um canal aleatório no tempo em que Michael Jackson lançou Thriller com certeza fez existir o que foi a MTV alguns anos depois.

Eu conheci a MTV na casa da minha avó. Que assistia Beavis and Butt-Head com meu tio, que deveria ter uns 8 anos na época. Eu, uns 12. Era lá por 1992. De lá pra cá a MTV fez muita parte da minha vida.


Eu sou da época da Astrid. Da primeira temporada de Thunderbird. Mas também sou da época que a gente só tinha uma tv em casa, com 13 canais e que só funcionavam os tradicionais 2 (Cultura), 4 (SBT), 5 (Globo), 7 (Record), 9 (Manchete, que morreu e depois virou Rede TV!), 11 (Gazeta) e 13 (Bandeirantes). Pra assistir a MTV a gente botava no canal 12 e mudava a estação de VHS pra UHS. E até hoje eu não faço ideia da diferença entre os dois. E também sou da época que as tvs não tinham controle remoto. Ou seja, a criança de toda casa era o controle e meus pais sempre diziam a frase célebre "Rê, muda lá pra gente".

Daí eu não pude assistir muito a MTV nessa época, porque meus pais, mesmo moderninhos e roqueiros, queriam assistir o jornal ou o que quer que seja. A mim restava apenas os programas da Cultura, época de Rá-Tim-Bum e afins, porque meu irmão era ainda um bebê. Mas eu sempre soube a respeito da MTV, principalmente por causa dos amigos da escola.

Demorou um bom tempo pra que eu tivesse uma tv no meu quarto, mesmo porque eu não queria. ~arrependimento~. Eu, no auge da adolescência, me trancava no meu quarto e preferia muito mais meu aparelho de som e vibrava ao som do “dance” da época. Nem parava pra pensar que se eu tivesse uma tv poderia ainda acompanhar a música da moda e com o plus de conhecer seus clipes. Mas ok. Minha tv chegou no meu quarto aos 18 aos e, mesmo já tendo saído da adolescência, adivinha qual foi o canal que eu mais assisti na tv desde então? MTV, claro.

Foi também a exata época que eu comecei a namorar e por causa do namorado meu gosto musical se expandiu além das músicas internacionais que eu tanto gostava desde o início da vida. E aí também entrou a MTV. Ah, MTV e seu Piores Clipes do Mundo, o melhor programa que eu já assisti na tv. Que saudade. O auge do Marcos Mion. E eu nunca vou esquecer das performances dele imitando perfeitamente os clipes mais famosos da vida. E os erros de gravação dos clipes do Michael Jackson, que eu tanto amava. Só Marcos Mion "acabou” com tudo que eu curtia, mas foi com todo o estilo e eu amei. E a reboladinha i-gual-zi-nha à de Axl Rose em Patience? Amor.

Mas não foi só Marcos Mion que brilhou na minha admiração assistindo MTV. Penélope Nova e seu incrível Ponto Pê foi histórico. E eu nunca vou esquecer de algumas histórias hilárias que ouvi lá. Eu, no início da minha vida sexual. Penélope foi por muitos anos a minha VJ preferida. Porque tudo o que ela respondia quando as pessoas perguntavam absurdos era tudo o que eu diria se estivesse no lugar dela. Amo Penélope pra sempre. E esse será o nome da minha próxima gata, só por causa dela.

E João Gordo, tão incrivelmente falando tudo o que pensa. E Cazé Peçanha, que eu encontrei na Av. Paulista um dia, tão inteligente. E Marina Person e Top Top, um dos programas da MTV que eu mais gostei na vida. Morro de saudades quando escuto a voz dela no rádio hoje em dia, num programa que ela faz sobre músicas de cinema, copiado descaradamente do Movie MTV. Fernanda Lima no Fica Comigo, em uma época que eu nem sabia que um dia seria apaixonada pelo marido dela todo lindo cozinhando lindamente na GNT. Até de Cicarelli em Beija Sapo eu tenho saudade. Marimoon, a única pessoa do mundo que tem os cabelos coloridos mas que permanecem lindos, falando de internet e sentada toda linda naquela cadeira de plástico que vende em uma loja de móveis lá na Rua Augusta e custa R$ 1500,00 e eu namoro toda vez que passo na frente. E Dani Calabresa e Bento Ribeiro, gente? Melhor jornal que o Furo MTV não tinha. E eu assistia todas as noites. PC Siqueira, estreando essa coisa tão na moda agora de trazer pra tv programas que eram feitos inicialmente na internet. Até Bia e Branca, em programas tão xoxinhos, eu curtia só porque elas eram alegres e bonitinhas. E Cidão. E Chuck. E Sabrina (cuja qual eu quase morri quando Jon Bon Jovi se convidou descaradamente pra ficar na casa dela quando viesse ao Brasil). E Cuca. E Chris Couto. E Kika. E Kid Vinil, vindo diretamente de Clip Trip, citado no início desse texto. E Edgard. E Max Fivelinha, histórico. Paulo Bonfá e Marco Bianchi, totalmente excelentes.

Fudêncio que só se fode nessa merda, melhor desenho da tv. E Funérea, a animação que eu queria que fosse minha amiga, no Infortúnio, o melhor programa de entrevista que eu já vi. Me fez pensar até no que eu gostaria que estivesse escrito na minha lápide. Massacration, a banda de rock mais bizarra. Jackass, o programa mais absurdo. VMB, que eu não só assisti, mas votei e torci várias vezes. E o que dizer de todos os Acústicos, que eu amo e estou colecionando os DVDs (e quem quiser me dar algum eu vou amar, tá? Só pra constar eu já tenho Lobão, Gal Costa e Capital Inicial. E ainda quero Cássia Eller, Kid Abelha, Nenhum de Nós, Engenheiros do Hawaii, Barão Vermelho, Legião Urbana, Gilberto Gil, Titãs, Rita Lee, Paralamas, Roberto Carlos, Ultraje a Rigor e O Rappa)

MTV sempre foi o melhor canal da tv aberta. E quando eu não tinha tv à cabo na casa nova, era tudo o que eu assistia, o dia inteiro. Agora só torço pra minha Sky não cair. Do contrário não terei mais nada pra assistir. Agora ninguém nunca mais vai ver Caetano gritar “vamo botá essa porra pra funcionar”. Ninguém nunca mais vai ver João Gordo dar marretada na mesa por uma briga com Dado Dolabella. Ninguém mais vai falar da “puta falta de sacanagem”. Não passarei mais minhas tardes de domingo assistindo Rockgol, o seu único campeonato de futebol que eu curtia assistir.

Hoje eu posso dizer que, quando assisto o Saia Justa na GNT, minhas pessoas preferidas são Monica Martelli e Barbara Gancia. Mas eu tenho um carinho pela Astrid, só por ela já ter sido vj um dia. E fico feliz em assistir aquele programa fofo da Sara que ela entrevista artistas bacanas e até chorou quando entrevistou Rita Lee. E Mariana Weickert no programa também bacana sobre estilo que eu também não perco. Também sou feliz quando assisto aquele programa legal do Multishow e vejo que a Didi anda viajando bastante. E o que dizer da guinada meteórica de Tatá Werneck diretamente para a novela das oito da Globo? E mesmo Marcelo Adnet fazendo descaradamente uma cópia ridícula dos Micons de Marcos Mion no Fantástico, mas ok. Fico feliz em saber que ele está bem. Melhor está, sem dúvida, Dani Calabresa no CQC que eu ainda não vi, mas mesmo não sendo a melhor fase do programa fico feliz em saber que ela foi trabalhar num programa tão legal quanto os que trabalhava na MTV. E Paulo Tifenthaler, que pesquisando aqui, eu acabo de descobrir já ter sido vj. E agora eu o amo muito mais, além do Larica Total, o melhor programa de culinária atual da tv. Mas fico meio decepcionada quando vejo no que a Soninha se tornou. Fiquei querendo bater a cabeça na parede quando vi o João Gordo sendo um reles jurado num programa tipo Astros qualquer (certeza que foi Miranda quem levou, mas ele merece muito mais que isso). Mas, no mesmo programa, já acho ok assistir André Vasco. E o Legendários, gente? Vergonha alheia. Saudades do que Marcos Mion já foi um dia. 

MTV Brasil, sentirei saudades. :~