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domingo, 3 de fevereiro de 2013

Talent Management

Daí que lá na empresa tem esse bagulho. Quem já estudou em alguma área administrativa ou quem já trabalhou em uma empresa grande sabe mais ou menos o que é. É um bagulho aí que como vários outros tem um nome bonito só pra ocultar o real significado: é a hora que alguém vai dizer o que acha de você.

Sabe jogo da verdade? Então, isso aí. Só que sem a garrafa. E sem a roda de amigos. E sem você poder questionar o que estão te dizendo, sem brigas, sem risada, sem enfiar a mão na cara de ninguém. Porque quem estará falando as verdades a seu respeito é seu chefe. E você tem que ouvir e sorrir.

Pois é, teve esse negócio aí essa semana. Lá na empresa. E acontece com todo mundo, não dá simplesmente pra sair pelos fundos e dizer "amanhã eu faço". Não. Tem hora marcada. Tem sala marcada. E aí vai um por um, cada um na sua vez. E você fica nervoso esperando a sua vez chegar. Eu fiquei.

Chegou a minha vez e eu sentei lá na cadeirinha de frente pra chefe e no canto da sala que eu não sei se tinha temperatura de 5 graus negativos ou se eu tremia era de nervoso mesmo. Mas tava um frio do caramba. Talvez fora, talvez dentro de mim. E foram duas horas seguidas que eu conversei com a chefe sem nem reparar em quem passava por trás da parede de vidro, lá fora. Me concentrei de tal maneira que tudo ao meu redor meio que sumiu.

Conversa vai, conversa vem (mais da parte dela do que da minha, claro), a chefe é canceriana e, de acordo com a amiga, esse é o signo que por estar exatamente no oposto ao meu no mapa astral, é o que me completa. Talvez por isso essa chefe goste de mim. Talvez seja só porque todos as chefes mulheres que eu tive até hoje gostavam de mim, por mais carrascas que fossem. Chefes homens não. Eu não suporto homem mandando em mim. Mas a chefe falou muitas coisas bem bonitinhas a meu respeito. Muitas mesmo. Me senti muito envaidecida com tudo. Entre tantas, ela me comparou com a diretora da nossa área da empresa. Bem legal.

Mas né, nada no mundo é perfeito e a minha imperfeição faz com que eu me apegue mais às críticas que aos elogios. E no decorrer de duas horas de conversa eu só tive duas críticas. Só duas, em milhares de itens avaliados. E são elas: 

1) "Você tem paciência e espera as pessoas falarem sem fazer cara de desdém, mesmo que não concorde com a opinião que elas dão, mas ao dizer a sua opinião você REPRIME as pessoas à sua volta, que se sentem obrigadas a seguir o que você diz."

2) "A linha entre seu autocontrole e sua explosão é muito tênue."


Então. Oi.        xD

Ai, gente, sério. O segundo item eu concordo plenamente que talvez seja desfavorável à minha pessoa, sabe, porque ela associou isso a uma situação específica: uma reunião em que uma pessoa específica questionava a qualidade do meu trabalho, já que eu sou a funcionária mais produtiva da área em grau absurdamente mais elevado que os demais. Daí, a criatura falava na reunião em tom de desprezo e sem mencionar em nenhum momento o meu nome, mas ÓBVIO que era pra mim, que "tem que ver a qualidade do trabalho dessa pessoa que faz muito mais que os demais, porque isso é impossível". Eu, queimando por dentro (porque você pode me xingar, mas questionar a qualidade do meu trabalho pode dar em morte), fiquei quieta. Quase botei um silver tape na boca pra me obrigar a ficar quieta. E a chefe percebeu, claro, porque eu fiquei quieta, mas sou tão transparente que estava escrito na minha testa que eu queria voar no pescoço da pessoa e esfregar a cara dela no asfalto. Mas eu me contive. A duras penas, mas me contive. Mas realmente: foi por pouco. Foi por muito pouco MESMO. Enfim, depois desse episódio eu já conversei não só com a chefe, mas com outras pessoas que me deram uma luz e me fizeram enxergar que eu tenho que reagir a certas situações de maneira diferente porque provavelmente o real objetivo da pessoa era o de justamente me tirar do sério e mostrar exatamente aí o fato de que eu não sou melhor que os outros, muito pelo contrário. 

Mas o primeiro item, gente. O primeiro item, sabe? Oi, mundo, eu sou mandona. Minha família é mandona. O sangue italiano que corre por entre minhas veias é mandão. E nem é de propósito, eu nem falo tanto no sentido de mandar assim em alguém. Falo no sentido de tentar convencer. Só que eu quero convencer no grito. Hoje nós vamos almoçar em tal lugar, e ponto final. Daí todo mundo vai. Mas sabe, minha mãe que me ensinou a ser assim. Ela mencionou milhares de vezes durante a minha vida uma situação específica que aconteceu quando eu era criança:

Um dia, em uma festa de família, uma tia colocava os refrigerantes para as crianças e olhou pra mim: "Renata, você quer Coca Cola ou guaraná?" eu respondi "Tanto faz, tia.". E pronto. Minha mãe estava bem ali ao meu lado no momento e aquela foi uma situação que ela fez com que eu nunca mais esquecesse na vida, tantas foram as vezes que ela repetiu na minha mente o acontecido (e ainda repete se precisar). O argumento da minha mãe é que eu não posso ser uma pessoa do "tanto faz". "Que tanto faz? QUE TANTO FAZ, RENATA? Você tem que ter uma decisão na vida, sempre! Você tem SEMPRE que optar por um ou por outro, mesmo que tanto faça dentro de você. Você nunca pode ser uma pessoa indecisa, alguém que os outros pensem 'ah, pra Renata tanto faz, qualquer coisa pra ela está bom'. Não, você não será uma pessoa do tanto faz. Você será uma pessoa da Coca Cola ou do guaraná. Será sempre uma pessoa de opinião." E daí é por isso que eu tenho opinião sobre tudo nessa vida.

Meu trabalho trata-se de um setor em que tudo é questionado constantemente. A necessidade das coisas, o porquê dos processos. Tudo. E por isso é que eu me identifiquei tanto com tudo lá. Mas em uma equipe de quase 40 pessoas existe gente de tudo quanto é tipo e os mandões nem são a maioria. Tem muita gente omissa. Do tipo que tem opinião, mas que fala baixinho. Sabe? "ah, eu acho que talvez quem sabe um dia se...". E não, gente, não. Ou você é Coca Cola, ou você é guaraná. E eu espero todo mundo falar, a gente faz reuniões absurdas que todo mundo quase sai no tapa, mas quando a discussão não chega em um meio termo, eu sempre digo a minha opinião assim no finalzinho e junto com ela eu já digo todos os prós e contras e tudo o que pode dar de certo e errado caso adotarmos a minha opinião sobre o assunto. E então milagrosamente a discussão cessa. Gente, tem que ser Coca Cola, porque ela é viciante, porque depois de comermos o sanduíche de mortadela do Mercadão nada mais pode ser tão seguro e libertador do que a Coca Cola que vai ajudar a acomodar melhor a gordura da mortadela no organismo e trazer melhor saciedade e a sensação desengordurante de que tudo foi perfeito. Guaraná é doce demais, leve demais, gasoso demais, tem maior probabilidade de te deixar enjoado depois e a propaganda do guaraná com a pizza pode nem ter sido tão perfeita assim, visto que a propaganda da Coca Cola com os ursos polares e o caminhão do Papai Noel vem tornando há anos a marca muito mais rentável apesar de seu poder viciante e que as más línguas digam que é um ótimo desentupidor de pia. Ou seja, faz mal mas mesmo assim o mundo inteiro ama. E fim.

E então todo mundo bebe a Coca Cola feliz e certo de que foi a melhor escolha. E gente, desculpa. Se ainda tinha alguém que pensou que o guaraná era melhor e não continuou defendendo a sua opinião, é bunda. É, porque foi omisso. Porque só porque eu falei melhor e mais alto, ficou com medo. Ah, gente. Veja se isso é jeito de viver! Deixando as coisas pra lá e pensando no tanto faz! Não. Eu sou a favor de gente que discute, que leva suas opiniões a diante, que tem opiniões. Porque se a pessoa fizesse isso, talvez me convenceria mais pra frente que não, guaraná é um produto nacional, mais saudável, mais barato, mais bonito e com poderes medicinais, que fosse. Eu falo melhor e mais alto, mas nem por isso sou do tipo que não muda de opinião. Eu mudo sim, basta me convencer de que o seu ponto de vista é melhor.

Brigada mãe, desculpa chefe. Eu sou uma pessoa de opinião e acho que quem enfia o rabinho entre as pernas e aceita a opinião dos outros mesmo sem achar que é a melhor merece morrer.


Os Menudos apoiariam minha dica pra vida: não se reprima.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Lá vem o sol, tchurururu. Lá vem o sol - sim eu já sei, PORRA.

Faz bem um mês que as pessoas estão reclamando disso. No meu twitter. No meu facebook. Dia desses eu vi até um desenho do pobre São Pedro com problema no encanamento. É a pobre da Analu, que saiu do frio congelante de Curitiba doida pra suar no calor do Espírito Santo e tá chovendo. É a Jana, que saiu de Porto Alegre pra se esbaldar no Rio e tá chovendo. É o resto da população brasileira espraguejando e xingando o pobre Pedrinho que está fazendo "frio" e chuva em pleno verão.

Mas São Pedro é camarada. São Pedro é meu amigo.

São Pedro sempre soube que eu não gosto de sol. Ok, também não é assim. Eu gosto. Eu acho mesmo lindo todo nascer e todo pôr de sol e acho que eu sou uma das poucas pessoas que repara nisso todo santo dia. Oi, eu moro no vigésimo segundo andar e o grande motivo pra isso, além de gostar de altura, é poder ver o céu mais de perto. Eu realmente reparo nessas coisas. Hoje por exemplo o céu estava lindamente azul, mas estava mais lindo ainda porque as nuvens desenhavam grandes paisagens no meio de toda a imensidão. Eu acho o céu muito mais lindo quando tem nuvens. E acho clichê quem acha o contrário. Ai, modinha essa coisa de querer o céu totalmente azul e sem nenhuma nuvem. Vai lá dançar o tchererê-tche-tchê, vai?

Então. São Pedro sempre soube que eu curtia mais os dias sem sol. Mesmo quando nem eu sabia disso, quando eu era criança e sonhava que PELO MENOS parasse UM POUCO de chover no dia do meu aniversário pra ver se, quem sabe, talvez, ALGUÉM aparecesse na minha festa. Mas não, não parava. E não, ninguém ia, fazendo chuva ou sol. E eu demorei pra descobrir isso, demorei mais ainda pra descobrir que eu não gostava de sol. Demorei pra parar de desejar que fizesse sol quando eu fosse à praia nas férias de julho. Demorei. Demorei pra descobrir que eu era mais feliz nos dias de chuva.

E então que hoje, depois de vários dias, resolveu fazer sol em São Paulo. Bem agora que as pessoas já estão voltando de férias. E que elas estão acabando. E que mesmo assim o bem-te-vi já cantou hoje cedo e eu já sei que quando der umas 16h vai cair todo o mundo na cabeça das pessoas. E eu, diferente de todos os brasileiros, tou super curtindo. Nunca vi um verão tão lindo. Tão friozinho, tão chuvoso, tão supimpa. E aí foi pensando nisso que eu resolvi enumerar aqui pra vocês exatamente todos os motivos que fazem com que eu não goste de verão:

1 - Eu sou uma pessoa branca - E branco já é pouco pra mim, se levarmos em consideração que faz 2 anos que moro em um apartamento que não bate sol e deve fazer pouco mais que isso que não vou à praia. Minhas pernas estão verdes já, como diz a amiga. E eu sempre fui dessas pessoas que quando tira a roupa na praia o pessoal em volta olha e chama de palmito. SEMPRE. Isso quando eu ia à praia uma vez por mês, hein. Imagine hoje.

2 - Eu tenho sardas - Demorou bem uns 20 anos pra eu descobrir. Ou pra elas começarem a aparecer. Foi num belo dia que eu resolvi chegar em Porto Seguro pra passar uma semana com a escola, cheguei lá e passei CENOURA E BRONZE. Renata, a louca do Cenoura e Bronze na Bahia. Foi bonito. Foi beleza. Tanto, que eu tava lá pegando o menino e o máximo que dava pra encostar nele era a boca mesmo (e ele beijava mole tá, Anna?). Foi bom, porque ninguém pode sair falando que eu estava no "agarramento". Foi supimpa também porque como foi com a escola, o lema da galera era não dormir durante uma semana. E vocês sabem, né? Eu preciso dormir 10 horas por noite pra me sentir feliz. Então. Eu ardia TANTO que não conseguia encostar no lençol. Não conseguia virar o pescoço. Conclusão: não conseguia dormir. Pelo menos não nos dois primeiros dias, porque depois disso eu desmaiei de sono mesmo. Mas foi bom. Ninguém pode dizer que eu era mole e dormi mais do que aproveitei. A aventura com Cenoura e Bronze na Bahia por uma semana me rendeu sardas no peito PRA SEMPRE. E eu não tinha nenhuma. E apesar de saber por experiência própria que tem muito homem com fetiche por sardas, eu não gosto. Depois disso, fui reparando que todas as vezes que eu tomo sol elas aumentam. Agora, não só no peito, mas na barriga e nas coxas. E comecei a reparar nas minhas tias, tão sardentas quanto. Enfim - NO MORE sun for me.

3 - Eu viro pimentão - Não é regra o fato de ser branca e virar pimentão. Juro. Eu tenho uma prima branca e sardenta que depois de um dia na praia sai MORENA. Sem brincadeira. Mas essa não é a minha realidade e eu, depois de um dia de sol, saio parecendo que passei a cara na frigideira. Protetor solar pra mim tem que ser de fator 30 pra cima (mesmo assim na cara tem que ser o 50) senão não funfa não. Mesmo assim, a gente já sabe: NINGUÉM tem a capacidade de passar protetor solar bonitinho de 2 em 2 horas e de maneira uniforme no corpo todo. NINGUÉM. E é fato que eu sempre saio marcada e manchada aqui e ali. Meu maior feito nesse sentido foi o dia que eu passei protetor solar na barriga enquanto estava sentada na cadeira e no fim do dia saí listrada feito tigre. Do Rio de Janeiro. E as pessoas rindo da minha cara de paulista. Mas eu conheço gente pior: uma amiga que passou todo o protetor, lindo, uniforme, de 2 em 2 horas....... e no fim do dia estava com a orelha e os pés vermelhos feito pimentão. Ficou bonita. E ela é trollada por isso até hoje.

4 - Eu tenho tatuagem - Depois de anos e anos de tentativa frustrada de ser uma garota esperta e ~da cor do verão~, desisti. Porque finalmente eu ouvi aquelas mesmas tias sardentas e comecei a reparar nas pessoas brancas do mundo. E descobri que eu gosto delas. Gosto de gente branca, acho bonito. Eu quando saía da praia e tirava foto no meio dos meus primos brancos, me sentia destoada. E eu não gosto de destoar assim. Achava os outros mais bonitos porque eles eram mais brancos que eu. Mas um dia meu cérebro funcionou e eu descobri que se parasse de querer ser o que eu não sou, eu seria exatamente igual à eles: branca. Fato que se eu for olhar pra um cara na rua vai ser o mais branco. Não necessariamente o loiro (ok, em grande maioria, sim). Mas o que for mais branco de pele mesmo, independente da cor do cabelo. E aí que esse gosto por tatuagens que me invade tem bem uns 20 anos se incluiu na categoria. Eu acho que tatuagem foi feita pra existir em pessoas brancas. Pra destoar da cor da pele. Pra aparecer mais. E pra não ficar com cara de tatuagem de cadeia. Porque gente que toma muito sol ou tatuagem de gente com pele morena demais tem cara de que foi feita na cadeia.

5 - Eu acho feio gente de "roupa de banho" - Gente, seguinte. NINGUÉM fica bonito de biquíni. Nem de sunga. Nem de bermuda. nem de maiô. Ninguém tem o corpo perfeito. NINGUÉM. Ok, deve ter uma porcentagem de uma pessoa pra cada milhão só. Daqueles que não fazem mais nada além de passar o dia todo na academia e come só alface com frango há bem uns 10 anos. Mesmo assim, periga ser uma pessoa muito amarela. Eu concordo sim com o negócio de que todo mundo é igual e que a ditadura da magreza não tá com nada e que nesse BBB tem uma meia dúzia de gordos e tem que ser assim mesmo. Claro. Mas concordo do outro lado: não é que todo mundo é bonito. É QUE TODO MUNDO É FEIO. Desculpa. Mas arrumadinho, de roupa, maquiagem, ou ao estilo "descabelado-acordei-agora-sou-chique", tudo bem. As pessoas podem ficar até apresentáveis. Mas tira a roupa da galera e manda passear como veio ao mundo durante o dia e no sol. NÃO. Fato que se você for magra, vai ter celulite na bunda. Vai ter escoliose. Vai ter a barriga flácida. Peito caído. Periquita de biquinho. Cicatriz. Perna torta. Pé chato. Unha encravada. Culote. Pelanca do tchau. Careca. Pelo onde não devia. Ninguém é bonito na praia, gente. NINGUÉM. E os maiôs/biquínis/sungas/bermudas decididamente não ajudam. Desculpa.

6 - Eu passo mal - Não, eu não sou aquele povo mole que sai de casa morrendo porque a pressão baixa e desmaia nos ônibus da vida e dá trabalho para os outros. Eu não fico doente. Faz mais de três anos que eu não tenho uma gripe. Mas das últimas vezes que eu acordei de manhã e disse "bom dia sol, olha que dia supimpa, vou passear" eu não me senti bem. Aquela moleza, aquela falta de fome (isso pra mim é grave), aquele cansaço, aquela cabeça no sol (e eu sou meio careca, fica ardendo o couro cabeludo depois), tudo o que me faz pensar que o que eu queria mesmo era tomar um banho e deitar na minha cama ao invés de ficar ali andando debaixo de sol e com calor e com o pé suando no meio da rua inutilmente.

7 - Eu fico feia no verão - Não só eu, mas o mundo inteiro. Eu sei que eu já falei das pessoas feias na praia, mas fora dela também todo mundo fica feio no verão. As pessoas transpiram. Ficam com aquela cara brilhando. A mulherada prende o cabelo e fica com cabeção. Os caras saem de casa se sentindo gatos quando na verdade tudo o que eles têm é um cabelo ensebado. As pessoas usam roupa de malha no verão, gente. E eu tenho bastante roupa de malha no armário, mas já decidi que pretendo me desfazer delas pouco a pouco porque é fato: malha é uma roupa que deixa as pessoas feias. Pobre. Mostrando as banhas. Ontem eu tava reparando na bunda de uma mulher que estava na minha frente na fila do banco e ela realmente tinha uma pelanca fora do comum ali na popa da bunda. Tudo por que? Porque ela usava uma calça de malha colada. Se estivesse usando uma calça de um tecido mais nobre não deixaria isso aparente e ia mostrar a pelanca da bunda só lá na praia e cairia apenas no item 5 de meu texto. Mas não. E os gordos então? Gordos transpiram muito mais. E ficam com a roupa melada e grudando. E cheiram azedo.

8 - Eu durmo mal - Já falei que pra mim dormir é fundamental. Eu durmo bastante. Eu durmo de edredon. Mesmo no frio. Eu preciso de ventinho no clima pra dormir bem. E de ar relativamente frio, mas sem ser de ventilador nem de ar condicionado porque eu tenho rinite. Dormir pra mim é um negócio que precisa de qualidade. Dormir bem é qualidade de vida. E dormir no calor é um porre. Você fica lá suando. Fritando na cama. Quanto mais tira a roupa na tentativa de ficar com menos calor, mais gruda no lençol. Demonstrativo de inferno.

9 - Envelhece - E eu não vou colocar só eu nessa categoria. TODO MUNDO envelhece mais no verão. Você, bonitona, que tá lendo esse texto e pensando que eu sou uma mal amada que não sabe curtir a vida e que devo ser gorda e por isso não gosto do verão: você vai envelhecer bem mais que eu. Porque enquanto você está lá estatalada debaixo do sol, rugas vão se formando na sua pele (além das sardas e do câncer de pele e tals). Quando você não está dormindo bem à noite mas acha que isso é o melhor porque quem dorme muito não aproveita a vida, você é que não está produzindo colágeno para retardar o envelhecimento da sua pele. E quando você está lá tomando banho por mais tempo porque é calor e você fica uma hora no chuveiro e foda-se o mundo se você está jogando fora à toa toda a água do planeta: está envelhecendo a sua pele. Está tirando a proteção natural. Está de molho debaixo da água quente que vai te deixar enrugada feito uma uva passa não só ali no banho, mas também para o resto da vida.

10 - Eu sou uma pessoa saturnina - E deixo todo o crédito desse item com a Priscila. Porque eu sempre gostei de dias chuvosos e nublados, por mim seria sempre outono e fazendo no máximo 20º C. E nunca soube o porquê (Lidia: usado como substantivo = junto e com acento) desse meu gosto peculiar e que quando eu conto para as pessoas todo mundo me acha doida. Mas o meu irmão também prefere o tempo assim. E um belo dia, a Pri (a louca da astrologia) me contou: sou capricórnio, que tem como planeta regente Saturno. Apesar de ser o planeta mais bonito (ele tem anéis, né? ) é o planeta mais denso (lembra do "retorno de Saturno"? então). Saturno é um personagem austero, ligado à solidão (a cabra sente-se feliz ao subir a montanha sozinha, já diz Susan Miller). Representa a paciência, a prudência, a meditação. Conectado com o oculto, quem tem saturno como regente é mais ligado às trevas que à luz (oi que eu sou louca pra fazer tour monitorado no cemitério). Desempenha um papel na fatalidade, na doença e na ruína (e deve ser por isso que todo mundo só me liga quando tem problema). Mas ok que claro que nem todos os capricornianos são assim - e eu conheço um monte deles que curte bem mais o sol que a chuva. O que não é o meu caso e a mim se aplica perfeitamente todo esse esquema de gostar de tempos "feios" muito mais que dos "bonitos". Eu juro pra vocês que eu acordo bem mais feliz e cheia de vida e disposta quando o tempo está nublado e chuvoso. Ao mesmo tempo que o mundo inteiro tá achando um horror o verão ser chuvoso e tem gente morrendo e a enchente e o deslizamento... cá estou eu, do alto do meu vigésimo segundo andar, acordando feliz e abrindo a janela e dizendo

Bom dia, chuva. Que dia lindo. \o/



quinta-feira, 14 de julho de 2011

Sobre o sofá de 3 lugares

É uma coisa que eu não entendo o por quê da existência. Tudo bem que em jogos de sofás tradicionais você compre um de dois e um de três lugares. Tá certo que em algumas salas de casas amplas e com grandes paredes talvez fique bom no quesito decoração. Mas eu, cá comigo, simplesmente não acho legal. Não sei exatamente o que passa na cabeça das pessoas por aceitarem um trambolho de um sofá de 3 lugares no meio da sala. Eu explico:

Está lá, família toda, almoço de domingo à tarde. Hora da sesta, pessoal se entulha na sala. Pode reparar no próximo domingo quando você estiver na casa da sua avó: o último lugar a ser ocupado é exatamente o lugar do meio do sofá de 3 lugares. As pessoas vão sentando nos cantos dos sofás, nos braços, no chão. E o lugar do meio do sofá de 3 lugares é sempre o último a ser ocupado - quando é. E eu entendo que se não for uma criança ou um casal de namorados que precisa sentar grudado, é meio desagradável a gente sentar assim no meio do sofá. Sem ventilação. Sem braço pra encostar. Você nem pode pender pra um lado que encosta em alguém. Dependendo, se a sala tiver uma mesa de centro, você ainda tem que pedir licença para qualquer um de seus vizinhos de sofá para afastarem um pouco as pernas pra você passar. Sabe? É incômodo. É como sentar na lateral de uma mesa. Fatalmente você não vai conseguir sair se precisar ir ao banheiro no meio da refeição. Ou se tiver sede e a água estiver na geladeira da cozinha, lá longe. E se do seu lado sentou aquele seu tio que demora a terminar a refeição, esquece. Você tá ferrado e vai criar teias de aranha até que o tio levante pra você poder sair.

Eu sento nas cabeceiras da mesa. E não estou nem aí quando dizem que é lugar da pessoa mais velha. Sou mesmo, eu preciso me locomover quando quiser, eu digo. Nos sofás, sou muito mais à favor das solitárias poltronas. Eu moro sozinha, galera. Preciso da minha individualidade. Mas poltronas geralmente têm seus donos, e na casa dos outros eu acabo sentando em sofás de dois lugares mesmo. Pelo menos tem ventilação. Tem um braço do sofá para que eu possa encostar meu próprio braço. Tem logo ali do meu lado o fim do sofá para que eu possa ver o movimento.

Sofás de 3 lugares são incômodos. São um trambolho pra carregar e se tornam um trambolho também no quesito decoração, porque eu já cansei de ver sofás de 3 lugares onde não deveriam estar. No meio da sala. Fechando alguma porta. No meio do caminho. Sofás de três lugares são comprados por gente que gosta de dormir em sofás. E eu não pertenço a essa categoria pura e simplesmente porque eu acho que cama é um lugar muito mais confortável, já que minha posição preferida pra dormir é de bruços. E eu não gosto de dormir assim em público, na hora da sesta de domingo no meio da família, sabe? Mesmo porque eu acho desagradável você ter visita em casa e ficar lá esticadão no sofá de 3 lugares enquanto o resto da galera senta nas cadeiras de plástico que sobraram. Acho que é o mínimo da educação a sua bunda ocupar somente um lugar no sofá se você por acaso convidou mais pessoas para compartilhar da sua casa. Conclusão: um sofá de 3 lugares perde sua razão de ser. Porque apesar de você ter comprado um pensando em dormir nele, na hora da visita ninguém vai dormir ali. E enquanto as pessoas compartilham da sua linda companhia, ninguém vai sentar no lugar do meio do sofá de 3 lugares. Vai ter gente que vai preferir sentar na escada (tipo eu - escadas são confortáveis). No tapete. Na cadeira da sala de jantar.

Eu sinceramente não sei o que pensou a pessoa que inventou que um jogo de sofá deveria ser composto por um de dois e um de três lugares. Porque as pessoas não têm mais três filhos. O limite aqui são só dois. Então dois sofás de dois lugares seria o ideal. Claro, se seus filhos não se odiarem e precisarem do lugar do meio do de três lugares pra manter distância. Ou pra servir de mesa, pra você colocar a pizza.

Sofás de 3 lugares são inúteis. Deixam as pessoas entulhadas, umas em cima das outras, com falta de ar. E na minha casa, apesar de ter bastante espaço, vai haver só 2 sofás de 2 lugares. Assim, funcional. Vai custar mais caro? Não tem problema, eu pago pela funcionalidade e pelo meu bom gosto em ter dois sofás de dois lugares. Porque lugar de dormir é na cama. E eu não quero ninguém babando no meu sofá (vai dormir na tua casa!)


(Não preciso falar do meu asco a respeito de sofás de mais de 3 lugares, né? Aquela coisa horrorosa de canto. Ou preciso?)

terça-feira, 5 de julho de 2011

Sobre a Maldição da Internet

Quando eu era criança não existia internet. Nem rede social, nem computador. Nem nada parecido. O meio de comunicação em alta era o telefone e o motivo das grandes brigas nas casas era o valor da conta. Até na minha casa já chegou a acontecer. Comigo, que nem gosto de falar no telefone. Teve uma época lá que meu pai me encheu os pacovás porque eu falava muito com o namorado. Mas enfim.

Antigamente não tinha esse negócio de você abrir a página e ficar sabendo da vida das pessoas. Onde elas estão. Fazendo o que. Pensando o que. Comendo o que. Usando qual roupa. Sendo amigas de quem. Você simplesmente sabia das coisas porque o fulano contou pro beltrano que contou pro siclano que te ligou pra contar. E nem celular tinha, hein. A gente era obrigado a atender o telefone com fio na sala mesmo, no meio do almoço de domingo, com a família inteira ficando em silêncio pra ouvir o que você dizia e você lá toda sem graça respondendo "aham, ah é, talvez" quando o namorado no outro lado da linha dizia algo do tipo "quero você sem calcinha".

Os anos passavam, a gente mudava de classe na escola, gente entrava, gente saía. E nunca mais se tinha contato. "Dizem que fulano morreu, você viu?" Não, não vi. E até hoje não sei se é verdade. Porque o diz-que-me-diz era meio vago, a gente nunca podia acreditar plenamente. O que eu sei é que o tempo passou e eu perdi contato com as pessoas. Pessoas mudaram de casa e de número de telefone. E eu nunca mais as vi.

Eu posso me dar ao luxo de dizer que não lembro de mais de 10% das pessoas que passaram na minha vida. Lembro sequer das melhores amigas de infância. Justamente porque, naquela época, as melhores amigas de infância mudavam conforme os anos na escola. Ano novo, classes separadas? A falta de contato fazia com que as melhores amigas também fossem trocadas. E então, vinda eu de uma época em que o contato com as pessoas era restrito, hoje me pego aqui pensando se aquela moça da academia talvez não tenha estudado comigo no colégio. Ou pensando quem será que é aquela menina que encontro na fila da eleição, com rosto tão familiar. Ou aceitando convites de pessoas no Facebook que eu não faço a mínima idéia de quem sejam, mas que têm os mesmos amigos que eu e que estão, inclusive, lá na página da mesma desconhecida não só aceitando a amizade de bom grado, mas também deixando mensagens como "é uma imensa alegria te ver por aqui, estou morrendo de saudades". Ok, eu também aceitei. Se a minha amiga está morrendo de saudades daquela pessoa, é sinal de que ela também existiu na minha vida. Melhor aceitar então. Mesmo que eu não faça a mínima idéia de quem seja.

Hoje as pessoas da minha época se reencontram nas redes sociais. Depois de 10, 20 anos. E a gente (eu) não sabe mais como eram os relacionamentos passados. Eu sinceramente esqueço se eu gostava ou não gostava daquela pessoa. Se eu mal lembro da pessoa, imagine se vou lembrar o que eu achava ou deixava de achar a respeito dela. Esqueço das coisas que me faziam simpatizar ou não por ela. Esqueço, e daí de repente as pessoas se reencontram e eu só penso 'ah é, estudei junto, é boa gente então'. Mas não. No fundo no fundo, eu sei quem mais ou menos eu gostava ou deixava de gostar, mas por pura intuição. Eu lembro somente de coisas vagas, que aquele era o cdf que sentava na primeira cadeira e levava os livros da professora. E que aquela era O bullying da escola e que, veja bem, hoje é instrutora de academia e cheia de amigos.

Hoje as pessoas daquela época se reencontram e é necessário viver mais um tempo compartilhando momentos pra lembrarmos exatamente o que sentíamos por esse ou aquele. Saímos juntos um tempo pra lembrar que ah ta, aquele cara ali que eu beijei no Natal e que depois disso simplesmente me bloqueou no msn e vira a cara pra mim na rua (não fui eu não, é só um exemplo REAL, porém não meu - pq eu escovo os dentes! HAHAHA melhor parar senão recebo carta com anthrax) realmente há 20 anos atrás era um nerd que tremia nas bases em momentos que não devia e por isso lá, antigamente, eu já tinha decidido que não tinha motivos para manter amizade. Saímos juntos para lembrar que aquele cara insignificante e a gente só lembra o nome até hoje porque tinha outro na classe com o mesmo nome e era necessário dizer o sobrenome pra diferenciar, na verdade era insignificante porque só fazia amigos quando lhe convinha, visto que foi necessário um tempo razoável de reaproximação e conversas inapropriadas e divertidas que foram simplesmente deixadas de lado quando ele simplesmente achou que devia e você ficou no vácuo. Ou aquela menina feia e com o cabelo feio, que um dia chegou razoavelmente apresentável e simpática e todo mundo só lembrou pra comentar do choque de transformação, mas que depois de um tempo simplesmente acabou a conversa e os novos-velhos-amigos lembraram que ah, verdade. Há 20 anos atrás ela não era só feia e com o cabelo feio. Era desinteressante também.


Hoje não dá pra esquecer das pessoas. Hoje todo mundo é conectado na internet. Hoje todo mundo está dizendo como está, com quem está, comendo o que, fazendo o que, assistindo qual filme, fazendo sexo com quem, xingando o chefe de que e com a unha de qual cor. Hoje eu consigo saber da vida dos meus 179 "amigos" do Facebook ao mesmo tempo. Mais 173 no Orkut. Hoje ninguém pode se dar ao luxo de esquecer de alguém. De não lembrar o nome de alguém. De não saber da onde conhece. De saber o nome e não conseguir ligar à pessoa. De não ter mais notícias. Daí você, pessoa chata de plantão, vai me dizer: saia das redes sociais! Desligue esse computador! Delete esse twitter! Desinstale esse Instagram do seu iPhone! E aí, meu filho, eu vou te responder que eu vou chegar domingo pra almoçar na casa da minha mãe e meu pai vai me dizer "Você viu as fotos que a fulana postou? Nossa, tá gorda/magra/velha/feia!" E eu juro que estou aqui dizendo o exemplo MÍNIMO do fato, visto que meus pais entendem de internet tal qual eu entendo de mecânica. Imagine o tanto de informações que as pessoas integrantes de todas as redes sociais e com 600 amigos em cada uma têm pra te contar a respeito dos contatos dela que você também conhece.

Então eu fico aqui pensando, sabe. Já pensou essas criancinhas que estão começando a vida escolar agora? O tanto de contatos no Facebook que vão acumular durante uma vida? O tanto de gente presente e viva e divulgando sua própria vida pra quem quiser ver? O tanto de sufoco de informações que isso vai causar um dia? É, porque daqui 30 anos as crianças de hoje saberão exatamente quem era amigo no passado e quem não era. E saberão exatamente quem é aquela pessoa que passa ali na rua e que estudou com ela há 20 anos atrás e sabe, inclusive, até o que a pessoa comeu ontem. Daqui 30 anos as crianças de hoje não precisarão mais reencontrar os amigos de escola. Pra reviver os momentos. Pra beijar tardiamente quem queria antes e não tinha conseguido. Pra ter a surpresa de ver que nossa, aquela mina com cabelo capacete hoje descobriu que existe chapinha. Ou perguntar pra alguém "o que foi que houve exatamente com você nesses 15 anos que te transformaram de um cara divertido e popular nessa pessoa confusa e que sai pregando sua religião PRA MIM, que odeio isso??"

Não haverá emoções de reencontros. Não haverá surpresas de 'nossa, você emagreceu/pintou o cabelo/teve 5 filhos um de cada pai!'. Não. A internet está aí todos os dias. Pra fazer a gente lembrar de cada um. Pra acompanhar a vida e os pensamentos de cada conhecido. E pra gente ter certeza e nenhuma dúvida que é. Eu convivi mesmo com esse bando de gente chata, e a cada dia que passa eles ficam mais chatos. Ai que tédio.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Voltem para suas casas!

Então que São Paulo é, aparentemente, o point. Aparentemente espalham por aí que aqui tudo tem. Que a culinária é esplêndida e que a noite é supimpa. Que tudo o que você quiser fazer, aqui você pode. Que aqui não é Amsterdã, mas que se você for esperto, consegue um sexo explícito ali no Parque do Ibirapuera mesmo. Que aqui não é Itália, mas a nossa pizza é melhor (eu ainda preciso provar a italiana, mas concordo plenamente que a paulistana é melhor mesmo antes disso). Que aqui não é Portugal mas você consegue na boa um bom vinho do porto pra acompanhar aquele bacalhau da Noruega supimpa que você vai comprar na boa ali no Mercado Municipal. Tem tudo em São Paulo. São Paulo é comparada às maiores metrópoles do mundo, assim-assim com Nova Iorque e Tóquio. Pois bem.

Se você passou da idade da balada (porque o público é de 18 anos e eu, sinto muito, não convivo no mesmo ambiente), não bebe até cair (público frequente dos bares e eu, sinto muito, acho mico), está de saco cheio de ir ao shopping (eu me recuso a frequentá-los em quartas, sextas, sábados e domingos) e não curte um samba (tá na moda, toca em todo lugar, mas desculpe, eu tenho ouvido bom) fica meio restrito sempre às mesmas opções. Então um belo dia você decide inovar e, ôpa que é junho, resolve ir a uma quermesse. Quermesse, festa de igreja. Quermesse, meio que um programa de índio. Quermesse, que você vai só pra comer e mesmo assim paga 3 reais por um mísero pinhão sendo que com esse valor você pode comprar mais que um quilo deles em um sacolão qualquer. Quermesse, cheia de comidas de índio, nada muito chique, nada muito bistrô. Quermesse, nem cerveja tem. Quermesse, cheia de crianças vestidas à caráter e quando você passa da idade, nem graça tem.

Pois bem. Eu gosto de quermesses. Acho diferente. Pra mim é diferente. Pra mim, que nasci em São Paulo, no coração dessa cidade cinza e cheia de poluição que tinge há mais de 30 anos meus lindos pulmões de cinza. Pra mim é diferente. Pra mim é um passeio à parte, com aproveitamento do ar livre, coisa tão rara nesse lugar que eu moro desde que nasci. Quermesse, uma coisa tão diferente na cidade, que tive que procurar na internet onde tinha uma. E mesmo assim só encontrei a que eu já havia ido no ano passado e já a conhecia.

Sábado passado eu fui à quermesse da Igreja do Calvário, em Pinheiros. Ou melhor: os planos eram ir até lá. E nós fomos. Fomos, porque quando a gente viu o trânsito no meio do caminho, nem sonhou que era pra entrar em uma mísera quermesse. Fomos porque a gente achou que o trânsito era um acidente qualquer, uma entrada de balada qualquer, um imbecil fazendo uma conversão proibida qualquer. Fomos. E encontramos TODOS os estacionamentos nas ruas ao redor lotados. Fomos e demos de cara com uma fila pra entrar que dobrava o quarteirão. Entre nós, só rolou uma exclamação: "é show de quem?". De ninguém, caros leitores. NINGUÉM. Tem sim uma bandinha lá que toca ao vivo na quermesse, mas eu digo pra vocês que nada justifica aquele povaréu. Eu juro que pra quem olhava de fora parecia show tipo do U2. Ou aquelas filas que as lojas têm em dias de liquidação relâmpago ou de agarre o que puder. Ou fila de emprego. E era aí que eu queria chegar.

A quermesse (aquele programa de índio para muitos) estava cheia porque o shopping já estava lotado. Porque as baladas já estavam entupidas e os bares com gente saltando pelo ladrão. E eu aposto que nas principais ruas pra chegar nesses lugares, estava tudo congestionado também, assim como estava um trânsito do além pra chegar em uma simples quermesse. E eu posso garantir pra vocês que os restaurantes também estavam cheios. E aquele Mc Donalds que eu fui também estava um absurdo de lotado. E com certeza todos os ingressos de cinemas e de teatro também estavam esgotados, e eu como sei que isso é normal aqui na minha cidade estou querendo comprar agora um ingresso pra ver um espetáculo no Teatro Municipal que vai rolar só em dezembro. Porque aqui é assim. E daí eu te pergunto:

Por que INFERNOS a minha cidade está lotada assim? Quiquié que aqui tem mais gente que nos outros lugares? Vai me dizer que a poluição faz a galera ser mais fértil e sai todo mundo por aí tendo filhos em penca que depois saem pelas ruas no frio de 5º C com mini-short e vestidos que mostram o estômago quando se espirra, porque São Paulo está superpopulosa e qualquer jeito de chamar a atenção é válido? Não. Para o seu governo, aqui todo mundo trabalha muito. E que pode até ser que tenha um ou outro casal que supera as expectativas tendo três filhos, mas São Paulo é cheia de casais sem filhos e pessoas solteiras que não têm tempo de trabalhar o dia todo, passar 4 horas no trânsito e ainda cuidar de filhos. Então, ómeudeusdocéu, que p#rra é essa que anda acontecendo?


Imagina você lá, caboclo, vida no campo, falta de água, coisa difícil, meia dúzia de filhos pra criar, Josicleiton não entrou na escola porque não tem vaga e Jovelmira deixou de estudar pra cortar cana. Um belo dia chega luz elétrica na casa do patrão e enquanto Josivaldo almoça o arroz e feijão sofrido, assiste que em Sum Paulo tem a festa de Nossa Senhora de Achiropita. Então de repente começa o jornal e Josivaldo, já nem querendo mais arroz e feijão, entende que aqui há muitas vagas na construção civil e pouca mão de obra qualificada. Então ele pensa que empilhar tijolo deve ser igual a cuidar ali da fazenda, coisa que talvez ele seja o melhor na mão de obra, mas a insatisfação toma conta da pessoa. Ah, vontade de ver os prédios. Ô que em Sum Paulo tem salsicha. Josivaldo então decide que a vida vai melhorar, que os empregos vão pipocar, que ele vai encher a cara de picanha e que vai ficar rico. Aqui, na minha cidade.

A quermesse do Calvário estava cheia de Josivaldos. E Josilaines. Pra eles, uma festa comum, já que a maioria dos migrantes deve vir de lugares onde as festas ao ar livre são muito mais frequentes que nos lugares fechados. Josivaldo paga 5 reais num milho verde que comeria de graça de sua horta lá na sua cidade natal. Josilaine senta atrás de mim no cinema ainda admirada com a tela enorme e comemorando aquele momento tão à vontade que acaba lendo a legenda em voz alta para sua amiga, Jocilmara. Mas a aparente prosperidade dos migrantes nem sempre é a real: Jocilmara ajuda no salão de cabeleireiro da esquina e Josivaldo vende pipoca no farol. Porque apesar de, quem sabe, talvez, eles terem qualificação profissional para ocupar bons cargos nas empresas de São Paulo, ainda assim elas (as empresas) preferem pessoas mais jovens e que estudem em certas universidades (paulistanas, claro), inacessíveis por este ou aquele motivo. E então a fila de emprego em qualquer vaga de pedreiro pra qualquer construção de qualquer estádio de qualquer time por aí...... é um evento cujas pessoas se organizam a ponto de dobrar vários quarteirões.

E gente, peloamordedeus. Alguém precisa ir fazer palestra nas cidades do interior e nos outros estados pra dizer que não. Aqui não tá sobrando emprego. Que mal tem emprego pra nós, que nascemos aqui. E que não, aqui ninguém fica rico. E que a pizza pode até ser a melhor do mundo, mas se você tiver 30 reais pra pagar num mero brotinho de 4 queijos. Do contrário, pizza de 10 reais dá pra fazer em qualquer lugar do mundo com qualquer tomate e mussarela da mais barata por aí. Alguém precisa dizer pra esse pessoal que não, aqui não tem mais lugar pra morar. Que não tem mais onde construir casas, que um barraco na favela tá custando pra lá de 5 mil reais e que debaixo da ponte tem fila de espera pra morar. Que não adianta chegar aqui e ter o sonho de comprar um carro, se você não vai conseguir sair da garagem porque o trânsito bate na sua porta e se por acaso você conseguir dirigir por dois metros, vai ganhar uma multa por excesso de velocidade. Alguém precisa dizer pra eles que São Paulo está inabitável e que, se continuar nesse ritmo, aqui vai ter tudo menos paulistano. Porque as amigas paulistanas que eu tenho estão indo morar no nordeste. E mandam notícia dizendo que, nossa, aqui não existe trânsito. Os nordestinos estão todos em São Paulo.

Eu, se mandasse em alguma coisa nesse mundo, ia mandar todo mundo cada um para o seu estado de origem. Não vem que não tem, não adianta ir pra Sum Paulo que a cidade lá já expirou. Vou mandar fazer indústrias e comércios lá em Rio Branco. E espere uma nova unidade de Cinemark em Palmas. Vou botar Mc Donalds em cada palafita no leito do rio Amazonas e eu prometo mandar bandas de rock pra tocar no Pará (eu aposto que eles não aguentam mais Calypso).




É o cúmulo que o pessoal saia do nordeste (o berço das quermesses!) pra vir aqui superlotar a minha reles quermesse em Pinheiros. O cúmulo.




E minha vó: "mas filha! Eu sou mineira! Se você for fazer todo mundo voltar para suas casas, eu vou ter que morar lá!" Vai, vó. Mas eu mando fazer um Outback em São Lourenço pra eu comer lá toda vez que for te visitar. Que tal?

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Sobre o que você passa no pão

Faz um tempo já que venho pensando nesse fato simples da vida. Simples para a maioria das pessoas, porque eu aposto que todo mundo passa qualquer coisa no pão sem nem prestar atenção no que está fazendo. Pra mim não. Pra mim, pensar o que vou passar no pão é uma questão não-automática. Eu presto atenção no que eu vou passar no pão. Eu penso nisso. Eu imagino calmamente cada opção que tenho pra depois chegar à melhor conclusão sobre o que passarei no pão hoje. O que vai me fazer mais feliz. O que vai me dar mais prazer em comer se eu agregar àquela massa fofinha de um pão francês maravilhoso. Porque o pão francês é o melhor, não é preciso discutir isso. No mundo inteiro, eu aposto: o pão francês reina soberano no meu paladar restrito. Pão francês é a glória. Pão francês é vida. Então não será necessário questionarmos, nesse post, o pão. Questionemos então o que vem levemente por cima dele. Ou no meio, se desejarem.

Eu penso que quem prefere passar manteiga no pão é uma pessoa sem grandes horizontes. É, porque manteiga no pão é o tradicional. Simples. Comum. Singelo. Humilde. Passar manteiga no pão é o maior clichê. Como colocar leite no café. Ou arroz no feijão. Mesmo assim, há uma tremenda diferença no simples ato de passar manteiga no pão: eu aposto que você passa margarina. E margarina, veja bem, é uma coisa insossa. Tudo bem, é o prático, é a vida moderna, é a globalização, é a história de comerciais de famílias felizes que se sentam à mesa tranquilamente e todos juntos no raiar do sol e................. passam margarina no pão. Eu entendo. Você cresceu assistindo que passar margarina no pão traz felicidade e isso entrou no seu subconsciente e você acha que margarina é a melhor coisa da face da Terra pra se passar no pão. Certo. Talvez eu até concorde. Se o pão estiver saindo quentinho da padaria e se você for pegá-lo nas mãos e passar a margarina e no momento que levá-lo à boca ainda estiver quente. Porque eu acho legal que as margarinas derretam. E eu acho mesmo que sinônimo de felicidade é margarina derretida em cima de pão francês quentinho. Ou do bolo quentinho. Margarina derretida é vida. Mas se você não tiver a felicidade de depois de esperar na fila da padaria a próxima fornada de pães e morar relativamente perto da mesma para que no momento em que for comer ainda poder saborear o pão quente com a manteiga lindamente derretida em cima..... você ainda tem uma opção maravilhosa: pode fazer o famoso pão na chapa. Pão na chapa com café é o que eu vou querer comer no meu último dia de vida, se eu souber que é meu último dia de vida. Vou acordar assim "ôpa, hoje é meu último dia de vida, vou começá-lo então com um lindo pão na chapa e café." Coisa boa que é pão com margarina na chapa.

Meu irmão quando era pequeno costumava comer pão com margarina e queijo ralado. E com tanta insistência dele, eu acabei entrando na onda. Tem dia que me dá vontade de passar margarina no pão e botar queijo ralado. Mas tomem cuidado. Da última vez que eu fiz isso, enquanto carregava o prato com o pão cheio do queijo ralado, tropecei no tapete e voou queijo ralado para os lugares mais inusitados. No dia seguinte eu achei vários farelos de queijo ralado no sutiã. Mas enfim. É uma boa opção para quem deseja inovar e ter altas aventuras no pão com margarina de todo dia. Porque convenhamos: eu já falei que o pão francês é único e insubstituível na minha vida. Mas vai que chega um dia que só tem pão de forma? Eu acho o cúmulo passar margarina no pão de forma. Coisa mais sem graça. Fica tudo sem gosto! Mas pra tudo há uma solução: um dia alguém inventou a torradeira. E aí na hora que você tira o pão de forma xoxo da torradeira, ele está quente! Conclusão: voltamos à teoria que passar manteiga em pão / bolo quente é vida.

Sei que manteiga me lembra roça. Porque lá em Minas vende manteiga da roça na padaria. E a manteiga lá não tem esse gosto desses tabletes de manteiga industrializada que vendem aqui no mundo civilizado não. Lá a manteiga da roça tem gosto de fazenda. É a pura manteiga da vaca do campo. E aí você passa assim no pão quentinho (porque lá o pão SEMPRE está quentinho) e não. A manteiga da roça não derrete. A vaca é vitaminada. Imagina se vai fazer uma manteiga que derrete. Não. Lá a manteiga tem sustância. E é boa mesmo assim. Mas lá eu gosto de passar a manteiga no biscoito. É, biscoito, daqueles de polvilho. Que lá são enormes. Que a gente tira assim um pedaço do biscoito enorme e passa manteiga por dentro, no oco do biscoito. E come com café. Tá, que o café eu preferia o daqui. Mas esse post não é sobre café. É sobre coisas de passar no pão.

Um dia eu queria ter o prazer de parabenizar o sujeito que inventou o requeijão. Esse sim foi um cara memorável. Que inventor do telefone? Que inventor da luz elétrica? Eu quero é apertar a mão do cara que inventou o requeijão! Pessoa inteligente viu. Aposto que inventou por acaso. Um belo dia a receita do leite passou do ponto e daí saiu aquela melequinha pastosa dos deuses. Aquele negócio que fica bom com tudo. Com a batata assada. Com o macarrão. Com o pão de forma. E com o bolo quentinho. Já ouvi dizer de gente que passa requeijão até no panetone. Mas eu não gosto de panetone e não quero estragar esse post falando disso. Quero dizer que requeijão é uma coisa tão linda que pouco importa se você está passando no pão quente ou frio. O importante é passar uma quantidade suficiente pra quando você for comer, pingar por baixo. Ah, requeijão. Meros 3 reais de puro prazer. Requeijão no pão é coisa sensacional. E já era, simplesmente assim, sendo só requeijão. Mas alguém quis fazer firula, foi lá e inventou o cream cheese. Daí meu mundo caiu. Eu sou uma pessoa de queijos, sabe? Queijo pra mim é sinônimo de felicidade. E aí qualquer coisa entre requeijão / cream cheese / polenguinho dentro do meu pão é sinal de que o dia só pode ser bom.

Mas não acho legal quem come pão com queijo. Simples assim. Uma fatia de mussarela ou queijo prato, que a gente cansa de ver nos comerciais da tv como sinônimo de refeição saudável. Eu aposto que quem fez aquele comercial do Marcelo Adnet da Telefônica (acho), que ele liga pro colega de trabalho pra dizer que o cara pegou a mulher da chefe na festa.......... não come pão com queijo. É, porque durante todo o comercial, eu só consigo pensar naquele pão com queijo em cima da mesa. Coisa seca, gente! Pão com queijo é a coisa mais seca desse mundo! É uma pessoa completamente sem paladar e sem vontade de comer que inventou isso! Pelamordedeus alguém passe uma coisa molhadinha nesse pão!

Já ajuda a vida se você puser um presunto. Presunto também é uma coisa legal. Mas eu acho que só o presunto e queijo, assim, frios, dentro do pão... fica meio que faltando. Eu já sou radical: boto tudo na sanduicheira e transformo em misto quente. Aí sim, hein? Aí sim é um recheio de pão de responsa! Mas tem gente que bota peito de peru no pão. Rosbife. E todos esses outros frios que não fazem parte da minha vida porque eu sou uma pessoa de queijo-presunto-salame-mortadela. Desconheço todo e qualquer embutido que foge à essa regra. Mas quando alguém me fala que 'nossa, comi um pão com peito de peru supimpa hoje' eu penso. Penso que primeiro: duvido que aquelas rodelinhas brancas de um negócio branco tenham um sabor favorável. Segundo: pão com peito de peru está para alimento seco tanto quanto pão com queijo. E terceiro: eu sempre acho que a pessoa que come peito de peru deve achar horrível, mas sai comendo e anunciando porque ACHA que é light. Prestenção, minha filha: todo o light que TALVEZ possa ter num peito de peru comparado com um presunto, por exemplo, você dá com os burros n'água exatamente ali. NO PÃO. Então não adianta minha nega. Pode comer pão com alface que não vai ser saudável. Desiste.

Continuando na linha dos embutidos, eu acho que mortadela no pão é legal. E só. É que mortadela é meio pobre. Sei lá, coisa de pobre comer pão com mortadela. Quando a galera pega ônibus todo dia de manhã cedo e vai em pé no trânsito do ônibus lotado e acaba chegando tarde na "firma", pra vocês que andam só de carro e que nunca pegaram ônibus na vida, eu conto: a marmita da galera cheira a mortadela. E acreditem: dá a maior fome de sentir esse cheiro quando você está há horas num ônibus lotado que não chega nunca porque está no trânsito da cidade. Mas de vez em quando, pão com mortadela e Coca Cola é legal. Porque Coca limpa aquele seu bafo de mortadela logo em seguida. E eu não quero ter o desprazer de sentir o cheiro de alguém arrotando mortadela do meu lado.

Por outro lado, salame eu já acho mais delicado. Salame é um negócio bonitinho. Pequeno. Gostosinho. Mas se você for colocar só isso no pão, chegaremos novamente naquele quesito coisa seca de comer. Salame no pão é bom. Mas falta alguma coisa. E é aí que eu queria chegar.

Maionese é uma coisa dos deuses. Não qualquer uma, porque eu sou fiel à marcas. E a minha é SEMPRE Hellman's. E eu te digo: se você tem um pão seco com salame, acrescente maionese pra você ver como a vida muda. Maionese no pão é uma coisa maravilhosa. É para pessoas inovadoras, que querem sair da rotina do pão com manteiga. Maionese não deixa que nada fique seco no seu pão. De um simples pão francês aos grandes hambúrgueres famosos de todas as hamburguerias, lanchonetes e fast foods. Pergunte-se qual o ingrediente principal do famoso e lendário molho especial do Big Mac. Maionese é sensibilidade. Maionese é suavidade. E eu tenho um ponto a ressaltar: a Hellman's anda querendo inovar e está fazendo comercial de receitas com maionese. Bote maionese no seu bife acebolado. O caramba! Maionese é no pão. Philadelphia no molho de tomate? Isso é o cúmulo! Lugar disso é no pão! Esse pessoal não tem nada que inventar moda para os ingredientes de passar no pão!

Tudo bem que tem as modas que o pessoal inventa também e que não tem nada a ver. Tou pra ver coisa mais sem graça que passar patê no pão. Tudo bem que se for aquelas coisas chiques de grão de bico e blablabla eu até deixo passar porque é da culinária árabe e eu acho bom. Mas patê de presunto, gente? Crie vergonha na cara e vá você na padaria pedir o próprio presunto! Crie vergonha na cara e abra a sua própria lata de atum, a sua própria maionese e misture tudo dentro do seu pão, ao invés de comprar um patê de atum. Garanto que fica bem mais legal. E se você é melhor abastado nesse mundo, sinto dizer: foie gras é uma das coisas que eu nunca comi na vida e nem quero. Prefiro comprar todo esse dinheiro em muito cream cheese pra passar no meu pão!

Enfim, por último e exatamente por isso sem importância: se você passa geléia no pão, é infantil e muito provavelmente vai morrer de diabetes nessa vida. Se passa mel, você é um sujeito sem grande imaginação, mas ainda assim poderia ser meu amigo. E se passa Nutella... você é um assassino.


segunda-feira, 16 de maio de 2011

Missão

Eu passei 5 anos da minha vida aprendendo que a MISSÃO é um dos principais fatores que devem ser bem estabelecidos numa empresa. Deve ser claro que a missão é o que e para quem a empresa se propõe e a fazer. Não simplesmente a descrição do que a empresa faz. Missão é o que a define, é um propósito, é o que a faz existir. É, eu fiz administração de empresas. Com uma ênfase, e por isso meu curso durou 5 anos - não foi DP não. E apesar de, ainda hoje, mesmo sendo muito comum por aí os cursos de gestão de negócios e vários outros com vários outros nomes do tipo, que as pessoas formadas em quaisquer outras profissões são obrigadas a fazer como especialização, devo dizer pra vocês que OI, formados em jornalismo. Em direito. Em arquitetura. Em medicina. Em qualquer curso de informática, ou qualquer curso de qualquer outra natureza. Quando vocês são obrigados a fazer uma especialização de gestão em negócios, gestão pública, gestão de projetos, gestão financeira, gestão ambiental e gestão de qualquer p#rra que seja, ISSO É ADMINISTRAÇÃO. É administração que exigem que você saiba quando te obrigam a fazer um curso desses para que você possa ser promovido. É administrar, o que quer que seja, que é preciso saber pra você crescer na vida, não importa em qual sentido. Então vamos parar de sair dizendo por aí que administração "é o curso mais sem sentido" que você viu na vida. Que quem faz administração, faz porque o pai manda ou porque não soube o que fazer. Vamos abrir essa mente, gente. Todas as profissões têm o porquê de existirem e, sinto dizer, eu aposto que você que faz curso de torneiro mecânico (oi, Lula!) deve ter alguma disciplina que te ensine a administrar sua carreira, seus clientes, seus fornecedores e suas ferramentas (ou o que quer que seja que torneiros mecânicos manuseiem - eu não entendo disso). Mas tá, não era sobre isso que eu ia falar. Eu estava falando da missão.

Acontece que nessa mesma linha de raciocínio do conceito de missão que eu aprendi na faculdade (tou falando que administração é uma coisa pra vida), estou aqui a pensar na missão espiritual. Quem me lê há bastante tempo sabe que eu sou católica, mas que ponderando pelos prós e contras das religiões afins por aí, eu até que simpatizo bastante com os espíritas. E aí, bagunçando (ou arrumando) o meio de campo, semana passada a amiga colocou meus dados, nome, data e hora de nascimento, número do sapato e cor da calcinha num site aí que faz mapa astral e me mandou por e-mail. Na verdade ela queria saber aonde que estava a lua no momento do meu nascimento - eu ia dizer que devia ser no céu, mas achei melhor deixar pra lá. Daí tá. Eu, como quase todas as mulheres do mundo sei meu signo, ascendente, elemento e blablabla e até já tive meus tempos de ler horóscopos e tal. Mas sobre astrologia, não acredito nem deixo de acreditar. Só penso que não há mal nenhum em ler uma coisa ou outra ou pensar que essa ou aquela pessoa têm o jeito assim ou assado porque 'ah! Você é de gêmeos! Só podia mesmo ser duas caras!' Sabe? Diversão, simples assim. Claro que eu sei que quando conhecer o homem da minha vida não posso perguntar o signo dele assim nos primeiros dias, senão ele vai me achar uma louca do horóscopo e tal. Eu serei mais sutil e perguntarei toda fofa e sorrindo "que dia você faz aniversário?" (homens nunca ligam uma coisa à outra, são tão inocentes! hoho)

Enfim, a Pri fez o meu mapa astral e me mandou colado por e-mail. E no meio a tantos sóis e luas nas casas não sei das quantas, estava lá uma frase importante, que me deixou pensando bastante a respeito: "À medida que o tempo passar, você chegará a alguns insights muito bons com relação à sua individualidade e certos elementos raciais e familiares. Aprenda com eles. Talvez então você possa descobrir a natureza da missão espiritual que o destino lhe reserva."

E aí eu fiquei pensando que muito provavelmente eu já tenha tido esses insights. Porque eu realmente penso muito na vida, meodeusdocéu, eu penso demais. E de uns tempos pra cá, com todos os acontecimentos na minha vida, na vida das pessoas próximas e, principalmente, nas vidas das pessoas da minha família.... talvez eu tenha tido uma idéia da minha missão espiritual nessa vida.

Porque né? Desculpe se você não pensa no por quê da sua existência. Eu penso no por quê da minha. Eu penso o que que eu estou fazendo nesse mundo. Por que eu vim, pra que eu vim. Vim fazer o que? Só a passeio? Impossível. Eu prefiro dormir a ficar passeando sem sentido. Eu, com certeza, se estou aqui é com algum fundamento. Porque eu prefiro pensar assim do que ser como os ateus, que acham que do pó viemos e para o pó voltaremos. Ah, não, vai. Eu acho que acredito que tudo vai muito além disso. Impossível que eu tenha vindo aqui toda linda e fofa participar desse mundo de meudeus e que tudo o que eu penso, sinto e vejo um dia vai simplesmente escoar para o lençol freático do cemitério em que eu for enterrada e, puf, acabar. Não, eu acho que eu mereço mais que isso. Eu acho que tudo vai muito além disso. Por favor, eu não ia ficar aqui participando de toda essa PALHAÇADA pra nada, vai.

Enfim. Como num video game, eu acho que aqui todo mundo tem uma missão. Claro que tem sempre aquele pessoal que resolve jogar no seu time só pra te atrapalhar. Tem aquele pessoal que no começo fica todo feliz e animado de "ah, vou fazer dupla com você!" só porque você joga bem e a pessoa quer levar a fama de ganhar às suas custas. Mas que desiste de jogar quando você começa a perder. Ou simplesmente porque cansou de jogar com você. Ou simplesmente porque cansou de jogar. E agora vai pular umas partidas porque vai no banheiro ou comer lanche da tarde e "fulano, joga aí pra mim!". A vida é como um video game. A diferença é que lá você vai ganhando vidas no decorrer do jogo, e quando morrer pode voltar do ponto em que salvou pra refazer o percurso matando mais bichos, porque dessa vez você já sabe de onde eles vão surgir. Mas eu acho que fora esse fato, deve ter uma hora que você percorre todos os mundos, mata todos os inimigos, colhe todas as moedas e acha todas as estrelas. E chega lá no fim, pra resgatar a princesa. Que eu agora podia dizer que não é o fim, mas sim o início da tormenta, afinal o casamento não é feito do "felizes para sempre". Mas dessa vez eu vou fazer a Analu e acreditar que, sim. A hora que você chega pra resgatar a princesa equivale à sua chegada ao paraíso. Detalhe: a hora que você chega lá no fim pra salvar a princesa (aquela chata), pode ter até passado a maior parte das fases dividindo sua missão com o Luigi. O Luigi pode ter sido um amigo fiel que te ajudou a superar barreiras e a avançar no objetivo, mas também pode ter sido um filho da puta que só foi perdendo todas as suas vidas e tropeçando no caminho. O Luigi pode ter sido um Bruno, mas tanto faz. Lá, no fim, na hora de salvar a princesa, é você. O Luigi nunca aparece dizendo "ah, Mario, peraí que eu vou na frente pra ir te ajudando e limpando um pouco o caminho". Não. O Luigi chega no castelo do Bowser, pára na porta e diz: vai lá Mario, eu espero aqui.

Dia desses eu vi no Video Show que perguntaram para o Evandro Mesquita o que ele gostaria de ouvir quando chegasse no céu. "Que eu vou ter outra chance", ele respondeu. Eu fiquei pensando que gostaria de ouvir um sonoro PARABÉNS. Você executou suas tarefas com eficácia. Você superou seus obstáculos, você atingiu seus objetivos, você salvou a princesa, mesmo ela sendo uma chata e viu o castelo do Bowser ruir, desabando seu império e salvando a população (Bin Laden acho que via o presidente dos EUA como Bowser, né?). Você cumpriu sua missão - era o que eu queria ouvir. Porque, a partir daí, eu teria descoberto não só minha missão nesse mundo, mas também meu motivo de existir e porque passar por certas coisas. A partir de um simples parabéns eu saberia o sentido da vida, do universo e tudo o mais. Porque já diria Douglas Adams: a resposta é 42. Mas a pergunta é que são elas.

Enquanto esse dia não chega, eu fico aqui tentando adivinhar os motivos para minha existência no mundo. Desculpem, eu sou uma pessoa complexa. Para pessoas comuns e mundanas e que passam sua vida pensando em acertar o bilboquê, favor se dirigir à sessão blogs diários. Aqui é uma pessoa densa que fala. E essa pessoa densa vem pensando bastante a respeito da vida, do universo e tudo o mais. E aqui, como mulher de 30, sabendo que os 30 são a idade da intolerância, eu sinto dizer que meu insight (ou talvez minha intuição) me diga que missa missão espiritual passa ali bem pertinho da PACIÊNCIA. Da aceitação. Do entendimento do outro. De consentir a respeito das coisas. De entender que as pessoas fazem as coisas por esse ou por aquele motivo. E que cabe a mim aceitar. Entender, apoiar.

A cada dia que passa, quando eu penso que não, aquele último acontecimento eu já entendi, já superei, já continuei... vem alguma coisa nova e muda tudo. E aí eu me vejo aqui, pensando que nossa, quanta coisa ainda preciso aprender. Quanta coisa ainda preciso aceitar. No relacionamento com as pessoas então, meodeus, como eu preciso mudar.



quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Sobre Síndrome do Pânico

Então. Como eu sei que a maioria das pessoas que me lê já sabe que... blablablá, esse é um assunto polêmico, o blog é meu e eu falo o que quiser a respeito e blablablá vou mandar todo mundo pro site da Mônica (vejam que meiguice, eu podia mandar pra outro lugar!)... já sabem, né? Que bom. Para os novatos, eu vou repetir (em 2011 eu prometi ser uma pessoa melhor então vou ser delicada): é um assunto polêmico e mesmo assim eu tenho o direito de dizer o que eu penso no espaço que é meu, não admito comentários mal educados e se você já sabe que vai dar piripaque com minhas opiniões, nem leia. Passeia lá no site da Barbie (isso é o máximo de delicadeza que eu consigo por enquanto, relevem).

Síndrome do Pânico é um negócio que há uns anos atrás eu nunca tinha ouvido falar. Penso muito que ainda bem que o negócio não é mais igual antigamente, que as pessoas furavam as cabeças dos outros pra sair sangue até que o coitado ficasse tonto a ponto de nem sentir mais a doença que tinha antes. Que bom que de lá pra cá a medicina evoluiu a ponto de não ter mais sentido escrever "morte natural" nas certidões de óbito. Mas tudo que envolve psicologia e psiquiatria é um grande mistério e eu não ia servir pra nenhuma das duas profissões.

De acordo com a Wikipédia (pra você ver que eu não sou do tipo leiga que fala merda, eu pesquiso a respeito das coisas antes de dizer a minha opinião), a síndrome do pânico é uma condição mental psiquiátrica que faz com que o indivíduo tenha ataques de pânico esporádicos, intensos e muitas vezes recorrentes. É importante ressaltar que um ataque de pânico pode não constituir doença ou ser secundário a outro transtorno mental. Caracterizado por crises súbitas, sem fatores aparentes e frequentemente incapacitantes.

Han. Daí eu me pergunto: quem me garante que essa pessoa está tendo uma reação não-controlável? Quem me garante que a coisa não é feita racionalmente? Quem me garante que alguém que sai na rua tem lá um piripaque porque quer chamar a atenção? E eu gostaria de dizer que não, nunca vi nada parecido, mas já vi. Aqui, bem pertinho, sabe se lá o que acontece pra alguém fugir de casa e se esconder num banheiro de rodoviária ou passar horas longe a ponto da família entrar em desespero e chamar a polícia ou ter que sair procurando pelo IML. Mas as pessoas voltam. As pessoas voltam a si, voltam pra casa, voltam a ter uma vida normal. Tipo, de repente tá ali estatalado, louco e babando e dormindo com o lixo e no dia seguinte sai pra trabalhar 7h da manhã como se nada tivesse acontecido. Não é tipo louco que fica louco pra sempre e pronto. Não. Então assim: pra mim é frescura. Um belo dia a pessoa quis chamar a atenção. Saiu de casa e deu piripaque, daí resolveu que não ia conseguir sair de casa e todo mundo ficou sabendo. Óh, fulano deu piti ali, coitado. Pronto. Amanhã voltemos à vida normal.

Sabe suicida que sai falando pra todo mundo que vai ali se matar? Que senta no alto do prédio ou na beirada da ponte e PERMITE que alguém socorra? Faz aquele estardalhaço, chama rádio, tv, jornais, parentes, faz testamento e fica de cá gritando 'ó, vou me jogar. eu vou hein. tou indo'? Então. Quem quer se matar não avisa. Morre e pronto e todo mundo só fica sabendo depois.

E acho mais: acho que existem médicos e remédios e tratamentos pra coisa sim (não, eu não sou retardada, eu sei que as pessoas investem nesse tipo de "doença") porque é fácil. Como eu li num livro ali, de um negócio nada a ver: é cômodo você ir no médico com uma doença qualquer. Eles ganham pra isso, claro que vão te atender. Remédios? Farmacêuticos ganham pra isso! É lógico que vai ter remédio até pra dor de cotovelo nesse mundo. Caso que a gente vê tipicamente nos filmes (e deveria ser só nos filmes): gente que vai no médico e não tem nada. Não tem nada mas só fica satisfeito tomando algum remédio. Água, que seja. E aí, pensando que é remédio, a pessoa melhora assim puf. Como se a água que tomou realmente fosse o melhor remédio de todos os tempos, milagroso. Ou, pior: mãe que acha que filho é doente. Sabe, aquela doença que as mães dão conscientemente remédios inapropriados para os filhos tomarem só pra provocar algum tipo de doença e poderem ter atenção de médicos e hospitais? Então.

Acho que é fácil ter qualquer uma dessas "doenças mentais". É fácil se fazer de louco. Cômodo. Um dia você simplesmente diz 'ó, sou doente' e não sai de casa pra enfrentar a vida, enfrentar lá fora, enfrentar os problemas, ir à luta. É covarde. Síndrome do Pânico? TODO MUNDO tem medo de sair de casa todos os dias. Ninguém sabe o que vai acontecer, se vai voltar são e salvo, se vai ser assaltado, se vai morrer atropelado, se algum parente querido vai ter algum problema sério, se você vai perder o ônibus, se o chefe vai gritar, se você vai derramar café na camisa ou se alguém vai pisar no seu pé. É ÓBVIO que se todo mundo for pensar em tudo antes de sair de casa, a gente vai ficar embaixo da cama mesmo. Claro. Mas não. A gente precisa de dinheiro. Precisa trabalhar pra pagar as contas. Precisa comprar o leite do filho, botar o pão na mesa, trazer flores pra esposa. Precisa-se trabalhar. Agora você me diz, se lá na roça, naquela vidinha difícil de interior de trabalho braçal e pouca comida na mesa..... se alguém lá tem síndrome do pânico. Vamos falar de coisas mais perto da gente: o pessoal lá na tragédia, na enchente, no deslizamento, perdeu tudo. Perdeu casa, comida, família. Você viu alguém com síndrome do pânico? Ah, não se tem notícia? Não se pode dizer? Vai lá perguntar, eu fico esperando. DUVIDO que você vai achar. Não tem tempo pra ter síndrome do pânico. Tem que limpar tudo, lavar tudo e sair no dia seguinte pra trabalhar pra poder ganhar dinheiro pra se refazer uma vida.

Eu posso ser muito injusta na minha opinião, mas nem os médicos que estudam anos, que doam suas vidas pra entender e descobrir sobre doenças do cérebro, não sabem ao certo o que acontece. Se você não entende do assunto, eu te digo: quando você tem uma doença mental qualquer, o diagnóstico é feito por eliminação. Até uma simples dor de cabeça constante (e disso eu entendo) é feito assim. E aí pelos sintomas que você tem descarta-se dor de cabeça ocasional, descarta-se doença física e visível (como câncer) e descarta-se cefaléia porque ela não dá enjoo. Diagnóstico: enxaqueca. Simples assim porque ainda não descobriram outras doenças com nomes diferentes e diferenças de sintomas. Então fica lá"enxaqueca". Como um "morreu de morte natural". Simples assim.

Enfim, [eu posso ser muito injusta na minha opinião]² a respeito de síndrome do pânico, mas os casos que vi, os que fiquei sabendo, TODOS eu penso que foi um piripaque. Pra quem não sabe, piripaque é o termo que os médicos dão para "esse paciente não tem nada e tá dando show". Engraçado que as pessoas que dizem ter síndrome do pânico, geralmente não têm muito o que fazer na vida. São pessoas com a vida confortável, que trabalham poucas horas, que não têm filhos pequenos pra criar, que não têm grandes preocupações na vida. Sinceramente, parece mesmo que um belo dia acordam com o pensamento de "puxa, que tédio, vou arrumar uma coisa pra fazer". E então vão ali e têm síndrome do pânico.

Eu vou acreditar se você tiver síndrome do pânico depois de um sequestro. Depois de um assalto violento. Depois que um filho seu morrer num acidente qualquer. Depois que a sua casa for assaltada e os bandidos mantiverem você, sua esposa e seus três filhos menores que 5 anos como escudo quando a polícia chegar e que alguém for morto à queima roupa ali na sua frente no carpete da sua sala e a marca de sangue ficar pra sempre no chão. Depois que a sua casa for tomada por uma enchente e você ver que seu trabalho de anos vai literalmente por água abaixo, um a um de seus pertences comprados de maneira tão sofrida. Depois que você estiver desesperado porque seu marido morreu de morte súbita e você antes dona de casa, tem cinco filhos pequenos pra criar sem nem saber por onde começar. Sabe? Casos do tipo, claro. Eu entendo. São mesmo chocantes e devem mesmo causar muito mais que uma síndrome do pânico. Mesmo assim, NENHUMA das pessoas que eu conheço que passaram por essas situações, tiveram síndrome do pânico.

Mesmo assim, porque eu decidi ser uma pessoa melhor em 2011, mesmo com toda essa minha opinião à respeito, tudo bem. Eu acho que de cada 100 pessoas que têm síndrome do pânico, umas 3 realmente têm. Porque sei lá, não se sabe de tudo, a medicina ainda não evoluiu a esse ponto, vai saber. E eu também sou maleável a ponto de saber que tudo tem uma certa margem de erro. Tá. De 100, três devem ter. Porque sobre todos os outros 97, eu te digo: se você realmente tivesse síndrome do pânico, se você soubesse que é irracional, incontrolável e se o que passa realmente não for pra chamar a atenção. É você, é reação sua, sem maiores motivos como os que eu exemplifiquei, dá aparentemente do nada e você SABE ali, com você mesmo, que é síndrome do pânico e pronto. VOCÊ SAIRIA ANUNCIANDO que ó, tenho síndrome do pânico, viu? Me ajuda que eu sou doente mental (veja lá que a Wikipédia diz que é condição mental psiquiátrica - não sou eu que estou dando nome aos bois não, eu só estou dizendo o termo em português coloquial, caso você for se ofender com isso). Vai sair querendo se expor nesse nível?

EU NÃO.


terça-feira, 3 de agosto de 2010

Sobre o Ponto Crítico

Então que aquela coisa que todo mundo diz que uma mulher se arruma para as outras mulheres é bem verdade. Mas não é só isso. Mulheres se comparam com outras mulheres desde sempre e pra sempre. E por volta dos 30 anos não é mais quem tira as melhores notas nas provas, quem chama mais a atenção dos meninos na escola ou quem é mais popular que importa. Importa o que você fez até aqui.

Aí que eu abro o Orkut e dou de cara com lindas famílias, maridos musculosos, viajados. Crianças com lindos cachinhos e olhos azuis que escolhem alegremente abóboras para o Halloween. Sim, porque moram fora do Brasil. E acho legal, sabe? Acho bonito ver que as pessoas cresceram, se desenvolveram, se reproduziram. Eu juro que só tenho Orkut porque acompanho de perto o crescimento de algumas crianças muito fofas que eu tenho vontade de apertar. Bonitinhos. Que bom que as antigas amigas casaram com alguém que parece perfeito, porque as fotos são sempre de comercial de margarina, e tiveram filhos lindos. Tem gente que estudou comigo e tá indo feliz da vida para a terceira gravidez. Que bom, eu realmente fico feliz por eles, de verdade. Mas tem gente que não pensa assim.

Tem gente que pensa que os outros se empenharam em casar e ter filhos... e aí? Onde fica a parte de aproveitar a vida? De estudar, viajar, fazer cursos? Onde ficam as noites de balada? De pegação? E a segurança de ter um bom emprego, para evoluirmos e crescermos profissionalmente e financeiramente? Onde fica aquela coisa de investir em imóveis, ações ou o que quer que seja para que tenhamos um futuro tranquilo? Então o pensamento é sempre 'Fulana casou e mal terminou o ensino médio pra fazer comercial de margarina. Assim até eu.' contra o 'De que adianta Ciclana se gabar que é doutoranda que ganha rios de dinheiro e viaja pro exterior todas as férias se continua encalhada?' Não sei o que é melhor, sabe? Sei que pra todo mundo sempre parece que está faltando alguma coisa e que eu só penso cada vez mais que nessa vida não se pode ter tudo.

Acho normal e que faz parte da vida das mulheres a rixa do tenho marido x tenho carreira. Mas o que eu não consigo mesmo aceitar é a busca incessante por um casamento que a maioria faz. Não entendo. Uma vez me disseram que mulheres fazem a vida em tópicos. Tópicos que precisam alcançar e ticar, como simples metas ou afazeres de um dia. Fazer faculdade - tique. Curso de inglês - tique. Trabalhar em uma boa empresa - tique. Alcançar salário tal - tique. Comprar aquele sapato caro - tique. Namorar o cara mais cobiçado - tique. Concordo que isso é realidade. E concordo que cada tópico tem um prazo para ser concluído. Agora bota tudo isso no MS Project e veja os pontos críticos. Eu te conto: o ponto crítico de uma mulher solteira é chegar perto dos 30 anos sem casar. Sem dó nem piedade. É isso aí e pronto. E depois desse, é chegar perto dos 40 sem ter filhos. Não tem outra opção. E não venha me dizer que estamos no século XXI, que isso é coisa do passado, que as mulheres hoje procuram primeiro a carreira profissional e que essa coisa de casar tá em segundo plano. Balela. O objetivo profissional pode até estar em primeiro plano, mas aos 30 anos isso tudo vai pro espaço porque o desespero do momento é casar. Tá.

Eu? Quando eu tinha uns 8 anos queria casar aos 25. Queria ter o primeiro filho aos 27. E quando dizia isso as amiguinhas me olhavam dizendo nooooooossa, que tarde. É, porque todo mundo queria casar antes dos 20. Os tempos eram outros. Acontece que eu, hoje com 30, olho minha mãe. Que casou com 18 e ficou grávida na lua de mel. E eu não acho que ela tenha aproveitado a vida, sabe? Se você perguntar pra ela, como pra qualquer uma das amigas de escola que estão no terceiro filho, todas vão dizer que são felizes porque suas famílias são lindas, claro. Mas eu, aqui de fora... porque não fazer mais? E eu não estou dizendo que casar cedo é um problema. Não é não. Acho que se você tem 20 anos e resolveu que achou o amor da sua vida e vai casar lindamente e viver de amor... pô, que bom. Que bom MESMO porque os amores que a gente vive aos 20 anos não vive nunca mais. Porque aos 20 anos tudo é sem preocupações, tudo é sentimento. E depois dessa fase a gente já começa a colocar empecilho em tudo e dificultar cada detalhe. Encontrou a alma gêmea aos 20? Que lindo. Casa lá mesmo e seja feliz.

Eu não concordo é com o ponto crítico. Não concordo em ver que a maioria das mulheres solteiras da minha idade - e nem preciso ir muito longe, nas amigas mesmo - têm o ponto crítico soando como sirene de bombeiro. Piscando em vermelho na testa desesperadamente. Porque eu não casei, socorro, e tem que ser agora. E aí não acho justo, nem com elas nem com os homens. Com eles eu não acho justo porque, coitados. Distraídos, com pensamentos altamente complexos como o próximo técnico do time ou o café do escritório que anda ralo, andam despreocupados em seus caminhos.... e, de repente, caem em uma das armadilhas das desesperadas em ponto crítico piscante e com sirene. Também não é justo com ela, que se sente cobrada, ainda hoje, no século XXI, pelas tias e avós por ser a sobrinha mais velha e que está na hora de casar. HAN. Veja bem. O QUE IMPORTA É CASAR, não importa com quem. E também não acho justo com os dois. Um homem enganado, que acha que era mesmo a última bolacha do pacote e que teve sorte por uma mulher dessa se apaixonar por ele.... e uma mulher, que casa com quem não é apaixonada e tem que lavar a cueca com freada de alguém que passa muito longe de seus sonhos de príncipe encantado.

E aí agora eu vou dizer pra vocês uma coisa aqui entre nós. Eu, SE casar, vai ser com alguém que eu esteja apaixonada. E podem me chamar de frufru, de cor de rosa, de farsa... seja lá o que for. Porque eu me recuso a casar com o primeiro que passar só pelo casamento em si. Eu acho que casamentos já são tão difíceis de durar com a gente gostando da pessoa..... imagina casando só por casar. Só pra entrar na igreja de branco e com todo mundo me olhando. Eu sou tímida. Só pra dar festa pra galera encher a barriga às minhas custas. Nem a pau. Não quero não. Esse item na minha lista nem é crítico. Juro que eu sou exceção da regra e está lá como um acaso. Se acontecer, muito bem. Senão, terei gatos. Farei horta. Bordarei panos de prato. E vou mesmo pensar que se não aconteceu comigo essa coisa de ter lindas fotos de margarina... é porque eu entrei em acordo com alguém do lado de lá que queria que fosse assim. E eu sou eu, né?

Aqui do lado de cá eu analiso as amigas. As que namoram há muitos anos e querem casar com aquele talvez só porque esteja mais à mão e deixam de lado o fato que o relacionamento já deu o que tinha que dar. As que colocam como meta uma letra do alfabeto e saem catando desesperadamente todo homem que começa com R e apaixonando no segundo encontro. As que estão mudando pra Aracajú porque o príncipe encantado mora lá e só é príncipe exatamente porque mora longe. Eu faço o meu papel de amiga e aconselho. Presta atenção, veja se é isso mesmo. Se fosse qualquer outra pessoa eu ia mesmo pegar o meu balde de pipoca e assistir. Mas com as amigas é preciso fazer exceção e dizer o que eu penso. Mas sou da opinião que cada um faz o que quer e boa sorte. Tá incomodada que todo mundo da época de escola tá casando e você não? Tudo bem. Vai lá. Marque encontro. Conheça amigos dos amigos. Vasculhe no Orkut alheio. Entre no bate-papo. Se associe a sites de namoro. Tudo bem. Pode até me contar depois. Eu não sou do tipo que critica não. Vou me divertir com as histórias, vou opinar. Mas sabe. Certas coisas eu acho o cúmulo. E ouvir que a fulana falou que quer casar porque foi criada pra isso e não tem outros objetivos de vida.... pra mim foi demais.


terça-feira, 18 de agosto de 2009

Sobre Reencontros

Passa gente pra caramba na vida da gente. Uns passam rápido, outros lerdam. E daí tem sempre aquele que fica mais tempo e diz "leeeembra do fulano?". E eu sou sempre o ser que responde "não, nunca vi mais gordo". É, porque eu já sou um ser esquecido mesmo, distraída, muita coisa pra pensar, muita coisa pra fazer, muitos planos de vida e nenhuma agenda. Fica mesmo tudo no cérebro e daí até a Superinteressante já disse que o cérebro é tipo um CD-RW. Informações novas e importantes apagam as antigas e menos importantes. E nem adianta me perguntar quem foi Pero Vaz de Caminha que eu te digo que essa informação já foi sobrescrita muitas e muitas vezes.

Sei que tem sempre um fulano ou outro que faz uma diferença. Que era especial. Ou que você teve uma relação mal resolvida com a pessoa. E aí cada um segue a sua vida, mas a lembrança está sempre lá. E aí não tem telefone, e-mail, orkut (esse tipo de pessoa nunca tem orkut) que você saiba, e fica a critério do destino você encontrar aquela pessoa saudosa novamente. E então quando acontece você passa a acreditar que o mundo é mesmo uma coisa mágica.

O caso é que às vezes eu paro pra pensar nos meus amigos. Nas amigas, mais especificamente. Porque se supõe que uma mulher tenha muitas amigas, adquiridas e cultivadas ao redor de toda a vida. Sei que as minhas amigas de verdade podem ser contadas nos dedos de uma mão só. E, sei lá, às vezes eu me incomodo com isso. Penso que não fui capaz de permanecer amiga íntima da fulana de pré-primário. E então, sempre que bate essa deprê eu saio deixando mensagens fofas para as pessoas (eu sei, motivo de internação, mas entenda, eu realmente não estou sã quando faço isso). E aí foi o que eu fiz um dia desses nessa semana. Acordei florzinha e deixei recado pra uma meia dúzia de meninas. Que não me responderam, que responderam grossamente, que não tiveram a delicadeza de retribuir o meu carinho, que apagaram meu recado. E aí é sempre a mesma coisa: decepção.

Então eu olho assim pro meu 'póprio' umbigo e penso que as poucas amigas verdadeiras que tenho hoje, é porque tinha que ser assim. É porque a vida me amadureceu a ponto de ter ao meu lado essas pessoas, com essas características, gostar delas assim e elas gostarem de mim, me entenderem e me suportarem assim como sou. Porque no dia que eu acordo florzinha elas me perguntam o que foi que eu bebi, sabe. E aí você vê que a pessoa é sua amiga porque tinha que ser e ponto final.

Postado por Renata às 15:38



Eh...tbm já passei por essa crise de "quem são meus amigos"...E fiz o memso processo de pegar orkut e ficar mandando mensagem de como vc tah, mas sab, que qdo é akele amigo mesmo, dakeles de contar no dedo (que no meu caso ainda sobra dedo prq eu sempre fui a nerd), vá lá. Mas qdo é um desses coinhecidos que nem amigos podem ser chamados, ae mesmo q responda, não rola mais, prq kd o assunto? no way... pelo menos comigo é assim...
e o Ben, hehheeh...realmente tem potencial pra desbocado esse guri que deuzulivre...hehe
bjks
kelly |
Homepage | 08.21.09 - 11:52 am

Das amigas chegarem a perguntar se tu bebeste algo qdo tu resolve ser fofa não é nada! Pior se elas perguntassem "O que tu estás querendo?"...
E agora que tu estás morando sozinha, verás que a gente aprende a valorizar "n" vezes mais os nossos amigos. Porque muitas vezes, teus amigos tornam-se a tua família (como no meu caso). Muitas vezes as atitudes deles são como as de familiares. E é por isso que eu prezo tanto as minhas, sempre cultivando. São poucas sim, mas boas.
Silvia |
Homepage | 08.20.09 - 5:40 pm

ahhhhhhhhhh q bom q vc me deu o seu novo end... estava triste pq vi o outro "fechado"...
sobre seu post...
também tinha essa mesma neura sua... mas depois descobri que isso se chama maturidade...
lembra de qd éramos adolescentes (tipo 13/14 anos) que todo mundo virava melhor amigo em um dia?? pois é... depois q a gente passa dos... 20 e poucos.. hauahua a gente aprende a filtrar isso...
qualidade amiga... é isso o q importa!!
bjo de saudade!!
Aprendiz de Sonhador |
Homepage | 08.20.09 - 11:43 am

Na vida nem sempre teremos o que queremos, então, o importante é aproveitar e dar valor ao que temos!!!
E para isso é importante ser sempre a Florzinha!!!
issamu |
Homepage | 08.20.09 - 10:28 am

Oi, tudo bom? Li seu comentário no meu blog... ficou confuso o post? Abraço
Nádia |
Homepage | 08.20.09 - 9:07 am

É verdade. Eu nem gosto de contar minhas amigas porque tem horas que parece que só tem uma, ou nenhuma. Mas é pq tinha que ser x)
nat |
Homepage | 08.20.09 - 12:11 am

Oi lindona!
Amei mesmo o seu post.
Super verdadeiro. É bem isso aí mesmo que você falou.
Se você não se tornou amiga intima da sua amiga do pré-primário é porque não tinha que ser.
Bjo
Evelyn |
Homepage | 08.19.09 - 10:30 pm

Hoje em dia tbm penso nos amigos, poucos, mas AMIGOS. Isso que importa
boa semana! =*
Verônica |
Homepage | 08.19.09 - 10:27 pm

Bem se serve de consolo, eu sou isso ai cuspida e escarrada, com a diferença de não mandar recado pras amigas do pré primário pq nem sei onda elas andam rs
saudades de tu mulher!
beijos
Jana |
Homepage | 08.19.09 - 6:50 pm

Esse seu texto parece que foi feito pra mim, eu sou assim meio relapsa com as amizades... O que faz eu gostar ainda mais das minhas amigas de tantos anos!
Beijos!
roHh |
Homepage | 08.19.09 - 4:48 pm

Eu sempre fui de muitas amigas, faço amizade muito rápido e sou leal a essas pessoas, mas nem sempre o contrário é verdadeiro. Por isso, hoje, posso contar nos dedos as que considero de verdade. E são assim e ponto.
beijo.
Ciça. |
Homepage | 08.19.09 - 4:38 pm

Sim. E quando você "quiser carinho", por serem amigas de verdade, não vão lhe ignorar ou responder grosseiramente.
Bjitos!
*Lusinha* |
Homepage | 08.19.09 - 4:33 pm