terça-feira, 22 de novembro de 2011

Sobre Reconhecimento

Re.co.nhe.cer - 1. distinguir. 2. admitir como válido, verdadeiro.


Eu vim aqui falar sobre isso porque tenho pensado bastante na maneira como as pessoas me reconhecem por aí. Não tipo aquela coisa de reencontrar alguém que você conhecia antes e a pessoa te re-conhece. Não no sentido do RE-conhecer. Nem no sentido de reconhecer 'ah, parabéns, seu trabalho foi lindo'. Não. Vim falar mais no sentido de admitir como válido. Tipo, o que faz pessoas aleatórias me reconhecerem. Aquela criatura que nem me conhece, saber quem eu sou. Mais especificamente, como pessoas que eu nunca disse o meu nome, saberem como eu me chamo. Ok, estou falando de distinguir agora. Que seja. Como as pessoas me distinguem na multidão. Como aquele atendente dos Correios sabe que eu sou eu. Como o antes porteiro do meu prédio sabe que eu sou eu. Tudo bem, saber que eu sou eu pode ser por causa de uma característica que eu tenha, sei lá. É assim que eu distingo as pessoas. Tipo o gordinho da locadora. Ou a robótica da avícola. Ou os turcos do mercado. E o japonês do sacolão. Mas sabe, aleatório. Eu entendo que as pessoas por aí devem me chamar de "a menina do vigésimo segundo que passa com a cara feia" ou "a moça que mora sozinha e não dá caxinha de Natal" ou "aquela colega de escola que atravessa a rua quando vê a gente". Eu admito, sabe. Entendo que as pessoas por aí devem me identificar como frases do tipo. Se elas seguirem a minha linha de raciocínio de identificação de pessoas, claro.

Mas eu não entendo como o porteiro-que-virou-zelador me identifica como Dona Renata. E como o atendente dos Correios me identifica como Renata. E fazem questão de dizer "bom dia dona Renata". Ou "oi, Renata, como vai?". Gente. Eu nunca disse o meu nome pra eles. E Renata é um nome tão comum. E se eles fossem seguir a minha linha de raciocínio de identificação de pessoas com seus nomes, eles nunca chegariam ao resultado de identificar meu nome comigo. Porque eu esqueço total o nome de pessoas aleatórias. Funciona assim: se não é amigo ou parente próximo, esqueço o nome. NUNCA que eu vou lembrar o nome dos porteiros do meu prédio. Ou do atendente de onde quer que seja. Eu quando vou fazer compra em uma daquelas lojas que você tem que dar o nome da atendente no caixa pra coitada ganhar comissão, falo um nome nada a ver quando chega lá. A pobre da atendente faz questão de dizer durante a compra que chama Raimunda e que é pra eu dizer o nome dela lá no caixa. Raimunda. Raimunda. Qual seu nome mesmo? Ah tá, Raimunda. Raimunda, né? Sei. Raimunda. "Qual o nome de quem te atendeu?" JOANA! "Mas não tem nenhuma Joana aqui, senhora." Mas ela falou que era Joana, tenho certeza!!

E então eu, pessoa tão relapsa com algo tão importante como o nome das pessoas, não entendo como gente aleatória lembra do meu. E pior, associa a mim. Renata, um nome tão insignificante (já diria Gabriela). Renata, tanta gente tem esse nome. Renata, quase igual Fernanda (juro que é o nome que as pessoas mais confundem com o meu). Renata, que tanto pode ser confundido com Regina. Ou com Regiane. Ou com Rebeca (eu sou dessas que confunde nomes com a primeira sílaba - ou letra - igual. E que, pra mim, Rogério, Rodrigo, Ricardo, Ronaldo, Roberto é tudo igual). E que, visando meus próprios parâmetros, se a pessoa não tem uma informação marcante sobre sua própria vida, eu nunca irei identificá-la no meio de tanta gente. Tipo que pra mim tem que cair na cova pra eu lembrar da pessoa. Ou não conseguir bater palmas no ritmo da música. Ou ter voz de pônei. Sabe? Pessoas têm que ter identificações além de seu próprio nome. Tem que ter uma característica marcante para serem especiais. E serem lembradas por isso.

Eu, cá comigo, fico aqui pensando qual será a característica marcante minha que faz pessoas aleatórias, como o zelador-que-era-porteiro do prédio ou o atendente dos Correios lembrarem de mim. Como aquela vez que eu cheguei em casa 23:30h e dei BOM DIA pro porteiro. Ou quando estava tendo um dilúvio e eu deixei a lanterna do carro acesa e o interfone estava quebrado e o pobre porteiro andou da portaria até o meu apartamento (é longe) debaixo da maior chuva e ao tocar a minha campainha pra me avisar da lanterna do carro acesa eu abri a porta repentinamente, olhei pra cara dele e gritei QUIÉ?? Ou quando eu deixei a chave de casa cair no vão do elevador e cheguei na portaria chorando que nunca mais eu ia conseguir entrar na minha própria casa porque minha chave tinha caído no vão escuro e infinito que dava para o além e cuja porta ficava bem ali no vão do elevador. Ou quando, esses dias, eu saí de casa e fiquei um tempão olhando pela grade do muro para a floresta vizinha do condomínio procurando o gato da amiga que tinha sumido e as pessoas que passaram me olhavam como se eu fosse maluca e estivesse querendo fugir. Ou quando eu fechei sem querer o registro da água do apartamento e liguei lá na portaria querendo saber POR QUE, MEODEUSDOCÉU, só eu não ia conseguir nunca mais tomar banho na vida. Ou quando, esses dias, eu encontrei com ele no meio do caminho e perguntei rosnando NÃO TEM LUZ NO MEU APARTAMENTO. TÁ CERTO ISSO??

Mas vamos focar no atendente dos Correios. Aquele que me dá oi quando eu chego na agência. OI, RENATA, mais precisamente. Tudo bem que o zelador tem a obrigação de decorar os nomes dos condôminos pra podê-los tratar com mais intimidade (mas eu duvido que ele saiba o de todo mundo, ninguém deve ter tantos micos como eu pra ele lembrar assim do nome facilmente). Mas nos Correios? Imagine o tanto de gente que passa por lá todos os dias. E, passando por lá, qual é a probabilidade de cair pra ser atendido justamente pelo mesmo atendente, visto que fora ele tem mais três? E qual é a probabilidade do atendente prestar atenção no seu nome lendo o remetente da encomenda, visto que a gente não precisa se identificar quando chega? E ainda memorizar? Mas ele deve lembrar de mim pelo tanto de encomendas que eu levo todo dia. Tendo em vista que são encomendas de coisas que eu vendo no Mercado Livre, brinquedos em sua grande maioria, são pacotes que eu mesma faço. E eu tenho habilidade no manejo de pacotes, modéstia à parte, mas nos Correios funciona assim: você paga de acordo com o tamanho do pacote. E eu, claro, adepta a pagar os menores valores, inovo. Inovo no tamanho e formato de pacotes. Já postei objeto triangular. Já postei objeto que fazia barulho. Já postei objeto que não parava em pé. Já postei objeto fofinho. Já postei tanta coisa peculiar que às vezes o atendente pergunta o que é só de curiosidade. E meu atendimento nos Correios ainda tem um plus: as perguntas que eu faço. Oi, posso enviar um LP e escrever no pacote que não é pra anta do carteiro dobrar que senão quebra? Oi, posso enviar Smurfs para a Paraíba? Oi, qual é o maior tamanho de caixa que os Correios enviam? Oi, qual é a maneira mais barata de enviar um caderno e que seja o mesmo preço enviando de onde quer que seja pra onde quer que seja no Brasil? Oi, posso enviar um pacote sem remetente?

Talvez o atendente dos Correios me identifique por fazer as perguntas mais absurdas. Talvez me identifique por enviar os pacotes mais malucos. Talvez me identifique como pessoa suspeita a querer enviar anthrax pelo Correio. Talvez ele me olhe entrando e pense "lá vem a louca da encomend.... OI, RENATA, COMO VAI?"


sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Seis coisas que eu gostaria de fazer antes de morrer... e ainda vou!


Andar de balão

Nem pular de paraquedas (é assim que escreve agora, Brasil?), nem de bungee jump, nem de asa delta. Esse negócio de queda livre não me atrai. Meu máximo de radical vai só até ali na tirolesa ou esquibunda. Fato é que eu não sei se é uma ideia que vem do Balão Mágico e nem sei há quanto tempo eu tenho isso na cabeça. Mas eu preciso andar de balão nessa vida. Assim, calmamente, observando a paisagem e olhando o horizonte. Sempre achei lindos os balões e fazem parte da minha admiração por coisas enormes (inclua baleias e aviões aqui) e da minha sensação de infinita liberdade quando estou nas alturas. Eu amo altura.



Passar um Natal em Nova Iorque

Porque eu vi filmes demais de Natal. De Esqueceram de Mim a Férias Frustradas de Natal passando por Um Homem de Família e chegando nO Diário de Bridget Jones. Eu amo filmes americanos de Natal, que mostram a cidade com casas decoradas, a árvore com esquilos, a neve lá fora e dentro de casa todo mundo desfilando seus pulôveres coloridos ao redor de muita comida e confraternização familiar. Tudo bem que essa parte da comida e confraternização eu já tenho aqui em casa mesmo, mas acho muito chato passar o Natal no calor brasileiro. Não dá nem pra botar um pulôver de rena. Eu olho na janela e vejo pessoas no calor de 35 graus, e não a neve bonitinha caindo lá fora. Eu reparo na decoração das casas e só vejo aquele pisca-pisca ridículo-azul-fluorescente-horroroso que as pessoas insistem em comprar na 25 de Março e acham a oitava maravilha do universo e eu só penso na breguice e pobreza. Eu quero passar um Natal de filme em Nova Iorque. Resta saber se a minha avó vai topar ir comigo pra fazer minhas rabanadas lá.



Fazer um pedido na Fontana di Trevi

Porque eu, adepta das tradições e que acredita em todas as superstições do tipo, já joguei milhares de moedinhas em milhares de fontes que passei. Mas eu só passei por fontes brasileiras. E brasileiro você sabe como é, né? Joga a moeda desconfiando que alguém vai pegar. Eu jogo, desconfio, e nem consigo me concentrar no meu pedido. Não satisfeita, ainda olho lá os pedidos dos outros e penso OLHALÁ A PESSOA QUE FEZ PEDIDO COM MOEDA DE 1 REAL!! Eu faço pedidos com moedas de 10 centavos só. E, veja bem, se eu não me empenho em jogar uma moeda de valor maior pra fazer valer aquele pedido maravilhoso que eu fiz, se no ato de jogar a moeda eu já fico aqui pensando na ambição que os outros terão em pegar a minha moeda do meu pedido.... que criatura consegue fazer um pedido direito assim? Dia desses estava eu pela primeira vez na vida lá na Praça Ramos de Azevedo, acho que a mais famosa de São Paulo, olhando a fonte linda e reparando que não tinha nenhuma moeda. Claro, imagine. Quem vai ser o louco de jogar dinheiro fora em pleno centro de São Paulo pra vir dali a 2 minutos um bêbado ou drogado qualquer usar a sua moeda pra comprar droga na bocada mais próxima? Não. Eu quero é ir à Roma. Quero tirar fotos nesses lugares aqui e fazer um pedido com a moeda de maior valor na fonte mais famosa (e mais linda!) do mundo. Eu fui uma criança que se encantava com fontes. Qualquer fonte, de qualquer praça ou edifício comercial. Eu ficava encantada. Eu queria uma fonte no meio da sala, minha gente. Nada mais justo do que fazer um pedido na mais famosa do mundo.



Comer uma pizza italiana

Já que estamos em Roma, por que não aproveitar a viagem? Eu PRECISO nessa vida ainda comer uma legítima pizza italiana. E eu sei que no país da pizza, essa que é minha comida preferida, é bem diferente das que a gente come aqui. Já sei que é uma massa caseira e feita na hora e com consistência diferente que, na maioria das vezes, vai só o molho em cima mesmo. Nada dessa papagaiada de queijo. Nem linguiça. Nem frango. Nem todo esse carnaval aí que brasileiro inventa todo dia pra botar em cima da pizza. Eu quero é sentar naquelas mesinhas de cantina italiana legítima (oi, eu vejo filmes que se passam na Itália - ninguém comeu pizza nO Poderoso Chefão né? Desperdício.) em um fim de tarde e comer A pizza italiana. Como tiver que ser. Só a massa, massa com molho, que seja. Eu quero saber que sabor tem uma pizza na Itália. Não é pedir muito, é?



Abraçar um felino

Leões, tigres, onças. Eu sou apaixonada por felinos (e por isso tenho uma Pandora-Analu em casa) e além de seus pelos incríveis e esperteza peculiar, o que mais me chama a atenção neles são as patas. Coisinha (ou coisona, depende) muito bem feita que é a pata de um felino. Com aquela parte fofinha que dá vontade de ficar apertando até a pata enorme que é o que eu reparo quando vejo um leão no zoológico. Pata de felino está entre as coisas que me encantam. Acho lindo. Então que fique claro que eu queria dar um abraço E UM APERTO DE MÃO em um felino, simples assim.



Conhecer o Silvio Santos

Porque eu cresci assistindo Silvio Santos. E eu sei que dizer que gosto dele hoje é uma coisa brega e que ninguém admite, mas vocês precisavam assistir o que era o Silvio Santos há 20 anos atrás. E o tanto de programas divertidos que tinha. Eu era fã do Domingo no Parque. E do Boa Noite Cinderela que não, não era uma droga. Era uma coisa linda que o Silvio entrevistava menininhas e eu sempre quis ser uma delas. E tinha o Qual é a Música, que eu sempre gostei de ficar lá adivinhando as letras. E o Porta da Esperança que eu fazia bolão pra saber se o pedido da pessoa seria atendido e se ia ter alguém por trás daquelas portas que tocavam aquela musiquinha tão peculiar. E o Topa Tudo Por Dinheiro, que não era essa palhaçada que é hoje com o Silvio gagá, mas realmente tinha pegadinhas que valia muito a pena assistir. Eu chorava de rir. Nem Pelé, nem Elvis. Meu rei é o do auditório. E eu admiro Silvio Santos do começo ao fim a ponto de até hoje assistir seus programas mesmo sem achar tão bons quanto eram antes. E eu preciso conhecê-lo ainda nessa vida (minha avó sempre diz que ele queria muito ser meu avô - e eu sempre respondo que ela devia ter casado com ele pra eu poder passar todos os Natais em Nova Iorque) e não quero que o fato de conhecê-lo seja naquele dia que ele vai morrer e vai passar no caixão em cima do carro de bombeiros enrolado na bandeira do Brasil pela Avenida Paulista no dia que se tornará feriado (certeza!) ao som de Ritmo de Festa. Então um dia eu vou lá, no auditório, ter que bater palma e sentar e levantar e ter gordas pulando em cima de mim pra pegar o aviãozinho e correr o risco do Silvio me bulinar. Silvio Santos, não morra. Eu ainda vou aí te ver.


dia de alegria, então sorria e VEM PRA CÁ...

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Diga-me o que compras...

Eu sempre fui de reparar no que as pessoas compram no mercado. Aquela coisa de estar lá no caixa, esperando a minha vez, sem nada pra fazer, pensando na morte da bezerra. E bater o olho no carrinho da frente e pensar "vixe que esse daí só come porcaria, alá". E bater o olho no carrinho do lado e pensar "nossa que essa daí não sabe fazer compras e vem fazer feira no mercado, olha só que alface passada que ela tá levando". Tem gente que só compra iogurte. E eu penso que deve ter problemas de intestino. Tem gente que compra refrigerante e bolacha. E eu penso que logo vai estar fazendo fila lá no Hospital das Clínicas. Tem gente que compra biquíni e eu penso que vai usar duas vezes isso na praia e depois vai lacear. Ou ficar transparente. Tem gente que compra toalha e eu penso que se a pessoa tiver mais que 1,70m vai ficar pequena. Tem gente que compra só produto de limpeza e eu penso que esse aí tem toc. Mas que a casa dele deve cheirar bem. Tem gente que leva vários sacos de arroz e vários de feijão e uma caixa de óleo e farinha de mandioca. E eu penso que ou a pessoa tem creche ou os filhos comem mais do que deveriam. Tem gente que leva só miojo, mas tem gente que leva macarrão e molho de tomate e eu penso em me convidar pro jantar. E é batata que domingo de manhã tem vários carrinhos no mercado contendo só cerveja, carne e carvão.

Pois estava eu, lá no mercado, sábado de manhã. E tirei uma foto do meu carrinho de compras.

Avaliem.


terça-feira, 1 de novembro de 2011

Oito-quase-Onze coisas que eu queria fazer E FIZ!

Porque está todo mundo falando sobre as coisas que gostaria de fazer e ainda não fez. E eu vou lendo os posts e pensando "isso eu fiz, isso eu fiz, isso eu também fiz". E sabe, nem é pra sambar na cara de vocês dizendo que eu já fiz o que vocês gostariam de fazer nem nada. É que, pensando bem, veja bem, eu tenho em média 10 anos a mais que a mulheradinha ali que está fazendo o post das coisas que gostaria de fazer. E gente, com 10 anos a mais, eu tenho todo o direito de ter feito a minha lista inicial de coisas que gostaria de fazer, né não? Sinal de que eu vivi muito bem esses 10 anos a mais que eu tenho, oras. Já pensou se aos 30 eu ainda tivesse vontade de fazer as mesmas coisas que eu tinha aos 20? Podia ter jogado pela janela meus 10 últimos anos de vida, afinal eles não teriam servido pra nada. Não que a minha lista de coisas que ainda quero fazer na vida tenha acabado, porque não acabou não. Mas os itens que eu tinha nela aos 20 anos eu já fiz. E acho digno compartilhar com vocês (e dizer que SIM. Vocês também podem realizar os itens de suas listas nos próximos 10 anos que ainda estão por vir. É perfeitamente possível. EU FIZ!)



Assistir o show da minha vida
(leia: assistir o show da minha banda preferida de todos os tempos)

Eu não precisava botar foto pra vocês, leitores meus há mais de um ano, saberem né? Mas caso você seja leitor novo: show da minha vida, dia mais lindo de toda a minha vida, eu na pista premium paguei o olho da cara pra ficar na grade e cantar e pular e chorar e descabelar do começo ao fim. Saí quase que carregada desse lugar. E ainda tive um plus. Caso você ainda não tenha lido meus posts sobre esse dia e esteja cheio da coragem, se aventure aqui, aqui, aqui, aqui,aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui. E, se você for uma pessoa de outro mundo que não sabe quem são esses caras aê, legenda: Bon Jovi.



Fazer uma tatuagem

E pra mim não servia uma estrelinha. Nem um coraçãozinho. Nem uma borboletinha. Nem um frufruzinho qualquer desses que as meninas têm de monte por aí. Não. TATUAGEM pra mim é um desenho maior, pelo menos, que a palma da mão. Um desenho que não seja óbvio nem daqueles que você chega lá no estúdio e escolhe nas milhões de pastas disponíveis um que todo mundo tem só porque você achou bonito. Não. Tatuagem pra mim tem que ter significado, tem que ter profundidade. Afinal de contas é um desenho que vai ficar na sua pele para a vida toda. Tatuagem que é tatuagem tem que ser grande pra dar tempo de você sofrer bastante e pensar que porra foi essa ideia que você teve de chorar de dor gratuitamente assim. Porque foi isso que eu pensei durante as 4 horas que demorou pra fazer a minha. Que pega metade das costas (tá, tia da Analu?), mas que as minhas tias não ligam não porque quase todos os meus primos têm várias tatuagens no corpo. O Rafael é o campeão com um dragão que pega as costas inteira. Minha tatuagem são flores de lótus, desenho original feito pelo meu tatuador, com base em detalhes que eu pedi. A flor de lótus nasce em lodo e esgoto, como um símbolo de renascimento da esperança onde não há mais possibilidade. Vários deuses são caracterizados sentados em flores de lótus. Pra mim foi um marco de ter feito 30 anos de vida. Auto-presente. Uma coisa que eu sempre amei, sempre quis fazer e apesar de ter sido a maior dor da minha vida (não pari ainda, gente, quando isso acontecer eu conto pra vocês se dói mais), foi uma das melhores coisas que eu fiz.



Ter um grande amor

Eu sei que o ideal era que ele tivesse durado a vida inteira. Mas apesar de não ter sido um felizes para sempre, foi um conto de fadas. Sem clichês, sem querer maximizar o ocorrido nem nada. Foi um relacionamento de filme. E desses mais comédia romântica possível. Cheio de coisas fofas pra lembrar, eu vejo naquele namoro não a tristeza por ter acabado, mas a ternura da lembrança de ter tido uma coisa que poucas pessoas têm. Eu escrevi aqui esses dias mesmo que as pessoas se juntam por conveniência. E que suportam absurdos na ânsia de mostrar que têm um relacionamento, por pior que seja. Não é assim que funciona, gente. Aquela coisa que a gente vê nos filmes e nos finais de novela e sai suspirando pensando que queria um amor desse pra gente; eu tive. O ideal de namoro que eu tinha quando era criança. Existe. Guardado pra sempre na memória e com a consciência que quase todo mundo morre sem ter. Mas na minha vida aconteceu. E fato: está listado aqui como coisa que eu fiz, porque amor não acontece simplesmente. A gente é que faz acontecer.



Conhecer o paraíso

Entenda por "o lugar mais lindo que eu já fui na minha vida", e classifique por um supérfluo "viajar". Galinhos, no Rio Grande do Norte, por enquanto tem na minha vida a classificação de paraíso. Uma ponta de areia que se estende por dentro do mar e que vai desaparecer em alguns anos com o fato do aquecimento global e aumento do nível do mar. Claro que tudo na minha vida tem que ter uma história que vai além e se você quiser ler sobre a minha visita peculiar ao paraíso, clique aqui. Mas eu acho que dá pra incluir aqui nesse item todos os prazeres por ter conhecido todos os estados brasileiros que já fui. Do clima lindo e cidade civilizada que é Londrina - PR, à imensidão da cidade que é sim maravilhosa Niterói - RJ, passando pelas montanhas de gente-da-gente que me faz ter fome de pão de queijo e doce de leite com queijo branco São Lourenço/Caxambu/Soledade de Minas - MG, chegando na delícia que é ter praias e mais praias sem onda porque são formadas em baías Porto Seguro - BA, e pisar nas dunas mais branquinhas do Brasil em Natal - RN e que estão ali bem pertinho da Ponta do Seixas - eu fui até para João Pessoa - PB nessa vida já. Mas oi, Deyse, não conheço o Maranhão ainda. \o/



Morar sozinha

É o item que deveria estar em primeiro lugar nessa lista. Porque desde que eu me entendo por gente, é tudo o que eu sempre quis. Juro, desde quando eu tinha uns 5 anos. E eu não sei se acontece com vocês pessoas que pensam em morar sozinhas, mas eu sempre me senti estranha no ninho quando morava com meus pais. Aquele sentimento de não pertencer àquele lugar, aquela sensação de ser a forminha de brigadeiro que não cabe na travessa. Eu. Aos 5 anos de vida. Some aí mais alguns anos e imagine o que foi passar adolescência e parte da vida adulta, incluindo medos/decepções/falta de privacidade/vontade de fazer as coisas e não poder e afins que a gente sempre tem enquanto se desenvolve como ser humano. Pois eu moro há pouco mais de 2 anos sozinha. E por mais que o meu avô sempre tenha me dito que seria triste voltar pra casa sem que alguém estivesse esperando, desculpa vô, não acho não. Acho lindo. Chegar na minha casa, com as minhas coisas, um espaço meu e só meu, como uma extensão do meu quarto só que tem mais cômodos. É um prazer indescritível. E não. Eu nunca senti solidão.



Aprender a dançar

Visualize a cena: três anos atrás. Eu em festas/aniversários/churrascos/bailes/comemorações. Sentada na cadeira mais longe possível do palco. No canto, pra não ter como nenhum inconveniente me chamar pra dançar. E quando alguém olhava pra mim, eu tinha a capacidade de me abaixar. Timidez em certas situações, oi. Desengonço total em todo e qualquer movimento que lembrasse sequer uma dança (leia-se varrer a casa), eu. Mas a minha vida mudou. Um belo dia estava eu lá sendo arrastada (à força, não duvidem!) pra uma aula de dança. Zouk, merengue, salsa, samba no pé, rock, samba de gafieira, tango, valsa, twist, rock, samba rock, bolero, tcha tcha tcha, pagode, soltinho, forró. Aprendi tudo o que eu tive direito, cheguei no mestrado de um curso em que os níveis são básico, intermediário, avançado, mestrado e doutorado. E eu ainda vou voltar lá pra terminar. Dançar mudou a minha vida não só no quesito 'deixa eu ficar aqui nesse canto bem escondida pra ninguém me ver' em festas, mas também na auto-estima. No prazer de ter cavalheiros me chamando pra dançar "porque você é a dama que dança melhor nesse lugar". No exercício físico que eu mais me identifiquei nessa vida, eu posso dizer que é a melhor meditação que você pode fazer nessa vida. Porque enquanto você está preocupado em seguir os passos e fazer direito, não dá tempo de pensar.



Ter todas as músicas da minha vida

Já que estamos aqui no meio das artes, era uma coisa que eu sempre quis. Quando eu nasci e comecei a gostar de música vivíamos no meio dos LPs e fitas K7. Depois eu assisti de perto a evolução para o CD. E lembro de mim até hoje, no primeiro dia do meu primeiro estágio, ouvindo o orientador dizer que "não quero ver ninguém baixando mp3 hein?". Mp3. Um negócio que quando ele falou eu fiquei aqui pensando que raios devia ser isso. Pois descobri. Alguns anos depois, me encontro aqui com mais de 20 Gb de mp3 no computador. Porque sim, eu fui alheia à recomendação do orientador, procurei saber que bagulho era esse e de lá pra cá eu só baixei TODAS as músicas que eu sempre quis ter na minha vida. Da discografia completa de Bon Jovi (óbvio que eu tenho todos os cds também, afinal preciso dar dinheirinho pra ele continuar fazendo musiquinhas) a Dançando Lambada, do Kaoma. De Beethoven a Malha Funk. De Dalva de Oliveira a Lady Gaga. Eu tenho uma pasta (e vários backups) invejável (teve várias noivas vasculhando meus arquivos pra escolher músicas para o casamento já) de músicas de hoje e sempre. Das chiques às bregas. Do último disco de Britney Spears à Carmen Miranda cantando Tico Tico no Fubá. A minha vida tem trilha sonora. E a minha trilha sonora tem 20 Gigabytes.



Aprender a bordar

No início da minha vida, eu ficava com uma tia avó enquanto meus pais iam trabalhar. Juju, já avó porém não minha, assim como as irmãs sempre foi dada a trabalhos manuais. Ela tinha um grande vidro branco, redondo como esses aquários de desenho animado, cheio de missangas e contas coloridas. Que ficava alto na estante e talvez por isso era sempre a minha dádiva quando ela me deixava brincar com aquilo. Eu já tinha uns 3, 4 anos e ela, imagine, tinha medo que eu engolisse. Juju não sabia com que tipo de criança estava lidando. Ela achava que eu era uma anta. Juju fazia bolsas de crochê, sachês de sabonete, chinelos de vovó e todos os outros trabalhos manuais que se possa imaginar. E eu estava sempre do lado, olhando curiosa tudo. Talvez por isso eu sempre quis aprender. A bordar, a tricotar, a fazer tudo que a tia Juju fazia. E assim foi com a minha mãe, que fazia a própria unha. E com a minha avó, que sempre foi a rainha do meu coração no quesito culinária. E a minha prima, quando começou a ter aulas de pintura. E a vida foi indo a ponto de hoje eu saber fazer tudo isso. Tricô, crochê, bordado, costura, jardinagem, cozinho, pinto, canto, danço e sapateio. Ok, sapatear ainda não. Mas o resto tudo eu sei fazer. Moça prendada, eu sou.


Aí que essas oito coisas aí de cima são as que eu queria muito ter feito e fiz (aposto que esqueci de citar alguma). Mas, lendo os posts das meninas eu li duas coisas que eu queria comentar aqui, não que estavam na minha lista de coisas a fazer, mas que mesmo assim foram passos importantes da minha vida. Acho bom citar.



Perder o medo de dirigir

Foi o que eu li lá no post da Isadora e vi também lá na Analu e na Rhaíssa que elas colocaram o item aprender a dirigir. Acontece que a Isa deu ênfase ao "perder o medo de", que eu já tive e as queridas amigas reais que leem o meu blog podem confirmar. O importante é que eu decidi colar aqui o que eu disse lá no comentário do blog da Isa: "Sobre perder o medo de dirigir: eu já tive. MUITO medo. Daqueles de dar dor de barriga minutos antes de ir pra aula de direção. Daqueles que meu pai olhava pra mim com cara de decepção ao pensar que deu um carro zero para a filha que nunca vai saber se virar sozinha e rala o carro na saída da garagem. Eu conto pra você que eu superei isso. O mais importante: ter do lado alguém que não tá nem aí para as barbeiragens que você sai fazendo pelo caminho. Que finge que não viu quando você fecha aquele ônibus ou morre na frente de um caminhão. Meu irmão fez essa parte por mim. E aos poucos fui pegando confiança até o dia que não quis mais ninguém do meu lado e hoje todas as minhas amigas dizem que eu estou entre as pessoas que elas conhecem que dirigem melhor. Fato: pare um dia na porta de uma escola e OBSERVE o quanto as outras pessoas do mundo fazem muito mais barbeiragem no trânsito que você." ;)



Doar sangue

Eu vi lá na Rafa, e não que algum dia na minha vida eu tenha desejado fazer isso. Pelo contrário. Apesar de não ter medo de agulha nem pavor de sangue, sei lá. Eu sabia que completamente incômodo não devia ser. Mas admiro muito a coragem e a solidariedade de quem doa. Muito mesmo. Tanto, que deixei a amiga (aquela mesma que me arrastou pra aula de dança) me arrastar para a doação de sangue. Com a desculpa mais deslavada da face da Terra, ela me convenceu e quando eu vi estava lá na cadeirinha incômoda com a enfermeira incômoda enfiando aquela agulha enorme incômoda no meu bracinho antes branco e que depois ficou roxo. Eu, nas duas vezes em que doei, quase desmaiei. Por ter baixado a minha pressão mesmo. Mesmo assim, acho que a experiência foi boa e dou o maior apoio pra quem é macho e vai lá com a cara e a coragem e dá de boa (o sangue, eu digo). Acho digno.


E, como não comentar, o item que eu vi na lista da Gabi (palmas pra ela!)



Dar.um.tapa.na.cara.de.alguém

Vide meu comentário no blog dela: "[Dar um tapa em alguém! DAR UM TAPA EM ALGUÉM!]² Gabi, só você. E, tipo assim, eu já fiz. Foi bonito, sabe? Eu enfiei a mão na cara de uma menina na escola. Naquele esquema que você se rala pra fazer o trabalho mais lindo possível, briga em casa porque a impressora dá pau na hora de sair no dia de entregar o trabalho, chega na escola depois de muito custo com o trabalho na mão porém no seu limite, e a menina que também é do grupo, além de não ter feito nada ainda fez uma piadinha que eu nem lembro mais qual foi, mas sei que pra mim foi o ápice. Foi bonito. Meus cinco dedos fazendo marca na cara dela. E eu até meio que controlei a minha força, mas mesmo assim ela era morena e eu pude ver a marca da minha mão na cara dela. Sensação indescritível de leveza depois disso. Recomendo! rs"