sexta-feira, 15 de outubro de 2010

I'll be there for you *

ou Sobre o dia mais legal da minha vida - relato completo - Parte 3 de 682

Sobre eu pertencer a esse grupo de ‘família Bon Jovi’ ou não: então. Uma coisa que me irrita é gente fanática. Porque pra mim é diferente ser fã e ser fanática. Eu acho o cara bonito, gosto das músicas da banda, canto no carro, tinha fotos coladas dentro da porta do guardarroupa, levei uma música deles pra aprendermos na aula de inglês e blábláblá que vocês já leram naquele outro post. Mas tem gente que extrapola, sabe? Chegou uma lá dizendo que o nome dela nem era Elena mais. Que há dez anos todo mundo chamava ela de Lena Bon Jovi. Han. Vergonha alheia. Porque talvez eu até entenda a Nicole, que gritava que o irmão do Bon Jovi era cunhado dela (?? sanidade puf) e sei lá... quando a pessoa tem 15 anos talvez eu ache mais normal ouvir certos absurdos da boca das pessoas, mas aos 40? Minha filha, em qual mundo você vive? “Não, porque eu sei cantar todas as músicas, mas do meu jeito”. Então eu me lembrei de um BBB que teve aí e que a sensação foi uma fulana lá que cantava ‘iarnuô’ sonhando ser We Are The World. Lembrou? Então. Nesse sentido eu me sinto peixe fora da água, sabe? É muita falta do que fazer, meu povo. “Ah, que o Jon tá magro né?” Hein? Cê viu ele ontem, foi lá jantar na sua casa? Tá íntima? “Porque o Jon deve ser o tipo de cara que safado já chega pegando”. Gente, que me interessa o que o cara faz ou deixa de fazer? Eu penso que se pra mim é surreal ver pessoalmente alguém que eu goste tanto e que nem sabe da minha existência, é surreal exatamente porque eu não vejo como uma pessoa normal. Achei total broxante ver umas fotos aê do cara usando bermuda de algodão cáqui na praia. Isso é coisa que meu pai usa! E fica perto demais da realidade pra mim. Sonho pra mim é sonho. Irreal, inatingível. Bon Jovi só é Bon Jovi porque canta lindamente e na minha concepção de pessoa perfeita, não existe. Mentira que ele arrota, enfia o dedo no nariz e coça o saco. Men-ti-ra. E então eu acho que esse pessoal meio que pira. Vê lá o Orkut da galera que tem só comunidades relacionadas a Bon Jovi. Tem uma lá que tava sabendo que tem uma rádio na internet que só toca Bon Jovi. E sabem cada passo do cara, sabem os aniversários de todo o pessoal da banda, sabem onde estão fazendo show. Não sei, sabe? A minha concepção de fã é diferente. Eu gosto, tenho todos os CDs, sei que o Jon faz aniversário em março. E só. Não me interessa seguir tanto os caras. Eu leio uma notícia ou outra no facebook ou no twitter, mesmo assim não sempre porque é tudo em inglês e dá preguiça. Fiquei meio fora da órbita agora porque ia ter o show (vocês só ficaram sabendo há pouco tempo que era a minha banda favorita e que eu era tão fã, falem a verdade!) e escuto bastante as músicas, mas tem hora que enche o saco e eu tasco lá a Lady Gaga ou Shakira pra dar uma quebrada no clima. E pronto. Não gosto de gente que inclui delirantemente alguém assim em seu cotidiano. Que trata como íntimo. Que faz tatuagens horrorosas com o nome de um cantor que se visse isso ia só dizer ‘que bosta hein?’ Na boa, pra mim beira à loucura. Minha turma é a dos fãs contidos – e sãos.

Mas aí eu cheguei lá e fiquei sabendo que tem um bagulho que chama backstage. Eu já tinha visto no site quando me cadastrei esses dias, porque tava rolando uma conversa lá no Orkut que me interessou. Enfim, conversando com um pessoal eu entendi. A venda de ingressos para o show em SP começou. Bonito. Mas o certo era começar primeiro no backstage. Para os leigos, fã clube oficial. Eu explico: lá no site da banda tem um esquema todo de você se associar ao fã clube e eu já fui lá e me cadastrei. Dá direitos a ver umas coisas não abertas ao público e tal. Mas tem uma parte social, de instituição de caridade mesmo, que se você vai lá, se associa ao backstage e paga uma mensalidade, tem acesso a mais um montão de outras coisas, informações específicas e venda antecipada de ingresso para shows. Tá que eu tou vendendo o almoço pra comprar a janta, imagina. Eu li lá mas fiquei quieta na minha. No fim das contas, na fila eu fiquei sabendo: daí que depois abriu a venda de ingressos no backstage, quem era associado e tinha comprado pista premium vendeu pra comprar a de lá. E se o preço da pista premium aberta ao público era 600 reais, a do backstage era 600 dólares. Me explicaram que um ingresso do backstage nos shows do mundo por aí a fora dá acesso a várias coisas bacanas, camarins, brindes, equipamentos, cadeiras no palco e blábláblá. Mas Brasil é Brasil e aqui dava só acesso livre a todos os lugares do estádio. E a entrar na frente do pessoal da pista premium. Oi, que essa foi a parte que eu choquei. Como assim, que eu tinha ido desesperadamente no primeiro dia da venda do ingresso, cheguei lá na Saraiva antes de abrir e já não tinha mais ingresso meia entrada da pista premium porque tinha acabado durante a madrugada, comprei inteira mesmo e mais a taxa de conveniência de 120 reais porque pra não pagar isso eu precisava ir no Credicard Hall que só abria meio dia e ninguém me garantia que o ingresso que eu queria não teria acabado até lá. Jurei pra mim mesma, nesses 30 anos de vida que eu compraria o ingresso mais caro e mais perto possível quando tivesse esse show, porque seria único e eu ia pagar o quanto fosse pra aproveitar totalmente. Daí não fico sabendo da mamata da galera que pagou 2 vezes mais e entraria antes de mim pra ficar na minha frente? COMO ASSIM, JOSÉ? Meus pensamentos sobre isso ocuparam bastante meu dia (mais precisamente, fiquei torcendo pra todo esse pessoal se foder e pronto), junto com mais o porém de outra galera que recebeu um e-mail da produção do Bon Jovi dizendo que se eles distribuíssem lá uns panfletos tais receberiam mais algumas regalias e mais a visão da fila de idosos e deficientes, que eu reparei no caminho para o banheiro sem porta. Nenhum idoso e somente dois deficientes numa fila enorme. E eu reparando pra ver se o pessoal era cego, manco ou retardado, porque obviamente que era fila preferencial e eles TAMBÉM entrariam na minha frente.

Estress à parte, me ocupei em comprar os souvenires que tinha planejado. Fitas de ‘eu fui’ pra botar na testa. Porque a camiseta eu já tinha comprado antes na Galeria do Rock e agora só ia querer a oficial. E porque os chaveiros eram feios, as bandanas mais ainda e os alfajores que uma menina vendia com as iniciais BJ e argumentos de “você vai poder dar uma mordida nele!” não me convenciam. Mas me ocupei em observar a criatividade do brasileiro. De gente que vendia chapéus de cowboy a sombreiros, capas de chuva com o argumento “vai chover e vai custar o triplo” e guardachuvas que passaram a ser guardassóis conforme o calor ficava mais escaldante, a pessoas que chegavam com seu próprio estilo Bon Jovi, desde os ultrapassados cabelos de poodle, calças colantes e botas de cowboy ao estilo mais sereno e discreto atual. Gente de tudo quanto é idade, de adolescentes ao pessoal mais velho. Muitas camisetas amarelas ao estilo Slippery When Wet, álbum antigo que mostrava garotas com a camisa molhada e muita gente de camisetas do Superman, que ilustra não só a tatuagem no braço esquerdo do Jon, mas também é o nome de uma música do último cd (amei muito a minha camiseta do Superman depois disso. Eu tinha comprado tão sem intenção, nem liguei o fato à pessoa!).

A cavalaria foi chegando, o dia foi passando, o sol foi escaldando, babybrother ligou pra avisar onde estacionaria o carro e combinamos onde nos encontraríamos no fim do show, e lá pelas 13h veio a orientação para que apertássemos a fila, porque estavam todos dando a volta no estádio e não cabia mais gente. O que pra nós foi a glória: achamos uma árvore pra ficar embaixo, e foi isso que me salvou da cara cor de pimentão no final do dia. Tava só cor de rosa, menos mal. Daí até as 16h foi um pulo. Voou. Nós, ansiosos, não sabíamos se sentávamos ou se levantávamos, se comíamos ou se falávamos. Trocamos e-mails, nos arrumamos, jogamos fora o que sobrou de nossos lanches e nos preparamos na fila para entrar.

4 comentários:

  1. Sobre o fanatismo concordo contigo. No dia que fui no Credicard Hall comprar o ingresso, o primeiro da fila era um cara cover do Jon. Tinha o cabelo igual, a tatoo igual e, na boa, até parecia mesmo o Jon, só que mais novo. Eu acho tão estranho isso, principalmente vindo de um CARA! E ele estava com a namorada, portanto, imagina-se que não seja viado né! Mas imitar o ídolo em tudo? Prá mim é coisa de maluco!

    Sobre regalias escuta só essa: minha irmã trabalha com eventos e conhece um pessoal da Tickets for Fun. Aí na semana do show ela pediu para o cara da organização se ele não conseguia 2 ingressos de pista premium para nós, já que quando fomos comprar não tinha mais meia entrada, e a resposta do cara foi a seguinte: "pôxa, se vc tivesse me avisado até sexta-feira (anterior ao show) eu te arrumava credencial para o Backstage!" Acredita nisso? Por pouco, muito pouco, eu estaria no meio daquele povo privilegiado pertinho do palco, mas sem pagar nada!

    Vixi...escrevi demais! Tá quase um post ao invés de um comentário! Rsrsrsrs!

    Beijos

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  2. Ei Re!
    Eu sou assim como você. Fã, do tipo discreta. Só comento sobre o 'assunto' perto de show ou coisa assim. Tem gente que realmente cansa, devo admitir que não tenho paciência pra fanáticos. E realmente pra mim fica no sonho! Eles não põe o dedo no nariz não, porque quem faz isso são as pessoas que eu conheço, hehe.
    Beijos!

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  3. Duas observações apenas:

    1. Também não sou propenso à tietagem.

    2. Sabe que outro dia, numa entrevista, vi esse cara "dando em cima" de uma repórter (muito gostosinha, diga-se de passagem) e acabei transigindo, afinal. Veja só como é a vida!

    Bjo aê.. :D

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  4. Caramba, eu sou muito fã das coisas que curto! Mas como você! Não a ponto de tatuar, perseguir, rasgar roupa. Mas de chorar litros no show, de revirar na cama na véspera, de pensar em como será o grande dia! Eu dizia que 4 shows eram os shows da minha vida, e eu morreria feliz depois de vê-los: Coldplay + Cranberries + Aerosmith e Rihanna (que são os artistas que eu AMO!). Realizei 3, infelizmente Coldplay (o preferido) não foi de VIP, pois tinha tb passagem pra SP. Mas valeu demais! Esses momentos marcam a vida da gente pra todo o sempre!!!!!! (:

    "Rê, sua doida, vc realizou um sonho" [1000]

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