quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

O filme em que eu gostaria de morar*

* Uma ideia de Taryne, que quis morar em Um bom ano. Que passou pra Anna Vitória que quis morar em Cinderela em Paris e então pra Ana Luísa, que quis morar OBVIAMENTE em A Noviça Rebelde. E agora é a minha vez.


Eu nunca pensei, na verdade, em qual filme gostaria de morar. E isso é muito peculiar, já que eu sempre penso em tudo. Eu sempre planejo tudo e sempre tenho algo a dizer sobre tudo. E então quando a Tary escreveu sobre o filme que gostaria de morar eu meio que fiquei com tilt. Gente, como assim que eu nunca pensei em qual filme queria morar?




Então eu olhei pra minha estante de filmes e passei a pensar. Analu me perguntou via whatsapp se, seguindo a linha de raciocínio dela, eu gostaria de morar em meu filme preferido, o Dirty Dancing. Gostaria, será? Ah, o Patrick Swayze. Me olhando assim com aqueles olhos apertadinhos e sussurrando I've had the time of my life. No I never felt this way before, yes I swear It's the truth and I owe it all to you. Aiai, Patrick Swayze. Belos antebraços. Belo peitoral. E aquele clima todo de anos 80 e a dança e a música. Seria supimpa. Mas junto com tudo isso também vinha a filha com educação rígida e super proteção. E o culto à família, independente dos problemas que tinham. Negócio era jogar tudo pra debaixo do tapete e sorrir. Ah, não. Isso daí não ia dar.



Ainda seguindo a linha de raciocínio da Analu, ela cogitou morar em Harry Potter. E ah, eu também pensei nisso. Que belezinha. Tudo funcionando do jeitinho que eu quiser, basta dizer umas palavrinhas. Um mundo mágico e secreto, logo ali atrás de uma simples estação de trem. A escolha da casa. E as fotos que se movem. E UMA PENSEIRA! Uma penseira era tudo o que eu queria nessa vida! Mas ah. E o Voldemort, hein? Que canseira! E o pessoal lá é meio histérico e hipocondríaco, sei lá. E esse negócio de quadribol, eu mal suporto o futebol!  E sei lá, eu acho que não teria muito jeito pra andar de vassoura e esse negócio de ter ratos como animais de estimação meio que me dá nos nervos. E todos aqueles animais estranhos e as aulas nojentas e... é. Não.



Pensei também em Amor Além da Vida. Um dos filmes com a fotografia mais linda que eu já vi. Em que o além é pintado em óleo sobre tela, com referência exata no quadro que quem ainda está vivo pinta. Eu devo ter várias gentes nas dimensões dos muitos quadros que eu já pintei na vida. E o campo de flores de tinta, a oportunidade de ter a aparência que você quer. Lindo. Mas triste. Amor Além da Vida é também um dos filmes mais tristes que eu já vi. E não.



Ah, 10 Coisas que eu odeio em você. Heath Ledger cantando You're just too good to be true can't take my eyes off of you (reparem que eu tenho um fraco por quem canta pra mim - todos atores que já morreram, vejam bem) e todo aquele cabelo bagunçado e aquele ar de mau (socorro, preciso morar num filme que tenha o Thor!). Mas né. Aquela pegada de escola e pai que não deixa sair e a sociedade e o baile (graças a Deus que aqui no Brasil não tem esse negócio de baile, senão eu tava ferrada) e aquelas meninas que são da torcida organizada com pomponzinho e BLÉ. Não.



Crepúsculo. O vampiro dos sonhos de qualquer mulher. Ser vampira. Viver pra sempre. Eu já quis isso na vida, quando eu era pré-adolescente e meu filme preferido era Entrevista com o Vampiro. Eu acho supimpa essa coisa de estar acima do bem e do mal. E nossa, com Edward. Te olhando assim e dizendo que te quer mas não pode te machucar. A história de cu doce mais perturbadora da história. Ah, eu queria um Edward. Ser vampira e correr pelas montanhas. E de repente não precisar mais ir ao cabeleireiro, nem à manicure, nem fazer maquiagem, nem regime. Aé, o regime. Ih, viver só de sangue deve ser chato. Vê uma pizza de sangue. Batata recheada com sangue. Sopa de sangue com ervilhas. Suco de três frutas e sangue. Bife à milanesa ao molho de sangue. Ai que monótono. É, não ia dar.


Então eu pensei em morar em vários outros filmes preferidos meus, tipo Kill Bill. Mas ai, que trabalhoso. Tem que sair matando todo mundo e ainda estar em forma para os rodopios e as eventualidades tipo sair de um caixão depois de ser enterrada viva. E ah, eu juro que enfiaria a mão na cara do Pai Mei. E gente, eu acho que não consigo arrancar o olho de ninguém. Pensei em morar em Amelie Poulain também, mas achei que ia ser meio parado e inocente demais. E, desculpem meninas, eu dispenso a França.


Cheguei à conclusão de que eu precisava morar em um romance. Sem ser comédia romântica, porque se eu morasse em um filme tipo Antes só do que mal casado eu acho que ia matar alguém de ódio. Só romance. Um filme de romance em que as pessoas vivessem bem, vivessem levemente. E então eu pensei em um filme que me senti bem ao assistir.


Cartas para Julieta é um filme que nem é todo mundo que gosta, mas eu amei. Amei o sentimento de viver no presente a continuação de alguma coisa que aconteceu no passado, mas que poderia ter ficado quieto somente lá. Amei a esperança. O objetivo quase impossível de alcançar, mas que no fim dá tudo certo. Eu amo o "felizes para sempre". 


Amei a referência de Romeu e Julieta e o vestido LINDO que Sophie usa no fim do filme. Amei os desencontros que chegam no encontro e fazem tudo o que foi vivido anteriormente valer a pena. Amei o acaso de Sophie e Charlie. E o romantismo. Amei o fato de Claire ir atrás do grande amor da vida dela mesmo depois de tantos anos. E amei mais ainda quando ela encontrou Lorenzo. E, se não bastasse tanta fofura num filme só, o pano de fundo: a linda Itália. Eu queria passear de carro pelas cidades da Itália. As vinícolas. As enormes fazendas. O clima ameno. Os queijos. Macarrão da mama. As ruas de paralelepípedo de Verona. As mesinhas dos restaurantes na calçada tranquila. A história de amor mais clássica do mundo, nas cidades mais clássicas do mundo. 



Eu queria morar em Cartas para Julieta. Romântico assim. Lindo assim. Clássico assim.



domingo, 27 de janeiro de 2013

Uni duni tê

Cinco anos de vida. Era a idade que eu tinha quando ganhei esse disco. DISCO. LP. Esse bagulho antigo que hoje em dia você só acha em feiras de antiguidade e que mesmo que resolva comprar você não vai conseguir tocar a não ser que tenha uma VITROLA em casa. Coisa que não vende mais há bem uns 20 anos.

Parece que eu ganhei foi adiantado, pelo meu aniversário de 6 anos. Aquele que meus pais resolveram sair pegando todas as crianças da rua pra participar. Não, não eram crianças DE rua. Eram as crianças da vizinhança. E eu lembro bem de estar dentro do carro, no banco da frente, no colo da minha mãe, porque lá no banco de trás devia ter bem umas 30 crianças enfurnadas umas nas outras. Meus pais resolveram naquele dia me compensar por fazer aniversário em 26 de dezembro. E foi a única vez na vida que eu tive mais de 30 pessoas que não eram parentes na minha festa. Eu não conhecia mais da metade e a outra metade só via de vista passando na rua. Porque eu não era uma criança que podia brincar na rua.

Engraçado pensar que eu tive uma festa de aniversário cheia de gente desconhecida. Eu, essa criatura seletiva que sou hoje. Meus pais então, que será que deu na cabeça deles pra fazerem isso? Quem conhece eles hoje nunca imaginaria que seriam capazes de ter um trabalhão desses. Mas tiveram. É a loucura dos 20 e poucos anos. Eles eram mais novos do que eu sou hoje quando eu estava fazendo 6 anos de idade.

Daí a minha festa foi superlegal, eu nem me importei que a maioria dos neguinhos eu nem conhecia. Eu gostei foi de ter a festa cheia de crianças. E tenho fotos pra lembrar da minha avó sentada no meio deles ensinando todo mundo a brincar de corre-cotia. Ah, tempos remotos em que não existia video game. 

E, no fundo de tal festa memorável, o disco que eu havia ganhado alguns dias antes. Trem da Alegria. O primeiro disco que eu ganhei na vida. A primeira demonstração de música que eu lembro de ter ouvido na vida (fora as musiquinhas tipo Atirei o Pau no Gato que eu aprendia na escola). E gente, como eu gostava! Sempre soube de cor todas as músicas do disco, porque eu passava boas horas cantando todas junto com o encarte (porque eu aprendi a ler aos 4 anos, beijo). 

Meu pai tinha menos que 30 anos na época e costumava me acordar ao som de Guns 'N Roses, que eu odiava (minha mãe tava trabalhando nessa hora, então pai serve pra te zoar). Foi bem nessa época que eu aprendi a acordar de mau humor. Mas raramente, BEM raramente mesmo, às vezes ele botava lá o disco do Trem da Alegria pra eu acordar feliz. E nossa, são tantas vezes que eu me lembro de brincar no quintal com meu triciclo (eu tinha um igualzinho ao do Quico) cantando junto com o disco as músicas!


Cresci. Agora Guns 'N Roses pra mim é totalmente audível. E minha infância ficou lá atrás, junto com meu repertório de músicas do Trem da Alegria. 

Mas sexta feira eu fui no aniversário da Lilica, em uma balada aqui em SP. E eu não sou muito adepta à diversão da Vila Madá, mas fui lá. Fui pela Lilica, mas também porque ela já tinha me dito quem ia tocar. 

Luciano. Não vem ao caso qual é o sobrenome dele, mas não é o do Zezé di Camargo. Luciano pra mim é só Luciano desde sempre, desde quando era conhecido como o integrante mais bonitinho do Trem da Alegria. Todas as meninas amavam e diziam que era o namorado delas. Eu ainda não estava nessa pegada de "namorado", mas entendia bem que eram as rebeldes que curtiam o Luciano, já que a preferência geral da nação eram os Menudos. Luciano tinha os cabelos lisos e em formato de tigela mas eu, preferencialmente (e não mudei meu gosto desde então) sempre preferi o Juninho Bill. Mais feinho, porém mais divertido, mais animado e mais safado. Ah, meu gosto para homens.

Luciano, baixinho, barrigudinho e descabelado, entrou no palco e cantou umas músicas estranhas lá. Cantou Nirvana. Cantou Aerosmith, Maroon 5. Cantou Legião Urbana e Jota Quest. Lilica me contou que antes que eu chegasse ele cantou até Bon Jovi. Eu comentei que ainda bem que não estava lá, porque eu odeio todo e qualquer sósia do Bon Jovi. Pra mim tem que ser só o original. Tava tudo muito estranho naquele lugar. Até Luciano encerrar o show cantando Uni Duni Tê e He-Man.

Daí, minha gente, eu senti a emoção. Um integrante do meu primeiro grupo musical preferido. Ali, na minha frente. Cantando a música que eu cantei ao longo de tantos anos. Olhando pra mim. E ah, que saudades do Juninho Bill. E da Patrícia Marx. Mas não, eu não chorei. Nem descabelei. Nem gritei. 

Eu senti foi o peso. O peso da idade nas costas.

Ai que coisa. É chato pensar em como o tempo passa, né?

Sim, "esse cara sou eu". 
E sim, eu ainda tenho o LP do Trem da Alegria. É, aos 33 anos.
O Luciano é aquele ali com o macacão azul e camiseta amarela.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Hellraiser

Daí que eu quarta feira passada eu voltei pra acupuntura. E acho engraçado dizer isso assim como quem diz "voltei pra academia". Ou "voltei para as aulas de inglês". Porque acupuntura tem a mesma linha de raciocínio de tarefa continuada para um resultado final. Acupuntura é mesmo um negócio muito louco.

Fui porque há alguns meses atrás a minha colega de trabalho sentia muitas dores de cabeça. E daí a gente ia passear na hora do almoço e ela não queria ir. E a gente ia fazer compras (porque quem trabalha na av. Paulista tem dessas na hora do almoço), e ela não queria ir. É. Chata pra caramba. Mas como todo mundo diz que ela parece comigo, resolvi ajudar. E aconselhei a acupuntura.

Vocês se lembram que eu já fiz, né? Que eu fiz até um post sobre o pianinho que tocava enquanto eu ficava lá deitada? Então. Daí ela marcou e foi. E foi, e foi. E agora, dois meses depois, além de não ter mais dores de cabeça, ainda emagreceu 10 quilos. É, se você é mulher eu sei que o seu comentário agora foi algo do tipo NOSSASENHORAQUESUPIMPA. E eu juro pra vocês que é verdade. Eu mesma vi. E por mais que nesse período de tempo eu tenha feito aniversário e tudo, e tenha levado bolo de chocolate com cobertura de brigadeiro e tenhamos almoçado um dos melhores hambúrgueres com batata frita e milkshake da cidade, e eu ainda tenha levado pão com carne maluca pro lanche da tarde... ela comeu de tudo e ainda assim eu não consegui retardar o emagrecimento milagroso dela. 

Ai que ódio.

E então eu achei o cúmulo. Como assim, eu que sugeri e ela que vai lá e perde 10 quilos em dois meses? Eu que fiz a boa ação, porra! Mas enquanto eu pensava aqui no que fazer de comida pra levar e tentar engordá-la novamente, percebi que minha enxaqueca voltou. Oi, enxaqueca amiga, quanto tempo! Cinco dias seguidos. Cinco dias que eu quis matar alguém e picar em pedacinhos exatamente como Dexter me ensinou. Mas eu me controlei (às vezes). E voltei pra acupuntura. Eu, e toda a galera do setor que ficou igualmente boquiaberta com a magreza repentina da colega. 


Doutor Luís é um senhorzinho de quase 60 anos. Com a bolsa preta rasgada e um consultório humilde, se encontra no fim do corredor e exatamente do outro lado da sala de recepção cheia de cadeiras de cores e modelos diferentes e que nem tem uma televisão. Doutor Luís fica bem ali ao lado do prédio que há doze anos atrás eu trabalhei. E já naquela época eu precisava tanto de acupuntura e nem imaginava.

Doutor Luís te olha nos olhos com toda a calma do mundo e pergunta qual é o seu problema. Pergunta se você sente mais calor ou frio. Pergunta o que você come ao longo do dia. Pergunta se você levanta à noite pra ir ao banheiro e quantas vezes. Pergunta do seu cabelo (uma colega minha respondeu que está ressecado) e das suas unhas. Pergunta qual é seu grau de perfeccionismo (eu sei cada lugar de cada copo do armário da minha cozinha, doutor - respondi - mas teve gente que foi pior que eu: "eu chego em casa e vou procurar cada um dos quatro ratinhos coloridos e diferentes da minha gata, doutor" - outra colega respondeu). Doutor Luís pergunta como vai seu sono e seu apetite e se você sonha de noite e qual a intensidade dos seus sonhos. E então te manda mostrar a língua. E eu mostrei. 

Fazendo pontinhos na língua desenhada no papel em que ele anotava a minha vida, meu diagnóstico: "você é fria (por isso sou fã do Dexter, será?). Você sente frio. Bate um ventinho e você coloca a meia." (como ele sabe que eu escolhi o chuveiro da minha casa só porque ele tem o nível "super quente" e todos os outros níveis de temperatura já queimaram e mesmo assim eu não me importo porque eu uso o super quente mesmo no verão?). E então, fazendo mais pontinhos na língua do papel: "mas a ponta da sua língua é muito vermelha e isso mostra que o seu coração é quente" (eu sei que vocês aí estão grunhindo algo do tipo HHHMMM). Mas ele explicou: "seu corpo é frio, mas seu coração é quente, e então você fica em desequilíbrio interiormente. É do seu coração que vem toda essa sua responsabilidade, perfeccionismo e ansiedade. Essa sua vontade de ser mais e melhor. Mas o seu corpo não aguenta, porque ele é frio, não acompanha o coração."

E foi com esse ensinamento (alguns furos ao redor do corpo e várias agulhas na orelha pra apertar cinco vezes por dia até que parem de doer) que eu saí daquela sessão. Doutor Luís me recomendou não comer salada na janta, porque eu preciso me aquecer para que meu organismo trabalhe bem. Recomendou-me ingerir mais comidas quentes para aquecer o corpo e acalmar o coração. Eu saí do prédio grogue da vida (porque a primeira sessão de acupuntura sempre dá nisso), pensando em como os prédios da Paulista são altos e como tem bastante gente no metrô que anda tão rápido. Quase vomitei no carro dirigindo pra casa, mas no dia seguinte já acordei melhor.

Moral da história: eu sempre soube que a medicina oriental chega a ser quase muito mais sábia que a ocidental. Se eu tivesse ido procurar um médico para todos os meus problemas com certeza teria que ir bem em uns 10 consultórios de médicos com especialidades diferentes. Mas doutor Luís, o santo, fez tudo de uma vez só. 


Ah, a acupuntura. Ah, os minutos deitada na caminha na penumbra. Ah, a sensação de que cada agulha dói de cada vez. AH, O PIANINHO DO INFERNO. Voltei.

Pai Mei aprova quem enfia agulhas no corpo para viver melhor.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Peru com abacaxi

Eu podia ser simplesmente rica e fina e ter colocado um título divo como a linda da Pitty faria - "agridoce" - mas não. Não, porque eu nem sou do tipo que floreia as coisas. Eu gosto é de tudo em pratos limpos. Luz acesa, sabe como? Então eu vou falar aqui do peru com abacaxi. Simples assim.

Certo, nem tanto do peru em si, porque eu não gosto de peru. Sei lá, eu sempre acho que é uma carne mole demais. E levando em consideração que eu nem gosto de carne assim e, pensando no maior agravante de todos os tempos da vida - eu enjoei de frango (e qualquer carne voante do tipo) - chegamos à conclusão de que esse texto não vem a ser exatamente a respeito do peru. Mas talvez do abacaxi.


Sou uma criatura que nunca gostou de comida agridoce. Já falei milhares de vezes que se a minha mãe resolver fazer arroz à grega (que vai uvas passas) não vou comer. E que também não me invente de botar banana na farofa. Nem maçã na maionese. E aí eu digo pra vocês que eu gosto de Natal (porque apesar de já ter dito isso aqui milhares de vezes, tem gente que ainda não sabe - acreditem), mas que não gosto de comida de Natal. Sabe, não sei quem foi que inventou que tem que botar cravos no tender. E pêssego no lombo. E, parafraseando a amiga, esse povo que sai pra almoçar em self service e bota o mamão no prato junto com o resto da comida sinceramente deve mesmo ter problema!

Mas não, eu não estou com desvio de tempo pra estar falando sobre comida de Natal em pleno fim de janeiro. Eu estou só exemplificando um fato que desde a data em questão venho pensando. Pensando que no Reveillon eu comi um pernil com molho de maracujá e esse foi o ponto alto da noite. Pernil com molho de maracujá - eu devo estar com problema. 

Sempre divulguei aos ventos que eu sou uma criatura de paladar pobre. Tudo que eu como é relativamente separado, nunca fui o tipo de adolescente que come a batata junto com o Sundae no Mc Donalds. Sei lá, gente, nunca combinou! E eu posso fácil começar uma refeição pelo doce para só então comer o salgado, mas o fato é que comer tudo junto nunca deu. Minha língua não curte experimentar vários sabores diferentes ao mesmo tempo (e é por isso que eu nunca fui adepta aos leite condensados ou chantillys em lugares impróprios). E mesmo falando literalmente só de comida mesmo, eu não sou a pessoa que curte pedir uma marmita de restaurante e abrir aquele pacote de alumínio e ver tudo misturado. Eu não gosto de nada misturado. Não gosto de salada de frutas. Não gosto de salpicão. Não gosto de escondidinho. Eu gosto é de ver tudo separadinho, cada coisa em seu lugar. Ascendente em virgem, sabem como é.

Mas aquele pernil com molho de maracujá mudou a minha vida. Tanto, que eu passei a reparar que ando pegando a fruta junto com o prato da refeição em almoços sim. Claro que não o mamão (porque peloamordedeus, mal dá pra comer o mamão sozinho, no leite é absolutamente insuportável e na comida dá vontade de morrer), mas um figo. Ou uma carambola. Porque eu não sou uma pessoa frutífera (I'm not a fruit person, já dizia Carrie de SATC), mas as que eu posso dizer que gosto são realmente as mais peculiares (porque carambola em inglês é star fruit - e nome mais meigo não há - por exemplo).

Daí eu fiz uma salada que incluía carambola e romã para o Reveillon na casa da amiga. A pessoa que fez o dito pernil com molho de maracujá, aliás. E depois daquele dia que eu comi cheia de prazer o porco feliz que morreu para que eu saboreasse suas gordas perninhas com o molho do maracujá, a minha vida mudou. 


Ah, os trinta e três anos. Nos tornam uma pessoa diva sem querer. E agora, mundo, nem o meu paladar é pobre mais (mas o negócio da luz acesa permanecerá para todo o sempre, amém).


sábado, 5 de janeiro de 2013

Sobre Empatia

A empatia implica, por exemplo, sentir a dor ou o prazer do outro como ele o sente e perceber suas causas como ele a percebe, porém sem perder nunca de vista que se trata da dor ou do prazer do outro. Se esta condição de “como se” está presente, nos encontramos diante de um caso de identificação.

Acho empatia uma palavra bacana. Bem mais peculiar que simpatia. Empatia é uma coisa mais complexa, mais parecida comigo. Ou com o que relacionamento que eu tenho com as pessoas ao redor do mundo. Foi um tema discutido na reunião de engajamento da minha área em dezembro. E desde então eu estou aqui pensando no assunto.

O pessoal lá levantou a mãozinha pra dizer que "as pessoas têm panelas aqui". Panelas, gente. Que expressão mais quarta série! E a pessoa ainda continuou "é, aqui todo mundo tem grupinhos pra tomar café e almoçar junto". Sério, eu ri. Eu ri e ri sonoro. Porque peloamor, aquilo lá é um ambiente DE TRABALHO. E, levando em consideração que o objetivo lá é O TRABALHO, se você faz o principal que é o TRABALHAR EM EQUIPE e ter o básico para se relacionar em sociedade (diga-se dizer bom dia/boa tarde/boa noite e perguntar "e esse tempo, hein?") já tá ótimo galera. Eu to ali pra isso. Estamos todos aqui no mundo pra isso. Pra encontrar alguém que não se vê há algum tempo e dizer "nossa como seu filho cresceu". Ou reclamar em conjunto porque alguém está furando a fila do mercado. Ou ainda, quando a situação envolve um pouco mais de embasamento no que se refere a assuntos irrelevantes, comentar algo sobre alguma tragédia, política ou o capítulo da novela do dia anterior. Conviver em sociedade é isso, Brasil. É falar sobre tudo e sobre nada ao mesmo tempo. É fingir interesse no assunto mais sem sentido que seja, só pra quebrar o clima e você fingir que se relaciona com alguém. Mas não, a pessoa quer empatia. Quer que eu pergunte "e aí, em qual hora/lugar/lua você teve qual sensação peculiar em relação à sua gestação maravilhosa dessa criança de incrível brilhantismo que está por vir?"

Não. Empatia é um negócio que vem de dentro. Que às vezes, ao conviver com alguém, encontra-se com o passar do tempo situações ou pensamentos em comum que faz com que apreciemos a companhia de tal pessoa. Pessoas com as quais você conversa naquele dia em que acordou de mau humor e que, quando menos percebe, a rabugice vai embora conforme o assunto avança junto com o momento agradável que passamos ao lado de tal pessoa. Empatia é não só querer o bem de alguém, mas também querer compartilhar algo da vida da gente com essa pessoa. Ou essas, no meu caso.

Eu tenho empatia até que por bastante gente. Pode parecer um pouco difícil conquistar minha atenção, mas basta que eu veja em alguém alguma qualidade que eu goste. Às vezes eu tenho empatia até por gente alheia que vejo no metrô. Por identificação, na maioria das vezes. Ou pelo título do livro que a pessoa está lendo. Mas empatia MESMO eu tenho pelas pessoas que me cercam e que eu faço questão que estejam sempre por perto. Cada um à sua maneira e nem sempre com o mesmo diferencial aos meus olhos (visto que rolou até briga no meu aniversário), cada pessoa cuja qual eu tenha empatia e posso chamar de amigo tem de mim quase tudo o que eu puder proporcionar para que ela tenha também com a minha companhia todo o prazer que eu tenho com a dela. 

Ter empatia é simples, mas não é pra qualquer um. Não dá pra EXIGIR empatia. Não dá pra pedir isso pra chefe em dia de reunião. Porque eu posso até tomar café ou almoçar com você, mas com certeza será contando os minutos para que esse tempo que não me agrega nada passe mais rápido. E eu ainda vou comentar sobre algo do tipo "mas nossa, que bonita essa comida que você está comendo" só porque eu sou uma mulher que tem o objetivo de se relacionar melhor com as pessoas, principalmente as do meu meio profissional. Mas não. Eu estou pouco me importando com o que você faz ou deixa de fazer da sua vidinha. Porque eu tenho mais o que fazer aqui com as minhas panelas. 



terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Cor de laranja

Oi. Esse é o primeiro post de 2013.

E eu nem preciso sair lendo os títulos dos posts dos blogs por aí pra saber que todo mundo já postou sobre as resoluções de ano novo. Daí eu também vim. Contar pra vocês que eu passei o Reveillon com um vestido cor de laranja.

Em todos esses 33 anos nessa indústria vital, eu nunca passei o Reveillon de cor de laranja. Mas já que o mundo decidiu não acabar (bem que eu pedi pra cair um meteoro lá na Serra do Mar pra galera que foi viajar não conseguir voltar nunca mais - porque São Paulo tava ótima de andar até ontem gente, eu fui pro trabalho de carro em 15 minutos!) eu decidi vestir laranja. Porque eu curto essa coisa do feng shui (e porque assim que eu vi o vestido na Hering me apaixonei e nem queria saber qual cor era o que, tudo o que eu queria era comprar aquele vestido pra usar no Reveillon). Mas, pensando cá com meus botões, eu sempre soube que a gente só usa cor de laranja quando está feliz. Pois é. Usar essa cor no Reveillon deve significar alguma coisa na minha vida.


Laranja:

É uma cor quente (ui), representada pela forma da lua crescente, o elemento é a água e o sentido é o paladar (é, eu comi pra caramba mesmo)Inconscientemente, lembra sabores agradáveis e nos remete à infância, às brincadeiras e aos doces. A cor laranja na Cromoterapia corresponde ao metal ouro  e é considerado a cor da prosperidade (porque eu quero ficar rica, claro). O planeta é a Lua (lua vaaaai. Iluminar os pensamentos dela"! Fala pra ela que sem ela eu não vivo - derererê). Para a Musicoterapia, esta cor corresponde à nota musical ré (ré, quase Rê, olhaí). A polaridade do laranja é Yang; logo, é positiva (porque esse ano eu vou botar pra quebrar), solar, diurna e simboliza o verão (ave que calor). O laranja influencia o dia de segunda-feira (e veja bem que o Reveillon foi de segunda pra terça!). A cor laranja representa a intelectualidade (eu, claro). É uma cor jovial (porque apesar das dores dizem por aí que 33 ainda é jovem), antidepressiva, alegre (uhú), leve (continuarei não batendo nas pessoas que merecem) e transmitindo psicologicamente prazer, despreocupação, fazendo superar a repressão e inibições, abrindo a mente para novos objetivos (me aguardem). A cor laranja é muito ligada à maternidade (wow) e tolerância (não vou avançar em ninguém - não vou avançar em ninguém - não vou avançar em ninguém), e sugere sol (to vendo que vou gastar uma grana em protetor solar), calor (dá cá um abraço) e profundidade (porque eu já quase nem sou densa, imagina). A cor laranja traz força (eu abro mesmo todos os vidros de palmito sozinha), coragem (tirei aquela mariposa gigante que entrou em casa no meu aniversário quase sozinha - Pandora me ajudou), determinação e ousadia, tirando do estado de medo e covardia. A cor ainda nos estimula e inspira, desabrocha, faz com que se tenha um impulso mais voltado à prática, repleto de coragem e astúcia (não contavam com a minha astúcia!). Permite que a gente possa desvendar o todo, em alguma situação que possa estar obscura. A cor está manifestada em algumas frutas cítricas, como por exemplo a própria laranja ou a tangerina, que nos dão mais energia de ação. Cor do intelecto e mental. Em tons mais escuros, sugere estabilidade.


É isso aí que eu quero para o meu 2013. E, se for pra repetir o que estou fazendo no primeiro dia do ano em todos os outros, estou aqui, postando no meu blog, ouvindo as 500 mais da Kiss (Pink Floyd no momento), acumulando receitas no meu caderninho, assistindo séries, lendo meus livros, dormindo até cansar e esperando amigas queridas em casa pra mais tarde.

Feliz ano cor de laranja para todos nós!