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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Da superficialidade da astúcia

Dia desses eu fui no show do Foo Fighters. Eu não podia deixar de escrever sobre isso, e não vou deixar mesmo. 

Vou começar dizendo que eu não passei a noite na fila, porque isso eu nunca fiz mesmo. Também não passei o dia na fila, porque isso eu realmente não tenho mais idade de fazer mesmo. Aliás, depois daquela briga com o cara no show do Bon Jovi eu meio que perdi o tesão de ir em show no meio da muvuca. Dessa vez eu cheguei quase 19h, três horas depois de o portão ter aberto, fui na pista normal mesmo (e não na VIP como há alguns anos), e fiquei lá atrás. Vi Dave pequenininho, paciência. Mas nada paga o meu sossego.

Aos 35 anos na cara, a vibe foi ir sozinha (ir em show de rock sozinha não tem preço!), ficar lá atrás, de boa, em um lugar que eu conseguia ver muito bem o telão e ouvir muito bem a voz do cara. Ah, o meu amor por homens que gritam. Cheguei quietinha, no meio da multidão, andando pelo meio das pessoas e procurando onde estaria esse bom lugar. Dei uma olhada geral, daqui e dali, e o lugar escolhido foi encostada em uma das grades que circundam aquelas grandes coisas que ficam bem no meio dos estádios em ocasião de shows. E aí é onde começa o que eu realmente quero falar nesse post.

Eu não faço a menor ideia do que são aquelas grandes coisas. É claro que caixas de som e iluminação é meio óbvio, mas de uns tempos pra cá há vários cercados com grandes coisas no meio. Sei lá, caixas d'água. Pra que ter caixas d'água no meio de um estádio em um show? Pra onde vai essa água? No show do Foo Fighters, bem na frente do palco e bem no meio do gramado, havia TENDAS com teto e laterais cobertos de lona branca. Fiquei sabendo lá que eram câmeras de televisão, porque o show ia passar, sei lá, no Multishow. Vocês conseguiram processar a conclusão do que eu disse? Tendas com lona em cima e nas laterais bem na frente do palco, ou seja, NINGUÉM CONSEGUIA FICAR ATRÁS DESSES TROÇOS E ENXERGAR O PALCO. Gente. No meio do estádio, sabe? Eu paguei caro por esse show. E não consegui assisti-lo porque tinha tendas com câmera de televisão na minha frente. Conclusão: neste show, ou você era VIP e ficava muvucado apanhando das pessoas no gargarejo, ali bem pertinho do palco, ou você era um simples filho da puta do inferno, que tinha que assistir o show nas laterais do campo, perto dos banheiros, com visão ínfima e torcendo por aquele momento em que o vocalista da banda chega na lateral do palco e diz "oi para o lado direito/esquerdo da arquibancada do estádio!" (Dave traduziu bem isso em inglês e com o literal "fucking whatever" muito bem colocado em suas frases). 

Fudido. É tudo isso aí o que a gente é. Paguei caro, porque eu amo a banda e acho que eles merecem demais o meu dinheiro para se sustentar. Mas quase a metade de tudo o que eu paguei foi pra essa gente que bota uma taxa de conveniência equivalente ao diâmetro da circunferência anal de cada um deles. Pra que eu paguei isso? Pra assistir um show vendo metade da metade da metade de um palco, onde o cara vocalista da banda, que é foda, parecia uma reles pulga, tamanha a distância que todo mundo foi obrigado a ficar do palco, por conta que, aqueles mesmos caras da circunferência anal, já não bastando ganharem muito do meu dinheiro, ainda precisavam filmar o show pra ganhar sei lá como e sei lá porquê a audiência de uma galera que nem pagou nada (além do preço absurdo de uma tv paga), mas que talvez assistisse pela tv.

Isso é o que? É gente bosta oferecendo serviço de bosta a preço de ouro e às custas de alguém que oferece um serviço ouro. O problema é, sabe o que? O intermediário. Exemplo: eu faço compras no Ceagesp. Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo. Mas esse negócio, caso você não saiba, tem em toda cidade. Se não com esse nome, com algum outro nome parecido. O que é isso: um grande centro de distribuição de comida fresca. Ou seja, uma grande feira. Acontece que o produtor, sei lá, digamos que ele tenha um sítio simpático e plante batata. Planta batata em uma escala considerável e resolve vender no atacado. E então ele precisa de um lugar para estocar a batata dele e vender para feiras de rua e mercados. E então ele aluga um box, no Ceagesp, onde vende as batatas dele para varejistas. Ta tudo muito bom, ta tudo muito bem, mas pode melhorar: o Ceagesp, três vezes por semana, vende no varejo. E é aí que entra a Renata, com seu carrinho de feira, podendo comprar dois quilos de batata pra fazer assada com requeijão, direto do produtor. Aquela batata simpática, redondinha, saborosa e barata. Porque o cara que está ali na barraca me vendendo é o mesmo que colheu essa batata no início daquela semana.

Essa é a vida linda de se ver. É a vida da Renata, que preza pela comida bem feita e pela boa batata a preço justo. Que tem tempo, paciência e carro, pra poder ir lá no Ceagesp de tempos em tempos, fazer a feira, porque por acaso, por milagre de Deus e hábito familiar, o Ceagesp fica relativamente perto da minha casa. Mas essa não é a vida de quase todo o resto da população. Quase todo o resto da população pode ser encontrado no Extra, quase na esquina da minha casa, no meio dia do primeiro sábado do mês, logo depois do pagamento. Naquele demonstrativo do inferno, das enormes filas no caixa, das crianças gritando, das senhoras enfiando o carrinho nos calcanhares alheios, e o locutor do Extra informando no microfone que "agora começou a promoção da televisão e quem chegar agora aqui no corredor do eletrônico leva". 

Lá, na fila do Extra na esquina de casa, ao meio dia do primeiro sábado do mês e logo após o pagamento, os carrinhos estão cheios de batata. Da batata comprada no mercado, que é a mesma batata comprada em qualquer mercado, grande ou pequeno, na feira de rua ou na quitanda. Essa batata é a mesma que está lá à venda há 1 mês. Essa batata saiu do mesmo Ceagesp que a Renata faz compras, só que antes de chegar na mesa da dona Terezinha, mãe da Priscila, passou por uma meia dúzia de caras que carregaram e revenderam a pobre da batata. Essa batata, em uma mesma curva, superfaturou e despencou de qualidade em sabor e durabilidade. Ou seja, a dona Terezinha, mãe da Priscila, vai comprar a batata, pagar o olho da cara, carregar até em casa morro acima, e em uma semana essa batata estará podre. Por causa de quem? Dos intermediários, claro.

Os intermediários do show do Foo Fighters (e de todos os outros shows internacionais no Brasil) são grandes filhos da puta. E já sabendo disso, eu, ali encostadinha na grade de alguma grande coisa que algum grande filho da puta resolveu colocar no meio do estádio, me consolei ao ver o Dave só pelo telão. Aquela barba. Aquele cabelo. Aquele humor. Aqueles diálogos incríveis. Aquela inteligência, que fez com que, de repente, ele aparecesse atrás das barracas de lona dos filhos da puta da tv. Ou seja, ali, bem pertinho de mim. E aqui vai o meu salve para os produtores do show, que colocaram uma passarela para o cara andar além do palco, mesmo nesse país de filhos da puta.

Vai dar piti pela minha última frase, porque você é brasileiro e não desiste de ser filho da puta nunca? Pois eu ainda não acabei o meu post: eu lá, na grade, me consolei por ver um show por um telão, lá longe, de boa, curtindo minha música, dançando e cantando sozinha. Eu, na minha bolha de paz. Sabia cantar todas as músicas do show, até as menos famosas. No lugar que escolhi pra ficar permaneci até o fim do show. Do lado do bombeiro, camarada de boa. E o mundo seria um lugar bem melhor se todo mundo estivesse se comportando igual eu e ele. MAS NÃO. As pessoas andam o show inteiro. Se você não está lá no gargarejo, no meio da muvuca, morrendo de sede, com o braço suado e enrolando nos cabelos da menina que está na sua frente que insiste em deixá-los soltos, encostando nos outros braços suados das pessoas que estão dos seus lados, sentindo a pessoa de trás te encoxando e sendo levada pra todos os lados e torcendo apenas pra não cair e não ser pisoteada, você está lá atrás. E se está lá atrás, tem gente andando pra lá e pra cá, o tempo todo, em todas as direções aos seus lados e, pode parecer incrível, mas a sensação é a de que você está sempre no caminho de todo mundo.

Agora me fala: pra que, inferno? PRA QUE? Por que vocês não fazem igual à pobre infeliz aqui, que escolhe um lugar pra ficar E FICA até o show acabar? Por que? Você tem incontinência urinária? Passou o dia na fila e precisa ir ao banheiro? Quantas vezes você vai ao banheiro por show? Ah, precisa comer? Porra, mas não passou o dia inteiro na fila fazendo nada além de comer? É bebida o que você quer? Não tem as tiazinhas passando no meio da multidão com aquele isopor bem na minha cara logo quando eu consegui um espaço ridículo entre duas cabeçonas pra enxergar o show?

Fica aquele bando de gente, andando pra lá e pra cá, sem prestar o mínimo de atenção no show, atrapalhando quem pagou e quer VER a banda tocar. Só isso que eu quero, gente. Ver e ouvir o cara cantar. E então, quando a pessoa abstrai porque não dá pra colar Super Bonder na cadeira igual faziam na escola e resolve que não, não é um bando de baratas tontas passando em todas as direções que vai estragar o meu show, de repente a pessoa que está na sua frente vai lá e LEVANTA A MÃO COM CELULAR PRA FILMAR O SHOW BEM NA SUA CARA E TAMPA TODA A SUA VISÃO.

Sério. O povo paga um show internacional pra ficar zanzando pra lá e pra cá. Paga pra ficar filmando. Paga pra não dançar nem cantar porque... será que eles sabem? Ou será que alguém falou "pô, cara, vou no show do Foo Fighters" e o cara pensou "Full Faiters, não sei o que é isso, mas se é o point vou também". A impressão que eu tenho é que todo mundo vai em tudo, sabe de tudo, passa horas na madrugada pra ver o Castelo Rá-Tim-Bum ou debaixo de sol pra ver as esculturas lá de cabeção, mas sem prestar atenção em nada, sem pensar sobre nada, nem se gostam ou não. A impressão que eu tenho é que todo mundo vai em tudo, paga tudo, fica na fila de tudo... pra tirar selfie. Pra postar no Facebook. Pra dar check-in e dizer pra todo mundo que foi. Ah, você foi em tudo, meu filho? Foi na maior exposição do momento, foi no show do ano, foi no melhor restaurante e assistiu ao filme mais falado? E sobre o que era o filme mais falado? O que você achou do prato que experimentou no melhor restaurante? O que foi que Dave Grohl falou entre suas músicas? E quais músicas cantou, além de Everlong, Best of you e Learn to Fly? Até Dave, o melhor capricorniano que conheço além de babybrother, tirou sarro da galera que só sabia cantar o ôôô de Best of you. E você, reparou que o cara tava tirando sarro da sua cara? Ou você estava ocupado tirando uma selfie bem na cara da Renata, que foi ao show somente, olha que absurdo, pra ver e ouvir o cara cantar?

Os intermediários são sim filhos da puta. Mas o resto da população também é. E aí eu penso, minha gente, que apesar da dona Terezinha, mãe da Priscila, comprar a batata semi-podre no Extra no sábado na hora do almoço primeiro do mês e logo depois do pagamento, não ir ao show do Foo Fighters, tem muita gente que faz a feira do mês no Extra e vai ao show. E pra esse povo, a batata semi-podre é mais que o suficiente.





segunda-feira, 23 de setembro de 2013

22 de setembro de 2013

Eu perdi o Rock in Rio do Bruce Springsteen pra dormir, mas tudo o que veio depois compensou isso. Coloquei o celular pra despertar às 4h da manhã e quando contei isso para as pessoas todo mundo me achou meio maluca. Mas eu não sei porque eu posso ser maluca ao acordar 4h pra fazer alguma coisa que eu vou gostar muito, mas não sou maluca quando acordo 4h da manhã pra trabalhar todos os dias, o que é fato. Ah, esse povo não sabe de nada. Calem suas bocas.

Acordei 4h da manhã feliz da vida, mas diferente do que foi da outra vez. Em 2010 eu não estava cabendo em mim em pensar no sonho que realizaria naquele dia. Mas ontem foi uma alegria mais contida, mais sã. Estava feliz, mas não estava ansiosa. Tomei meu café, escovei meus dentes, coloquei minha camiseta que tinha cortado no dia anterior e fui ao banheiro sabendo que essa seria a última vez por horas que eu podia fazer isso naquele dia.

Saí ainda com o céu escuro. Desci a rua como quem não pensa em nada além do vento no rosto e na ilusão de despreocupação. Peguei o ônibus, desci, andei pela rua deserta. E cheguei na fila que eu já sabia me esperar. Dessa vez mesmo tendo chegado mais cedo a fila estava maior que em 2010. E ainda ficaria muito mais. Concluo que o poder aquisitivo do brasileiro cresceu em 3 anos, porque a quantidade de pessoas na fila da pista premium do show era bem umas 3 vezes maior agora do que era antes. E é por isso que as pessoas pagam o absurdo de quase mil reais por um show. Porque pagam. E quem ganha com taxas de conveniência... ah como esse dinheiro chega fácil.

Já cheguei puxando assunto e sendo simpática com as meninas que estavam no fim da fila, porque é assim que a gente tem que ser quando sabe que vai passar o resto do dia ao lado daquela pessoa que antes era desconhecida. E o mesmo fez quem chegou depois de mim. E em menos de 10 minutos já éramos amigas de longos anos. E então, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, na dificuldade e na necessidade, no fim das contas já estava todo mundo dividindo seus lanches, suas garrafas de água e a minha maçã, enquanto filosofávamos loucamente sobre as vidas dos integrantes da nossa paixão em comum, compartilhávamos experiências e conhecimento e a opinião sobre a beleza do namorado de uma, sobre a profissão da outra e sobre como o pai de alguém parecia o Patrick Swayze. Isso sem contar a amizade que a gente fez com o menino que estava organizando a nossa fila (que era bem bonitinho, mas quando perguntamos se ele pegava muita mulher com essa profissão de organizador de eventos ele respondeu que "elas só se aproximam de mim por interesse". Own, fofo.) e as VÁRIAS vezes que falamos mal da mulher que Jon beijou na boca no Rock in Rio. Rosana, vulgo Maria Bethânea (apelido que todas as fãs de Bon Jovi deram a ela) estava lá, claro, passeando pra lá e pra cá e aproveitando de ter se tornado uma sub-sub-sub-celebridade. A nós restava, além do recalque e da zoeira cada vez que ela passava (eu gritei pra ela ir arrumar o que fazer e lavar uma louça) as especulações de quem seria a próxima felizarda a subir no palco e o que jogaríamos em Bethânea caso Jon a chamasse de novo.

Após 10 horas de muita dor na bunda por termos passado tanto tempo sentadas (dor essa que permanece mesmo eu estando agora sentada no meu sofazinho confortável), 2 reais a menos que eu paguei pra ir no banheiro, um São Pedro hipocondríaco que brincava conosco mandando chuva ou sol ou chuva e sol de 5 em 5 minutos (e a gente fez um exercício danado no esquema abre e fecha e abre guardachuvas), chegou nossa hora de ver os portões do estádio se abrirem e o nosso desespero de entrar correndo loucamente por um bom lugar. Achado isso, mais algumas horas sentada (dessa vez naquelas placas de plástico com furinhos que colocam pra proteger a grama do estádio - juro que minha bunda ficou com calo, mas isso são ossos do ofício que todo fã de shows sabe que é necessário passar. Uma vez em pé, nunca mais na vida você vai conseguir sentar).

De repente todo mundo que estava sentado levantou e eu quase fui pisoteada porque demorei um pouco mais pra entender o que estava acontecendo. Todo mundo correu pra chegar na grade. E aí, mano. Mano. MANO. Não deu pra respirar. Eu nunca fiquei naquela situação na vida. Nunca. NUNCA. Da outra vez o negócio foi que a gente não conseguia levantar ou abaixar os braços, mas dessa vez ficou BEM pior. Porque as pessoas não conseguiam respirar, sabe? E então, Deus, eu agradeci. Agradeci todos os meus 1,72m de altura que quando eu estava na adolescência odiava. É lindo ser alta. É divino. É lindo poder conseguir respirar no meio da multidão enquanto alguém enfia a barriga quase dentro da sua bunda de tão encostado e a criatura da frente enfia os cabelos na sua cara. Mas a gente consegue respirar. Nossa, que máximo.

Assim ficamos, em uma luta sem fim com quem empurrava de um lado para outro e para frente. Uma multidão de pessoas, como um mar infinito. E eu lá, uma reles gota d'água. Enquanto esperávamos o início do show tocou Welcome to the Jungle, Guns 'n Roses. E então eu eu achei a música bem propícia para o momento. Conversas daqui, brigas dali, quase não demorou pro Nickelback entrar e dar um show. Nem sou fã da banda, mas gosto de algumas músicas. E todo mundo amou, porque até os holdies são bonitos, gente. Que gente linda. E aquele guitarrista de meu Deus? Enfim: Nickelback é uma banda que antes eu achava bonitinha, mas agora assistindo o cara cantar ao vivo, a tamanha empolgação não só de quem é da banda mas também do pessoal da organização e a vontade de fazer uma coisa bacana imperou e me surpreendeu bastante para o lado bom. E agora eu vou gostar mais deles ainda. "Vocês estão bem? Vocês estão curtindo a nossa música? Mentira, vai. Vocês vieram aqui pra ver o Bon Jovi!". Ô dó.

Depois de músicas lindas, um show de simpatia e disposição e uma performance incrível de Ryan Peake (eu sou esperta, já procurei o belezinha), quando Nickelback acabou de cantar só restou a nós a reclamação pelo espaço que ainda estava difícil até de respirar. Mas não demorou muito para o mais lindo de todos os lindos da face da terra entrar no palco.

E nossa, como está lindo. Como continua lindo. E felizmente dessa vez, apesar do aperto e do empurra-empurra eu pude ficar novamente bem de pertinho. Que olhos azuis. Que pele branquinha. Que biquinho. Coisa linda. Ele entrou cantando as mesmas músicas que cantou no Rock in Rio, mas depois de três ou quatro músicas ele parou. E contemplou. E amou. Todo mundo juntinho batendo palmas e balançando as mãos como ele pedia. Todo mundo participando e gritando e cantando e levando bexigas e confete e vários cartazes com escritos do tipo "eu sei cantar as músicas" com referência à Bethânea, tão nossa conhecida, que subiu no palco mas não soube cantar a música que Jon tocava no momento. Então Jon comentou que isso sim é o que ele queria. Que São Paulo é melhor que o Rio. E aí pronto. Morumbi veio abaixo e a alegria toda foi mútua. Jon se transformou na criatura agradável e participativa que é na maioria dos shows e cantou feliz e animado e LINDO todas as músicas do set list.

Lindeza à parte, nem tudo foram flores. Estava eu aos pés de Jon, tremendo empurra-empurra e com dificuldade de respirar, já disse. Do meu lado, um cara com a mulher. Que de repente resolveu que ia me bater.

O retardado resolveu brigar porque estava todo mundo empurrando. Mas não resolveu brigar com todo mundo, ele quis brigar COMIGO por isso. Porque segundo ele eu estava deixando as pessoas passarem pra frente, o que tirava ele e seus pés de gay do lugar onde ele gostaria de ficar. E me empurrava de um lado, enquanto uma mina franzina tentava se enfiar EM MIM pelo outro lado. Mas com gente franzina eu já estou acostumada e nem me preocupo. Elas são tipo igual mosca rodeando sopa, você tampa a sopa pra ela não pular e pronto. Mas ficou um de cada lado me empurrando até o momento que eu me enchi e virei O Incrível Hulk e com cada braço eu empurrei os dois um pra cada lado gritando pra que deixassem de ser retardados e parassem com isso. E o cara, com ar de deboche: "eu estou morrendo de medo dos seus gritos" para o qual eu respondi "mas da minha mão na sua cara você está, né?" E então foi nessa hora ou pouco depois que ele disse que ia acabar com o meu show e eu levei uma cotovelada na costela. O cara me empurrou absurdamente como se eu fosse a prostituta da mãe dele. E aí, mundo, não prestou. Do mesmo jeito que ele me empurrou eu fiz exatamente a mesma coisa com ele. Só que com o agravante de eu ter descoberto nesse momento que sou mais forte que aquele cara. Ah, o que um babybrother de 2 metros de altura e que pesa 100 kg não faz? Anos de treino! Eu empurrei o cara e junto com ele foram a mulher e as vagabundas todas que estavam com ele. E então eu olhei bem pra cara dele e falei que ele deveria ir no show do Metallica, porque é um covarde que vai no show do Bon Jovi pra bater em mulher. E a mulherada ao meu redor começou a se manifestar e a gritar e chamamos a segurança que mandou ele sair. A vaca da mulher dele defendeu o imbecil e eu olhei bem pra cara dela dizendo que o cara tinha me dado uma cotovelada na costela, questionei se foi mesmo com esse covarde que ela resolveu casar e se ele faz isso com ela em casa também. E então eu, as meninas ao meu redor e a segurança calamos a boca do casal esdrúxulo, que se afastou de nós e agora espero que estejam se fodendo na puta que os pariram. (desculpem pelo absurdo de palavreado desse parágrafo, mas eu estou realmente revoltada até agora com essa situação).

Sabe. Quando eu era pequena e minha mãe ia me buscar na escola ela sempre me ensinou que se alguém me batesse era pra eu revidar. Que não era pra passar de boba. E que se chegasse em casa machucada ainda ia apanhar. E eu a agradeço por isso. Eu posso ser rabugenta e briguenta, mas pra eu sair na mão com alguém tem que ter alguma coisa muito extrema. Mas é só alguém mexer comigo pra eu entrar na porrada e não sair mais até ter matado o energúmeno ignorante. Aquele cara ouviu tanto, porque eu gritei pro estádio inteiro ouvir que ele era um covarde imbecil que bate em mulher porque estava nervosinho pelo empurra que se ele tiver o mínimo de consciência e tiver prestado atenção no que eu falei não deve nem ter dormido à noite. E depois que acabou o show eu saí gritando e apontando pra ele e dizendo pra todo mundo que passava que aquilo ali era covarde que batia em mulher. Mas mesmo assim toda a raiva que eu senti por esse idiota ainda está aqui tão presente que eu tenho até vontade de stalkear todo mundo que comenta no facebook sobre o show só pra achar onde o cara mora e esperar ele na rua pra esfregar a cara do filho da puta no asfalto. Porque eu fiquei puta. Eu bati na mesma proporção, mas se eu tivesse uma arma era ali e nele que eu ia usar. Não tenham dúvidas.

Mas ódio doentio pelo imbecil à parte, devo dizer que o show foi lindo. Que os fãs paulistas tiveram a decência de não questionar a falta de Richie na banda enquanto Jon se apresentava, e pra ele isso aliado à toda a participação e alegria do público teve muito valor. Jon abusou de sorrisos e gracinhas e comentou várias vezes o quanto estava feliz com tudo. Agora ele pode finalmente provar a Richie que ele, Jon, consegue sim, sozinho, sustentar um estádio de mais de 60 mil pessoas. Mesmo no subdesenvolvimento e desorganização brasileiras.

O show foi lindo e extremamente emocionante, mesmo que dessa vez eu não tenha chorado. Jon continuou cantando só as músicas mais novas, acredito mesmo que pela falta de Richie em fazer os solos e a segunda voz que é mais presente nas canções antigas. David, bonzinho como sempre, em seus ótimos teclados e sustentando felizinho todas as decisões de Jon.

Livin 'on a Prayer, a última música tocada na noite, foi regada a um temporal que caiu sobre nossas cabeças e nos ensopou de tal forma que eu não sabia se conseguiria chegar em casa sem um barco. E na imensidão do estádio do Morumbi andamos ainda todos juntos e sem fôlego, mas agora com capas de chuva rasgadas e vestidas porcamente rumo à saída.


Conclusões da noite:
1 - Bon Jovi é e sempre será uma das bandas favoritas da minha vida.
2 - Jon Bon Jovi sempre será meu modelo número 1 de beleza masculina, não importa qual idade e corte de cabelo ele tenha.
3 - O show foi lindo, mas não emocionante. O que prova que talvez os melhores dias da vida da gente só existam uma única vez. Não dá mesmo pra tentar repetir, nada nunca vai sair tão perfeito como da primeira vez.
4 - O Brasil é lindo e eu sou super patriota, mas os brasileiros são uma população de merda. Nunca terão educação. Nunca poderão se comparar aos europeus ou americanos no quesito respeito com o próximo.
5 - Talvez esse seja meu último show visto tão de perto. E talvez tenha sido a última vez que eu tenha visto Jon Bon Jovi pessoalmente. :~


Em tempo: nem tudo aqui nesse fim de post é melancolia. Das amizades que eu fiz na fila, uma das meninas me avisou pra procurar um certo vídeo no youtube. Eu procurei, encontrei, e achei tão bonitinho que decidi compartilhar com vocês. Assistam! O vídeo é de outubro de 2007 e diz muita coisa sobre o meu ídolo tão antigo e tão amado.


domingo, 3 de fevereiro de 2013

Talent Management

Daí que lá na empresa tem esse bagulho. Quem já estudou em alguma área administrativa ou quem já trabalhou em uma empresa grande sabe mais ou menos o que é. É um bagulho aí que como vários outros tem um nome bonito só pra ocultar o real significado: é a hora que alguém vai dizer o que acha de você.

Sabe jogo da verdade? Então, isso aí. Só que sem a garrafa. E sem a roda de amigos. E sem você poder questionar o que estão te dizendo, sem brigas, sem risada, sem enfiar a mão na cara de ninguém. Porque quem estará falando as verdades a seu respeito é seu chefe. E você tem que ouvir e sorrir.

Pois é, teve esse negócio aí essa semana. Lá na empresa. E acontece com todo mundo, não dá simplesmente pra sair pelos fundos e dizer "amanhã eu faço". Não. Tem hora marcada. Tem sala marcada. E aí vai um por um, cada um na sua vez. E você fica nervoso esperando a sua vez chegar. Eu fiquei.

Chegou a minha vez e eu sentei lá na cadeirinha de frente pra chefe e no canto da sala que eu não sei se tinha temperatura de 5 graus negativos ou se eu tremia era de nervoso mesmo. Mas tava um frio do caramba. Talvez fora, talvez dentro de mim. E foram duas horas seguidas que eu conversei com a chefe sem nem reparar em quem passava por trás da parede de vidro, lá fora. Me concentrei de tal maneira que tudo ao meu redor meio que sumiu.

Conversa vai, conversa vem (mais da parte dela do que da minha, claro), a chefe é canceriana e, de acordo com a amiga, esse é o signo que por estar exatamente no oposto ao meu no mapa astral, é o que me completa. Talvez por isso essa chefe goste de mim. Talvez seja só porque todos as chefes mulheres que eu tive até hoje gostavam de mim, por mais carrascas que fossem. Chefes homens não. Eu não suporto homem mandando em mim. Mas a chefe falou muitas coisas bem bonitinhas a meu respeito. Muitas mesmo. Me senti muito envaidecida com tudo. Entre tantas, ela me comparou com a diretora da nossa área da empresa. Bem legal.

Mas né, nada no mundo é perfeito e a minha imperfeição faz com que eu me apegue mais às críticas que aos elogios. E no decorrer de duas horas de conversa eu só tive duas críticas. Só duas, em milhares de itens avaliados. E são elas: 

1) "Você tem paciência e espera as pessoas falarem sem fazer cara de desdém, mesmo que não concorde com a opinião que elas dão, mas ao dizer a sua opinião você REPRIME as pessoas à sua volta, que se sentem obrigadas a seguir o que você diz."

2) "A linha entre seu autocontrole e sua explosão é muito tênue."


Então. Oi.        xD

Ai, gente, sério. O segundo item eu concordo plenamente que talvez seja desfavorável à minha pessoa, sabe, porque ela associou isso a uma situação específica: uma reunião em que uma pessoa específica questionava a qualidade do meu trabalho, já que eu sou a funcionária mais produtiva da área em grau absurdamente mais elevado que os demais. Daí, a criatura falava na reunião em tom de desprezo e sem mencionar em nenhum momento o meu nome, mas ÓBVIO que era pra mim, que "tem que ver a qualidade do trabalho dessa pessoa que faz muito mais que os demais, porque isso é impossível". Eu, queimando por dentro (porque você pode me xingar, mas questionar a qualidade do meu trabalho pode dar em morte), fiquei quieta. Quase botei um silver tape na boca pra me obrigar a ficar quieta. E a chefe percebeu, claro, porque eu fiquei quieta, mas sou tão transparente que estava escrito na minha testa que eu queria voar no pescoço da pessoa e esfregar a cara dela no asfalto. Mas eu me contive. A duras penas, mas me contive. Mas realmente: foi por pouco. Foi por muito pouco MESMO. Enfim, depois desse episódio eu já conversei não só com a chefe, mas com outras pessoas que me deram uma luz e me fizeram enxergar que eu tenho que reagir a certas situações de maneira diferente porque provavelmente o real objetivo da pessoa era o de justamente me tirar do sério e mostrar exatamente aí o fato de que eu não sou melhor que os outros, muito pelo contrário. 

Mas o primeiro item, gente. O primeiro item, sabe? Oi, mundo, eu sou mandona. Minha família é mandona. O sangue italiano que corre por entre minhas veias é mandão. E nem é de propósito, eu nem falo tanto no sentido de mandar assim em alguém. Falo no sentido de tentar convencer. Só que eu quero convencer no grito. Hoje nós vamos almoçar em tal lugar, e ponto final. Daí todo mundo vai. Mas sabe, minha mãe que me ensinou a ser assim. Ela mencionou milhares de vezes durante a minha vida uma situação específica que aconteceu quando eu era criança:

Um dia, em uma festa de família, uma tia colocava os refrigerantes para as crianças e olhou pra mim: "Renata, você quer Coca Cola ou guaraná?" eu respondi "Tanto faz, tia.". E pronto. Minha mãe estava bem ali ao meu lado no momento e aquela foi uma situação que ela fez com que eu nunca mais esquecesse na vida, tantas foram as vezes que ela repetiu na minha mente o acontecido (e ainda repete se precisar). O argumento da minha mãe é que eu não posso ser uma pessoa do "tanto faz". "Que tanto faz? QUE TANTO FAZ, RENATA? Você tem que ter uma decisão na vida, sempre! Você tem SEMPRE que optar por um ou por outro, mesmo que tanto faça dentro de você. Você nunca pode ser uma pessoa indecisa, alguém que os outros pensem 'ah, pra Renata tanto faz, qualquer coisa pra ela está bom'. Não, você não será uma pessoa do tanto faz. Você será uma pessoa da Coca Cola ou do guaraná. Será sempre uma pessoa de opinião." E daí é por isso que eu tenho opinião sobre tudo nessa vida.

Meu trabalho trata-se de um setor em que tudo é questionado constantemente. A necessidade das coisas, o porquê dos processos. Tudo. E por isso é que eu me identifiquei tanto com tudo lá. Mas em uma equipe de quase 40 pessoas existe gente de tudo quanto é tipo e os mandões nem são a maioria. Tem muita gente omissa. Do tipo que tem opinião, mas que fala baixinho. Sabe? "ah, eu acho que talvez quem sabe um dia se...". E não, gente, não. Ou você é Coca Cola, ou você é guaraná. E eu espero todo mundo falar, a gente faz reuniões absurdas que todo mundo quase sai no tapa, mas quando a discussão não chega em um meio termo, eu sempre digo a minha opinião assim no finalzinho e junto com ela eu já digo todos os prós e contras e tudo o que pode dar de certo e errado caso adotarmos a minha opinião sobre o assunto. E então milagrosamente a discussão cessa. Gente, tem que ser Coca Cola, porque ela é viciante, porque depois de comermos o sanduíche de mortadela do Mercadão nada mais pode ser tão seguro e libertador do que a Coca Cola que vai ajudar a acomodar melhor a gordura da mortadela no organismo e trazer melhor saciedade e a sensação desengordurante de que tudo foi perfeito. Guaraná é doce demais, leve demais, gasoso demais, tem maior probabilidade de te deixar enjoado depois e a propaganda do guaraná com a pizza pode nem ter sido tão perfeita assim, visto que a propaganda da Coca Cola com os ursos polares e o caminhão do Papai Noel vem tornando há anos a marca muito mais rentável apesar de seu poder viciante e que as más línguas digam que é um ótimo desentupidor de pia. Ou seja, faz mal mas mesmo assim o mundo inteiro ama. E fim.

E então todo mundo bebe a Coca Cola feliz e certo de que foi a melhor escolha. E gente, desculpa. Se ainda tinha alguém que pensou que o guaraná era melhor e não continuou defendendo a sua opinião, é bunda. É, porque foi omisso. Porque só porque eu falei melhor e mais alto, ficou com medo. Ah, gente. Veja se isso é jeito de viver! Deixando as coisas pra lá e pensando no tanto faz! Não. Eu sou a favor de gente que discute, que leva suas opiniões a diante, que tem opiniões. Porque se a pessoa fizesse isso, talvez me convenceria mais pra frente que não, guaraná é um produto nacional, mais saudável, mais barato, mais bonito e com poderes medicinais, que fosse. Eu falo melhor e mais alto, mas nem por isso sou do tipo que não muda de opinião. Eu mudo sim, basta me convencer de que o seu ponto de vista é melhor.

Brigada mãe, desculpa chefe. Eu sou uma pessoa de opinião e acho que quem enfia o rabinho entre as pernas e aceita a opinião dos outros mesmo sem achar que é a melhor merece morrer.


Os Menudos apoiariam minha dica pra vida: não se reprima.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Sobre o fim do mundo

O fim do mundo está próximo. E já não era sem tempo. Diante de tal fato, eu gostaria de sugerir aos deuses uma ordem de extinção da raça humana. Nada muito complexo, seria só pra ficar uma coisa mais organizada. Porque Deus talvez tenha a lua em virgem e, sabe como é, esse povo gosta de tudo bem planejado. Lá vai:

- Gente que devia morrer primeiro: esse povo que fala "perca". Sério, Deus, por favor, vai?

- Segundo lugar: gente que encosta na gente em ônibus/metrô. Não, não é necessário encostar em alguém, mesmo que o transporte público esteja lotado. EU não encosto em ninguém. Por que alguém tem que encostar em mim?

- Terceiro lugar: gente que ouve funk. Fala sério, Deus. Esse povo merece morrer, não merece não?

- Quarto lugar: gente que não sabe se vai ou se fica. Sabe aquele povo que, enquanto você está andando em direção reta e apressada pela rua (pode ser a pé ou dirigindo), e então, de repente, chega uma criatura do além e INVADE seu caminho, feito barata tonta, não sabe se foi ou se vai, e você tem que parar no meio da rua pra esperar a criatura decidir, mas só porque você é educada, porque a vontade mesmo é passar em cima? Então. Esse povo aí.

- Quinto lugar: o garçom que tira seu suco/prato de comida/fim do milkshake que PARECIA, mas só parecia mesmo, PORQUE VOCÊ AINDA NÃO TINHA ACABADO DE COMER, e puts, justamente, estava ali naquele recipiente exatamente o finzinho do que quer que seja que você estava consumindo, mas tinha guardado o restinho MAIS GOSTOSO DE TODA A REFEIÇÃO e daí vem o ABENÇOADO e eficiente e, sem perguntar LEVA o bagulho que você ainda ia terminar de comer/beber.

- Sexto lugar: gente que escreve "menssagem" "derrepente" "com migo" "útel" e "aifone" (juro pra vocês que esses dois últimos eu vi no trabalho esses dias).

- Sétimo lugar: motoqueiros, taxistas e motoristas de ônibus, nessa ordem. Se você dirige, sabe o porquê.


Acho que é isso. Sete primeiras categorias de gente que deve ter prioridade pra morrer, assim como os sete mandamentos e os sete pecados capitais. Porque 7 é o número preferido de Deus. E eu quero agradar.

Não se esqueçam: caso dê tempo, quero um travesseiro bem confortável no meu caixão. Caso não dê tempo (tipo se eu ficar presa embaixo dos escombros e tals), que eu fique perto de uma antena da Vivo e com o meu iPhone (porque eu quero ficar sabendo das últimas notícias do fim do mundo. E, claro, com um travesseiro bem confortável, meu edredon e Pandora.

Beijos, bom fim do mundo pra vocês. Valeuzão.

(pra vocês verem que desde sempre o bagulho que sempre dominou foi a hora do almoço)

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

... foi por causa do imbecil que não soube remar ♪

Então que a Ana Lu entrou no meu carro falando do mundo maravilhoso da Livraria Cultura. Segundo ela, um local mágico para toda a galerinha, cheio de altas aventuras e ação para a turminha do barulho aprontar muita confusão.

Hm. Ana Lu. Sai de Curitiba, a terra do frio congelante e chuva que eu vejo todo dia na previsão do tempo no mapa pintado de azul. Ana Lu saiu de lá, pra chegar aqui na minha terra da garoa e das 4 estações em um dia só e com sua população cheia de problemas respiratórios. Ela veio aqui, DO LADO da minha casa, pra mergulhar em toda a curtição da Livraria Cultura do Shopping Villa Lobos. Que tipo assim, fica há uns 5 quilômetros da minha casa. E que em todo esse tempo nessa indústria vital, desde que fizeram esse shopping há, sei lá, uns 20 anos, eu devo ter entrado nessa livraria umas 5 vezes, no máximo.

Ana Lu saiu de lá da casa dela pra chegar aqui no meu shopping e me contar que entrou no mundo mágico e maravilhoso da Livraria Cultura. Com toda a empolgação que só Ana Lu sabe ter. E me fez pensar em todas aquelas coisas que eu sempre penso quando alguém faz uma coisa desse tipo: eu tou aqui, DO LADO do negócio, e não sei aproveitar. Cara, as pessoas precisam sair da pqp pra chegar aqui e me contar que esse lugar aqui, que fica exatamente do lado da minha casa, é fantástico. Pra que eu possa levantar a bunda da minha cadeira e enfrentar trânsito e poluição e macacos motorizados pra conseguir chegar ali e aproveitar também desse lugar que sempre esteve aqui, mas que eu nunca tive a empolgação merecedora para tal ato. E que, mesmo amando livros e tendo entrado outras vezes nessa e em todas as outras livrarias da zona sul da cidade, só agora, depois de ouvir tamanho relato empolgante saído da boca da Ana Lu, eu consegui entrar naquela livraria já querida mas nem tanto AMADA e me deliciar TANTO com as preciosidades que encontrei por lá.

Ontem eu fui na Livraria Cultura e fali. Fali e fali bonito. E só não fali mais bonito ainda porque uma das coleções de livros que eu queria não estava completa lá. E mais: me controlei muito. MUITO mesmo. Pra não pagar os olhos da cara em séries de tv completas e históricas que têm lá, só lá, e em mais nenhum outro lugar dessa cidade. Força interior, não tem outra explicação.

E então que, eu lá, enfiada nos corredores mais escuros e mais escondidinhos, atolada de livros nos braços e sorriso no rosto, uma hora sentei pra descansar. Do lado da amiga que, como sempre, carregava os livros mais bizarros que alguém pode encontrar. Já quase no finalzinho do horário pra loja fechar, chega ela com um livro chamado Como fazer alguém se apaixonar por você em até 90 minutos. Eu, curiosa a respeito do que exatamente estava escrito sobre isso no livro (imaginei algo tipo maconha+cocaína), peguei para folhear. E eis aqui o trecho que, me desculpem, eu até tirei foto pra poder depois escrever aqui e compartilhá-lo com vocês:

"Imagine que você terá de passar o resto de sua vida em um barco a remo. É um barco grande, portanto é necessário que duas pessoas remem para que ele continue se movimentando. Você e o outro remador devem decidir qual direção seguir, devem remar com o mesmo ritmo e a mesma velocidade e se contentar em ficar cada um do seu lado do barco - caso contrário, andarão em círculos até enlouquecerem."

Daí que o xis da questão no livro era dizer a respeito da importância de se escolher bem alguém para um relacionamento amoroso. Eu, claro, me imaginei na situação. Eu lá, bonita, barco limpinho, envernizei meu remo, coloquei galochas pra não molhar o pé, prendi o cabelo em um rabo de cavalo pra não atrapalhar, levei lancheira, lenço de papel, protetor solar, palavra cruzada e lixa de unha. E então eu estou toda lá preparada pra remar e chega, infelizmente, o meu parceiro de remo. E então eu, que me conheço, até já sei. Vou olhar pra criatura e pensar 'ih, não vai saber'. Ou 'ih, é fraquinho, não vai conseguir'. Ou 'ih, esse aí não conseguiu nem limpar o nariz, será que ele sabe o que é um remo?'

Mas tá, que o livro dizia que o barco tinha que ser remado por dois (e infelizmente eu com certeza já haveria tentado remar sozinha e vi que apesar de todo o meu esforço não tinha saído do lugar), então eu teria que dar uma chance à criatura. 'Remar você sabe, né?' já me imagino perguntando a ele. "Ôpa, claro, sou maravilhoso nisso", coisa que todo homem diz, mesmo sem saber quanto é dois mais dois. 'Tá, vamo lá então, pega aê seu remo', eu finjo que acredito na afirmação dele, não sem antes dar as minhas coordenadas sobre como remar e pra onde. "Xá comigo, gata", ele vai dizer. Eu com certeza sentarei no meu lugar respondendo 'AHAM', com misto de sarcasmo e incredulidade, olhando-o de cima a baixo.

E então consigo claramente me imaginar, alguns segundos depois, olhando para o indivíduo cheio de empolgação e vontade, e imaginando que porra é essa que ele tá fazendo que nós, além de não sairmos do lugar, ainda estamos girando. Até enlouquecermos, como disse o livro. Ou até que EU enlouqueça, visto que não há como provar que essa criatura que os céus selecionaram pra me ajudar a remar tem, realmente, um cérebro que possa enlouquecer. E então nesse momento eu me lembro que as regras do livro foram claras e disseram que cada um deve ficar no seu lugar, do seu lado do barco. Lógico, já que os dois de um lado só fariam mais peso que resultaria no bagulho todo virado e nós dois na água abaixo. Então, infelizmente, eu não posso ir lá e dar uns tapas no infeliz pra ver se acorda. Mas o livro nada disse a respeito de sobre o que falar.

E então, meus amigos, eu estou cá a imaginar a cena. Eu lá, toda pomposa, calça jeans e blusa de florzinha. O boca-aberta do meu parceiro de remo cá, babando, fazendo tudo errado e ainda jogando água em mim, o que felizmente é só água porque eu esperta já teria me esquivado várias vezes do remo que com certeza já teria vindo bem perto da minha linda cara. A minha grande vontade seria mesmo levantar aqui do meu lugar e ir lá enfiar um pedala na cabeça dele pra ver se fica esperto. Mas além de não poder, vejo daqui que ele baba no remo e que com certeza nem assim o indivíduo se daria conta da situação em que estaríamos. E então, nobres senhores, primeiro eu vou analisar a situação como um todo. Objetivo: remar pra sair do lugar. Alguém falou alguma coisa a respeito de pescar? Não. Isso quer dizer que se eu gritar e espantar os peixes, isso nada tem a ver com minha meta a alcançar, certo? Certo. Ok.

Vou recapitular pra vocês lembrarem da situação toda: "Imagine que você terá de passar o resto de sua vida em um barco a remo. É um barco grande, portanto é necessário que duas pessoas remem para que ele continue se movimentando. Você e o outro remador devem decidir qual direção seguir, devem remar com o mesmo ritmo e a mesma velocidade e se contentar em ficar cada um do seu lado do barco - caso contrário, andarão em círculos até enlouquecerem."

E então, minha gente, devo dizer pra vocês que enquanto eu lia esse trecho do livro e minha mente já imaginava tudo isso que relatei aqui pra vocês, no fim do parágrafo eu já tinha no meu imaginário toda a resposta a respeito da atitude que eu tomaria. E eu preciso deixar aqui registrado pra vocês algumas das minhas opções de conversa civilizada que com certeza eu teria com esse energúmeno que botaram pra ser meu parceiro de remo:

1 - Anda logo, sua anta, não tá vendo que o negócio tá rodando?

2 - Tô ficando tonta e vou vomitar em você.

3 - Eu tenho o dia todo, viu?

4 - É pedra aí onde você tá batendo o remo, museu. Não te disseram que quem rema, rema na água? Isso aqui não é jo ken po.

5 - No lugar que você fez curso de remo estava escrito 'aula de voo para patos'?

6 - Da próxima vez que você me jogar água com esse remo, eu aviso que o meu vai escapar da minha mão e que, acidentalmente vai acertar bem para o meio dessa sua cara.

7 - Se você deixar o barco virar, já sabe onde que eu vou enfiar esse remo, né?

8 - Você limpa a bunda com essa mesma eficiência?

9 - Você já pensou na possibilidade de morrer afogado?

10 - TCHIBUM! (todas as opções descritas ou ocultas resultariam nessa onomatopéia)


A canoa virou por deixá-la virar...

Por essas e outras que eu não passo perto da prateleira de livros de autoajuda. Porque se eu levasse um papo com qualquer um desses autores desse tipo de livros os encontraria depois, com certeza, com a pedra amarrada no pescoço e prestes a se jogar do Rio Pinheiros. E ainda daria um empurrãozinho.


Sou mesmo uma flor.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Voltem para suas casas!

Então que São Paulo é, aparentemente, o point. Aparentemente espalham por aí que aqui tudo tem. Que a culinária é esplêndida e que a noite é supimpa. Que tudo o que você quiser fazer, aqui você pode. Que aqui não é Amsterdã, mas que se você for esperto, consegue um sexo explícito ali no Parque do Ibirapuera mesmo. Que aqui não é Itália, mas a nossa pizza é melhor (eu ainda preciso provar a italiana, mas concordo plenamente que a paulistana é melhor mesmo antes disso). Que aqui não é Portugal mas você consegue na boa um bom vinho do porto pra acompanhar aquele bacalhau da Noruega supimpa que você vai comprar na boa ali no Mercado Municipal. Tem tudo em São Paulo. São Paulo é comparada às maiores metrópoles do mundo, assim-assim com Nova Iorque e Tóquio. Pois bem.

Se você passou da idade da balada (porque o público é de 18 anos e eu, sinto muito, não convivo no mesmo ambiente), não bebe até cair (público frequente dos bares e eu, sinto muito, acho mico), está de saco cheio de ir ao shopping (eu me recuso a frequentá-los em quartas, sextas, sábados e domingos) e não curte um samba (tá na moda, toca em todo lugar, mas desculpe, eu tenho ouvido bom) fica meio restrito sempre às mesmas opções. Então um belo dia você decide inovar e, ôpa que é junho, resolve ir a uma quermesse. Quermesse, festa de igreja. Quermesse, meio que um programa de índio. Quermesse, que você vai só pra comer e mesmo assim paga 3 reais por um mísero pinhão sendo que com esse valor você pode comprar mais que um quilo deles em um sacolão qualquer. Quermesse, cheia de comidas de índio, nada muito chique, nada muito bistrô. Quermesse, nem cerveja tem. Quermesse, cheia de crianças vestidas à caráter e quando você passa da idade, nem graça tem.

Pois bem. Eu gosto de quermesses. Acho diferente. Pra mim é diferente. Pra mim, que nasci em São Paulo, no coração dessa cidade cinza e cheia de poluição que tinge há mais de 30 anos meus lindos pulmões de cinza. Pra mim é diferente. Pra mim é um passeio à parte, com aproveitamento do ar livre, coisa tão rara nesse lugar que eu moro desde que nasci. Quermesse, uma coisa tão diferente na cidade, que tive que procurar na internet onde tinha uma. E mesmo assim só encontrei a que eu já havia ido no ano passado e já a conhecia.

Sábado passado eu fui à quermesse da Igreja do Calvário, em Pinheiros. Ou melhor: os planos eram ir até lá. E nós fomos. Fomos, porque quando a gente viu o trânsito no meio do caminho, nem sonhou que era pra entrar em uma mísera quermesse. Fomos porque a gente achou que o trânsito era um acidente qualquer, uma entrada de balada qualquer, um imbecil fazendo uma conversão proibida qualquer. Fomos. E encontramos TODOS os estacionamentos nas ruas ao redor lotados. Fomos e demos de cara com uma fila pra entrar que dobrava o quarteirão. Entre nós, só rolou uma exclamação: "é show de quem?". De ninguém, caros leitores. NINGUÉM. Tem sim uma bandinha lá que toca ao vivo na quermesse, mas eu digo pra vocês que nada justifica aquele povaréu. Eu juro que pra quem olhava de fora parecia show tipo do U2. Ou aquelas filas que as lojas têm em dias de liquidação relâmpago ou de agarre o que puder. Ou fila de emprego. E era aí que eu queria chegar.

A quermesse (aquele programa de índio para muitos) estava cheia porque o shopping já estava lotado. Porque as baladas já estavam entupidas e os bares com gente saltando pelo ladrão. E eu aposto que nas principais ruas pra chegar nesses lugares, estava tudo congestionado também, assim como estava um trânsito do além pra chegar em uma simples quermesse. E eu posso garantir pra vocês que os restaurantes também estavam cheios. E aquele Mc Donalds que eu fui também estava um absurdo de lotado. E com certeza todos os ingressos de cinemas e de teatro também estavam esgotados, e eu como sei que isso é normal aqui na minha cidade estou querendo comprar agora um ingresso pra ver um espetáculo no Teatro Municipal que vai rolar só em dezembro. Porque aqui é assim. E daí eu te pergunto:

Por que INFERNOS a minha cidade está lotada assim? Quiquié que aqui tem mais gente que nos outros lugares? Vai me dizer que a poluição faz a galera ser mais fértil e sai todo mundo por aí tendo filhos em penca que depois saem pelas ruas no frio de 5º C com mini-short e vestidos que mostram o estômago quando se espirra, porque São Paulo está superpopulosa e qualquer jeito de chamar a atenção é válido? Não. Para o seu governo, aqui todo mundo trabalha muito. E que pode até ser que tenha um ou outro casal que supera as expectativas tendo três filhos, mas São Paulo é cheia de casais sem filhos e pessoas solteiras que não têm tempo de trabalhar o dia todo, passar 4 horas no trânsito e ainda cuidar de filhos. Então, ómeudeusdocéu, que p#rra é essa que anda acontecendo?


Imagina você lá, caboclo, vida no campo, falta de água, coisa difícil, meia dúzia de filhos pra criar, Josicleiton não entrou na escola porque não tem vaga e Jovelmira deixou de estudar pra cortar cana. Um belo dia chega luz elétrica na casa do patrão e enquanto Josivaldo almoça o arroz e feijão sofrido, assiste que em Sum Paulo tem a festa de Nossa Senhora de Achiropita. Então de repente começa o jornal e Josivaldo, já nem querendo mais arroz e feijão, entende que aqui há muitas vagas na construção civil e pouca mão de obra qualificada. Então ele pensa que empilhar tijolo deve ser igual a cuidar ali da fazenda, coisa que talvez ele seja o melhor na mão de obra, mas a insatisfação toma conta da pessoa. Ah, vontade de ver os prédios. Ô que em Sum Paulo tem salsicha. Josivaldo então decide que a vida vai melhorar, que os empregos vão pipocar, que ele vai encher a cara de picanha e que vai ficar rico. Aqui, na minha cidade.

A quermesse do Calvário estava cheia de Josivaldos. E Josilaines. Pra eles, uma festa comum, já que a maioria dos migrantes deve vir de lugares onde as festas ao ar livre são muito mais frequentes que nos lugares fechados. Josivaldo paga 5 reais num milho verde que comeria de graça de sua horta lá na sua cidade natal. Josilaine senta atrás de mim no cinema ainda admirada com a tela enorme e comemorando aquele momento tão à vontade que acaba lendo a legenda em voz alta para sua amiga, Jocilmara. Mas a aparente prosperidade dos migrantes nem sempre é a real: Jocilmara ajuda no salão de cabeleireiro da esquina e Josivaldo vende pipoca no farol. Porque apesar de, quem sabe, talvez, eles terem qualificação profissional para ocupar bons cargos nas empresas de São Paulo, ainda assim elas (as empresas) preferem pessoas mais jovens e que estudem em certas universidades (paulistanas, claro), inacessíveis por este ou aquele motivo. E então a fila de emprego em qualquer vaga de pedreiro pra qualquer construção de qualquer estádio de qualquer time por aí...... é um evento cujas pessoas se organizam a ponto de dobrar vários quarteirões.

E gente, peloamordedeus. Alguém precisa ir fazer palestra nas cidades do interior e nos outros estados pra dizer que não. Aqui não tá sobrando emprego. Que mal tem emprego pra nós, que nascemos aqui. E que não, aqui ninguém fica rico. E que a pizza pode até ser a melhor do mundo, mas se você tiver 30 reais pra pagar num mero brotinho de 4 queijos. Do contrário, pizza de 10 reais dá pra fazer em qualquer lugar do mundo com qualquer tomate e mussarela da mais barata por aí. Alguém precisa dizer pra esse pessoal que não, aqui não tem mais lugar pra morar. Que não tem mais onde construir casas, que um barraco na favela tá custando pra lá de 5 mil reais e que debaixo da ponte tem fila de espera pra morar. Que não adianta chegar aqui e ter o sonho de comprar um carro, se você não vai conseguir sair da garagem porque o trânsito bate na sua porta e se por acaso você conseguir dirigir por dois metros, vai ganhar uma multa por excesso de velocidade. Alguém precisa dizer pra eles que São Paulo está inabitável e que, se continuar nesse ritmo, aqui vai ter tudo menos paulistano. Porque as amigas paulistanas que eu tenho estão indo morar no nordeste. E mandam notícia dizendo que, nossa, aqui não existe trânsito. Os nordestinos estão todos em São Paulo.

Eu, se mandasse em alguma coisa nesse mundo, ia mandar todo mundo cada um para o seu estado de origem. Não vem que não tem, não adianta ir pra Sum Paulo que a cidade lá já expirou. Vou mandar fazer indústrias e comércios lá em Rio Branco. E espere uma nova unidade de Cinemark em Palmas. Vou botar Mc Donalds em cada palafita no leito do rio Amazonas e eu prometo mandar bandas de rock pra tocar no Pará (eu aposto que eles não aguentam mais Calypso).




É o cúmulo que o pessoal saia do nordeste (o berço das quermesses!) pra vir aqui superlotar a minha reles quermesse em Pinheiros. O cúmulo.




E minha vó: "mas filha! Eu sou mineira! Se você for fazer todo mundo voltar para suas casas, eu vou ter que morar lá!" Vai, vó. Mas eu mando fazer um Outback em São Lourenço pra eu comer lá toda vez que for te visitar. Que tal?

sexta-feira, 11 de março de 2011

Morre Diabo

Eu gosto dessa expressão. Porque no Solitários (reality show do Silvio Santos pra combater o BBB) do ano passado tinha o Cadu, roqueiro (isso sim é um roqueiro, não aquele frufru do Mau Mau do BBB11), que fazia tudo ao contrário do que deveria fazer. Eu gosto de gente doida, já falei. Enfim, Cadu, diferente do comportamento submisso dos outros participantes, expressava seu ódio com relação às tarefas com um "morre, diabo!". Eu, aqui do outro lado da tv, ria. Daí que a expressão foi mais uma que entrou para a minha lista de favoritas, bem ali do ladinho do carimbo de "Morra!" (que é até uma tag aqui), idéia da fofa da Pri.

Vamos ao post: estava eu ontem chegando em casa, quando no elevador (estou acumulando histórias de "no elevador") acabei subindo com uma moça que devia ter mais ou menos a minha idade e sua mãe. As duas conversavam assim empolgadamente sobre as coisas do universo e tudo o mais quando a moça começou a dizer para a mãe que está com alergia nas mãos. A mãe comentou que tinha que ver o que ela fez, qual produto pegou. "Lavei louça ontem", disse a filha. Eu, cá com meus botões, reparando que o ato de lavar a louça deve ser um evento raro pra ela, tamanha intensidade de efeito isolado que deixou transparecer quando disse a frase. Rá que eu lavo louça todo dia há bem uns 25 anos de vida. E odeio (já fiz um post sobre lavar louça, eu sei). Mesmo assim acho o cúmulo quem acha que lavar louça é uma coisa assim do outro mundo. Enfim. "Você não lava a louça em casa e vai lavar na casa dos outros?" perguntou a mãe. "É que a fulana foi varrer a casa porque eu não podia por causa da dor nas costas. E então a siclana foi lavar o banheiro e eu não podia por causa do cheiro do produto de limpeza..." e saiu do elevador enumerando o tanto de tarefas feitas por pessoas que deveriam estar dividindo uma casa no carnaval, que ela não podia fazer por esse ou aquele problema. Sobrou lavar a louça. E daí deu alergia nas mãos.

Então eu lembrei do vídeo do prefeito amazonense que mandou a mulher morrer. E aí eu penso que beleza, ele é uma figura política, com salários pagos pela população, que não deveria dizer esse tipo de coisa porque o dever dele é justamente achar meios para que a sociedade viva melhor. Mas lá no fundo no fundo eu também tenho vontade de mandar o pessoal morrer às vezes, sabe. Pô. Não quer desocupar a casa que vai desabar? Morra. Não sabe ser útil pra ajudar em alguma coisa? Morra. Eu juro que se tivesse dividido uma casa com essa menina eu ia olhar bem pra cara dela e dizer "fulana, não precisa fazer nada não. Senta aí e morre." Por isso que eu não sou prefeita, sabe. Nem tenho nenhum cargo público. E aí eu sei que o prefeito não devia ter feito isso e blablabla mas no fundo no fundo eu soltei foi uma bela gargalhada quando vi o vídeo. Admirei a coragem do cara de dizer o que pensa, sabe? Porque ninguém gosta de ouvir verdades, muito menos as verdades que todo mundo pensa, mas ninguém fala porque tem que ser "político". E veja bem que coincidência o encaixe dessa palavra no contexto do meu texto - político é alguém que bota panos quentes nas coisas pra se dar bem com todo mundo e dá um sorrisinho engolindo o próprio pensamento polêmico. Mas muitas vezes dá mesmo vontade de falar o que a gente tá pensando, ô se dá. "Ah, minha senhora. Então morre."

Prefeito amazonense, cara. Sou sua fã.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Vou entrar pro BBB

Sim, eu sempre achei que Big Brother era uma porcaria. Sim, quando eu ouço a musiquinha no comercial, que seja, eu já fico meio enjoada. Aham, eu acho mesmo que aquele pessoal não tem o que fazer e os que assistem, muito menos. Tá, eu sei que quase todo mundo que me lê assiste. Mas desculpa, gente. Vocês deviam ler um livro. E eu só não coloco vocês no grupo dos subdesenvolvidos intelectualmente por assistirem essa porcaria porque eu sei que vocês assistem mas tbm entendem de todas as séries que eu vejo e todos os outros assuntos culturais que eu comento. Sem contar o gosto supimpa das meninas que vão aos mesmos shows que eu. Enfim.

Venho por meio deste informar que BBB11, eu assisto de vez em quando. Porque quando tava passando a série Amor em 4 Atos, do Chico Buarque, eu quis ver. E apesar de, tirando o primeiro episódio que eu gostei bastante, mesmo assim eu só saberia que não gostaria dos outros assistindo. Mas as séries da Globo sempre passam depois dos BBB da vida (e eu não vi o Dalva e Herivelto por isso - queria tanto ter visto!), eu decidi que não ia ser qualquer um Big Bunda Brasil que ia me impedir. Somando-se isso ao fato de eu andar ocupada ultimamente com outros afazeres e isso estar me impedindo de gozar de meu sono maravilhoso de beleza diário de no mínimo 10 horas por noite, e ao fato de ter acabado o Amor em 4 Atos, mas ter começado o Troca de Família (que eu acho um baratão o pessoal na casa dos outros tudo se matando)... alguns dias da semana me pego assistindo BBB pra esperar algum programa que vai passar só quando pararem de esfregar a bunda na minha tela.

Fato é que, bundas à parte, fico eu lá vendo o pessoal. Aproveitando que entrou um fulano lá agora que é o meu número mas vai total de encontro com a minha teoria - quanto maior o diâmetro do bíceps, menor o do cérebro, mas beleza. Então fico lá pensando que puts, que falsidade. O pessoal entrou ontem, nunca ninguém se viu mais gordo, de repente todo mundo é amigo inseparável pra sempre desde criancinha. E daí num belo dia vai lá um fulano e xinga a ciclana horrores e meia hora depois tá todo mundo chorando e pedindo desculpa e se amando e dormindo de conchinha.

Avá.

Eu entendo, gente. É tv, é jogo, quem ganhar vai ficar rico de um dia pro outro então tem mais é que ser falso até o fim e fazer de tudo pra tocar fogo no barraco porque é quem dá mais ibope que tem mais chances de ganhar. Certo.

Daí eu fico aqui pensando:

1 - Eu vi um dia lá uma prova de resistência que tinha que segurar numa garrafa e ficar lá pendente e segurando seu próprio peso até chegar do outro lado. Claro que a gorda só conseguiu depois de cair muito e praticamente colarem a pata na corda depois de ser muito suspensa pelos outros e tals. Beleza. Me identifiquei. Não por a menina ser gordinha, mesmo porque eu devo ter no mínimo o dobro da altura dela e pra alguém me carregar nessa vida tem que comer muito arroz e feijão mesmo, mas por ser pata. Se tem alguém que nasceu pata nessa vida, sou eu. E se eu tivesse lá competindo com ela pra agarrar na corda e segurar o próprio peso ia ser um páreo difícil de quem ia estatalar mais de cara no chão. Mas ela ia levar uma vantagem: deixou o pessoal catar, pegar, jogar, socar no bagulho até ela conseguir. Eu ia simplesmente cair umas duas vezes e quando alguém ameaçasse me levantar, me ajudar ou simplesmente FALAR alguma coisa a respeito, eu ia rosnar. Ia morder, ia emburrar, ia cruzar os braços e sair andando e não tava nem aí que o resto do grupo tava perdendo a prova. Fodam-se todos e puf.

2 - Mesma gordinha, é toda amigaça lá da galera porque as gordinhas são assim mesmo. Não tem corpo pra mostrar, tem que mostrar alguma outra coisa. Que seja simpatia e muito amor, mesmo falsete. Enfim. O fato é que tem um gago infeliz lá que esses dias veio e xingou a menina aos berros e, juro pra vocês, eu aqui vendo na tv tive ódio. Não pelo xingamento em si, porque eu também sou boa pra caramba pra xingar alguém, mas porque cinco minutos depois veio o horroroso e pediu desculpas e deu abracinho e choraram e dormiram de conchinha. Gente. Olha, eu lá não tou nem aí se tou na tv. Não tou nem aí que vale grana. Não tou nem aí que o Brasil tá vendo. Alguém que me xingue onde quer que seja dorme de conchinha comigo depois só se for pra amanhecer capado. E não quero nem saber se é jogo, se era brincadeira, se era pra dar ibope. Amanhece capado no mínimo. E aí depois de toda essa palhaçada, xinga, avança pra terminar nessa mediocridade depois, eu só tenho a dizer: MORRA, GORDA. Ah, merece, sabe? Merece ser humilhada na televisão. Eu já tinha enfiado qualquer objeto maior que um metro goela abaixo de qualquer um assim que dissesse a primeira palavra que me ofendesse.

3 - Tem uma fulana lá que chama Maria e tem corpo malhado mas cara de vagaba. Pra mim tá elas por elas com a transexual que saiu (que eu tive que pesquisar no Google pra saber se isso é homem - e é). Sei que alguém devia ter avisado a fulana que o mundo agora é feito de tvs de high definition, porque toda vez que a câmera aproxima dela eu assusto e penso que podia ter pelo menos feito uma limpeza de pele naquela cara. Se bem que ela não deve saber o que é high definition. Nem limpeza de pele. Nem cara. Mas bunda ela sabe. E tudo bem que pegou o mais feio com pinta de roqueiro do lugar (olha o Elvis revirando no caixão) que deve gostar de U2 e não fazer a mínima idéia do que foi um Black Sabbath, mas enfim. Fato é que o Pão-muito-bíceps-pouco-cérebro curtiu e daí agora tem um tal de um triângulo amoroso no negócio. E a fulana feia e burra se atira no pseudo-roqueiro e o cara dá vários foras fenomenais e tals. Beleza. Merece também. Mas pelamor. Eu, por mais santa que seja, numa situação dessas eu ia era deixar o roqueiro-beiçudo TOTAL ignorado lá, se sentindo o maior corno da face da terra e ia MESMO com o bíceps-olhos-azuis-cérebro-nulo pro edredon, mas ia na mesma hora!

4 - Isso tudo, SE eu sobrevivesse pouco mais que algumas horas numa casa estranha, com gente estranha tentando ser tudo amiguinho meu. Eu ia era olhar de canto de olho pra qualquer um que se aproximasse menos de um metro de distância de mim e perguntar "te conheço?" minutos antes de deixar a pessoa falando sozinha e ir aproveitar a piscina e reclamar da bagunça quando eu quisesse dormir de noite - que diferente do resto da humanidade, é a hora que eu durmo.


Tá, eu sei que vocês estranharam um post meu sobre BBB. Mais ainda, sabendo de tantos detalhes do negócio. Mas eu queria dizer que, mesmo assim, meu sentimento por essa que eu acho ser a maior porcaria da tv brasileira, continuam exatamente iguais. E que eu tenho assistido por conveniência, que seja. E vim dividir com vocês o que eu penso quando vejo isso, concluindo que eu sei que de tudo que eu penso, vai sobrar um sentimento bom que eu não tinha antes: o de TER CERTEZA de que quando acabar o BBB eu vou poder dizer, com todas as letras, que é mesmo uma BOSTA e que sim, eu já assisti um pra saber.

É Renata em 2011 tentando ser uma pessoa melhor. E tendo provas concretas para sustentar cada vez mais as minhas opiniões.




PS: Esse post não tem foto porque, assim como todo o resto do BBB, eu acho aqueles robozinhos com olhos piscando e qualquer outra marca, imagem, bordão ou musiquinha retardada que remetam ao programa, ridículos. (RIP Paulo Ricardo. Antes disso eu achava ele charmoso).

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

WAR

WAR é só um jogo de tabuleiro que persiste bravamente nessa geração voltada para jogos eletrônicos. WAR é um joguinho simples, cujo objetivo é justamente chegar ao seu objetivo escolhido previamente. Em WAR você conquista Ásia, África e mais um continente à sua escolha. Em WAR você conquista 24 territórios. Em WAR você destrói os exércitos azuis. Em WAR você conquista cinco pontos estratégicos e posiciona 10 exércitos em cada um.

WAR é um jogo que você leva pra jogar com os familiares na viagem. Porque família sempre resolve viajar praquela cidade que para de funcionar antes das 10 horas da noite. Que você tem que correr pra jantar antes disso enquanto as pizzarias e lanchonetes ainda estão abertas, porque quando passar das 22h tudo fecha e a cidade dorme. Cri cri cri...

WAR é um jogo pra se levar quando ninguém é viciado o suficiente pra saber jogar truco. Nem há tantos controles suficientes pra todo mundo jogar Super Nintendo no emulador do notebook do seu irmão. WAR é aquele jogo que demora 2 ou 3 horas pra acabar. E que apesar de seus pais e avós gostarem de assistir sua prole jogando, sempre vão dormir e acabam por saber o resultado final da partida só no dia seguinte.


WAR é aquele jogo bonito que todo mundo começa a jogar feliz e sorridente. Mas, nessa família, ninguém gosta de perder.


WAR é um jogo que faz com que emoções aflorem. De acordo com as sensações durante o jogo, ou de acordo com as vontades que temos de expressar nossos sentimentos familiares, o que importa é que é um momento único da vida. Momento esse que depois você vai poder passar o resto de seus dias dizendo que "fiquei nervosa por causa do jogo". E todo mundo vai entender, vai aceitar.

Eu joguei WAR com os tios e irmão 3 dias entre o Natal e Ano Novo.

- No primeiro dia eu fiz beicinho porque perdi e era meu aniversário, eles não tinham mais que a obrigação de ter me deixado ganhar. Então me deram um abraço coletivo de parabéns com a esperança de que eu ficasse feliz com isso. Eu não fiquei não. Eu perdi o jogo, caramba! Ainda se tivessem me dado uma grana, mas abraço? Façam-me o favor.

- No segundo dia implicaram porque eu tinha muitos exércitos na Alemanha, que é um território pequeno e me roubaram porque não me deixaram usar minhas próprias peças. Alegaram que mentira que estava tudo lá. Mano, a peça é minha. O território é meu. EU QUE SEI, tá sacando? Então joguei tudo as bolinhas pra cima e foda-se a dona do jogo que ia ter que procurar pelo chão depois.

- No terceiro dia eu tava toda empolgada porque agora sim estava ganhando, todos os meus exércitos no tabuleiro, todos os aviões atacando. Muito empenho. Pra dona do jogo roubar assim na cara dura e ganhar de repente. Eu fiquei com cara de tacho. A indivídua ganhou todas as três vezes que jogamos. Tipo assim, ela deve fazer só isso na vida. Além de toda a robalheira de mudar os exércitos de territórios sorrateiramente durante o jogo e tals. Eu falei que nunca mais jogo essa merda. Pelo menos não a dela. Então eu fui contra todos os meus 31 anos de educação e verifiquei se a minha mãe estava dormindo mesmo, que eu não sou besta nem nada. Daí abri a porta e mandei todo mundo pra fora da minha casa.


Sentimento natalino. Emoções familiares. É bonito mesmo. Eu acho.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Sobre dar parabéns

Então. Eu acho que dar parabéns é uma coisa chata. Sei lá, monótono ficar ligando e falar aquelas mesmas coisas de "muitas felicidades, saúde, paz, amor" e blablabla do raio que o parta. Que saco. Todo mundo já sabe que naquele dia fatídico todo mundo vai ligar e falar a mesma coisa. E, sei lá, eu fico meio com vergonha. De ligar e falar a mesma coisa que todo mundo. Tão previsível. E o aniversariante fica lá do outro lado falando 'obrigado' como se não fosse a quinquagésima nona vez que estivesse ouvindo a mesma frase naquele dia. E então que faz quase 30 anos que eu me obrigo a ligar para certas pessoas e dizer parabéns. É, porque por mais que eu não queira, sempre tem alguém que a gente PRECISA ligar. Aquela tia atenciosa, por exemplo. Ou pai e mãe. Avó. Ou a melhor amiga. E então, para essas pessoas específicas (porque as outras, apesar de eu lembrar sempre do aniversário de quase todo mundo, eu nem me dou ao trabalho de ligar por todos os motivos que já citei acima) eu decidi desejar umas coisas diferentes, pra mudar um pouco a rotina. Desejo baladas pra pessoa dançar até cair. Desejo muitas latinhas de cerveja pra beber até cair. Desejo um balde de pães de queijo pra comer até cair. Desejo um monte de homens gostosos pra dar até cair. E aí citando aqui pra vocês eu chego à breve conclusão que no fim das contas eu sempre desejei que todo mundo caísse e pronto.

Daí, pensando no outro lado da moeda, afirmo: lógico que eu fico esperando os parabéns das pessoas no meu aniversário. Óbvio que eu ando com o celular a tiracolo. E daí que tem que ligar e falar a mesma coisa que todo mundo já falou? Eu vou esperar sim a sua ligação porque você não tem mais que a obrigação de me ligar no meu aniversário, pessoa linda e necessitada de atenção nesse dia que sou. E aí eu posso dizer pra vocês que não. Não tem o mesmo efeito dar parabéns por msn. Muito menos por orkut. Facebook, twitter, e-mail. Não. Pra mim só tem validade se for ligação. Melhor ainda, se me der pessoalmente e com meu presente debaixo do braço. Mas não.

Acontece que eu faço aniversário em 26 de dezembro. Sabe? Tá todo mundo de ressaca do Natal e fazendo planos de Reveillon. Bonito assim. E então eu devo dizer que faz 30 ANOS DE VIDA que eu sou uma pessoa frustrada porque nas minhas festas de aniversário sempre estava todo mundo viajando. Se bem que hoje eu não ligo mais não. Hoje eu me limito a sentar ali num Outback da vida e encher a cara de sorvete. Sozinha mesmo. Porque nenhuma balada abre no dia do meu aniversário, pra variar. Enfim, já acostumei. O que eu não acostumei mesmo são os recados no orkut. E então esse ano eu decidi que ia apagar o dia do meu aniversário das redes sociais. Bonito assim. E quero só ver quem vai lembrar. Porque pra mim vai ter valor assim. Alguém que lembrar sem aviso automático. Sem a foto da minha cara lá na sua página inicial dizendo OI, É MEU ANIVERSÁRIO, VOCÊ TEM OBRIGAÇÃO DE ME DIZER PARABÉNS. E então, avisando uma amiga dessa minha decisão, eu ouvi "xi, eu posso esquecer". E então eu já falei: problema seu. Que anote na agenda. Que coloque post it no peru de Natal. Que escreva no cabeçalho das passagens da viagem. Não quero nem saber. Esse ano eu decidi que quero felicitações apenas de quem se lembra de mim. Ou de quem faz esforço pra não esquecer, que seja. Porque eu estou cansada de ouvir desculpas do tipo "não deu pra te ligar porque eu tava viajando pra putaqueopariu, sabe como é, você faz aniversário bem nesse dia!" e então quando passa o ano as pessoas emburram porque eu não liguei nos aniversários delas, porque é óbvio que se elas fazem aniversário em qualquer outro dia chato do ano e espera-se que eu não tenha mais nada pra fazer além de ligar pra dar parabéns porque eu não tinha mais que obrigação.


Sugestão de comunidade para o momento: aqui.

Não fui eu que fiz não, mas com certeza é uma das melhores do Orkut.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Sobre Sarna pra se Coçar

Tá se sentindo sozinho? Abandonado? Ninguém te liga? Ninguém te dá atenção? Tédio? Pouca coisa com o que se ocupar? Pois eu tenho a solução: VENDA PRODUTOS NO MERCADO LIVRE.

É. Porque de repente você vai receber milhares de ligações, até o Papa te ligando pra querer pechinchar e marcar lugar pra vc entregar as coisas. Você cansou de receber milhares de spams e power points cuti-cutis do inferno no seu e-mail? Pois venda produtos no Mercado Livre, porque vc começará a receber milhares de e-mails perguntando qual é o número da sua conta pra depositarem dinheiro! É ou não é uma maravilha?

Em partes. Porque realmente alguém vai te ligar de 5 em 5 minutos durante o dia. Enquanto você está comendo. Enquanto está dirigindo. Enquanto está na aula de dança. E claro que você vai ter que ser gentil. Florzinha. Pessoa amor. Eu sou, sabe? Fiz curso de pessoa amor. Ainda mais que a minha conta no banco está ficando gordinha. Até o Grinch fica pessoa amor nessas condições. E que amanhã eu vou fazer mercado e parar de olhar aquelas 3 salsichas fazendo eco na geladeira (porque o melão passado eu já comi).

Daí que a minha vida agora é responder florzinha às ligações. É responder florzinha os e-mails. É tirar foto das minhas coisas, é medir embalagem. É empacotar. É ir ao correio. De novo. E de novo. E aí que eu já tou ficando conhecida no correio. Ontem o rapaz perguntou 'o que é isso, um quadro?' E eu fiquei perguntando se devia responder 'não, são Smurfs'. Smurfs muito dos valiosos, por sinal. Porque antes de colocar preço, eu pesquisei. E vi lá pra vender uma casa de Smurfs igual à minha, só que cabiam só 6. E não incluía os Smurfs. Por 250 reais. Já eu, com uma casa de família Smurf, incluindo todos os 23 Smurfs, vendi por 290. Assim que eu anunciei, vendeu. Eu sei que poderia ter anunciado por 500 reais que venderia, comparando à oferta que eu vi. Mas sabe... olhando eu praquilo... não pagaria mais que 50 reais. Enfim... acho que fiz um bom negócio (eu nem acredito que vendi Smurfs por 300 reais mais o dinheiro da postagem). E aí que eu acho mesmo que tou dando uma grana preta aos Correios, e que eles deveriam me pagar comissão. Vida de carregar pacote pra lá e pra cá. Marcar encontro no metrô. Na faculdade. Na rua, na chuva, na fazenda, ou numa casinha de sapé. O que a gente não faz pra vender alguma coisa.

Mas tá legal, viu? Além da conta gordinha, é bom saber que vão aproveitar as minhas coisas. Aquelas, que eu guardei por tanto tempo porque nunca fui pessoa de desapegar e queria uma pirâmide para ser embalsamada e levar todos os meus pertences depois que morrer. Mas não, no caixão não tem nem gavetinha e dessa vida nada se leva. Negócio então é vender. Porque dar dói mais, não tem a compensação da conta gorda depois. E já pensou que aqueles Smurfs vão virar uma linda cama box de casal pra eu dormir na diagonal? Vontade de sair pegando de volta tudo o que eu já dei até hoje pra vender. 'CRIANÇA! Me dá logo aí aquele piano meu que a minha mãe te deu, porque eu vou vender no Mercado Livre e ganhar uma grana fenomenal por ele!' 'Criança! Devolve aquela casa de Barbie e todas as outras coisas que eu te dei porque isso vale horrores lá no Mercado Livre e você nem me deu nada por eu ter te dado isso'.

É bom saber que aqueles ursinhos Puff que eu ganhei com tanto amor agora enfeitam um quarto de bebê no Cuiabá. E que aquele Timão do Rei Leão, tão amado, tá todo de cachecol lá em Porto Alegre nesse momento. E que os dados de pelúcia rosa vão pra uma namorada que 'estava doida por um desses' e serão um ato fofo de namorado para namorada como já foram um dia, antes de ficarem guardados lá por tantos anos. E que Mickey, Minnie e Bisonho... bom, esses vão passear de metrô em São Paulo mesmo, mas vão alegrar alguma festinha infantil e depois serão dados ao aniversariante, provavelmente um bebê que vai amá-los demais. E que, veja bem que supimpa, a essa hora meus 23 Smurfs estão chegando lá em João Pessoa, naquele céu azul, sol, mar e calor que faz naquela praia linda. Já recomendei que todos fossem de sunguinha pra morar naquele paraíso. E sabe? Vai ter mais um Mc Donalds em Osasco. Não de verdade, mas o meu, de briquedo, das antigas. Alguém lá vai fritar hamburgueres de mentirinha e vai ter uma infância tão cheia de criatividade como foi a minha.



PS: Para a pessoa descrente e pessimista (eu já consegui fazer, tá?) e pra mais quem quiser ver, segue aí o vídeo do bolero. Parece fácil? Até uma égua manca faria? Ôpa. Te vejo lá na fila dos descoordenados depois tá?

Postado por Renata às 11:08



Sabe que até deu vontade de ter alguma coisa pra vender? mas aí­ veio meu prof de cálculo contar as tretas que jah passou por causa do mercado livre.
Já o quesito dançar nem opino, uma vez q simplesmente desconheço!
kelly | Homepage | 09.07.09 - 9:45 pm

Smurfs, meu Deus! Se eu tivesse dinheiro sobrando eu juro que comprava, era doida por eles quando era criança. Tinha todos eles de louça, um amor. Foi quebrando um por um.

Tá virando uma comerciante de mão-cheia, hein? haha
beijos
Anna | Homepage | 09.07.09 - 5:16 pm

Renata do céu!

Entrei no seu mercado livre e vc está vendendo seu pense bem! Eu tenho um e não me desapego nem a pau! Ele e o Pre-Computer. Vou guardar para meus filhos e sobrinhos. Sei que corro um risco enooorme de acharem totalmente antigos, mas vou guardar, rs...
Bjos
Sabrina | 09.07.09 - 2:37 pm

Eu devia ter conhecido seu blog antes! Acho que todas as tralhas que eu tinha foram doadas. Se bem que, em alguns casos, doar é gratificante, mesmo que a conta no banco não fique gordinha! Mas...de qualquer modo, vou dar uma olhadinha no meu baú de bugigangas pra ver se ainda acho algo assim "de valor"! Beijos

Lilica | Homepage | 09.06.09 - 12:51 am

Eu sei a dificuldade que é dança de salão,eu já vi de perto!Que bom que teus negócios no Mercado Livre estão prosperando.Os meus afundaram ¬¬

Erica | Homepage | 09.05.09 - 2:07 am

Que bom que deu certo o negócio todo. Só fiquei curiosa para ver essa coleção dos Smurfs.

Bjitos!
*Lusinha* | Homepage | 09.04.09 - 4:53 pm

Lucrar 300 pilas em Smurfs vai contra todas as leis da economia mundial. Você é um fenômeno, já disse. E pensar que poderia ter lucrado ainda mais...

Complicado mesmo essa parada de dançar bolero. Só agora entendo a sua dificuldade INICIAL. Mais difícil ainda deve ser não cair no sono dançando esse negócio. Sei lá, viu.
Bjo pra ti.. :D
Edgar | 09.04.09 - 4:20 pm

Tai, vou catar de dar um jeito de fazer esse trem, pq se vc ganhou 290 nos smurfs, eu vou ficar rica, com as minhas traalhas!! Acho que vou vender tudo no mercado livre!!!!!

Só preciso descobrir como!
Beijos (saudades de vc - de novo, e só eu)
Jana | Homepage | 09.04.09 - 2:27 pm

Seu post sobre o mercado livre foi demais, estou ate interessada em me empenhar e conhecer melhor sobre como vender meus terecoteco pela internet.

Se tiver algumas dicas e puder me passar,a saideborracha.blogspot.com agradece!
Bjk
Drika | Homepage | 09.04.09 - 1:31 pm