sexta-feira, 16 de setembro de 2011

... foi por causa do imbecil que não soube remar ♪

Então que a Ana Lu entrou no meu carro falando do mundo maravilhoso da Livraria Cultura. Segundo ela, um local mágico para toda a galerinha, cheio de altas aventuras e ação para a turminha do barulho aprontar muita confusão.

Hm. Ana Lu. Sai de Curitiba, a terra do frio congelante e chuva que eu vejo todo dia na previsão do tempo no mapa pintado de azul. Ana Lu saiu de lá, pra chegar aqui na minha terra da garoa e das 4 estações em um dia só e com sua população cheia de problemas respiratórios. Ela veio aqui, DO LADO da minha casa, pra mergulhar em toda a curtição da Livraria Cultura do Shopping Villa Lobos. Que tipo assim, fica há uns 5 quilômetros da minha casa. E que em todo esse tempo nessa indústria vital, desde que fizeram esse shopping há, sei lá, uns 20 anos, eu devo ter entrado nessa livraria umas 5 vezes, no máximo.

Ana Lu saiu de lá da casa dela pra chegar aqui no meu shopping e me contar que entrou no mundo mágico e maravilhoso da Livraria Cultura. Com toda a empolgação que só Ana Lu sabe ter. E me fez pensar em todas aquelas coisas que eu sempre penso quando alguém faz uma coisa desse tipo: eu tou aqui, DO LADO do negócio, e não sei aproveitar. Cara, as pessoas precisam sair da pqp pra chegar aqui e me contar que esse lugar aqui, que fica exatamente do lado da minha casa, é fantástico. Pra que eu possa levantar a bunda da minha cadeira e enfrentar trânsito e poluição e macacos motorizados pra conseguir chegar ali e aproveitar também desse lugar que sempre esteve aqui, mas que eu nunca tive a empolgação merecedora para tal ato. E que, mesmo amando livros e tendo entrado outras vezes nessa e em todas as outras livrarias da zona sul da cidade, só agora, depois de ouvir tamanho relato empolgante saído da boca da Ana Lu, eu consegui entrar naquela livraria já querida mas nem tanto AMADA e me deliciar TANTO com as preciosidades que encontrei por lá.

Ontem eu fui na Livraria Cultura e fali. Fali e fali bonito. E só não fali mais bonito ainda porque uma das coleções de livros que eu queria não estava completa lá. E mais: me controlei muito. MUITO mesmo. Pra não pagar os olhos da cara em séries de tv completas e históricas que têm lá, só lá, e em mais nenhum outro lugar dessa cidade. Força interior, não tem outra explicação.

E então que, eu lá, enfiada nos corredores mais escuros e mais escondidinhos, atolada de livros nos braços e sorriso no rosto, uma hora sentei pra descansar. Do lado da amiga que, como sempre, carregava os livros mais bizarros que alguém pode encontrar. Já quase no finalzinho do horário pra loja fechar, chega ela com um livro chamado Como fazer alguém se apaixonar por você em até 90 minutos. Eu, curiosa a respeito do que exatamente estava escrito sobre isso no livro (imaginei algo tipo maconha+cocaína), peguei para folhear. E eis aqui o trecho que, me desculpem, eu até tirei foto pra poder depois escrever aqui e compartilhá-lo com vocês:

"Imagine que você terá de passar o resto de sua vida em um barco a remo. É um barco grande, portanto é necessário que duas pessoas remem para que ele continue se movimentando. Você e o outro remador devem decidir qual direção seguir, devem remar com o mesmo ritmo e a mesma velocidade e se contentar em ficar cada um do seu lado do barco - caso contrário, andarão em círculos até enlouquecerem."

Daí que o xis da questão no livro era dizer a respeito da importância de se escolher bem alguém para um relacionamento amoroso. Eu, claro, me imaginei na situação. Eu lá, bonita, barco limpinho, envernizei meu remo, coloquei galochas pra não molhar o pé, prendi o cabelo em um rabo de cavalo pra não atrapalhar, levei lancheira, lenço de papel, protetor solar, palavra cruzada e lixa de unha. E então eu estou toda lá preparada pra remar e chega, infelizmente, o meu parceiro de remo. E então eu, que me conheço, até já sei. Vou olhar pra criatura e pensar 'ih, não vai saber'. Ou 'ih, é fraquinho, não vai conseguir'. Ou 'ih, esse aí não conseguiu nem limpar o nariz, será que ele sabe o que é um remo?'

Mas tá, que o livro dizia que o barco tinha que ser remado por dois (e infelizmente eu com certeza já haveria tentado remar sozinha e vi que apesar de todo o meu esforço não tinha saído do lugar), então eu teria que dar uma chance à criatura. 'Remar você sabe, né?' já me imagino perguntando a ele. "Ôpa, claro, sou maravilhoso nisso", coisa que todo homem diz, mesmo sem saber quanto é dois mais dois. 'Tá, vamo lá então, pega aê seu remo', eu finjo que acredito na afirmação dele, não sem antes dar as minhas coordenadas sobre como remar e pra onde. "Xá comigo, gata", ele vai dizer. Eu com certeza sentarei no meu lugar respondendo 'AHAM', com misto de sarcasmo e incredulidade, olhando-o de cima a baixo.

E então consigo claramente me imaginar, alguns segundos depois, olhando para o indivíduo cheio de empolgação e vontade, e imaginando que porra é essa que ele tá fazendo que nós, além de não sairmos do lugar, ainda estamos girando. Até enlouquecermos, como disse o livro. Ou até que EU enlouqueça, visto que não há como provar que essa criatura que os céus selecionaram pra me ajudar a remar tem, realmente, um cérebro que possa enlouquecer. E então nesse momento eu me lembro que as regras do livro foram claras e disseram que cada um deve ficar no seu lugar, do seu lado do barco. Lógico, já que os dois de um lado só fariam mais peso que resultaria no bagulho todo virado e nós dois na água abaixo. Então, infelizmente, eu não posso ir lá e dar uns tapas no infeliz pra ver se acorda. Mas o livro nada disse a respeito de sobre o que falar.

E então, meus amigos, eu estou cá a imaginar a cena. Eu lá, toda pomposa, calça jeans e blusa de florzinha. O boca-aberta do meu parceiro de remo cá, babando, fazendo tudo errado e ainda jogando água em mim, o que felizmente é só água porque eu esperta já teria me esquivado várias vezes do remo que com certeza já teria vindo bem perto da minha linda cara. A minha grande vontade seria mesmo levantar aqui do meu lugar e ir lá enfiar um pedala na cabeça dele pra ver se fica esperto. Mas além de não poder, vejo daqui que ele baba no remo e que com certeza nem assim o indivíduo se daria conta da situação em que estaríamos. E então, nobres senhores, primeiro eu vou analisar a situação como um todo. Objetivo: remar pra sair do lugar. Alguém falou alguma coisa a respeito de pescar? Não. Isso quer dizer que se eu gritar e espantar os peixes, isso nada tem a ver com minha meta a alcançar, certo? Certo. Ok.

Vou recapitular pra vocês lembrarem da situação toda: "Imagine que você terá de passar o resto de sua vida em um barco a remo. É um barco grande, portanto é necessário que duas pessoas remem para que ele continue se movimentando. Você e o outro remador devem decidir qual direção seguir, devem remar com o mesmo ritmo e a mesma velocidade e se contentar em ficar cada um do seu lado do barco - caso contrário, andarão em círculos até enlouquecerem."

E então, minha gente, devo dizer pra vocês que enquanto eu lia esse trecho do livro e minha mente já imaginava tudo isso que relatei aqui pra vocês, no fim do parágrafo eu já tinha no meu imaginário toda a resposta a respeito da atitude que eu tomaria. E eu preciso deixar aqui registrado pra vocês algumas das minhas opções de conversa civilizada que com certeza eu teria com esse energúmeno que botaram pra ser meu parceiro de remo:

1 - Anda logo, sua anta, não tá vendo que o negócio tá rodando?

2 - Tô ficando tonta e vou vomitar em você.

3 - Eu tenho o dia todo, viu?

4 - É pedra aí onde você tá batendo o remo, museu. Não te disseram que quem rema, rema na água? Isso aqui não é jo ken po.

5 - No lugar que você fez curso de remo estava escrito 'aula de voo para patos'?

6 - Da próxima vez que você me jogar água com esse remo, eu aviso que o meu vai escapar da minha mão e que, acidentalmente vai acertar bem para o meio dessa sua cara.

7 - Se você deixar o barco virar, já sabe onde que eu vou enfiar esse remo, né?

8 - Você limpa a bunda com essa mesma eficiência?

9 - Você já pensou na possibilidade de morrer afogado?

10 - TCHIBUM! (todas as opções descritas ou ocultas resultariam nessa onomatopéia)


A canoa virou por deixá-la virar...

Por essas e outras que eu não passo perto da prateleira de livros de autoajuda. Porque se eu levasse um papo com qualquer um desses autores desse tipo de livros os encontraria depois, com certeza, com a pedra amarrada no pescoço e prestes a se jogar do Rio Pinheiros. E ainda daria um empurrãozinho.


Sou mesmo uma flor.

10 comentários:

  1. MEEEEEEO DEUSSSSSSSSSSS!!!!!! Quanta imaginação!!!!! kkkkkkkkkkk

    Lembre de fazer cara de ameba, lixar a unha e deixar que ele faça o serviço, afinal de contas, eles sempre acham que são melhores que nós....
    Enquanto ele rema, e no caso, iria para uma única direção, você estará linda, bela e formosa com as unhas lixadas!!!!! HAHAHAHAHAHAHA

    DEBY

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  2. Imaginei você direitinho nessa cena do barco. E é bem por isso que você é das minhas. Um flor (:

    beijo

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  3. Ahh, você não sabe como eu fico feliz da minha empolgação empolgar você! E o pior é que eu faço isso sem perceber, eu simplesmente me empolgo e saio falando. E aí de repente contagio, que delícia! Mas hein, um espetáculo mesmo aquela livraria. Da próxima vez que eu for pra São Paulo, eu vou ficar todos os dias na casa da Juju, que é essa minha amiga apaixonada por livros que mora perto do Villa Lobos. E nós super vamos almoçar, tomar café, e ficar horas na livraria hein! *_*
    E MEU DEUS, eu achava que eu tinha uma imaginação fértil, mas você se supera. E claro, Débora sempre arrasando na escolha dos livros, hahaha.
    Beijos!!

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  4. "Você limpa a bunda com essa mesma eficiência?" - HAHAHAHAHAHAHAHAHA aaaah, socorro! Essa foi a melhor! Acho que você é imbatível no quesito 'equipe de remo'. Eu, provavelmente, passaria por um belo aperto também. Já começando pela regra de ficar cada um de um lado, que eu quebraria na primeira oportunidade de esganar o acéfalo.

    Homem não serve pra nada. Até fertilização a medicina já faz 'artificialmente'. Homem pra que, minha gente?

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  5. "Da próxima vez que você me jogar água com esse remo, eu aviso que o meu vai escapar da minha mão e que, acidentalmente vai acertar bem para o meio dessa sua cara."
    Eu acho que você devia acertar no meio das pernas, porque né. Um homem desse fértil pra que?


    Beijo

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  6. ai caramba, num dava pra imaginar um cara lindo, gostoso, inteligente, gente boa, engraçado e que soubesse remar pelos 2???? tãaaaaaaaaaaaao melhor... hehe

    ah, eu AMO a livraria cultura do vila lobos, qndo trabalhava lá perto e ia almoçar por lá, sempre dava uma passadinha
    =)

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  7. CARA! Eu lendo esse post na BIBLIOTECA fazendo todos os barulhos ridículos possíveis e imagináveis pra não rir!

    AMEI! Sou dessas também, mas eu ja teria me enfezado e pulado do barco, deixando o tonto à deriva, eu hein! Perder meu tempo com gente que tem Q.I de ameba não!

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  8. HAHAHAHAHAHAAH
    Super fiquei imaginando você falando essas coisas pro pobre remador!
    Mas esses livros de auto-ajuda sao um Ó mesmo, né? Cada coisa que eles inventam que chega a ser ridículo sequer cogitar a possibilidade de ler o livro.
    Espero que tal livro não tenha atrapalhado sua maravilhosa experiencia na livraria cultura, pelo menos! E espero que os livros que vc comprou sejam melhores do que isso! HAHAHA
    Eu acho que ia olhar pra cara do sujeito e dizer "Vish... querem que eu entregue minha vida a você? prefiro remar sozinha, viu?"
    Pois é.
    Beijoss!

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  9. HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA.

    Onde eu assino, Rê? Me matei de rir aqui, enquanto lia. Olha, eu já tive que remar uma vez, com Weslley, e deu tudo certo. THANK GOD.
    Mas aí meu pai e minha mãe resolveram remar e VOCÊ TINHA QUE VER A AGONIA. Eles rodavam, meu pai reclamava, minha mãe emburrava e a gente ria.
    Tirando a parte da auto-ajuda, a comparação do autor do livro é bem colocada. Um relacionamento é bem isso mesmo, de fazer um esforço conjunto e coordenado para seguir em frente. Enfim.

    Saudade que eu tava dissaquê!

    Bjs!

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  10. Num rola comprar um motorzinho? Mais tranquilo....

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