quarta-feira, 3 de junho de 2009

Natal - sétimo dia

Sétimo dia 08/05 - sexta:

Era 5h da manhã e a amiga roncava alto. Entre jogar ela da janela e levantar para ver o nascer do sol, escolhi a primeira opção. É, eu sou sempre zen quando viajo. Tirei fotos, voltei para chamar a amiga para o café da manhã, comi a minha cota matinal de tapiocas (deliciosas!) e fomos para o passeio do dia: João Pessoa.

Se você não cabulou aula na quarta série do ensino fundamental e como eu teve que decorar Estados e capitais, sabe que João Pessoa é a capital da Paraíba. Eu estava em Natal, capital do Estado do Rio Grande do Norte. Paraíba é o Estado vizinho, pertinho. Duas horas e meia de ônibus para chegar lá. Estávamos ansiosas para conhecer mais um Estado desse Brasil lindo (porque eu sou super patriota).

Daí que a minha lista de Brasil conhecido agora é

(além de São Paulo, minha cidade natal):

São Lourenço/Soledade/Caxambu – Minas Gerais – desde 1991, todo ano vou pra lá.

Londrina – Paraná – 1994

Porto Seguro – Bahia – 1997

Niterói – Rio de Janeiro – 2007

Natal/Galinhos – Rio Grande do Norte – 2009

João Pessoa – Paraíba – 2009

(faltam só mais 20 Estados do meu país para conhecer.. rs - tirando o Acre, que lá só deve ter mosquito vitaminado - aqueles que não adianta usar repelente - e jacaré. Isso SE o Acre realmente existir, se não for lenda, né.)

Então que pelo menos ali por onde passamos, às margens da rodovia BR101 (que começa lá no Rio Grande do Sul – bem mais perto aqui de casa, lá perto da casa da Jana – e termina lá no Rio Grande do Norte, onde eu estava), também tem muito verde. Muita árvore, muito mato. Mas João Pessoa, mesmo sendo a capital do Estado, me pareceu assim um Largo da Batata. Oi? Não conhece o Largo da Batata? Ah, é um lugar aqui no bairro de Pinheiros, onde se concentram terminais de ônibus que saem da capital de São Paulo toda. Mas não é isso que se parece João Pessoa. Parece porque no Largo da Batata só tem sobrados, embaixo com comércios variados – de material de construção a salões de beleza passando por açougues – e em cima com... bom... casas de divertimento com luz vermelha. Não menosprezando o Estado alheio (eu nem sei se lá tem prostíbulo), digo assim na disposição das construções, sabe? Tudo muito juntinho, apertadinho, obras que crescem pra cima porque para o lado não cabe. Muito camelô. Enfim,

não dá pra dizer que é só preconceito que o pessoal do sudeste tem com a Paraíba e seus habitantes. Pelo menos João Pessoa não me pareceu bonito. O que exclui totalmente a praia.

Sei que depois de ficarmos sentados 2h30 no ônibus esperando chegar e morrendo com o ar condicionado alto demais (as toalhas quentinhas do hotel me serviram de cobertor nesse momento, mas mesmo assim fiquei resfriada) e com Janaína revesando entre “um filme lindo, hein? Quero ver todo mundo prestando atenção e chorando no final” e dvds de clipes musicais ótimos (piratões da Paraíba, lógico) chegamos. Depois de tentarmos tirar fotos do ônibus que comprovassem que estivemos na Paraíba, descemos e fomos visitar o maior monumento em estilo barroco da América Latina (e aí, cabulou as aulas de literatura?). Igreja de São Francisco/Convento de Santo Antônio. Eu que gosto bastante de museus e arquitetura, me deliciei. Várias fotos lindas. Azulejos portugueses originais, altares banhados a ouro, chão de pedras dos anos de 1500. Lindo. Ficamos um tempo lá, eu e Carol compramos toda a lojinha de rosários do lugar e entramos novamente no ônibus, para fazer parada logo depois. A amiga, dormindo, não quis descer. Peguei a máquina nova dela e fui pra galera.

Daí que chegando no farol eu estava meio sem entender o início da coisa (porque eu cabulei algumas aulas de história na escola – coisa chata). Mas Janaína tinha nos orientado a tirar fotos de lá pra comprovarmos que estivemos em um lugar importante. Então li lá. Ponta do Seixas. E aí, assistiu essa aula? Eu facilito a sua vida: “Ponta do Seixas é o ponto mais oriental do Brasil e da América Continental, localizado em João Pessoa, capital da Paraíba. Fica bem na Praia do Seixas, à catorze quilômetros do centro da cidade. Dos pontos extremos brasileiros, a Ponta do Seixas é o único que é ao mesmo tempo extremo do país e do continente.” Foi? É a curvinha do Brasil, minha gente! O ponto mais próximo da África! Daí caiu a ficha e eu fiquei emocionada. Eu também preciso ir ao Chuí!

Sei que de lá de cima a gente via a Ponta do Seixas lá embaixo. E ao contrário do que eu disse sobre a cidade de João Pessoa, digo agora: a praia é uma coisa linda. Nem na Paraíba a costa brasileira é feia, minha gente! A água tem tons de azul e verde, nenhuma ilha à vista. Lindo mesmo, de morrer. E olha que tava armando a maior chuva! Tirei várias fotos do lugar pra provar que EU ESTIVE MAIS PERTO DA ÁFRICA e voltei. Mais alguns passeios de ônibus pela costa, eu pensando que a Paraíba também era legal, e a nossa parada para o almoço.

Aí que o restaurante chamava “não-sei-o-que Palace”, nesse momento chovia e a gente entrou meio que correndo. E apesar da fila gigantesca pela refeição (achei que o ambiente não tinha layout compatível com o número de pessoas que o freqüentavam) o povo achou que a comida era boa. E eu tava verde. Já tinha enjoado na viagem de ida, ainda me enfiam lá num restaurante na Paraíba. Adivinha o prato principal. Buchada de bode. Não, nunca comi. Muito menos dessa vez. Muito menos na Paraíba. Mas o cheiro do negócio impregnava no ambiente (o meu olfato é muito bom) e eu que já estava listrada e de bolinhas por causa da viagem demorada, foi sentir o cheiro e quase morrer. O povo se entupiu de comer, tudo e mais alguma coisa (bando de estômago de avestruz, se tivesse despertador pra eles comerem tinha ido), mas eu consegui garimpar salada de couve-flor com batata frita e farofa. E o povo falando do torresmo, da feijoada, da lingüiça. Oi? Neta de mineira? Meu bem, eu como torresmo em Minas, aquela coisa sequinha e cheia de carne, cada pedação enorme e suculento. Você vem me falar de torresmo da Paraíba? Pelamordedeus. O negócio tinha 2 cm, cheio de gordura e encharcado! Perdão aê, mas até hoje eu acho que Minas Gerais é o Estado da comida boa e, por enquanto, essa opinião ninguém me tira. Enfiei a batata frita com farofa goela abaixo e fomos embora fazer compras no Mercado de Artesanato Paraibano. O que? Mais compras? Lógico! Eu tava na Paraíba, ía trazer pra casa nem que fosse um ímã de geladeira escrito “estive na Paraíba e lembrei de você”!

Então fomos nós para os finalmentes do passeio na Paraíba. A famosa Praia do Jacaré. Famosa porque um dia lá tava tendo o pôr-do-sol (não é bem uma praia, é como o braço de um rio, onde o sol se põe bem de frente para a margem) e aí tinha uma música tocando no rádio, quando de repente tocou aquela clássica, Bolero, de Ravel. E aí então todo mundo parou de fazer o que estavam fazendo, olharam para o sol e ficaram todos meio que anestesiados, ouvindo a música e assistindo o pôr-do-sol. É. E o dono do bar percebeu que poderia ganhar uma grana preta tocando a música todos os finais de tarde e aí foi isso.

Quando eu ouvi essa história achei meio que não ía colar nesse coraçãozinho de Grinch. Essa coisa de sacada de marketing tem que ser boa para me envolver. E o pior que é. Sei que eu tava sentada lá, no barzinho que fizeram na beira da praia, e me irritei com a população que não parava quieta e queria levantar-tirar foto-sentar. Então saí de lá e fui ficar em pé fora do bar mesmo, afinal se o sol nasce para todos, se põe para todos também, você estando ou não dentro do bar cheio de gente e mesinhas que pagou 3 reais e 50 pra ficar. Fui lá fora. E pôr-do-sol é aquela coisa linda de morrer mesmo, né? Eu estava lá toda emocionada assistindo sozinha na paz de estar comigo mesma, quando saiu o cara de dentro do bar tocando saxofone. Foi. A sacada de marketing do dono do bar inclui um saxofonista local que toca a mesma música, passa pelo bar, entra em uma canoa na praia e dá voltas pelos bares por ali, sempre tocando a música enquanto todos assistem ao pôr-do-sol. E eu te digo: é realmente anestesiante.

Aí que o cara toca a música e sai. E continuamos lá assistindo o sol se pôr, até chegar 18h em ponto, quando entra em cena uma moça bonita, moradora local também, que toca ao vivo Ave Maria no violino. Aí eu desabei. Aí a música entrou fundo na alma e eu pensei que a minha viagem estava acabando. Mas que foi realmente proporcionada por Deus. Em uma hora que eu não esperava, mas precisava muito. Um sonho esquecido realizado. Tudo deu certo, tudo saiu lindo. Eu aproveitei demais. E vou me lembrar daqueles dias pra sempre. E me lembrei de agradecer.

>continua...

Postado por às 09h37



hehehe, eu conheci um casal do Acre uma vez... tb achava que não existia. Ai não vejo a hora de chegar a minha vez de ir pra esse paraíso...
Em tempo: no Twitter: @adribarranco
Bjs
Adri | Homepage | 06.08.09 - 10:35 am

Rê, as suas fotos de nascer e pôr do sol dariam ótimos papéis de parede para o computador! Lindas demais!!!!
Como boa menina católica adoro visitar igrejas e adorei as fotos da igreja da Paraíba!
Puxa vida, realmente Natal (com Paraíba) será meu destino nas próximas férias!
Beijos
Lilica | Homepage | 06.03.09 - 6:22 pm

Que delícia essa viagem hein! Agora Buchada de Bode ninguém merece!!!!! rs! Beijos
Lilica | Homepage | 06.03.09 - 2:19 pm

HAHAHAHAHA.....
Eu errei!!! hahahahhahahaah.....
Acho que meu subconsciente falou mais alto agora. hahahahahahhah
Renata | Homepage | 06.03.09 - 11:42 am

"Era 5h da manhã e a amiga roncava alto. Entre jogar ela da janela e levantar para ver o nascer do sol, escolhi a primeira opção. É, eu sou sempre zen quando viajo. "
Vc tocou ela pela janela? kkkkkkkkkkkkkkkk
Amiga, eu ia passar fome na Paraíba!!!!
Eu gosto de viajar, mas sei la, essa coisa de arquitetura não me chama atenção, que eu quero ficar entrando e saindo de igreja?
Agora, queria estar la pra ouvir o cara e ver se pegava... Assim contando acho que não, mas vai que na hora, carente como sou desabava tb kkkkkk
Beijos
Não esquece do meu email contativo, pois hj é quarta, ou seja TERÇA já passou!
kkkkkkk
Jana | Homepage | 06.03.09 - 11:13 am

Nenhum comentário:

Postar um comentário