Foi dia desses que eu vi/li/ouvi em algum lugar. Alguém falando sobre a morte de Amy Winehouse, dizia que os 27 anos são a nova idade da transição. A nova idade pra gente avaliar se quer amadurecer ou se quer continuar sendo adolescente. Os 27 anos são os novos 18. E a partir dos 27 é que as pessoas repensam sobre crescer ou não. A pessoa que disse isso concluiu que não. Amy Winehouse não quis crescer. E eu fiquei ali pensando.
Tenho 31. E se a nova idade da escolha sobre crescer ou não mudou dos 18 para os 27, eu não passei tanto assim dessa fase. Quatro anos só. Que, comparando com os anteriores 13 anos (da diferença 18-31), até que eu posso dizer que fiz uma escolha recente nesse negócio de amadurecer ou não. Os 27 estavam aí, bem ali atrás, quase um dia desses. Aos 27 eu já tinha o trabalho que tenho, não morava sozinha mas estava em vias de. Já pensava quase as mesmas coisas que penso hoje e já tinha a visão da vida que tenho hoje. Os 18, há muitos anos atrás (quase todos) nem parece mais que foi essa vida. Era tudo tão diferente. Eu pensava diferente. Via o mundo diferente, tinha tudo pela frente. Aos 18 anos eu aprendi a andar de metrô (e considerando o fato de morar em São Paulo desde sempre, essa é uma informação quase inacreditável), eu entrei na faculdade, comecei a estudar longe de casa, tive o primeiro namoro sério. Meus 18 anos estavam ali pertinho dos 17, quando eu sentava na escadinha do pátio do colégio e assistia as meninas da minha classe brincando de pula-cela (eu nunca tive dom para brincadeiras do tipo) e pensava que, mesmo ali sentadinha olhando, esse seria o último resquício de infantilidade na minha vida. Eu pensava que de repente eu ia entrar na porta da faculdade adentro e depois dali tudo seria um túnel para a idade adulta e sem volta. E foi. Em partes.
Os 27 foram muito importantes para a minha vida, e parece mesmo que alguém colocou no meu caminho pedras suficientes para que eu me decidisse meio que de supetão a respeito dessa coisa de amadurecer ou não. Eu amadureci sim. Porque pedrada na cabeça empurra pra frente. Mas amadureci onde não tinha como não ser. Como se eu estivesse ali, feito Amy Winehouse à beira do abismo, mas que diferente dela eu tivesse já há algum tempo construindo uma ponte para atravessá-lo. Aos 27 anos eu escolhi continuar.
Hoje aqui aos 31 eu não sei bem dizer se eu me vejo como adulta. Como essa transição que a pessoa comentou que a gente tem, agora aos 27, mas foi lá aos 17 que eu achei que ia ter. Não sei ainda dizer, se alguém me perguntar, se eu sou mais menina ou mais mulher. Mas analisando assim pelo mundo que me cerca, hoje eu tenho um blog. E antes de ter um blog, eu tive milhares de outros afazeres "infantis" do tipo. Eu tive um cartão anual do Hopi Hari porque eu ia duas vezes por semana, sabe. E quando não foi Hopi Hari, foi kart. Foi paintball. Foi esqui. Foram shows, muitos shows. E parques aquáticos. E tudo o mais de afazeres divertidos e "não-adultos" que você pode imaginar.
No meu blog, tenho leitoras de 16/17/18/19 anos. Mas também tenho as de 30/31/32/33/34. E eu passo meus dias tirando fotos, montando quebra cabeças, ouvindo música, conversando sobre futilidades. Mas também cozinho, faço tricô/crochê/bordado, cuido das plantas, pago todas as minhas contas sozinha, cuido da minha casa, roupas, faço compras e atualmente a minha mais nova superação foi incluir na minha lista de tarefas uma hora e meia de academia todos os dias. Eu sou inclusa em todas as redes sociais e só não deleto o Orkut porque tenho comunidades bizarras do tipo "eu nunca andei de girafa". Mas considero fundamental olhar pessoas olho-no-olho quando a conversa faz-se necessária - atitude imprescindível para alguém que se acha "adulto". Eu passo os dias de tênis, jeans e camiseta e pinto as unhas de todas as cores menos azul/verde claro e tons fluorescentes. Mas acho chique e pretendo ser, um dia, essas mulheres que combinam tudo com tudo e saem de casa todos os dias de manhã como se tivessem sido vestidas por um Esquadrão da Moda. Um dia, eu disse. Quando tiver coragem de pagar 500 reais em uma calça.
Quando eu tinha 5 anos, tudo o que eu queria era ter o cabelo comprido. Quando eu tinha 18, pensava que me restariam só mais uns 10 anos para manter a cabeleira. Quando eu fiz 29 tentei aproveitar os últimos minutos de cabelão antes que eu fizesse 30. Aos 30, fingi que eu tinha 29. Esses dias, chacoalhando o cabelo com comprimento na cintura em um barzinho de rock, comentei quase chorando com a amiga que "preciso cortar esse cabelo, já fiz 31!". E ela me respondeu "precisa nada! Mulher só tem que cortar o cabelo aos 30 quando é feio e mal cuidado! O seu cabelo é lindo e se você cortar eu te bato!".
Ontem eu assisti no Superbonita (eu gosto tá? Que que tem? GNT é um ótimo canal, só não é melhor que Discovery Home & Health) uma atriz madura lindíssima, com fartos cabelos, dizendo que acha um absurdo que as mulheres pensem que precisam cortar os cabelos aos 40 (oi? A idade pra crescer mudou de 18 para 27 e a de cortar os cabelos mudou de 30 pra 40? Ótimo). E completava dizendo que o que importa é a mulher se sentir linda e feliz, independente do tamanho de cabelo que tem. E então eu olhei pra mim. Cabelão, unhas pintadas de cores sem ser Renda, jeans, tênis. Ouvindo música, jogando joguinhos no celular, comendo hambúrguer, pensando em escrever no blog. Pensando bem, eu nem quero deixar de continuar fazendo as coisas que gosto só porque alguém acha que eu devo. Eu não quero deixar de assistir desenho animado quando me der na telha. E não quero deixar de comer pizza com Coca-Cola quando eu estiver a fim. E não quero deixar de ter amigos de 15/20/30 anos, se eu continuar me dando bem por igual com todas as pessoas de idades diferentes. E eu posso não ter mais paciência pra ficar em filas de Hopi Hari, mas eu ainda vou experimentar todos os parques de diversões com todas as maiores montanhas-russas do mundo. E no dia que eu mais sofri nessa vida sem banheiro, sem comida, debaixo de sol de 35 graus e quase 20 horas em uma fila, foi o dia mais feliz da minha vida. E eu faria tudo de novo.
Aos 31, eu amadureci. Mas ainda não cresci. E nem tou querendo não, viu?
Aí está a magia de não crescer! Não quer dizer que não devemos amadurecer, e sim, que devemos amadurecer o suficiente para entender que nunca seremos velhos demais para fazer o que amamos! *_*
ResponderExcluirRê, lembra na carta que eu disse que você é badass? Então.
ResponderExcluirBeijo!
Poxa, preciso concordar com a Anna. Sou super sua fã, Rê! Hahaha! Acho o máximo o jeito que você tem de encarar as coisas, sendo super sincera, autêntica e tal. Nunca deixe ninguém te dizer o contrário, sabe. Nunca deixe ninguém dizer que as coisas que você gosta não condizem com a sua idade. Isso é bobagem! Amei o post! Beijo :*
ResponderExcluirP.S: Eu ri alto de você falando que adora GNT e Discovery Home & Health, talvez tenha sido ironia, mas eu JURO que adoro DHH. Posso passar o DIA INTEIRO assistindo os realities BIZARROS desse canal. Todo mundo precisa dessa tosqueira na vida, vivo recomendando.
Eu acho esse negócio de idade super relativo. Tem gente de 18 que é metida a besta e só fala da crise mundial e tem gente de mais de 30 que curte desenho animado! Eu como boa balzaquiana de 32 me orgulho de ter experiência de vida, e carinha de menina, porque ninguém nunca me deu 32 anos ao olhar para mim! A idade é só um número, o que vale é o que está dentro da gente! Beijos
ResponderExcluirQuando eu passei por uma fase de transição, perto dos 23 pros 24, coloquei isso na minha cabeça: crescer não é abrir mão de velhos hábitos e gostos. Por coincidência, na época estava lendo As Crônicas de Nárnia e no final do livro tem uma parte que fala exatamente isso. Que crescer não é deixar de ser criança de vez em quando.
ResponderExcluirBjitos!
Nunca nessa minha vida eu pensei que teria que fazer algo ou sequer percebi que tinha idade pra fazer algumas coisas. Atualmente o cabelo está mais curto porque estou tentando tirar a desgraça da escova progressiva que fiz nele e agora enjoei... mas vou deixar crescer de novo... Sempre fiz as coisas que queria na hora que dava vontade. Num tem hora certa, nem lugar certo nem nada pré determinado na vida. A gente que faz a hora. Vivi sempre assim. Não arrependo e vou morrer assim. Feliz. Agora, aconteceu uma fase de transição na minha vida aos 28, me libertei de coisas que estavam me deixando infeliz (porque eu não tenho vocação pra ser infeliz sabe, ficar me lamentando da vida, chorando e me perguntando porque minha vida é desse ou daquele jeito... é desse jeito porque eu escolhi que fosse assim, e se eu escolhi foi porque eu quis assim, então não reclama!). Bom... dei uma reviravolta em tudo, chutei e balde e voltei a ser eu mesma. Foi aos 28 anos.. me disseram que era um tal de retorno de saturno... se existe, não sei, mas que coincidiu.. coincidiu!!! bjissimosssssss
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