Eu sou mãe. Sou uma mãe muito dedicada. Levanto da cama todos os dias e, religiosamente, depois de escovar os dentes e tomar café, encho o potinho de ração da Pandora. Troco a água. Limpo a areia. Todos os dias, depois do trabalho, assim que abro a porta, pego Pandora no colo. E eu já tentei até lavar as mãos antes ou tirar o sapato, mas ela não deixa. Se joga desesperadamente aos meus pés, com a barriga pra cima e ronronando, à procura do ato diário de ganhar um afago quando chego em casa. Não importa quantas vezes por dia eu chegue em casa. É preciso, SEMPRE e antes de qualquer coisa, pegá-la no colo e afagar seu pescoço. Levamos uma vida feliz, eu e Pandora, Pandora e eu. Mas, a partir de amanhã, eu sairei mais cedo e chegarei mais tarde em casa. Pandora ainda não sabe disso, apesar de eu ter certeza que, sendo ela minha filha, bastará uma conversa para que ela entenda. Saiu inteligente feito a mãe. Mas eu, mãe dedicada e carinhosa, estou preocupada em deixá-la mais tempo sozinha em casa. E por isso eu decidi que preciso acostumar a deixar a porta do quarto aberta à noite. Pra que possamos, ao menos, dormir juntas, já que os afagos da noite passarão a ser bem mais curtos. Essa noite eu deixei a porta aberta.
Pandora passou a noite em cima da cama, claro. Mas ela não é um gato persa. Não é um gato qualquer de pelo longo e que passa 24 horas por dia deitado dormindo em algum canto. Pandora é uma mini-pantera, já disse tio Edgar. Mini-pantera essa que gosta de brincar.
Essa noite eu acordei bem umas trezentas vezes. Com Pandora brincando de cama elástica na minha bunda. Brincando de esconder entre as minhas pernas. Brincando de escorregar no meio das minhas costas. Pandora duvidou que eu estava dormindo por tantas horas. Chegou inúmeras vezes bem pertinho da minha cara pra constatar. Encostou a patinha gelada na minha bochecha. Não satisfeita com isso, enfiou os pelos do bigode no meu nariz. Na minha orelha. Encostou o nariz gelado no meio da minha testa e, nos únicos minutos em que dormiu durante toda a noite, foi exatamente encostando muito em toda a minha barriga, de maneira que eu não pudesse nem me virar sem que ela acordasse ou que fosse esmagada. E quando eu cansei de ficar espremida em um canto pequeno que equivalia a 10% de toda a extensão da minha cama queen size e resolvi mudar de posição, ela acordou e retomou sua rotina de exercícios pulando na minha bunda.
Pandora deu conta de cada dedo do meu pé por fora do edredon. Pandora descobriu o mundo maravilhoso do incrível túnel que se forma entre o edredon de alguém e a cama. Um verdadeiro Hopi Hari, em que ela trouxe sua linda coleção de filhos ratinhos de brinquedo pra passear. Todas as vezes que eu mudava de posição na cama durante a noite, achava um. Embaixo de mim. Embaixo do travesseiro. Embaixo da camiseta. Na perna da calça. Pandora nunca tinha tido uma noite tão feliz.
Já de manhã, resolvi colocar Pandora pra fora do quarto por meia hora antes que eu tivesse que levantar para mais um dia. E depois que essa meia hora passou, mais rápido que a velocidade da luz, e eu acordei com a cara amassada, cabeça pesada e mau humorada, abri a porta e dei de cara com um gatinho se jogando no chão com a barriga pra cima e pedindo carinho. Peguei ela no colo e pensei no quanto a amo.
Filhos.
É cediço que as panteras têm hábitos noturnos. Na condição de "mini-pantera" os hábitos noturnos da Pandora são brincadeiras de amor e carinho e felicidade. O problema é que O TEMPO NÃO PARA, e veja bem, você não tem uma piscina cheia de ratos. Então quando ela deixar de ser uma mini-pantera... eu vou morrer de saudades de você.
ResponderExcluirMelhor ser analfabeto do que escrever um comentário desse nível.
Ah, que delícia de relato, gente! Essa Pandora é tão, mas tão fofa, que me dá até vontade de ter um gato, hahaha. Rachei de rir com ela fazendo cama elástica na sua bunda. Filhos nenéns, hahaha.
ResponderExcluirBeijos, amada! SAUDADE!
Primeiro comentário no seu cantinho, não poderia ser em um post mais fofo que esse! Também tenho uma gata, Lola. Acho que ela e Pandora são irmãs gêmeas separadas na maternidade, ou somente duas mentes igualmente enlouquecidas pelo breu da noite e por edredons! Ri demais com o post, vivo isso todas as noites, embora agora eu esteja sem minha Lola por estar viajando e morrendo de saudade de acordar com ela tocando seu focinho no meu nariz! Bom final de semana, parabéns pelo blog! Beijoca!
ResponderExcluirAh mas que delícia da gata essa sua hein! Que fofa! Mas desconfio que você não vai mais deixar a porta do quarto aberta durante a semana né! Rs!
ResponderExcluirBeijos
ownti que coisa mais fofa a Pandora!! Juro que quando eu for em SP te visitar vou querer conhecê-la, tá? A não ser que ela nunca saia de casa, mas se ela sair, quero conhecê-la!
ResponderExcluirEspero que você se acostume com a nova rotina e encontre um meio de dar carinho a ela sem perder sua noite de sono, porque sono é essencial né!
Um forte abraço!
Rê, acho tão bonitinho você tratar a Pandora como filha <3 Agora eu tenho dois irmãos de quatro patas, Pandora e Chiquinho. Uma preta e um branco. <3
ResponderExcluirMas enfim, Chico dorme no quarto com a minha mãe, na caminha dele, ao lado da dela. Ele raramente vem dormir comigo, só quando mamãe viaja, mas sempre é confuso pra ele, porque ele fica transitando entre meu quarto e o quarto da minha mãe, todo confuso. Agora que tô de férias minha mãe sai pra trabalhar, abre a porta do quarto e Chico vem dormir comigo. Se eu tô dormindo, ele deita no pé da cama e fica lá, boludinho e quieto, mas ele SENTE quando eu acordo, mesmo que eu não abra os olhos e vem se aconchegar perto de mim. E é aquela coisa que você disse, ele se aconchega ou perto da minha barriga ou na curva das costas, de uma forma que eu não posso me mexer senão atrapalho o sono do bonito. Se o problema da Pandora é não dormir, o do Chico é não acordar. Ele parece uma massa gorda de cachorro na cama, e quando eu consigo acordar ele, desce da cama todo mau humorado e fica sem falar comigo por um tempo.
Mas acho que esse fogo todo é porque ela é filhote, e acho que gatos tem hábitos mais noturnos, até porque ela fica sozinha durante o dia e deve dormir bastante. As gatinhas dos meus tios tocam o terror durante a noite também, normal.
Beijo.
Tenho certeza absoluta que a Pandora é um amorzinho. Eu sempre quis ter um animal de estimação, mas o meu pai diz ser alérgico (isso eu sei que é mentira porque ele cursou veterinária, e passou metade da vida em um sítio)e não me deixa ter!
ResponderExcluireu não sei se eu gosto mais do seu post - é um dos mais legais do blog! - ou dessa imagem incrível no final dele. quase morri de rir!!!!
ResponderExcluirsaudade <3