Que eu sou nojenta não é novidade pra ninguém. Nem pra quem lê meus posts do tipo "divórcio de Mc Donalds", nem pra quem reparou ali no perfil do ladinho, nem pra quem convive comigo. Eu sou nojenta e é uma coisa que vem de mim, vem de dentro, vem de criação, de genes. Mas não nojenta naquele sentido de ser frufru e cor-de-rosa (porque a mulherada cor-de-rosa pode variar para o nível de nojo facilmente). Sou nojenta de nojenta mesmo, de reparar na porquice alheia e não aceitar. De pensar se quem fez a comida lavou as mãos, ou se limpou o nariz no pano de prato. De pensar duas, três, quatro, cinco, CEM vezes antes de oferecer uma mordida de algum lanche a quem quer que seja. Dá licença, vai. Eu fico aqui com a minha baba, e você com a sua. "Babismo", como dizem os amigos do meu irmão, é quem tem nojo de baba alheia. Perdão, pessoas, é mais forte que eu. E eu realmente levei muitos anos pra conseguir dividir chiclete ou bala, aquela coisa "super romântica" que qualquer namoro exige. E, mesmo assim, quando me lembro desses momentos, talvez eu sinta náuseas....
Seguinte: o que é meu é meu e só eu como. Quer um pedaço? Vai buscar a faca. Vai buscar um copo extra, vai pegar um guardanapo. Porque eu divido com você sim, com o maior amor, desde que seja repartido, e não à base de cada um dá uma mordida/um gole/uma lambida/uma chupada. E isso inclui o fato de você se preocupar em pegar comida na travessa com o garfo que já levou à boca, ou lamber o espetinho do fondue. Sério, é de família (e os novos membros da família se adaptam, mais cedo ou mais tarde). Não dá. Não rola. Perco a fome. E me faz retroceder láááá no ensino fundamental, quando quem levava pacote de salgadinho de lanche lambia todos os dedos e depois enfiava a mão no saco pra pegar mais. Depois vinha me oferecer.
Daí que eu estou falando isso porque semana passada eu fui em um curso de trufas. Claro, platéia feminina, babava com o cheiro do chocolate, inclusive eu. E então a culinarista disse "vou passar essa tigela pra vocês experimentarem o recheio, peguem uma colher e passem para o próximo." E distribuiu uma colherzinha pra cada um. Quando eu reparei que, de 30 pessoas, eu era A ÚLTIMA, não me preocupei em acabar o chocolate até chegar na minha vez, mas sim NO QUANTO que cada um ía babar até que a tigela chegasse em mim. E perdi a vontade. Nem me manifestei quando não sobrou colher pra mim. Mas a amiga, solidária, pediu uma colher. E eu fiquei ali esperando a tigela chegar. Sei que nesse momento eu parei de ouvir a receita, ou o que quer que a culinarista dizia, pra reparar se quem pegava o recheio da trufa na tigela que babava espirrava, tossia, falava ou enfiava a colher babada de novo. E assim foi por 29 pessoas, até chegar em mim. Então, quando finalmente o negócio chegou eu pensei que não tinha visto maiores danos e peguei uma colherada pequena do chocolate, mesmo assim meio com nojo. Enfim, experimentada a coisa (não deu pra ver se estava bom, eu tava meio tensa), vamos devolver a tigela, não? Quando me levantei pra levar à pia, me surpreendi com o protesto das pessoas. Elas queriam que eu VOLTASSE a tigela, uma por uma, pra cada uma pegar mais uma colher. E, quando o curso avançou, a mulherada caiu de cara na tigela, cada uma com sua colher babada, dedo, e sabe-se lá o que mais, e ficaram ali até que acabasse tudo. Daí eu não acreditei, saí da sala pra não ver a cena, e sei que saí do curso achando que trufa é pior nojeira da história (depois de Mc Donalds) e passando longe de todo e qualquer chocolate, pelo menos por aquela noite.
E o bom é que, depois de tanto nojo, fui assistir ao já lendário Quem Quer ser um Milionário. Aí que eu só queria saber se o cara ganhava mesmo ou não, mas a Fersi não quis contar o fim do filme, e o meu irmão contou mas disse que eu deveria assistir. Fui. Bom. Vale mesmo o Oscar, gostei. Só que esses filmes estrangeiros são tão tristes, tão agoniantes, tão depressivos, e o que os tornam ainda pior é o fato de tudo o que a gente vê ali ser totalmente verdade. Muita pobreza, muito sofrimento, muita tristeza, muitas marcas. Que triste é a realidade do mundo. Que sentimento de invalidez ao assistir esse tipo de coisa. Sei que o filme tem toda uma concepção de "acima de tudo (inclusive do dinheiro) vem o amor" que, sei lá, pra eles deve ser bonito, mas eu saí do cinema pensando "como são lindas as favelas do nosso Brasil". A exemplo de O Caçador de Pipas, recomendo, muito bom, mas triste, muito triste. Não que eu gostaria de me preservar dos problemas do mundo, mas gostaria que as pessoas tivessem motivos além da triste realidade para fazer filmes bons, sabe? O Brasil começou o sucesso cinematográfico com Central do Brasil, Cidade de Deus e Carandiru, todos cheios de palavrões, violência, sexo e a também triste realidade brasileira. Mas que bom que evoluímos para o super sucesso Se Eu Fosse Você. Leve e bem humorado, mas nem por isso menos inteligente ou fora da nossa realidade, que vem pouco a pouco incentivando outros filmes brasileiros com a mesma filosofia. Que bom. Que continuemos assim.
Então que, nojeira e tristeza à parte, venho por meio deste parabenizar oficialmente a Jana, muito mais que uma amiga virtual, pelo seu super aniversário: amiga, é TRINTA. Sabe, trinta? Haha... que a mudança de dígito traga também cada vez mais alegrias, esperanças, saúde, amor, felicidade e paz para a sua vida - e com certeza vai trazer, já que você começa seu ano astral com um emprego novo supimpa e que vai te pagar rios de dinheiro! haha... Sério, tudo de mais lindo pra você, bem cor de rosa mesmo, com cerquinhas brancas e labrador no quintal, e que você chegue assim em casa e dê de cara com o Lobo Mau de avental na cozinha te fazendo um super jantar romântico... rs. FELIZ ANIVERSÁRIO, feliz 30!!
:: Postado por Rê às 12h09
Salvo raras exceções eu também não gosto de compartilhar a minha saliva com qualquer pessoa. Egoísmo da minha parte talvez. Mas a baba é minha então divido com quem eu quiser.
Se todos fizessem isso o mundo seria um lugar diferente.
Se eu fosse você é um barato. Não vi o segundo. Putz, lembro de ter chorado de rir com o Toni desmunhecando no primeiro filme. Legal mesmo entrar numa sala de cinema, sentar numa poltrona e olhar um filme brasileiro sem ver pessoas se fodendo, se matando por causa de uma boca de fumo. Sem falar daqueles filmes biográficos sobre a vida de gado e a trajetória "sofrida" de certos cantores sertanejos.
Rê, bjo pra ti.. :D
Edgar Callegari | 03.25.09 - 6:57 pm
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