quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Ctrl + c Ctrl + v (mas muito bem feito)

E aí que estava eu meio que com preguiça de ser eu mesma, de me revoltar e querer esfolar a cara das pessoas no asfalto, ao mesmo tempo achando um absurdo que pra ser uma pessoa melhor é preciso ser lorpa. Daí dei uma olhada nos meus links. E achei um texto que cabe EXATAMENTE em tudo o que eu queria dizer. Segue aí o post do Gustavo Rezende, pessoa pensante que eu fiquei sabendo da existência através da Anna Vitória, garota pensante. Ainda há cérebros no mundo. Poucos, muito poucos. Mas há.

Gosto só é gosto pra quem tem mau gosto


O mundo é um lugar bem mais legal quando se tem um blog com comentários. Eu falo uma bobagenzinha exagerada qualquer e algumas galëres se revoltam por pouco, daí abrem a janelinha, marcam a opção anônimo e xingam, xingam muito-muito-muito no Blogspot. Tem sido assim em praticamente todo blog que já tive.

Não dou a mínima pra latido de vileno, senão não escreveria o que escrevo. As pessoas são politicamente corretas em demasia, e cobram que você também seja. Qualquer colocação que fuja do círculo do politicamente correto já é confrontada sob a égide do comportamento padrão e do bom-mocismo.

Por exemplo: toda vez que eu falo mal de algum estilo musical, sempre, absolutamente sempre pipocam uns comentários do tipo "VOSE NAUM RESPEIAT OS GOSTO DAS PESOAS EH UN ABSURDO KDA UM GOSTA DO Q KISEEE1.!11.;" ou, ainda, o obelisco da argumentação boba e sem inteligência, o famoso "GOSTO EH Q NEM CU KDA UM TEM O SEOOO!.1.;"

Beleza. O mundo sempre foi assim, as pessoas sempre gostaram de repetir argumentos-padrão como se fossem um apontamento filosófico genial. Mas, na minha opinião, falta ousadia. Ousadia de pensar diferente, de não ter medo de defender a sua opinião, de usar a cabeça para chegar a argumentos seus, pensados por você. De poder dizer que não gosta daquilo/daquele sem medo de contrariar. De ter a consciência de que você pode assumir uma posição contrária a alguém, sem precisar magoar essa pessoa. E de não se magoar quando discordam veementemente de uma opinião sua.

As pessoas são fortes, elas aguentam. Ninguém vai morrer se você discordar dele.

Todo mundo está querendo ser agradável, o tempo todo. Todo mundo concorda com tudo, o tempo todo. Neste país, discordar de uma pessoa equivale a ofendê-la. Antes sermos estúpidos que concordam entre si, como bois e vacas, do que indivíduos (vem de individual) que debatem, sem medo de emitir uma opinião fora do que é cunhado como politicamente correto.

Me recuso. Pra mim, sertanejo universitário é uma bosta e quem gosta de pagode é fedido. Não respeito mesmo. Acho tudo coisa de paquiderme. Não é como o jazz, por exemplo. Eu odeio jazz, mas respeito quem gosta, pois sei que ali existe, no mínimo, história e bagagem.

Quer fazer o teste? Vamos lá:

1) Vá a uma associação de cientistas, ou de grandes artistas, ou de executivos bem-sucedidos e pergunte: "E AE GALËRE BATUTA, QUEM AÍ CURTE O SOM DO JORGE E MATHEUS?" Anote o resultado.
2) Agora vá ao presídio mais próximo, à Uniesquina mais famosa ou à Associação Mineira de Repetentes Escolares e faça a mesma pergunta. Anote o resultado. Nesse caso, leve duas canetas. Você vai precisar.

Igualzinho aqueles maconheiros safados que faziam Ciências Sociais comigo. O cara tinha preguiça de pelo menos TENTAR fazer as provas, daí ficava o dia inteiro fumando erva e fazendo artesanato, que batizava de "arte". O cara desenhava, tipo, ISSO AQUI [abre em outra janela] e dizia: "É uma obra que expõe toda a dicotomia entre o desenvolvimento capitalista, representado pelos tijolos da construção civil, e a consciência ecológica, representada pela naturezaZZZZzzzzZzzz..."

Não, NÃO é uma "obra". E não, não representa porra nenhuma, rastafari fedorento. É só um desenho songamonga numa tela. "Ih cara, você que não interpretou direito, eu fiz uma abordagem diferentPOW. Som de um tiro na cara."

Jackson Pollock tinha uma abordagem diferente. Pablo Picasso tinha uma abordagem diferente. Você só é preguiçoso. Arte NÃO é gosto e interpretação, somente. É por causa desse argumento politicamente correto que as artes plásticas caíram na mesmice, a música pop é a mesma desde os anos 80 e o rock perdeu a ousadia e atrevimento de caras como os Rolling Stones ou o Led Zeppelin. Hoje, o rock'n'roll dessas bandas novas e com o selo de "independentes" (tão independentes quanto uma adolescente de 13 anos num shopping com a mãe) é bonitinho e engraçadinho, mas não tem ousadia nenhuma. Não se ouve mais falar em arranjos, em técnica, em ataque. O rock'n'roll virou rockinho. Não é ruim, mas não é rock. O rock tinha alma; hoje, virou mera repetição incessante de melodias tacanhas e bobinhas. O sujeito sequer precisa aprender a tocar guitarra mais. A delicadeza de novela das 7 do Kings of Leon só vai ser rock'n'roll no dia em que o Luan Santana conseguir focar um objeto de perto.

A curiosidade foi substituída pela preguiça de pensar. Vende o que é palatável, facilmente digerível, geral. Hoje, ouve-se Use Somebody e Meteoro da Paixão; ontem, ouvia-se Hey Jude e You Can't Always Get What You Want [tudo abre em nova janela]. Milhões de pessoas fazem do BBB um fenômeno nacional sob o argumento de que "chego em casa cansado, não quero pensar", como se diversão boa fosse sinônimo de diversão lixo. Como se, para se divertir, você tenha que se transformar em um debilóide.

Engraçado, pois somos seres humanos, mesmo que alguns se esqueçam disso. A curiosidade e desejo de inovação dos nossos ancestrais fez com que eles desafiassem o senso comum e construíssem pontes, inventassem aviões, fossem ao espaço. E hoje, no tão aguardado século XXI, a humanidade é formada por gente cagona e acomodada, que tem medo de ter opinião. Gente que foge do embate, que se esconde atrás da máscara da mesmice, e que consome qualquer tipo de porcaria sem questionar sua qualidade, sob o conveniente argumento de que "gosto é gosto".


A humanidade não está somente se emburrecendo. Está se acovardando também.


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Obs.: Sim, fui eu quem desenhou a casinha.

5 comentários:

  1. absolutamente tudo que você disse sobre o rock e sobre a decadência da música é perfeito, e idem sobre pagode e sertanejo universitário e todas as porras do tipo. mas o buraco é muito mais embaixo disso tudo, não se decidiu de repente que a música passaria a ser uma merda e que todo o espírito de luta de uma geração desapareceria. as circunstâncias simplesmente levaram a isso.

    e essa galera que fazia um mundo tão foda nos anos 60 e 70 usava coisas muito mais fortes que maconha. ser maconheiro preguiçoso ou não é a mesma coisa que comer chocolate e ficar preguiçoso.

    é tudo uma questão de geração. simplesmente, a dos últimos 20 anos é um loop de merda.

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  2. Aff! Quem se sente incomodado desse jeito com as escolhas que os outros fazem precisa se ocupar em ir cuidar da própria vida, não acha? Um bom começo é aprendendo a respeitar o direito que os outros tem de escolher que estilo musical prefere ouvir ou que programa de televisão gosta de assistir. Quem quer se sentir melhor que outra pessoa, primeiramente deve se comportar como se fosse. Lições de intolerância e ignorância como as desse texto não tem nada a ver com superioridade.

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  3. Amei o texto.
    Mas penso que burrice deve ter alguma vantagem genética, visto que a humanidade em sua maioria é burra. Ou talvez a questão seja somente uma: os burros se reproduzem mais.
    Enfim, dei minha pequena contribuição para tentar diminuir a burrice da humanidade - porque só tenho 1 filho. (agora fui super modesta, hein? rs)
    É bom saber que existe vida inteligente na net (ainda que rara).
    Bjs.

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  4. Voces que falam mal do Luan Santana do Justin, do Fresno etc. Vocês morrem de inveja deles pq eles são famosos, bonitos, cantam muito bem e a maioria das mulheres são loucas por eles. Voces que falam que não é inveja, porque não falam tão mal de outros artistas, existem tantos artistas ruins. Mas engraçado é que são sempre os mesmos: Luan Santana, Justin Bieber, Restart. Voces não conseguem pensar em coisas novas pra falar não? Entao calem a boa, por favor
    BANDO DE IDOTAS, INVEJOSOS.

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  5. Não gostar de sertanejo universitario significa que você não gosta de sertanejo universitário. Não tem nada aver com bom gosto e muito menos com inteligência. Mentir para si mesmo achando que não gostar de nada vileno te torna menos…vileno é de dar pena…coisa de brasileiro. Congratulations*

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