segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Sobre uma conserva de pimenta

Era uma vez uma bela moça prendada que, cheia da vontade de ampliar mais os conhecimentos culinários, resolve fazer uma conserva de pimenta. Eu, claro.

É, porque eu gosto de cozinhar, e assim como minha ampla vontade de entender de queijos e vinhos e ficar toda chique igual filme e tals, eu também tenho uma vontade doida de aprender a fazer conserva de pimentas. Primeiro porque pimenta emagrece, segundo porque minha neurologista receitou a pimenta para prevenir minhas crises de enxaqueca e terceiro, o que é mais provável para a minha decisão, é que quando eu vou ao Ceasa tem uma banca inteirinha cheia de pimentas bem coloridinhas e eu acho LINDO e fico querendo comê-las ali mesmo de tanto que eu me apaixono. E tem também o fato de o babybrother ter feito sua própria conserva de pimenta semana passada, fui eu lá comer e descobri que a compota devia ser de alho porque deu meia-noite e eu tava com tanto gosto de alho na boca ainda que até enjoada eu fiquei. Alho pra mim é no feijão e na carne. E só.

Enfim, eu gosto de pimenta. Além de achá-las fofas e bonitinhas, eu acho legal a sensação de ficar tudo ardendo depois. É, porque eu não tenho hemorróida. Então eu posso comer o tanto de pimenta que eu quiser.

Então.

Decidido isso, ameacei o babybrother de morte, porque só pedir o arquivo de um livro de dicas culinárias enorme, importado e supimpa que ele e o tio fizeram download na internet não bastou. Daí o dia que eu o ameacei com a foice na mão ele me deu o link do arquivo pra baixar e aí demorou uma vida mas depois disso eu fui feliz porque tenho o arquivo do livro supimpa que deve custar bem mais que meus dois olhos da cara na livraria. Oi, pessoal do crime virtual e blablabla, eu compraria se o valor do livro fosse acessível a pobres mortais que só querem ler como fazer uma compota de pimentas.

Tá, eu lá com o arquivo do livro, vasculhei tudo e só tinha a explicação de cada tipo de pimenta. O que já era meio caminho andado, mas só seria informação completa se viesse com uma porcentagem do tanto que cada uma vai arder na minha boca e com qual comida combina. Mas tudo bem, saber o nome da cada pimenta já tava bom. O resto eu procurei no tio Google.

Caí num site da Ana Maria Braga, ensinando como fazer uma compota de pimenta. Salvei o link e no sábado fui ao Ceasa feliz da vida e cheguei na barraca de pimenta sorrindo e maravilhada que eu enfim ia comprar aquelas bolinhas coloridas e fazer a festa. Perguntei pro japa se essa era igual àquela e ele me olhou com cara de "essa vai enfiar o nariz onde não sabe" e explicou que não, dando ênfase ao "essa arde muito". Olhei pra ele com cara de 'não tem problema, eu sou super e se arder é nóis mano que um dia eu vou entender de pimenta supimpa e ele vai ver só'. Catei as pimentas com a mão no plástico porque disse a Ana Maria Braga que era preciso proteger as mãos senão a ardência passava e tals. Dei o saquinho para o japa pesar toda feliz da vida, paguei e saí pra fazer minhas outras compras protegendo minhas bolinhas com minha própria vida.

Chegando em casa, zona total, jantar com família planejado, cheia de coisas pra fazer. Fui eu lá me empenhar na minha compota de pimenta. Algo me dizia que se eu fizesse rápido, quando chegasse a noite e todo mundo estivesse na minha casa, eu mostraria orgulhosa minha compota de pimentas e todo mundo ia comer (assim, a compota recém feita) e achar a coisa mais maravilhosa de todo o universo. Liguei computador, procurei a receita da Ana Maria Braga e fui.

Pega o vidro, bota pra ferver na água com o pano e blablabla de esterilizar e tals. Fiz. Peguei o vidro mais bonito que eu tinha, fiz todo o processo, tirei todos os cabinhos de todas as pimentinhas sempre exclamando que ó que gracinha que bolinha amarelinha cuti-cuti da mamãe. Lavei, sequei, alisei, arrumei no vidro, coisa linda de Deus, nunca fiz nada mais maravilhoso nessa vida. Puxa vida, o vinagre pra botar na compota tá acabando mas olha só que meodeusdocéu deu certinho a quantidade que eu precisava. Nossa como eu sou linda. Nossa que isso vai ficar maravilhoso.

Fiz tudo bonitinha, cheia de amor e depois contemplei minha obra de arte maravilhosa. Tava lindo. Feliz da vida, botei na geladeira e fui arrumar o resto do cardápio do jantar.

Horas depois, família em casa, eu arrumando a mesa, de repente lembrei da minha compota mais maravilhosa de todo o mundo da face da terra meodeusdocéu. Peguei na geladeira toda feliz como se fosse um troféu e mostrei para o tio com exclamações de "olha que lindo que fui eu que fiz" e argumentos de "não sei como o pessoal compra compotas já prontas, do jeito que a minha ficou maravilhosa eu podia fazer pra vender na vizinhança cobrando o olho da cara.." Ele, achando graça da minha empolgação, pegou o vidro e foi todo analisar pra concluir que "puxa, que legal, foi você que fez e como que faz e blablabla"... e de repente veio o silêncio.


E então, analisando o vidro da minha compota recém feita e toda linda, ele argumentou, ainda sem certeza: "puxa Rê, mas esse pedaço de pimenta aqui não parece um bicho??"



Era. Uma larva. Eu, incrédula, virava o vidro pra ela chacoalhar como se de repente num passe de mágica ela virasse um pedaço de pimenta e no fim das contas tudo fosse só um mal entendido. Mas não. Estava ela lá, feliz da vida na minha compota de pimenta antes tão linda e tão amada. Nadando no vinagre com azeite como se não houvesse amanhã.


Sim, eu lavei cada pimenta. Uma por uma. E não achei nenhum furinho sequer que demonstrasse que em alguma delas tinha um bicho. E então foi-se compota, última porção de vinagre, azeite extra-virgem lindo do jeito que a prima nutricionista diz que tem que ser, pimentas compradas com amor mais vidro maravilhoso tudo para o lixo, assim, sem nem abrir. E assim se acabou a história da compota de pimenta mais maravilhosa do universo. Bichada.

The End.

6 comentários:

  1. Não sabia que o nome disso era compota de pimenta, pra mim era sei lá, pimenta de enfeite e pronto.
    Pensei que fazer compota era colocar pimenta pra curtir, igual o pessoal aqui de casa faz. Mineiro é sangue nos zóio com essas coisas, meu avô tem a manhã de colocar na cachaça pra curtir e é um salve-se quem puder. Eu, como boa ovelha negra que sou, odeio pimenta. Mentira, eu gosto daquelas pastas de pimenta japonesas e malucas e também de pimenta mexicana, mas essa sangue nos zóio curtida na cachaça que faz meus pais salivarem, eu passo longe.
    Tive que rir da lagarta. Coitada de você!
    beijo

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  2. Rê, o Caco foi fazer lá em casa e minha filha...minha filhaaaaaa
    queimou a porra da mão a ponto de nem dormir, cê acredita?
    Teve uma queimadura braba e morreu de dor.
    Isso é perigoso, cara..tem que usar luvas. Tome cuidado qd fizer novamente. Use os tipos certos de pimenta e de preferência, sem bichos rsrsrss

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  3. kkkk Eu juro que não sabia que era copota de pimenta essa fotinho, pra mim era pimena de enfeite (tipo a amiga ai do outro comentário) é que eu não gosto de pimenta não... Mas eu gosto de geléia de pimenta (fica ótima com carne e sorvete), você podia aprender a fazer e me dar uns potinhos, sem lavras por favor rsrsrsrs

    Beijos

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  4. hahahaha ce tinha que lembrar do armário né! Se entregasse era bom porque aqui eu ainda não achei uma lojinha daquela! boa e baratinha! (e eu não esqueço aquela imagem daquela roupinha de couro viu!!!!)

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  5. Que nojo! Só de ler a palavra larva me revira o estômago! Eu eu nem gosto de pimenta! Rs!

    Beijos

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