sábado, 1 de junho de 2013

Enjoadinha

A vida tem muitos momentos. Em quase todos, estamos ali escolhendo nossas preferências. Nosso querer. O que é que faz a gente feliz (né, Pão de Açúcar? Nem tão feliz assim porque o pessoal do meu trabalho já cansou de achar larvas nos sanduíches naturais, tá?). Feliz daquele que consegue escolher, em cada minutinho da vida, o que quer fazer. 

Eu sou uma pessoa feliz (fazendo compras no Carrefour, que além de mais barato, tem produtos com melhor procedência que o Pão de Açúcar) porque posso dizer que absolutamente tudo na vida eu faço porque eu quero. Tudo bem que toda regra tem sua exceção (tipo o creme de leite fresco Fazenda, que eu sou obrigada a ir no Pão de Açúcar pra comprar sempre que eu quero fazer chantilly porque no Carrefour não vende) e às vezes, raramente, eu preciso sair de meus planos e fazer alguma coisa que eu não queria tanto assim. Mas é raro.

Eu acordo 4:45h da manhã porque eu quero. Eu não sou maluca. Eu acordo essa hora porque eu quero morar em São Paulo, porque gosto daqui, gosto do clima, gosto da vida, gosto que tem tudo e que é o centro de todo um país, mas tem um trânsito infernal, então eu gosto de acordar 4:45h da manhã pra sair do trânsito. E, se eu pudesse e se meu estacionamento abrisse antes, eu com certeza acordaria mais cedo. 

Eu trabalho na empresa que eu quero, no horário que eu quero, tiro folgas quando quero, trabalho quando quero e quando eu não quero, não trabalho e passo o dia conversando. Na minha gaveta tem todas as guloseimas que eu quero, eu levo comida pra almoçar porque eu quero, e quando eu não quero eu também almoço em restaurante pra comer o que eu quiser. Eu visto roupa social e sapatilha porque eu quero, saio de casa maquiada porque eu quero, faço o tempo de almoço que eu quero e vou até passear na rua 25 de Março durante o almoço se eu quiser. E, depois de um dia, eu vou pra casa se eu quiser, vou na acupuntura se quiser, se não quiser eu vou fazer curso de jardinagem ou qualquer outra coisa que eu quiser. Chegando em casa, se eu quiser lavo a louça, se não quiser não lavo. Se quiser, eu vou fazer faxina, se não quiser eu não vou nem tomar banho. E nos feriados e finais de semana então, eu vou fazer até o que Deus duvidar. Mas só se eu quiser. 

E de tantos quereres, de repente, me vejo aqui na frente da tela do meu computador, com o mundo da internet a meus pés pra fazer o que eu quiser. Mas acontece que eu não quero. Acontece que, de tudo que eu já pude fazer aqui nessa tela um dia, quase nada que eu quisesse me restou. Eu quero a vida. Quero o sol lá fora, quero o mundo de coisas na minha casa e fora dela pra fazer. Quero abraços reais das amiguinhas lindas que eu fiz aqui. Quero o ar fresco, o vinho, a boa comida, a música, a festa do pijama, a balada, a patinha da minha gata, o beijo na boca e o amor. Eu quero tudo o que por tantos anos deixei de querer. Eu enjoei de internet e agora eu quero mais é ser feliz.


4 comentários:

  1. Que belo esse texto... parece ter uma vida abençoada, é ótimo fazer o que sempre queremos né?

    Bjinhos

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  2. Quem dera eu pudesse fazer tudo o que eu quero, Rê. Mas gosto de pensar que eu estou caminhando para lá. Um dia eu chego, se sobreviver ao caminho. Boa sorte vivendo.

    Beijos.

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  3. Não faço exatamente tudo o que eu quero porque algumas coisas que eu realmente quero não dependem só de mim para acontecer! Por exemplo neste momento eu queria estar numa viagem pela Grécia, mas não tenho nem dinheiro e nem companhia para tal aventura! Rs! Mas na medida do possível tento ao menos não fazer o que não quero, o que já é um grande passo! Beijos

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  4. Que bom! Vai sobrar mais tempo pra fazer minha maionese!
    hehehehe
    Saudade de você.
    Fazer o que se quer é muito bom! Sou adepta disso!

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