quinta-feira, 30 de setembro de 2010
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
terça-feira, 28 de setembro de 2010
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
domingo, 26 de setembro de 2010
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Sobre Tietagem
Daí que eu li lá na Anna trechos de textos tão perfeitos e que vêm tão a calhar no meu momento, que resolvi copiar uns pedaços pra vocês.
Verdade seja dita: sempre achei tietagem uma coisa cafona pra caramba. Nunca entendi aquelas garotas histéricas jogando bichos de pelúcia e calcinha nos palcos, endeusando pessoas que nunca saberão quem elas são, e não estão nem aí pra isso. Sem falar que essa de autógrafos e fotos me soavam muito mais como coisa que se faz quando encontra o Fiuk aos onze anos de idade (Fiuk não é da minha época, então eu chuto o Fábio Assunção, que quando eu tinha uns 15 anos era o maior tchutchuco do momento - e ainda não tinha aquela cara de 'meu próximo passo é engolir pilhas') . Aí que eu vivia pensando em como reagiria se por um acaso um dia encontrasse alguém que eu realmente curto e admiro, se eu teria lá esse meu auto-controle ou se me portaria tal e qual pré-adolescentes que vão pra porta da MTV ficar gritando o nome do vocalista do Restart. Sexta-feira passada tive certeza que, dentre tantas coisas, viemos a esse mundo para pagar a língua, eu principalmente.
Eu nunca fui de tietagem, sabe? Aquela coisa de encontrar artista no aeroporto, no shopping, no teatro. Já encontrei vários, inclusive muitos dos meus favoritos. Mas nunca fui conversar, pedir foto, autógrafo nem nada. Nem quando era criança ou adolescente. Na verdade apesar de achar que artistas são artistas porque o público é fã, e que faz parte do processo e da profissão aguentar o pessoal que chora, baba, pendura e puxa... se EU fosse artista, ia mandar o pessoal pastar. Porque vejam bem, com esse humor maravilhoso que Deus me deu, essa simpatia ímpar, essa meiguice que não tem mais fim e essa doçura incomparável do meu ser... eu ia ser um artista com meia dúzia de fãs só. E dos mais insistentes, daquele tipo de fã que adora sofrer, que vai no show de rock e o cara manda todo mundo tomar no c* e a galera grita AEEEEEEEE!!! Tá. Tem muito fã insistente. Agora já me vi lotando estádios.
Obrigações da vida de artista à parte, eu acho que as pessoas têm direito a alguma privacidade, sabe? Acho que merecem sair descabeladas e remelentas pela rua num domingo de manhã e não ser importunadas. Porque todo mundo acorda sem querer dar bom dia. Por que eles não podem acordar sem querer ser simpáticos com fãs? Sei lá, são humanos também. Estão trabalhando, vão e voltam no avião, aquela coisa chata que você tá sempre sentado viajando e não tem tempo de se jogar no sofá da sua casa com as pernas pra cima e comendo biscoito de polvilho num fim de tarde enquanto a brisa bate. Não sei, acho triste, coitados. Já pensou? E ainda têm que sorrir praquela adolescente neurótica e gritante que chega desesperada arrancando sua roupa e não tá nem aí se você acordou com uma enxaqueca daquelas? Pô, que porre que deve ser isso.
Se eu fosse artista e alguém viesse me dizer exatamente o que eu acho a respeito disso, que os fãs são quem paga a carreira deles e que graças a eles os artistas são ricos e por isso precisam ser gentis com seu público... eu ia responder que, exatamente: eu sou artista e rica justamente porque você é tonto e paspalho por pagar shows e discos e filmes e audiência pra uma pessoa que você nunca viu na vida e que nem sabe da sua existência, mas que seria EXATAMENTE por isso que eu sou a artista rica e você é o fã abobado e pobre, e que você devia recolher-se à sua insignificância de pagador de meus recursos e ir trabalhar pra ganhar mais dinheiro e patrocinar mais minhas coisas enquanto eu fico aqui aproveitando das maravilhas da vida que o seu dinheiro me proporciona. Simples assim.
Eu simplesmente não me sinto à vontade pra abordar alguém no meio do cotidiano. E talvez não tanto por respeito a eles, mas sim a mim. Estou me preservando do olhar de 'quem é você e da onde saiu, criatura' que os artistas olham para os fãs. Olhar de invasão de privacidade, olhar de que você é um pé no saco, olhar de 'inferno, não posso nem comer em paz'. E, sinceramente. Eu sou bem mais que isso. Sou bem mais que um simples olhar de 'você está incomodando'.
Ao encontrar com um artista na rua eu tenho sim, vontade de chegar lá e perguntar e aê, como vai, tá curtindo muito, ouvi aquela sua música tal e achei que os acordes são excelentes e blablabla... mentira. Eu tenho vontade de chegar e conversar sobre futilidades como converso com meus amigos e pessoas queridas, perguntar a comida preferida e convidar pra comer bolo lá em casa. Tenho vontade de encontrar uma pessoa conhecida naquele desconhecido que nunca me viu mais gorda, mas eu o conheço desde sempre, entendeu? Eu o conheço porque ouço suas músicas, vejo suas novelas, leio seus livros, acompanho seus filmes. Pena que aquele grande passo de conhecer-ter afinidade-amizade está sempre tão tão tão longe de se realizar. Então, já que o fantástico mundo encantado de todas as adolescentes insanas não existe mesmo e eu sempre soube muito bem disso... quando encontro um artista na rua eu finjo que não conheço. Não, nunca vi. Quem, novela? Nunca ouvi falar. Você canta? Vixe, nem sabia! Leonardo di Caprio quem? Não, não sei.
Não sei porque você, artista, é reles mortal. É um proletariado que trabalha feito camelo e acha que dinheiro é tudo na vida (é tudo mesmo, mas eu gosto de passar a impressão que não é). Eu que não vou perder o meu precioso tempo pagando de tiete e indo tirar foto com uma pessoa qualquer que nem se deu ao trabalho de fazer a barba e ainda tá pagando de gatão. Eu não, eu tenho mais o que fazer. E então por fora eu saio toda cheia da chiqueza do nariz em pé e insignificância pra quem espera um ataque histérico até do cachorro sarnento que passa na rua.
Sou assim, sempre fui. Discreta, contida, séria. Trinta anos de educação que eu me orgulho de ter. Mas diferente da Anna, eu sempre soube o que me aconteceria quando um dia encontrasse alguém que eu realmente admiro. Alguém que nem sonha da minha existência, mas tocou toda a trilha sonora da minha vida. Alguém realmente importante pra mim, enfim. E então eu vim aqui agora dizer pra vocês que, se me acompanham por tanto tempo, suponho que gostam do meu jeito. Acredito que vocês já saibam um pouco das coisas que eu penso, principalmente sobre ser cor de rosa, frufru e todas as outras expressões que eu uso para pessoas do tipo. Acredito mesmo que vocês tenham acostumado com o meu jeito sarcástico de ser, essa coisa de chamar Deus de rebolation e falar de todos os outros assuntos que penso sem nem me preocupar se depois vão chover comentários anônimos me mandando para o inferno. Acho que vocês já sacaram faz tempo o meu jeito de viver. De pensar, de falar. As coisas que eu gosto e as que não. Então, por vocês......... eu vim aqui avisar que nos próximos 10 ou 11 dias...... eu não vou responder por mim.
Porque como tudo que eu digo, e como tudo que eu penso ou deixo de pensar, agora eu penso que o momento é meu. E que, por alguns dias, eu vou deixar de lado toda a minha sensatez e vou partir pra histeria. E antes que alguém me diga 'ah, então esse é seu verdadeiro eu' eu respondo que não, não é. Pelo menos não totalmente. Eu sou assim e sou assado, sou séria e sou histérica, sou feliz e sou triste, sou água e vinho. Tudo junto e misturado numa coisa só. E que vario minhas sensações e meu humor de acordo com o momento, com o ambiente, com as companhias ou com a lua. Que eu sou como qualquer outra pessoa, que acorda cada dia com humor diferente e não sou perfeita. Que graça teria se eu fosse sempre igual?
Nos próximos dias eu vou deixar aflorar toda a minha tietagem. E vou aproveitar cada segundo do que eu esperei tanto-tanto pra acontecer. E pra você pode ser uma coisa simples ou prolixa, mas eu te digo que pra mim não é e que eu tenho todo o direito de fazer e falar o que bem me der na telha. É meu momento.
E aí eu sei que vou estar lá vendo o Fresno (pra quem não sabe NÃO, SUA ANTA, eu não vou no show do Fresno, eles infelizmente vão abrir os shows do Bon Jovi no Brasil - eu sei, eu sei, é castigo, tou pagando a língua!) mas eu não vou nem ligar, porque dentro de poucos minutos eu vou ver o Jon (não o Jon da Anna, mas o MEU Jon). Maldita hora em que fui criticar as menininhas que acampam na porta da MTV, olha a situação em que eu me encontrarei no momento: vou estar lá de faixinha na cabeça, suando, gritando, chorando e melando, exatamente como eu já falei que sinto vergonha alheia quando vejo toda a galera fazendo porque já que estarei na chuva, melhor molhar de vez. É assim que a gente aproveita um momento único na vida (não, show do Restart não é momento único, não me comparem com esse público de fãs). E então eu só penso que já que eu vou estar lá na frente e pertinho do homem, vai que acontece igual com a Katilce no show do U2. Não digo a respeito dessa coisa de beijar na boca nem nada, (porque pode ser o Bon Jovi lindo e maravilhoso, mas quem me garante que ele escova os dentes direito??), mas no fato de ter um contato maior com seu artista, como a Anna mesmo, que teve oportunidade de trocar alguma idéia com o Jon dela. Sei lá, vai que acontece comigo, vai saber. Se acontecer, além de vocês receberem em casa o convitinho para o meu velório (morrer de emoção, olha que chique!) eu precisaria dar uma desenferrujada no meu inglês né. Vai que o cara bota o microfone na minha boca! Falo o que?? Mas então eu concluí que não. Que eu não conseguiria falar nada. Nem que fizesse um intensivão de uma semana no nível mais avançado da minha escola de inglês. Mesmo assim eu sei que o microfone ia ficar na minha cara e eu ia só conseguir sorrir, sorrir, sorrir, apaixonada, só dentes e bochechas, com um sorriso de algodão doce do tamanho do mundo e só conseguiria pensar, cara, que pessoa mais linda.
Concluindo, lá no show eu já sei que vou deixar aflorar todo o meu 0,05% de histeria. E se passar na tv alguém totalmente fora de si, já aviso - sou eu. Porque eu vou esquecer do resto do mundo, do universo e tudo o mais. E se nesse dia alguém morrer, deixe pra me avisar no dia seguinte. Porque eu não estarei. Não estarei aqui, não estarei em mim. Eu estarei lá cantanto cantando cantando e chorando chorando chorando. Nas minhas músicas preferidas de toda uma vida e também nas mais famosas, que todo mundo sabe cantar e eu tenho um fraco gigante por corinhos em shows.
Então nesse último post com sanidade (quase!) antes dos próximos 15 dias, eu vim dizer pra vocês que podem pular a leitura do meu blog nesses próximos dias que passarão. Porque por dentro eu estou borbulhando de ansiedade. Estou com o famoso tique de balançar a perna, coisa que eu sempre detestei. Sempre me deu nos nervos, o pessoal balançando a perna por aí. Coisa chata. Coisa de gente desequilibrada. Mas hoje a desequilibrada sou eu. E serei mais ainda pelos próximos 15 dias e a partir de hoje tudo só tende a piorar. E eu vim dizer para que vocês tenham paciência. Sou eu sim, lembra? Só deixei aflorar meus 0,05% de histeria por 15 dias só. E vou deixar mesmo porque eu mereço. Todo mundo merece pirar às vezes. Todo mundo merece fugir, descabelar, chorar até soluçar ou rir até engasgar. Tou no meu momento e não vou me conter.
Nos próximos 15 dias, meu blog, meu twitter, meu orkut e meu msn ficarão exatamente assim como eu: insanos. O facebook não porque lá eu só planto e ainda não dá pra pregar uma foto do Bon Jovi em cada vaca ou porquinho da minha fazenda. Mas todos os meus cadastros em redes sociais são parte de mim e demonstram sempre quem eu sou e como sou. Cabe a vocês me entender e, se possível, me aceitar. Ignorem. Finjam que eu não existo. Pulem a lida do meu blog nos próximos 15 dias. Pulem minhas palavras na sua timeline.
Esse post tem a finalidade de avisar os navegantes: nos próximos dias haverá aqui e nas outras redes sociais das quais participo um relato completo (e fotos, músicas e gritos histéricos) sobre minhas peripécias num dos dias mais legais da minha vida, totalmente tiete e histérico, sem economia de caracteres. Se não estiverem afim podem pular direto pros comentários e dizer: "Renata, sua linda, você realizou um sonho!" e pronto. Ou nem isso.
Ataques de histeria remetem a The Beatles. Cool, portanto.
PS: Anna abraçou o Jon dela e concluiu que não podia deixar essa chance passar, ele está na lista dela das cinco pessoas que precisa abraçar antes de morrer e sabe Deus quando - e se - teria uma chance dessas novamente. E aí eu fiquei aqui pensando que nunca tive uma lista de cinco pessoas pra abraçar antes de morrer. Talvez se eu pensar bem, Jon Bon Jovi esteja sim dentre elas, mas não tenho certeza, preciso pesquisar um pouco a respeito. Não sei, Jon tem probabilidade de 90% de estar incluso. Só preciso amadurecer o pensamento porque no quesito abraçar, Josh Holloway ganha no meu critério de indecisão sabe? Encabeça total minha lista. Mas acho que Jon vem em segundo. Talvez. Porque ele é baixinho. E eu vou me decepcionar.
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Sobre meu espaço
Daí que eu não sou uma pessoa espaçosa, sabe? Eu levo sim uma mala enorme quando viajo, mas deixo sempre tudo junto e organizado. Não sou de sair espalhando coisas não. E eu também não sou daquelas que quando começam a namorar exigem espaço pra ir pra balada toda noite com "as amigas" e o cara tem que ficar lá plantado esperando e acreditando. Não, eu sou tranquila. Sou calma. Mas eu gosto de espaço no sentido de precisar que as pessoas me deem um tempo. Eu preciso de tempo pra mim. E nem é pra sair fazendo streaptease pela rua nem nada. E também não é pra fazer joguinho com quem quer que seja nem sobre o que quer que seja. Preciso organizar minhas idéias. Preciso ficar sozinha. Preciso apreciar meu tempo e meu silêncio. Preciso pensar nas minhas coisas, fazer minhas coisas. Ler meus livros, ver minhas séries. Preciso ficar quieta. E tem sim gente bem agradável do meu lado. Mas as pessoas que estão ao meu lado sempre são muito mais agradáveis justamente porque me dão espaço. Algumas não entendiam no começo e aí precisou passar um tempo até que se acostumassem com meu jeito. Outras já vieram perfeitas e sempre exerceram o simples ato de me deixar em paz por um tempo por conta própria. Eu explico: gosto sim, de sair, de conversar, de baladar, de sentar no bar e jogar conversa fora, de fazer quitutes em casa e chamar os amigos. Tem gente no mundo que realmente me faz bem. Mas a maioria das pessoas têm o hábito de ligar sempre. Toda hora. E falar horas no telefone. E me procurar. E falar o dia todo no msn. E correr atrás, e me chamar pra sair todo dia. E se ligam e eu não atendo, elas deixam recado. Elas ligam de novo. Elas mandam mensagem. Elas perguntam pro porteiro. E ligam, ligam, ligam. Vinte e oito chamadas não atendidas. E quanto mais ligam, menos eu atendo. Algumas pessoas gostam tanto da gente que fazem com que nos tornemos essenciais. Necessários. Sem você não vai ter graça, entendeu? Se você não ficar sabendo a-go-ra o que me acabou de acontecer desesperadamente, não é a mesma coisa.
Eu não gosto de ser essencial. Não gosto de ser necessária. Claro, às vezes é bom. Claro que gosto de me sentir querida. Mas ser querida é diferente de ser essencial. Ah, a festa não vai acontecer se você não vier. Pô, que bom. Cancela aí então. Porque isso vai total de encontro a duas coisas que eu não nasci pra ser: necessária e estrela. Não, eu não vou. Eu gosto de gente que sai hoje comigo, a gente vai, fala abobrinha, dá risada, se diverte, conversa pacas. E aí amanhã eu vou querer ficar na minha porque mano... eu já falei tudo o que tinha que falar pra você ontem. Sabe? Não força o assunto. Eu odeio gente que me persegue. Fica na sua, espera criar o clima de novo. ESPERE QUE EU TENHA SAUDADES DE VOCÊ. Eu não sou esse monstro assim que hoje sai com você e amanhã me deixa que eu quero dormir. Quer dizer, talvez eu seja. Mas sabe, tem gente que eu tenho assunto todo dia sim. Porque tá no clima. Porque é uma pessoa próxima. Porque tá sabendo da pegada de ontem, da de hoje e eu vou querer contar a de amanhã. Mas a maioria das pessoas não. A maioria das pessoas se encaixa no esquema de 'vamos combinar pra sair um dia'. Vamos, claro. Mas nesse um dia eu vou te contar resumidamente o que foi que aconteceu e pronto. Acabou o assunto. Vamos marcar mês que vem agora!
Eu preciso do meu espaço. Preciso que as coisas aconteçam pra eu te contar. Preciso me relacionar com outras pessoas. Porque as pessoas têm características diferentes e eu gosto de diversificar. E se, vejamos, por acaso do destino... eu permitir que a pessoa passe longo tempo ali compartilhando cada passo da vida dela comigo... eu sei bem onde isso vai dar. Ela vai querer que EU compartilhe cada passo MEU com ela. Porque é uma coisa mútua, as pessoas querem falar.. e ouvir! E se eu te disser que alguém nesse mundo sabe tudo sobre a minha vida.. estarei mentindo feio. Eu seleciono muito bem o que vou contar e pra quem vou contar. Sou quieta e só falo o que quero, quando quero e pra quem quero. E mesmo assim, muitas vezes me arrependo. Porque as pessoas são espaçosas. Invadem o espaço delas e o alheio. As pessoas querem saber, querem pensar, querem opinar, querem fofocar. Querem ter assunto sobre a sua vida pra falar com os outros. Querem comparar a sua vida com a delas e concluir que a delas é melhor. É uma troca de informações: eu te conto tudo sobre a minha vida porque é um livro aberto mesmo e eu não consigo colocar o rabo entre as pernas e ficar quieta porque eu nasci com a língua maior que a boca, e você me conta tudo sobre a sua vida pra eu saber porque sou curiosa e ainda vou sair falando para os outros. Simples assim. E fatalmente invadem o espaço que eu guardei pra mim.
Não. Eu sou reservada e preciso do meu espaço. E te digo que, além de tudo, se a pessoa está ali, todo dia, no meu caminho, de boa mesmo, sem fazer fofoca e falar da minha vida... um belo dia... eu vou enjoar. É. Eu enjoo de pessoas. E não adianta nem dizer o contrário porque é verdade. Já teve namorado que pediu pelamordedeus que eu não enjoasse dele. E demorou, mas aconteceu. Tinha hora que eu não aguentava mais ele falando as mesmas coisas. E ele começava a fazer a piada e eu terminava. E se as pessoas normais, as que escolho pra viver comigo me cansam, imagine esse pessoal bonzinho. Já falei que povo frufru é lindo mas bem longe de mim. Eu gosto é de gente louca. Gente que diz o que pensa e que se dane o que você vai pensar. Gente pirada, gente maluca. Gente que surta num dia e no outro tá tudo lindo. Vide meus links do blog. Não, ninguém ali é normal. Nem a Anna, tão novinha. Essa menina tem futuro no mundo da doideira, vai por mim. E ontem eu incluí mais duas pessoas, hoje eu estava dando uma lida em uma delas e a pessoa termina o post dizendo que na outra vida foi Judas fazendo hang loose com Jesus preso na cruz. E então eu pensei que puts.. acertei em cheio com o novo link. É exatamente o tipo de gente que eu quero ler todo dia.
Mas eu comecei a falar sobre espaço pra chegar justamente nessa parte do enjoar. Ninguém escapa, sabe? Tudo que é demais enjoa. Como aquele pote de chantilly que comi todinho inteiro de uma vez quando era criança. Enjoei. Por mais que a gente goste de alguma coisa... se comer muito vai enjoar. E há enjoos e enjoos (enjoei dessa nova regra ortográfica já). Eu já enjoei há séculos da voz da minha mãe e do barulho que meu pai faz quando pisa no assoalho. Já enjoei dessa ou daquela amiga por causa desse ou daquele jeito que faz ou diz alguma coisa. Mas algumas pessoas são como arroz e feijão. Que você come de segunda a sexta e daí no fim de semana vai comer macarrão porque enjoou. E aí por mais que passe a semana seguinte comendo só sanduíche, vai chegar o dia que você precisa desesperadamente comer arroz e feijão de novo, porque nada mais vai te satisfazer tanto e ser tão prazeroso como um prato de arroz e feijão. Tem gente que é arroz e feijão na minha vida. Essencial, mas não diariamente. Assim como eu quero ser na vida delas. Querida, porém não vital.
Mas tem gente que é um pote de chantilly. Extremamente bom na primeira colherada. E na quinta você já está verde de enjoada. E eu devo dizer que a maioria das pessoas pra mim é chantilly. Branco e docinho no começo. Mas eu não vou aguentar comer tudo de uma vez e vou botar na geladeira. Daqui uns dias estará mole, amarelo, aguado e amargo. E eu vou simplesmente jogar fora pra desocupar espaço pra colocar aquela alface nova que comprei. Alface, derivado de arroz e feijão. Sacou?
Ontem eu estava na aula de dança que tanto amo. Sentada, esperando acabar a aula anterior à minha. E analisando as pessoas. E então reparei que o que eu achava de todos logo quando eu entrei na aula, mudou. Antes eu via todo mundo feliz, um ambiente descontraído, onde as pessoas iam mesmo pra se divertir. Que clima bacana. Que gente animada. Ontem eu só sentei e vi um bando de chantillis. Gente que faz aulas há, sei lá, uns 10 anos. As mesmas aulas. Com os mesmos passos. Mesmas músicas. E mesmo assim fica lá no 'um, dois, três, vira'. Sabe? Coisa de retardado. Meodeusdocéu que você está lá há séculos e ainda precisa repetir isso? Eu, que cheguei agora, não preciso fazer isso! A aula de dança, antes feliz, me mostra agora pessoas exibidas. Que precisam que alguém olhe para elas e diga 'nossa, mas você é sensacional', como fazem os alunos do iniciante, que ainda não os conhecem. Hoje eu estou no mesmo nível de quem faz aulas há 10 anos e aprendo todos os dias as coisas que eles ainda não conseguiram aprender. E eles ainda têm a capacidade de olhar pra mim e dizer que errei, o que mostra claramente que o ensinamento lááá de trás sobre 'se a dama errar foi o cavalheiro que conduziu errado' foi para o brejo. Hoje eu olho e vejo pessoas que querem forçar amizade. Não naquele sentido que a gente conhece, de avacalhar a coisa quando se já é amigo e tal. É forçar mesmo. É impor. Como assim eu sou amigo de todo mundo do ambiente menos seu? E então eu sou obrigada a ouvir coisas que nem meus amigos falam, porque me conhecem e me respeitam, de um bando de velho que acha que tem intimidade comigo. Que acha que pode invadir meu espaço, meu silêncio, minha seriedade. Que acha que pode me falar o que quer, abusar da minha inteligência e da minha educação. Que acha que pode me dizer o que bem entende que saia daqueles cérebros cheios de gosma. E que ainda acha que eu vou rir. Agora eu me vejo na aula de dança, se não estou correndo do cara novo porém infantil, que se sentiu rejeitado quando eu não quis beijar aquela boca torta e cheia de baba e se deu no direito de me dizer grosserias quando eu quis DANÇAR (oi? quem não beija não dança? tá integrado??) com ele, estou correndo do velho que se achou no direito de me sondar sobre ter namorado e pedir descaradamente a minha lista de exigências pra ver se se encaixa nos meus pré-requisitos para tal enquanto passava sutilmente a mão enrugada e cheirando a carne passada nos meus peitos assim, como quem não quer nada, em um movimento errado na dança toda que opa... eu achei inocentemente que estávamos lá pra isso. Para DANÇAR. Ou então estou eu nos braços de outro velho, dessa vez japonês (japonês já nasce se achando com o cérebro da cocada preta, talvez pra compensar o pinto que pouco pia) que sonha que nem Carlinhos de Jesus dança melhor que ele e que eu deveria fazer reverência e dizer amém enquanto ele faz piadas sem graça que me fazem ter vergonha alheia por qualquer oriental dito inteligente que escute aquilo. Ou então - veja bem quantas opções boas em uma mesma aula - o outro japonês, dessa vez não velho, mas tutancamon-morreu e esqueceram de enterrar, que além de pensar que nasceu encarnação de John Travolta em Embalos de Sábado à Noite (eu sei que o John Travolta não morreu, mas ele deve confundir com o Lennon) acha mesmo que sabe supimpamente todos os passos dele E OS MEUS, o que me faz concluir que esse facão é escumadeira.
A aula de dança é ótima. Eu adoro dançar. Apesar de achar que ultimamente anda meio puxado e corrido, que não está dando tempo de curtir porque é difícil e todo dia tem muitos passos novos que preciso prestar muita atenção e me concentrar pra não errar, adoro ver que aprendi as coisas novas, por mais difíceis que sejam.
Mas eu não aguento mais aquelas pessoas. Sério.
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
O glamour do elevador
Até 1 ano atrás eu não sabia toda a complexidade que existia em um simples elevador. Pra mim era só uma coisa que ia e vinha e pronto. Como essa coisa de ter blog também. Pra quem não entende do assunto, é só uma página virtual que você vai lá e escreve o que pensa. Ô engano. Mal sabem que o mundo bloguístico é pequeno e que aquela pessoa que você lê ali e pensa que nunca viu mais gordo, de repente... é conhecido do conhecido do seu conhecido. E que, por um acaso, já fez tal coisa com o conhecido do fulano. E aí de repente você se vê no mundo ovo da internet, cheio de intrigas e redes de conexão e amizades e fofocas que só quem está diretamente envolvido entende. Não, a internet não é uma coisa anônima. E você também não está falando com gente desconhecida. E essa maluca que vos escreve... pode ser uma pessoa que trabalha com você. Ou que almoça no mesmo lugar. Ou amiga da sua irmã mais velha. Ou que você cruzou na rua outro dia. E se eu não dei a mínima quando você passou ou fiz cara de poucos amigos... é, era eu mesma.
Então que faz um ano que passei a descobrir o mundo mágico do elevador. Que eu já peguei muitos na vida sim, mas só em ambiente profissional. Há um ano eu pego o elevador pra sair e chegar em casa. E é diferente. Porque se o elevador está no seu ambiente de trabalho, supõe-se que você mantenha a postura dentro e fora dele. E que quando você está esperando para pegá-lo ou acaba de sair.. você continue com aquela mesma cara de nada que a gente faz enquanto está trabalhando. E espera-se que você saiba que, enquando está dentro do elevador da empresa, não está num mundo à parte onde pode dizer o que bem entender. Não, você continua na empresa. E nunca se sabe quem é a pessoa ao seu lado que está ouvindo o que você diz. Enfim.
Morar num prédio com elevador significa que você precisa se arrumar mais. Porque quando você mora em casa, se sair de chinelo de vovó e avental (deus!) lá fora pra levar o lixo ou fechar o portão enquanto alguém sai... é normal. E pode passar quem for lá na rua, até mesmo um ônibus lotado enquanto você está descabelada e de pijama... que pra você é normal. Ninguém está te vendo. Você está invisível. No território da sua casa você é invisível. E aquele chinelo de dedo e meia que você está usando também está invisível. Simples assim. Mas morando num prédio... vai levar o lixo de pijama, vai. Vai checar a caixa de correio com aquela sua camiseta furada e confortável que você tanto ama. Vai! Eu te digo o que acontece: bem nessa hora, em toda a falta de probabilidade possível da vida.................... aquele seu vizinho GATO vai entrar no elevador. E vai dar de cara com você. Descabelada e de chinelo de dedo. Vai dizer que chinelo de dedo pra você é normal? Não sei, pra mim não é não. Meus pés são lindos, mas meio que me incomoda alguém olhando pra eles. Sou tímida nos pés, não sei. Ainda mais no elevador, onde quando você tem uma companhia agradável e não quer que vá embora, 22 andares passam em um segundo. Agora experimenta estar apertado pra ir no banheiro, pra você ver como 22 andares parecem mesmo uma eternidade. Então. Alguém olhando para os meus pés bem acomodados em Havaianas cor de rosa por 22 andares... demora mais ou menos umas 2 horas pra passar.
Daí é aquele dilema. De repente você está em casa, num domingo preguiçoso, fez lá uma gororoba supimpa pra comer e acabou aquele leite e você jogou no lixo que puf, encheu. E aí eu penso que na área de risco dos bancos eles devem ensinar algo do tipo no treinamento: você corre o risco de sair pra tirar o lixo com esse seu moletom amassado e o cabelo desgrenhado, descer 22 andares, jogar o lixo lá e subir mais 22 andares..... sem encontrar alguém? Não precisa necessariamente ser o vizinho gato, eu não gosto que ninguém me veja desgrenhada no elevador. Tem gente que sai de manhã pra trabalhar tirando remela e arrumando o cabelo com cuspe. Tem gente que sai abotoando a camisa. Tem gente que sai mastigando o resto do café da manhã. E eu lembro um dia há muitos anos atrás que saí de casa terminando de comer um pão e a minha mãe me esperou voltar pra dizer que isso não é jeito decente de se sair na rua, muito menos quando um namorado me espera. Eu não tinha visto nada demais de sair terminando de comer um pão. Mas hoje eu vejo.
E aí pra levar o lixo pra fora eu vou lá e troco de roupa. Penteio o cabelo. Passo desodorante. Boto um tênis. Mas às vezes eu tenho preguiça da parte do tênis e vou de chinelo mesmo. E aí eu encontro alguém no caminho que encara meus pés como se fossem a última maravilha da face da Terra. E então me arrependo de não ter colocado o tênis. Não têm nada mais interessante pra olhar no elevador, meodeusdocéu? Já tentaram decorar o número das bolinhas do braile de cada andar, será? Ou meu pé é mais encantador?
Fato é que você nunca sabe quem vai encontrar ou o que vai acontecer no elevador. Às vezes me arrumo toda e saio me achando tchutchuca e não encontro nem uma viva alma no caminho. Às vezes eu encontro. Alma, mas viva nem tanto (segurem o tchan, isso é assunto para outro post). Às vezes saio pra trabalhar de jeans e camiseta e o elevador para em vários andares onde só entra gente vestindo roupa social e eu me sinto a criatura mais mal arrumada do ambiente. Às vezes saio de salto alto e com ar de mulher fatal e daí é bem nesse dia que só entra criança. Mas um dia Murphy pode estar ao meu lado e neste dia fatídico posso estar arrumada de acordo com a oportunidade que me espera atrás daquelas portas cinzas do grande mundo surpresa do elevador... e aí tudo pode acontecer.
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Cria do papai
Meu pai sempre fez questão de que eu fosse independente. Não tinha essa de pedir pra buscar na escola. Ou era a perua escolar, ou eu que me virasse. Choveu, ventou, machucou o pé? Problema seu. Tinha aquela prova ferrada que todo mundo ia tirar zero? Você só estuda nessa vida, que faça direito. Professor particular é um item que nunca fez parte da minha vida. Levou a blusa? Se não levou vai passar frio. Esqueceu o lanche? É bom que emagrece. Vai sair? Que bom. Que? Alguém levar? Buscar? Esquece. Eu sempre acordei antes das 6h da manhã pra ir pra escola e sempre fui eu que fiz meu café. Leite com nescau, pra ser mais precisa. Não tem pão? Vai buscar. Eu que não ia madrugar mais ainda pra comprar pão, então sempre fiquei satisfeita com o meu leite. Sempre arrumei minha cama antes de sair. Com a luz apagada e sem fazer barulho, pra não acordar os outros moradores da casa. Sempre fiz minhas refeições sozinha. Não importa qual, desde pequena eu acostumei a comer sozinha. E companhia nessas horas nunca fez diferença na minha vida, afinal eu aprendi assim. Minha mãe me ensinou a cozinhar cedo e ai do dia que eu resolvesse queimar ou passar do ponto alguma coisa. E me ensinou também a cuidar da casa e das roupas, essas sempre naqueles dias de 'eu não vou mais lavar nem passar a sua roupa!' que todo mundo presencia um dia. Aprendi, além de me virar sozinha, a cuidar do meu irmão. E se pensarmos bem a respeito disso eu posso dizer pra vocês que já fui mãe. Porque cuidar de um irmão 10 anos mais novo nos faz mães.
A iniciativa de voltar da escola de ônibus foi minha, a de procurar o primeiro emprego também. Vestibular, faculdade, ônibus que tenho que pegar, estação de metrô que tenho que descer. Eu. E aí eu aprendi a me arrumar e a andar pela cidade mesmo sendo a pessoa mais perdida da face da Terra. Aprendi a namorar, porque se todas as outras coisas eu aprendi sozinha, imagina isso que ninguém precisa ensinar. E então meu pai se preocupou em saber se eu já tinha aprendido a me cuidar. Não tanto no sentido de usar camisinha e tal, porque essa parte da vida ele acha que já veio inserido um chip em mim desde que nasci - era óbvio demais pra ensinar. Mas no sentido de não ser capacho, não ser maltratada, não ser mandada. Aprendi com ele a não ser dependente de homem nenhum. Com meu pai, e não com a minha mãe - porque eles são casados há 30 anos e ela nunca foi desse tipo de mulher que queima o sutiã e levanta a plaquinha do feminismo. Aprendi com meu pai. Fato curioso e que me faz pensar se, justamente por ser homem... ele tenha feito isso porque é prova concreta de que não devemos depender deles.
Aprendi a dirigir, mesmo sendo total fora do meu interesse na época - porque eu tinha um namorado que me levava pra cima e pra baixo. E aí meu pai entrou na história com aquele velho ar de 'você, garota do papai, vai dirigir melhor que todas as outras mulheres, porque você é minha filha e é lógico que é capaz'. E fui. Sabendo que chantagem emocional desse tipo - uma ameaça de decepção se você não conseguir - é ainda pior do que qualquer raiva. E consegui bem.
Com meu pai aprendi a jogar xadrez e a ter ar superior, seja jogando War ou na vida mesmo. Aprendi a fazer cara feia. Aprendi a calibrar o pneu sem precisar de ajuda. Aprendi a matar minhas próprias baratas. Aprendi a ter um seguro auto mulher e a pagar pra trocarem o meu pneu se não quiser esperar o seguro chegar. Aprendi a entender de finanças e a fazer mudança sozinha. Aprendi a passar massa corrida na parede. A trocar a lâmpada e a resistência do chuveiro. Aprendi a não olhar pra os lados quando ouvir um psiu na rua. Aprendi a controlar meus medos e sentimentos. Aprendi a não demonstrar fraqueza. Aprendi a não chorar. Aprendi a controlar meu dinheiro, minha vida. Aprendi a controlar a mim mesma. Aprendi a não precisar de ninguém.
Passa bem longe de minhas intenções esse negócio de pegar desesperadamente um cara qualquer, como vejo muita gente por aí fazendo. De mostrar que tou namorando. Tem gente que pega um infeliz qualquer que tava passando e mesmo sendo desdentado e vesgo, dá a mão e vai passear no shopping pra mostrar que namora. Ou dar pra um cara que te come e te usa o tanto que quiser enquanto você sonha que ele vai se apaixonar pelos seus lindos fundos e querer casar amanhã e você está até pensando no nome dos filhos que terá com ele já. Ou ainda aquela situação que a gente tá careca de saber, que a mulher é amante e sonha lindamente com o dia em que o cara vai largar a família dele pra ficar com ela. Falta de amor próprio total. Ô burrice. Aprendi a não precisar manter aparências. Aprendi a dar valor ao que eu sou e ao que eu quero, antes de pensar em mostrar alguma coisa pra alguém. Aprendi que antes só do que respirar fundo e contar até 387 enquanto tento sorrir para uma pessoa ao meu lado que me irrita profundamente.
Eu sou independente e me orgulho disso. Se eu quiser eu vou, faço, pinto, bordo e danço Can-Can, sem precisar de ninguém. Mas se eu não quiser, não vou e pronto. Esses dias eu não conseguia abrir uma garrafa de vinho e a amiga sugeriu que fôssemos pedir para o porteiro. Que mané porteiro, minha gente!! Eu ia conseguir sozinha nem que fosse quebrando a garrafa, mas ía! E consegui, claro. Porque eu sou foda, lógico.
Nesse mundo em que mulheres são criadas para viver sozinhas e que meninas pequenas fazem cara feia em resposta à palavra casamento, nada mais é como era antigamente. Os homens não precisam mais se esforçar para ter uma mulher, agora eles precisam é correr. Porque o que chamam de atitude pra mim soa a 'quem pegar primeiro ganha'. E mesmo assim ganha só por hoje ou por alguns minutos, porque no tempo seguinte alguém pode ganhar a corrida do ovo na colher na sua frente, porque além de fazer em menos tempo a pessoa ainda pode vir assoviando tico tico no fubá.
Hoje o sexo frágil é o homem, que mal consegue administrar uma única mulher. E os que conseguem se sentem frustrados por ter só uma enquanto a oferta de mercado feminino pulula feito pipoca na panela pequena. E cabe a nós, mulheres, a sensação de sempre desconfiar. Mentira que esse cara está só comigo se todo o resto da masculinidade do mundo tem pelo menos meia dúzia. Desconfiança que dá lugar a mimo e a tratar um cara como se estivesse num pedestal, porque se esse cara tem só você com tanta mulher pululando, minha filha.... dê ouro em pó na boquinha pra ele comer.
Tudo isso pra dizer que eu, ontem, estava lá toda calma na aula de dança e parei pra pensar que a dança é o único lugar hoje em que as mulheres são frágeis e cuidadas e os homens são fortes e machos que coordenam tudo e fazem com que tudo saia perfeito e que não precisemos nos preocupar com nada. E então que aprendemos um passo novo no pagode que se chama cambrê. Consiste de uma posição que o cavalheiro joga a dama para trás e a segura pelas costas e cabeça. E então, debaixo das orientações do professor de 'segurem na cabeça da dama, não no pescoço, não no ombro. Porque só segurando na cabeça vocês as protegem de um impacto na coluna que causa princípio de asfixia e elas podem morrer.'
Tá que eu tenho que deixar um homem qualquer me segurar na aula de dança. Zelar pela minha vida, pra ser mais franca. Me soltar nos braços de um cara que eu não sei de onde vem nem pra onde vai e nem se tem interesse em me proteger. Nem se consegue, nem se tem capacidade, nem se alguém já ensinou pra ele o que é uma coluna cervical. Nem se ele sabe onde é a minha cabeça. E eu, que sempre fui autosuficiente... não gosto da experiência de colocar a minha vida nos braços de um homem não.
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
Sobre felicidade momentânea
Já falei aqui e todo mundo já está careca de saber que a música é capaz de mudar o humor das pessoas assim, em três minutos. Normal. Normal a gente estar borocoxô e daí de repente tocar uma música no rádio que nos faz felizes. Normal colocar pra tocar aquele cd riscado que você ama muito e daí sair cantando e dançando desesperadamente pela casa - ou pela rua, se vc tiver um ipod ou mp3, ou um carro com som. E é por isso que a gente tem bandas e cantores favoritos. Pra se sentir bem quando ouve uma música. Ou mal, se o seu vizinho gostar de pagode e tocar alto domingo de manhã. Ou se você é neurótico (como as minhas amigas) e se incomoda com um carro na rua que passa com o som levemente acima do normal. Música está aí pra mudar o nosso humor.
Mas hoje eu vinha no carro pensando na vida, e então que tocou Viva La Vida, do Coldplay. E aí de repente os meus problemas não eram mais tão grandes. O mundo podia estar acabando sim, mas eu ia ali pegar uma porção de pães de queijo acabados de sair do forno, rechear com muito requeijão e comer tudo acompanhado de um bom café fresquinho ali sentada ao sol assistindo tudo acabar. Nada era mais tão importante quanto o dia lindo que estava fazendo e a brisa que batia levemente no meu rosto.
E então eu fiquei pensando. Coldplay nem entra na minha lista de favoritos. E eu devo ter ouvido, sei lá, umas duas ou três músicas deles mas nem sei identificar. É uma banda que pra mim não fede nem cheira, sabe? E aí é engraçado como uma banda assim tem uma música qualquer lá que seja capaz de fazer com que eu me sinta tão bem. É igual Beautiful Day, do U2. Um dia tocou, e eu estava virada e ainda ia direto trabalhar. Mas estava na avenida Paulista, que eu adoro. E eram 6 horas da manhã de um domingo e não tinha ninguém na rua. E aí, naquela imensidão da avenida mais famosa de São Paulo, inteirinha só pra mim, eu vi o sol nascer. E me senti imensamente feliz.
Ai que post frufru. Voltarei à realidade agora. Beijo.
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