quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O glamour do elevador

Até 1 ano atrás eu não sabia toda a complexidade que existia em um simples elevador. Pra mim era só uma coisa que ia e vinha e pronto. Como essa coisa de ter blog também. Pra quem não entende do assunto, é só uma página virtual que você vai lá e escreve o que pensa. Ô engano. Mal sabem que o mundo bloguístico é pequeno e que aquela pessoa que você lê ali e pensa que nunca viu mais gordo, de repente... é conhecido do conhecido do seu conhecido. E que, por um acaso, já fez tal coisa com o conhecido do fulano. E aí de repente você se vê no mundo ovo da internet, cheio de intrigas e redes de conexão e amizades e fofocas que só quem está diretamente envolvido entende. Não, a internet não é uma coisa anônima. E você também não está falando com gente desconhecida. E essa maluca que vos escreve... pode ser uma pessoa que trabalha com você. Ou que almoça no mesmo lugar. Ou amiga da sua irmã mais velha. Ou que você cruzou na rua outro dia. E se eu não dei a mínima quando você passou ou fiz cara de poucos amigos... é, era eu mesma.

Então que faz um ano que passei a descobrir o mundo mágico do elevador. Que eu já peguei muitos na vida sim, mas só em ambiente profissional. Há um ano eu pego o elevador pra sair e chegar em casa. E é diferente. Porque se o elevador está no seu ambiente de trabalho, supõe-se que você mantenha a postura dentro e fora dele. E que quando você está esperando para pegá-lo ou acaba de sair.. você continue com aquela mesma cara de nada que a gente faz enquanto está trabalhando. E espera-se que você saiba que, enquando está dentro do elevador da empresa, não está num mundo à parte onde pode dizer o que bem entender. Não, você continua na empresa. E nunca se sabe quem é a pessoa ao seu lado que está ouvindo o que você diz. Enfim.

Morar num prédio com elevador significa que você precisa se arrumar mais. Porque quando você mora em casa, se sair de chinelo de vovó e avental (deus!) lá fora pra levar o lixo ou fechar o portão enquanto alguém sai... é normal. E pode passar quem for lá na rua, até mesmo um ônibus lotado enquanto você está descabelada e de pijama... que pra você é normal. Ninguém está te vendo. Você está invisível. No território da sua casa você é invisível. E aquele chinelo de dedo e meia que você está usando também está invisível. Simples assim. Mas morando num prédio... vai levar o lixo de pijama, vai. Vai checar a caixa de correio com aquela sua camiseta furada e confortável que você tanto ama. Vai! Eu te digo o que acontece: bem nessa hora, em toda a falta de probabilidade possível da vida.................... aquele seu vizinho GATO vai entrar no elevador. E vai dar de cara com você. Descabelada e de chinelo de dedo. Vai dizer que chinelo de dedo pra você é normal? Não sei, pra mim não é não. Meus pés são lindos, mas meio que me incomoda alguém olhando pra eles. Sou tímida nos pés, não sei. Ainda mais no elevador, onde quando você tem uma companhia agradável e não quer que vá embora, 22 andares passam em um segundo. Agora experimenta estar apertado pra ir no banheiro, pra você ver como 22 andares parecem mesmo uma eternidade. Então. Alguém olhando para os meus pés bem acomodados em Havaianas cor de rosa por 22 andares... demora mais ou menos umas 2 horas pra passar.

Daí é aquele dilema. De repente você está em casa, num domingo preguiçoso, fez lá uma gororoba supimpa pra comer e acabou aquele leite e você jogou no lixo que puf, encheu. E aí eu penso que na área de risco dos bancos eles devem ensinar algo do tipo no treinamento: você corre o risco de sair pra tirar o lixo com esse seu moletom amassado e o cabelo desgrenhado, descer 22 andares, jogar o lixo lá e subir mais 22 andares..... sem encontrar alguém? Não precisa necessariamente ser o vizinho gato, eu não gosto que ninguém me veja desgrenhada no elevador. Tem gente que sai de manhã pra trabalhar tirando remela e arrumando o cabelo com cuspe. Tem gente que sai abotoando a camisa. Tem gente que sai mastigando o resto do café da manhã. E eu lembro um dia há muitos anos atrás que saí de casa terminando de comer um pão e a minha mãe me esperou voltar pra dizer que isso não é jeito decente de se sair na rua, muito menos quando um namorado me espera. Eu não tinha visto nada demais de sair terminando de comer um pão. Mas hoje eu vejo.

E aí pra levar o lixo pra fora eu vou lá e troco de roupa. Penteio o cabelo. Passo desodorante. Boto um tênis. Mas às vezes eu tenho preguiça da parte do tênis e vou de chinelo mesmo. E aí eu encontro alguém no caminho que encara meus pés como se fossem a última maravilha da face da Terra. E então me arrependo de não ter colocado o tênis. Não têm nada mais interessante pra olhar no elevador, meodeusdocéu? Já tentaram decorar o número das bolinhas do braile de cada andar, será? Ou meu pé é mais encantador?

Fato é que você nunca sabe quem vai encontrar ou o que vai acontecer no elevador. Às vezes me arrumo toda e saio me achando tchutchuca e não encontro nem uma viva alma no caminho. Às vezes eu encontro. Alma, mas viva nem tanto (segurem o tchan, isso é assunto para outro post). Às vezes saio pra trabalhar de jeans e camiseta e o elevador para em vários andares onde só entra gente vestindo roupa social e eu me sinto a criatura mais mal arrumada do ambiente. Às vezes saio de salto alto e com ar de mulher fatal e daí é bem nesse dia que só entra criança. Mas um dia Murphy pode estar ao meu lado e neste dia fatídico posso estar arrumada de acordo com a oportunidade que me espera atrás daquelas portas cinzas do grande mundo surpresa do elevador... e aí tudo pode acontecer.



5 comentários:

  1. Oi!
    Ri demais com seu post... eu moro em casa então acho que sou invisível para sair de casa com minha camiseta gigante com o Kurt Cobain mostrando o dedo do meio e uma calça super skinny laranja berrante. Acho que todos os meus vizinhos já me viram assim, as vezes vou levar coisas p/ minha vó-vizinha usando esse modelito. Invisibilidade é tudo nessa vida, né?


    Beijos

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  2. Nossa, elevadores as vezes irritam. E ficar trancada em um lugar minúsculo com alguém que vc n conhece é constrangedor, hahaha. Além do que, realmente, demoram um século para passar quando vc está apertada para ir ao banheiro =X
    Beijoss

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  3. Ai, eu sei muito bem o que é isso! Amo morar em apartamento, mas se tem uma coisa que me irrita, é ter q pegar o elevador, e estar sempre bem apresentável inclusive pra levar o lixo. Realmente é um saco! E comov c mesma diz....quando a gente tá bem arrumada geralmente não entramos ninguém.
    Seu post me fez lembrar um episódio aqui em casa. Eu estava pronta pra ir a uma festa brega e ia me encontrar com a minha amiga do bloco ao lado, só que a criatura me interfona dizendo pra eu ir até a casa dela pra me ver vestida. Eu saio correndo na esperança de não encontrar ninguém e esse foi o dia que mais encontrei pessoas. É....é sempre assim! Lei de Murphy...rs

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  4. li todos os posts que estavam em atraso (em ordem cronológica) esperando por esse, esperando o acontecimento do elevador.. e quando chego aqui, CADÊ???????????

    (tenho que deixar registrado que eu odeio acentos de palavras)

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  5. Eu sou a mais sem classe do mundo quando se trata de elevadores. Eu sou aquela pessoa que de manhã entra amarrando o tênis, passando batom, guardando as coisas na bolsa, amarrando o cabelo, vida de gente enrolada é assim, emoção nos primeiros minutos do dia. Só não saio de casa comendo porque tenho um sério problema com dentes, não consigo comer e não escová-los logo em seguida.
    Desço de moletom, de roupão, com os cabelos pra cima, tipo gata mesmo. Acho que só faço isso porque não tem nenhum cara bonito por aqui, só mesmo tiozões.
    Uma vez fui pegar um McDonalds lá embaixo com o entregador com minha calça de pijama xadrez, uma blusa listrada que estava em cima da cama, lindos chinelos de quarto, coque no alto da cabeça e dou de cara com um ex-professor de Matemática que tinha acabado de se mudar pro prédio!
    Beijos

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