sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Sobre Tietagem

Daí que eu li lá na Anna trechos de textos tão perfeitos e que vêm tão a calhar no meu momento, que resolvi copiar uns pedaços pra vocês.

Verdade seja dita: sempre achei tietagem uma coisa cafona pra caramba. Nunca entendi aquelas garotas histéricas jogando bichos de pelúcia e calcinha nos palcos, endeusando pessoas que nunca saberão quem elas são, e não estão nem aí pra isso. Sem falar que essa de autógrafos e fotos me soavam muito mais como coisa que se faz quando encontra o Fiuk aos onze anos de idade (Fiuk não é da minha época, então eu chuto o Fábio Assunção, que quando eu tinha uns 15 anos era o maior tchutchuco do momento - e ainda não tinha aquela cara de 'meu próximo passo é engolir pilhas') . Aí que eu vivia pensando em como reagiria se por um acaso um dia encontrasse alguém que eu realmente curto e admiro, se eu teria lá esse meu auto-controle ou se me portaria tal e qual pré-adolescentes que vão pra porta da MTV ficar gritando o nome do vocalista do Restart. Sexta-feira passada tive certeza que, dentre tantas coisas, viemos a esse mundo para pagar a língua, eu principalmente.

Eu nunca fui de tietagem, sabe? Aquela coisa de encontrar artista no aeroporto, no shopping, no teatro. Já encontrei vários, inclusive muitos dos meus favoritos. Mas nunca fui conversar, pedir foto, autógrafo nem nada. Nem quando era criança ou adolescente. Na verdade apesar de achar que artistas são artistas porque o público é fã, e que faz parte do processo e da profissão aguentar o pessoal que chora, baba, pendura e puxa... se EU fosse artista, ia mandar o pessoal pastar. Porque vejam bem, com esse humor maravilhoso que Deus me deu, essa simpatia ímpar, essa meiguice que não tem mais fim e essa doçura incomparável do meu ser... eu ia ser um artista com meia dúzia de fãs só. E dos mais insistentes, daquele tipo de fã que adora sofrer, que vai no show de rock e o cara manda todo mundo tomar no c* e a galera grita AEEEEEEEE!!! Tá. Tem muito fã insistente. Agora já me vi lotando estádios.

Obrigações da vida de artista à parte, eu acho que as pessoas têm direito a alguma privacidade, sabe? Acho que merecem sair descabeladas e remelentas pela rua num domingo de manhã e não ser importunadas. Porque todo mundo acorda sem querer dar bom dia. Por que eles não podem acordar sem querer ser simpáticos com fãs? Sei lá, são humanos também. Estão trabalhando, vão e voltam no avião, aquela coisa chata que você tá sempre sentado viajando e não tem tempo de se jogar no sofá da sua casa com as pernas pra cima e comendo biscoito de polvilho num fim de tarde enquanto a brisa bate. Não sei, acho triste, coitados. Já pensou? E ainda têm que sorrir praquela adolescente neurótica e gritante que chega desesperada arrancando sua roupa e não tá nem aí se você acordou com uma enxaqueca daquelas? Pô, que porre que deve ser isso.

Se eu fosse artista e alguém viesse me dizer exatamente o que eu acho a respeito disso, que os fãs são quem paga a carreira deles e que graças a eles os artistas são ricos e por isso precisam ser gentis com seu público... eu ia responder que, exatamente: eu sou artista e rica justamente porque você é tonto e paspalho por pagar shows e discos e filmes e audiência pra uma pessoa que você nunca viu na vida e que nem sabe da sua existência, mas que seria EXATAMENTE por isso que eu sou a artista rica e você é o fã abobado e pobre, e que você devia recolher-se à sua insignificância de pagador de meus recursos e ir trabalhar pra ganhar mais dinheiro e patrocinar mais minhas coisas enquanto eu fico aqui aproveitando das maravilhas da vida que o seu dinheiro me proporciona. Simples assim.

Eu simplesmente não me sinto à vontade pra abordar alguém no meio do cotidiano. E talvez não tanto por respeito a eles, mas sim a mim. Estou me preservando do olhar de 'quem é você e da onde saiu, criatura' que os artistas olham para os fãs. Olhar de invasão de privacidade, olhar de que você é um pé no saco, olhar de 'inferno, não posso nem comer em paz'. E, sinceramente. Eu sou bem mais que isso. Sou bem mais que um simples olhar de 'você está incomodando'.

Ao encontrar com um artista na rua eu tenho sim, vontade de chegar lá e perguntar e aê, como vai, tá curtindo muito, ouvi aquela sua música tal e achei que os acordes são excelentes e blablabla... mentira. Eu tenho vontade de chegar e conversar sobre futilidades como converso com meus amigos e pessoas queridas, perguntar a comida preferida e convidar pra comer bolo lá em casa. Tenho vontade de encontrar uma pessoa conhecida naquele desconhecido que nunca me viu mais gorda, mas eu o conheço desde sempre, entendeu? Eu o conheço porque ouço suas músicas, vejo suas novelas, leio seus livros, acompanho seus filmes. Pena que aquele grande passo de conhecer-ter afinidade-amizade está sempre tão tão tão longe de se realizar. Então, já que o fantástico mundo encantado de todas as adolescentes insanas não existe mesmo e eu sempre soube muito bem disso... quando encontro um artista na rua eu finjo que não conheço. Não, nunca vi. Quem, novela? Nunca ouvi falar. Você canta? Vixe, nem sabia! Leonardo di Caprio quem? Não, não sei.

Não sei porque você, artista, é reles mortal. É um proletariado que trabalha feito camelo e acha que dinheiro é tudo na vida (é tudo mesmo, mas eu gosto de passar a impressão que não é). Eu que não vou perder o meu precioso tempo pagando de tiete e indo tirar foto com uma pessoa qualquer que nem se deu ao trabalho de fazer a barba e ainda tá pagando de gatão. Eu não, eu tenho mais o que fazer. E então por fora eu saio toda cheia da chiqueza do nariz em pé e insignificância pra quem espera um ataque histérico até do cachorro sarnento que passa na rua.

Sou assim, sempre fui. Discreta, contida, séria. Trinta anos de educação que eu me orgulho de ter. Mas diferente da Anna, eu sempre soube o que me aconteceria quando um dia encontrasse alguém que eu realmente admiro. Alguém que nem sonha da minha existência, mas tocou toda a trilha sonora da minha vida. Alguém realmente importante pra mim, enfim. E então eu vim aqui agora dizer pra vocês que, se me acompanham por tanto tempo, suponho que gostam do meu jeito. Acredito que vocês já saibam um pouco das coisas que eu penso, principalmente sobre ser cor de rosa, frufru e todas as outras expressões que eu uso para pessoas do tipo. Acredito mesmo que vocês tenham acostumado com o meu jeito sarcástico de ser, essa coisa de chamar Deus de rebolation e falar de todos os outros assuntos que penso sem nem me preocupar se depois vão chover comentários anônimos me mandando para o inferno. Acho que vocês já sacaram faz tempo o meu jeito de viver. De pensar, de falar. As coisas que eu gosto e as que não. Então, por vocês......... eu vim aqui avisar que nos próximos 10 ou 11 dias...... eu não vou responder por mim.

Porque como tudo que eu digo, e como tudo que eu penso ou deixo de pensar, agora eu penso que o momento é meu. E que, por alguns dias, eu vou deixar de lado toda a minha sensatez e vou partir pra histeria. E antes que alguém me diga 'ah, então esse é seu verdadeiro eu' eu respondo que não, não é. Pelo menos não totalmente. Eu sou assim e sou assado, sou séria e sou histérica, sou feliz e sou triste, sou água e vinho. Tudo junto e misturado numa coisa só. E que vario minhas sensações e meu humor de acordo com o momento, com o ambiente, com as companhias ou com a lua. Que eu sou como qualquer outra pessoa, que acorda cada dia com humor diferente e não sou perfeita. Que graça teria se eu fosse sempre igual?

Nos próximos dias eu vou deixar aflorar toda a minha tietagem. E vou aproveitar cada segundo do que eu esperei tanto-tanto pra acontecer. E pra você pode ser uma coisa simples ou prolixa, mas eu te digo que pra mim não é e que eu tenho todo o direito de fazer e falar o que bem me der na telha. É meu momento.

E aí eu sei que vou estar lá vendo o Fresno (pra quem não sabe NÃO, SUA ANTA, eu não vou no show do Fresno, eles infelizmente vão abrir os shows do Bon Jovi no Brasil - eu sei, eu sei, é castigo, tou pagando a língua!) mas eu não vou nem ligar, porque dentro de poucos minutos eu vou ver o Jon (não o Jon da Anna, mas o MEU Jon). Maldita hora em que fui criticar as menininhas que acampam na porta da MTV, olha a situação em que eu me encontrarei no momento: vou estar lá de faixinha na cabeça, suando, gritando, chorando e melando, exatamente como eu já falei que sinto vergonha alheia quando vejo toda a galera fazendo porque já que estarei na chuva, melhor molhar de vez. É assim que a gente aproveita um momento único na vida (não, show do Restart não é momento único, não me comparem com esse público de fãs). E então eu só penso que já que eu vou estar lá na frente e pertinho do homem, vai que acontece igual com a Katilce no show do U2. Não digo a respeito dessa coisa de beijar na boca nem nada, (porque pode ser o Bon Jovi lindo e maravilhoso, mas quem me garante que ele escova os dentes direito??), mas no fato de ter um contato maior com seu artista, como a Anna mesmo, que teve oportunidade de trocar alguma idéia com o Jon dela. Sei lá, vai que acontece comigo, vai saber. Se acontecer, além de vocês receberem em casa o convitinho para o meu velório (morrer de emoção, olha que chique!) eu precisaria dar uma desenferrujada no meu inglês né. Vai que o cara bota o microfone na minha boca! Falo o que?? Mas então eu concluí que não. Que eu não conseguiria falar nada. Nem que fizesse um intensivão de uma semana no nível mais avançado da minha escola de inglês. Mesmo assim eu sei que o microfone ia ficar na minha cara e eu ia só conseguir sorrir, sorrir, sorrir, apaixonada, só dentes e bochechas, com um sorriso de algodão doce do tamanho do mundo e só conseguiria pensar, cara, que pessoa mais linda.

Concluindo, lá no show eu já sei que vou deixar aflorar todo o meu 0,05% de histeria. E se passar na tv alguém totalmente fora de si, já aviso - sou eu. Porque eu vou esquecer do resto do mundo, do universo e tudo o mais. E se nesse dia alguém morrer, deixe pra me avisar no dia seguinte. Porque eu não estarei. Não estarei aqui, não estarei em mim. Eu estarei lá cantanto cantando cantando e chorando chorando chorando. Nas minhas músicas preferidas de toda uma vida e também nas mais famosas, que todo mundo sabe cantar e eu tenho um fraco gigante por corinhos em shows.

Então nesse último post com sanidade (quase!) antes dos próximos 15 dias, eu vim dizer pra vocês que podem pular a leitura do meu blog nesses próximos dias que passarão. Porque por dentro eu estou borbulhando de ansiedade. Estou com o famoso tique de balançar a perna, coisa que eu sempre detestei. Sempre me deu nos nervos, o pessoal balançando a perna por aí. Coisa chata. Coisa de gente desequilibrada. Mas hoje a desequilibrada sou eu. E serei mais ainda pelos próximos 15 dias e a partir de hoje tudo só tende a piorar. E eu vim dizer para que vocês tenham paciência. Sou eu sim, lembra? Só deixei aflorar meus 0,05% de histeria por 15 dias só. E vou deixar mesmo porque eu mereço. Todo mundo merece pirar às vezes. Todo mundo merece fugir, descabelar, chorar até soluçar ou rir até engasgar. Tou no meu momento e não vou me conter.

Nos próximos 15 dias, meu blog, meu twitter, meu orkut e meu msn ficarão exatamente assim como eu: insanos. O facebook não porque lá eu só planto e ainda não dá pra pregar uma foto do Bon Jovi em cada vaca ou porquinho da minha fazenda. Mas todos os meus cadastros em redes sociais são parte de mim e demonstram sempre quem eu sou e como sou. Cabe a vocês me entender e, se possível, me aceitar. Ignorem. Finjam que eu não existo. Pulem a lida do meu blog nos próximos 15 dias. Pulem minhas palavras na sua timeline.

Esse post tem a finalidade de avisar os navegantes: nos próximos dias haverá aqui e nas outras redes sociais das quais participo um relato completo (e fotos, músicas e gritos histéricos) sobre minhas peripécias num dos dias mais legais da minha vida, totalmente tiete e histérico, sem economia de caracteres. Se não estiverem afim podem pular direto pros comentários e dizer: "Renata, sua linda, você realizou um sonho!" e pronto. Ou nem isso.

Ataques de histeria remetem a The Beatles. Cool, portanto.


PS: Anna abraçou o Jon dela e concluiu que não podia deixar essa chance passar, ele está na lista dela das cinco pessoas que precisa abraçar antes de morrer e sabe Deus quando - e se - teria uma chance dessas novamente. E aí eu fiquei aqui pensando que nunca tive uma lista de cinco pessoas pra abraçar antes de morrer. Talvez se eu pensar bem, Jon Bon Jovi esteja sim dentre elas, mas não tenho certeza, preciso pesquisar um pouco a respeito. Não sei, Jon tem probabilidade de 90% de estar incluso. Só preciso amadurecer o pensamento porque no quesito abraçar, Josh Holloway ganha no meu critério de indecisão sabe? Encabeça total minha lista. Mas acho que Jon vem em segundo. Talvez. Porque ele é baixinho. E eu vou me decepcionar.

5 comentários:

  1. Ei Rê!
    Vai com tudo, todos tem o direito de pirar ao menos uma vez na vida! E curta muuito esse momento mágico. Eu vou é visitar seu blog em dobro pra curtir esses momentos de insanidade, hahaha.
    E eu também só uso o facebook pra plantar, hahahaha.
    Beijoss

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  2. Ihh guria, eu nunca fui de tietagem, minhas amigas tinham as paredes cobertar pelos poster dos menudos (eca!) e eu ate gostava, ia nos shows, mas parava ai...

    Quando fui ao Rio encontrei trocentas pessoas conhecidas e que sou fã, nem me abalei a olhar muito não. Porque eu penso se eu tenho meus dias de cão as pessoas também tem né rs? Agora se me abalasse também ia querer saber das futilidades... isso sim importa.

    Sabe eu pensei, as 5 pessoas que eu gostaria de abraçar antes de morrer não são famosos não... Seriam:

    - Você
    - Mila
    - Clara-LU
    - Monica
    - E o futuro cara que eu vou amar pra vida toda (to brega guria rs)

    Beijos

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  3. Tava rolando um movimento de não deixarem o Fresno se apresentar.
    Murchou?

    Também não sou de tietar.
    Nem curto autógrafos e tal..
    No máximo uma foto para zuar com os amigos.
    Não comprrendo direito essa coisa de fama.
    Acho meio bizarro!!!

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  4. Enquanto eu lia o blog da Anna, pensei que pouquíssimas pessoas levar-me-iam a tietar também, já que não me agrada muito toda essa histeria. Na verdade, fico sem entender um pouco.
    Só que pelo Bon Jovi, assim como você, eu gritarei loucamente. Porque foi por ele que eu arrombei de vez meu orçamento. Foi nele que fiquei pensando "não posso perder, não posso perder".
    Bjitos!

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