quarta-feira, 22 de junho de 2011

Sobre a minha vibe

Eu sempre fui na minha. Quieta, por incrível que pareça (porque eu sou mulher). Pode acontecer de ter uma rodinha conversando ali na academia sobre a Paula Fernandes que entrou no fim do rodeio depois do Vítor e Léo, que a galera tava toda no esquema e aí chegou a fulana 4 horas da manhã e sentou no balanço. E todo mundo foi embora. Como eu ia dizendo, pode acontecer de ter uma rodinha perto de mim conversando sobre uma coisa assim, banal. São raras as vezes que eu vou pegar a voz da palavra e dizer alguma coisa. Ah, sei lá. Prefiro evitar a fadiga.

Eu fico quieta na minha se não estou a fim de falar. Com as amigas eu até me expresso mais, mas sempre fui mais do tipo que ouve muito e fala pouco. Meu jeito. Eu sempre sei da vida de todo mundo porque as pessoas se aproveitam do fato de eu falar pouco e desatam a rezar o terço do meu lado. SEMPRE. Quando eu vou a lugares do tipo salão de cabeleireira, que eu sei que o negócio é falar pra se enturmar, eu sempre levo alguém comigo que goste de falar. Porque daí a pessoa se enturma lá, fala pelos cotovelos e as pessoas se esquecem um pouco de mim. Eu acho um pé no saco ter que ficar falando sobre assuntos que eu não quero, que quase sempre, são sobre o marido da fulana que pegou a ciclana ou o desempenho sexual do beltrano que deixa a desejar, mas que o fulano, namorado da beltrana, dá bem mais no couro. Ai, canseira. Já quando eu faço festas, já levanto de manhã, boto a minha máscara da simpatia e vou receber os convidados. Mas eu me preparo pra isso. Tipo atleta que se prepara para maratona. Eu sei que se estou dando uma festa é porque preciso ser sociável naquele dia. E então eu desempenho esse papel da melhor maneira possível e todo mundo sai da festa dizendo "Nossa, que moça amor. Eu ouvi alguém dizer que ela era meio mau humorada, mas mentira! Que intriga da oposição, ela é ótima!" Enfim, eu consigo. Consigo ser linda, simpática e conversadeira, se eu quiser. Depois eu vou ter uma leve dor de garganta, pela falta de costume, mas eu consigo.................... só que isso não sou eu.

Eu prefiro só ouvir. Pouca gente sabe das minhas opiniões sobre os assuntos. Na verdade os que me conhecem bem até devem saber, porque apesar de quieta eu sou meio transparente. Fica meio que escrito na minha testa o que eu penso, por mais que queira disfarçar. Mas eu não tenho culpa do fato da sinceridade me dominar, e ao menos me reservo o direito de ser quieta. Ninguém sabe da minha vida. Do que eu ando fazendo. Dos meus relacionamentos, dos meus pensamentos íntimos. Claro que aquela coisa do levantei-trabalhei-fiz mercado-limpei a casa, todo mundo sabe. Mesmo porque eu tenho que ter argumentos e coisas pra contar nas poucas vezes que estou querendo compartilhar da minha vida com alguém. Mesmo assim, são coisas superficiais.

Hoje, e só hoje, tem uma pessoa que tá sabendo o que tá rolando. Só uma. Tá sabendo o que eu estou pensando, tá sabendo o que eu estou sentindo. E parece estar comigo. Parece que eu não estou sozinha. De um lugar que eu não esperava, de repente saiu uma pessoa que parece me entender. Talvez eu me arrependa disso mais pra frente, mas talvez não. Hoje tem uma pessoa na minha vibe. E, por enquanto, está sendo bom.


Achei no Google: VIBE = Vibrações Inteligentes Beneficiando a Existência. Pegou?

7 comentários:

  1. nossa, adorei esse post, me identifiquei bastante até
    principalmente quanto a achar um pé no saco ficar falando sobre assuntos que eu não quero.
    Não entendo a necessidade das pessoas de falar TANTO sobre a vida dos outros...

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  2. Olha, eu quase chorei com a carta. Eu vivo entendendo indiretas de forma errada. Você sabe muito bem.. teve um certo cara aí, com uns certos poemas, e umas certas fotos.. e aí eu já viajo, piro, e depois o que faço? Sento, choro e alugo as pessoas no msn. Portanto, posso estar PIRANDO na batatinha de novo, mas acho que dessa vez não. Dessa vez, acho que posso entender direitinho pra quem foi. E não, você nunca vai estar sozinha. Nunca.
    Amo você!

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  3. Eu já te mandei um email, mas vim aqui dizer, que mesmo com todos as coisas que não nos deixa ter contato direto, que mesmo vc nunca estando on nas parcas vezes que eu entro no msn, eu to super feliz por vc, mesmo, de verdade, sabe há esperança ainda então?

    Feliz de verdade e torcendo muito, afinal amizade independe do quanto a gente se fala é mais empatia!

    Beijos

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  4. arrasou. agarra e não solta mais! assim, em silêncio, mesmo...

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  5. Me identifiquei com o post, Rê. As pessoas também não fazem ideia do que está se passando comigo e a fadiga é a culpada no meu caso também. Mas que bom poder contar com pessoas que nos entendam, que estão na nossa vibe, que estejam perto mesmo sem estar. Beijo!

    P.S: Tava louca de saudades de vir aqui!

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  6. Ah, Rê... Eu poderia ter escrito esse texto. Porque é muito eu, sabe? Acho que de todos que você já escreveu, e olha que eu me identifico com MUITA coisa que leio por aqui, esse é o que eu mais mais mais me identifiquei.
    Dia desses fui na casa de um amigo meu e passei a tarde lá. Eu praticamente não abri a boca, porque ele falava por ele e por mim. E falando coisas mirabolantes, de música clássica até política e revoluções (esse meu amigo é todo cheio das revoluções), e aí no final, quando eu estava indo embora, ele pediu desculpas por ter falado demais e disse que ele não se sente vexado por quem não fala muito, porque segundo ele, quem fala pouco pensa muito, e quem fala demais costuma falar besteira.
    Mas, por outro lado, eu acho realmente bom que você tenha alguém na sua vibe, que te entenda. Porque ficar guardando tudo pra dentro acaba sendo ruim, é preciso colocar pra fora, mesmo que pouquinho.
    Um beijo!

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  7. Oi moça
    Concordo contigo e também assumo a tua posição. Eu sou reservada (reservadíssima)e prefiro mesmo ficar na minha. Mas também não sou de fingimento. Sou simpática quando quero. Não fico esbanjando simpatia e rasgação de seda por ai não, até porque, muita gente nem sequer merece.
    Abraços.

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