Daí que sexta-feira eu saí mais cedo do trabalho. E planejava, apenas, arrumar minha casa. Mas então, que mesmo em tempos de crise de eu-sou-pobre-pobre-pobre-de marré-marré-marré, não deixo de frequentar cinemas/teatros e passeios do tipo, porque eu tenho pessoas à minha volta que GANHAM ingressos e me convidam. Sabe, amor? Eu amo esse povo.
Então que a tia me pergunta se eu estou a fim de ir ao teatro de graça e eu, pessoa difícil e querendo disfarçar a alegria que me dá no momento, perguntei do que se tratava e como chamava. 'Avenida Q, um musical da Broadway.' Ai que chique, minha gente, dá licença que eu tou indo. Depois de xingar, chutar e espernear para o meu guarda-roupa lotado porém sem roupa para a ocasião (porque eu só compro roupa de verão, sabe... no inverno eu sou da turma da blusa de lã, que veja bem, não é nada chique para que pudesse vestir no momento) e, depois de prometer pra mim mesma que daqui 3 meses me acabarei no shopping comprando presentes de Natal pra mim mesma (reparem, será verão! rá!), consegui me desvencilhar da pilha de roupas assassinas e saí ilesa (e de blusa de lã).
O superlegal da coisa é que, eu pensando aqui que teria que resistir à pressão do fundo do coração para não jantar fora (quem sai à noite e volta pra jantar em casa realmente vai além da minha compreensão) porque, como eu já disse, estou pobre-de-marré e a comida em São Paulo deve ser feita de fios de ouro, e já pensando em levar de lanche um sanduíche de pão de forma com queijo branco para mim e para a tia... chego lá e sendo pré-estréia só para convidados, o negócio tinha coquetel de recepção.
Tudo tava muito bem, tudo muito bom, eu lá com a minha taça de champagne, zuzu-bem, depois de ter comido umas bolinhas duras e frias que supostamente deveriam ser quibe, um pão verde com berinjela, uma empada com gosto de frango atropelado... me achei ali no folhadinho de palmito que tinha um gosto di-vi-no de gorgonzola e me acabei. Finamente, porque realmente são nessas horas de comida de graça que o povo se revela. A mulherada com cabelo de escova e roupa de oncinha, zebrinha, cobrinha, vaquinha e girafinha, mais os homens com aquela pompa de 'dá licença que tou arrasando' todos ao redor das mesas, pegando vários salgadinhos de uma vez como se tivessem vindo do Ceará e não houvesse amanhã. Eu realmente acho O FIM esse povo morto de fome que sai enfiando comida na bolsa pra levar pro vizinho ou libera seus momentos de fúria interiores para avançar na mesa de comida de graça mais próxima. Feio, muito feio.
Eu tava lá reparando no zoológico em hora de comida e o ambiente foi enchendo, enchendo, enchendo... e as portas de vidros foram fechadas. Oi? Cê já ouviu falar em gripe suína? Não? Ah, madame de escova que bebe champagne em evento fechado não pega gripe suína? Sei. Eu achei foi um ABSURDO, mais de cem pessoas fechadas em um ambiente de 5 m² sem ventilação e sem espaço pra tirar os pés do lugar. Por algumas horas. E então depois que eu já tinha descabelado o meu bom senso interior, me posicionei ao lado do folhado de palmito com gosto de gorgonzola e relaxei. Se morresse, pelo menos morreria feliz.
Avenida Q é um musical de humor com bonecos. Oi? Antes de entrar eu tava mesmo pensando que me sentiria em show da Vila Sésamo. Um monte de bonecos que eu não conheço, coisa que não é da minha época, feio e chato pra burro. Cantando ainda, salve-se quem puder. Mas o negócio era de graça e pior que aquele Fuerza Bruta dificilmente outra coisa seria. Fui com fé.
A primeira música falava que todo mundo tava na merda mas tava feliz, e a platéia relaxou (todo mundo previa um Vila Sésamo) porque quando a gente se vê na coisa acha engraçado mesmo. E a partir daí eu me surpreendi, porque o espetáculo inteiro é bem legal. Misturando marionetes e a interpretação das pessoas, fica uma coisa diferente. Porque no começo eu não sabia se olhava para o boneco ou para a pessoa que o fazia, mas depois as expressões de ambos são tão iguais que tudo faz parte do mesmo contexto, você é feliz vendo tudo junto e misturado e pronto. E então que eu devo ter passado umas 3 horas lá sentada assistindo (porque teve intervalo e no fim eu saí com a bunda doendo), mas foi realmente um tempo que passou rápido, porque eu gostei da coisa. Mesmo com muitas piadas sexuais (céus, será que precisa mesmo disso pra fazer sucesso?), eu devo dizer que é um espetáculo muito bem feito. O pontos máximos da peça foram o monstro tarado (feito de cobertor, lindo, lindo, vontade de abraçar!) e as pernas da moça. É. Porque ela, franzina, de tic tac no cabelo, menininha, de saia relativamente comprida, passa mais da metade da peça assim (porque assim é o boneco que ela faz), daí de repente incorpora uma prostituta lá e chega de shortinho mini. Sério, implantaram aquelas pernas na pessoa. Não faz parte do resto do corpo. Eu, mulher, que não faz meu tipo ver perna de mulher..... te digo que se você for homem e estiver disposto, vai lá que vai gostar. Já existe colocar silicone na perna, será?
Sei que eu saí pensando em qual seria o valor da entrada para espectadores normais. Mesmo que só na minha cabeça os valores sejam de acordo com a qualidade. Chutei uns 120 reais. Porque era musical da Broadway, porque é longo, porque é bom, porque os artistas trabalham DEMAIS. Me surpreendi agora ao ver o valor: R$ 56,00. Indico, viu? Vale bem a pena.
Postado por Renata às 13:01
è quem é louco de dispensar uma ida gratis ao teatro né!
PArabens pela sua forma de escrever,...muito excelente!
Oi Rê.
Fiquei com vontade de ir. Em teatro a peça está em cartaz ?
Pena que não vai ter coquetel ...
Bjs.
Elvira
Elvira | Homepage | 08.18.09 - 1:52 pm
Eu que preciso ir a um musical uma vez pelo menos.
Bjitos!
Eu imaginei uns 300,00,fiquei surpresa com o preço.
Ganhei um ingresso para o teatro e meu namorado (as vezes chato) não quis ir...e ganhei para o cinema e adivinha??? Fui com a minha amiga da facul rsrs.
Preciso de um amigo bom para me levar agora!!
Adriana | Homepage | 08.17.09 - 6:00 pm
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