Todo feriado, todo final de ano. Desde que a vida ficou mais fácil e que é possível emendar, meus pais viajam. Praquela cidade que se você for sair perguntando, todo mundo é parente meu. Cidade essa que eu não posso chegar lá e ser simplesmente como sou aqui. Não posso sair na rua assim com essa minha cara de poucos amigos. Porque eu posso fazer cara feia pra alguém que é parente meu e eu nem sei. E aí depois eu já sei que vai ser pior pra mim.
Cidade pequena, cidade tranquila. Cidade que se diz bom dia para o vizinho. E quando você acorda e sai descabelada pela sala da sua casa e alguém do quintal do vizinho olha pra você e diz 'oooiii' e você olha pra ela como se fosse uma louca qualquer e continua na sua vida, uma hora você vai ouvir essa mesma louca qualquer falando com a sua mãe algo do tipo 'nooossa, falei oi pra Renata e ela nem respondeu'. Pronto. DA ONDE que a louca da vizinha sabe meu nome, meodeus? Bingo. Parente.
Eu não cresci convivendo com essas pessoas. E sou da comunidade 'desconheço parentes distantes' no Orkut. Mas não sei se é porque são mineiros (oi, você, você e você - eu já disse que amo os uai da vida?? ♪ Boorn to be uaaaii...), se é porque são meus parentes e mesmo sendo distantes têm muitos traços de personalidade que eu reconheço ou se é por toda aquela coisa de doce de leite com queijo branco, quando eu estou lá fico calma. Presto atenção nas conversas das tias-avós, dos primos. De segundo, terceiro, quinto, nonagésimo sétimo graus. E apesar do clima ser bastante diferente da minha terra natal (sou paulistana o-ô, não vivo sem poluição e trânsito iaiá) eu sou feliz lá. Mais ainda porque não faz nem um ano que a minha avó mudou pra lá. E mesmo ela me dando uma caneca de Natal, ainda é minha avó e eu a amo.
É lá que mora a Beatriz. Prima de terceiro grau, Beatriz é uma mocinha no auge de seus 15 anos. Faladeira pelos cotovelos, loirinha, olhos verdes, covinhas e que não gosta de ser chamada de Bia. Beatriz esqueceu de crescer direito e faz vários esportes extra-escolares por indicação médica. Mesmo assim, o máximo de altura que ela vai ter na vida é lá pelo metro e meio. Quem olha a Beatriz na rua acha que ela é uma criança de uns 10 anos, como a irmã mais nova, Mariana. E as moças das lojas oferecem vestidinhos de florzinha e anéis de borboletinha pra ela. Mas ela quer uma calça jeans de marca. Quer um Iphone. Quer trabalhar. Beatriz está na época de pensar o que vai prestar no vestibular. E quem olha de fora nos vê conversando sobre assuntos tão sérios com uma menina tão pequena. Mas é só chegar mais perto e ouvir a conversa que vai saber que a Beatriz já entende não só de assuntos sérios, mas também de sarcasmo e humor ácido. E se ela lesse metade das coisas que eu escrevo por aqui aposto que entenderia muito mais que muito marmanjo por aí.
Alguns dias com a Beatriz me fazem pensar que eu deveria conviver muito mais com ela. Porque é claro que, assim como as primas criancinhas vivem grudadas nela que é mais velha, ela acha muito mais legal estar com gente mais velha do que com as meninas frufrus da idade dela. Beatriz não é frufru. E tem exatamente a metade da minha idade, mas gruda em mim. E apesar de suas preferências de convivência, Beatriz é interessada em assuntos que correspondem à sua idade. E reclamou muitas vezes que ainda não assistiu Eclipse, já que o pai não deixou. E que gostaria de ter os livros de Crepúsculo, pra interagir mais com as meninas.
Beatriz é apaixonada pelo Luan Santana. E quando me contou isso e eu fiz careta, ela logo completou que antes isso que Restart. E eu concordei. "Ele é vesgo mas é lindo!!", ela diz. E então um belo dia Luan Santana foi fazer show na cidade. Em agosto passado. Ela, empolgadíssima, foi com os pais. O pai, razoavelmente importante na cidade, ganhou um ingresso para o camarim. Como Murph existe, um ingresso só para duas filhas histéricas. Beatriz, a mais velha. Mariana, 8 anos, mais nova. Mais mimada. Mais à mercê de todo e qualquer agrado que vier de qualquer um. A mãe pensou em uma boa alternativa: iriam as duas na entrada do camarim e quando a pessoa dissesse que só uma entraria, Beatriz se incluiria na conversa argumentando 'não, porque a minha irmã é menor, preciso acompanhá-la'. E num mundo perfeito, entrariam as duas.
O grande momento de entrar no camarim chegou e lá foram as duas. Quando a mulher comentou que só uma iria entrar e Beatriz abriu a boca pra dizer o combinado, Mariana respondeu: "ah tá, eu vou!" Quando a mulher falou "mas você é pequena, vai sozinha?", Mariana respondeu: "vou sim, claro!!" Deu o ingresso, fez tchau para Beatriz feliz da vida e entrou.
Beatriz olhou, da entrada do camarim, incrédula, a irmã saltitando para dentro. E o mundo dela nunca mais foi o mesmo. Mariana saiu muito tempo depois, sorrindo de orelha a orelha e comentando que Luan era muito bonito e cheiroso. Beatriz respondeu que "claro, ele é vesgo igual você, claro que você ia achar ele lindo!". Depois disso, Mariana pulou e gritou e cantou o show inteiro, a ponto de as outras pessoas do camarote repararem mais nela e tirarem mais fotos dela do que do próprio show. Beatriz ficou no canto. Emburrou, chorou. E esse se tornou o pior dia da longa vida de 15 anos dela.
Da última vez que o babybrother foi pra lá, conversou sobre Guns 'N Roses com a Beatriz. E dessa vez que fomos ela já conhecia uma quantidade considerável de músicas deles. Sabia cantar e tudo. Eu vi aí uma oportunidade de melhorar o gosto musical da priminha e contei pra ela do maravilhoso mundo Bon Jovi de ser. Bon Jovi nunca deixaria ela na mão. Bon Jovi cantaria um trecho de Pretty Woman olhando pra ela, sorrindo de cantinho e mandando coraçãozinho. Beatriz me contou que conhecia Always, a mais famosa. E pediu uma lista de músicas da banda pra baixar e ouvir. Eu, orgulhosa desse sangue do meu sangue, dei. E tudo bem que o babybrother abdicou de um lugar melhor no show e assistiu a tudo do lugar mais longe possível só pra que eu pudesse ficar no melhor lugar do mundo. Por mim, pra mim. Mas eu não comentei com a Beatriz que o meu irmão é melhor que a irmã dela. Mas eu sou muito feliz em ser irmã mais velha do Daniel, e não da Mariana.
Mas Beatriz, a prima mais querida das Minas Gerais da face da Terra, vai aprender. Vai aprender a gostar do que é bom. Vai aprender a ser roqueira. E já pediu um colar de cerejinhas (símbolo de mulheres roqueiras) de presente. E sem nem saber disso. Beatriz tem rock 'n roll na alma e um dia vai olhar pra galera e dizer 'Luan Santana quem?'.
Essa garota tem futuro, sabe? E é minha prima. :~
Ahh, quase morri de dó quando a Mariana entrou sem ela! Irmãs mais novas sabem ser pentelhas.. Mas fiquei muito orgulhosa quando ela disse que antes Luan Santana que Restart! No bom caminho ela já está, só falta ser mais guiada, e você e seu irmão andam fazendo isso, ahahhaha.
ResponderExcluirE que lindinhas as 2!
Beijos
Quem é esse Santana? Isso não era um grupo?
ResponderExcluirO que é que aconteceu com as menininhas fofas que gostavam da Sandy?
Que?
Só eu que gostava da Sandy????
Eu não sou fofa!!! hunfff!!! :/
Que engraçadinha a Beatriz, fiquei com vontade de conhecê-la rs.
ResponderExcluirRealmente ela tem 15 anos, e apesar de já ter uma mente mais madura do que as pessoas pensam, ela ainda esta sem fase de mudança né.
Vai mudar muito ainda, e assim todos com um bom senso nessa Terra torcem para que chegue o dia em que ela agradecerá a Deus por não ter entrado nesse show, feliz com o colar de cerejinha dela ;)
Beijos !
Sei que é tua prima e tal, mas poxa, que sacana a Mariana! Eu ficaria frustradíssima, choraria um mês inteiro se fosse comigo e meu ídolo. Poxa!
ResponderExcluirSei o que é esse xodó com primas mais novas. Tenho uma de oito anos, a Mariana (!), que é meu amorzinho, não vejo a hora dela crescer mais um pouquinho pra gente poder conversar de verdade, já que ultimamente ela só fala de iCarly e pergunta por que eu já tenho quase 17 anos e nenhum namorado.
Primas são uma beleza. Primas mineiras mais ainda, hihi
beijos