domingo, 17 de outubro de 2010

Keep the faith *

ou Sobre o dia mais legal da minha vida - relato completo - Parte 5 de 829

De repente o Fresno entrou. Atrasados 15 minutos, fazia um tempo já que estávamos gritando o nome da banda deles. Não porque queríamos ver o show nem nada, mas porque eles não prestam pra nada mesmo e não podem se dar ao luxo de entrarem atrasados e atrasar o nosso show. Que entrassem logo para sair logo, já que não tinha jeito. Não são estrelas. São Fresno. E só. E então o baterista com a cara simpática sentou na bateriazinha de brinquedo deles (que era exatamente um quarto do tamanho da bateria do Tico Torres, do Bon Jovi) e começou. E então agora eu vou dizer o lado bom da pista premium. Passamos o dia conversando e a visão de todo mundo que falou comigo era a mesma. Fresno estava sendo ameaçado há mais de mês por todos os fãs de Bon Jovi porque foi escolhido pra abrir o show e o público fã não é o mesmo. Bon Jovi tem fãs de 30 a 40 anos ou adolescentes com muito bom gosto musical influenciado pelos pais e que, portanto, não curtem Fresno, cujo público alvo é exatamente os adolescentes. E apesar de muitos protestos na internet, dizem que quem escolheu a banda pra abrir os shows no Brasil foi justamente o Bon Jovi. Por ter tido poucas escolhas (a gente acha que mostraram pra eles o Fresno e o Restart só), por ter dois caras que fizeram cover de Bon Jovi ou porque bandas maiores e com o mesmo público alvo como Capital Inicial ou Titãs se achariam estrelas demais e não iam querer abrir um show ou não ia combinar porque o ritmo não é exatamente o mesmo, o fato é que parece que quem escolheu eles pra tocar foi a nossa banda. E aí nós decidimos lá na fila que não era legal vaiar nem mostrar o dedo, nem ficar de costas nem jogar nada neles. Porque pô, a gente foi ver o Bon Jovi, não a banda de abertura, e pouco importa quem ia cantar lá antes deles. Não precisava curtir nem nada, mas também não seria necessário sermos mal educados. Afinal Bon Jovi é uma banda que não vem ao Brasil há 15 longos anos. Maltrataríamos nossos próprios conterrâneos e daríamos nós motivos para os integrantes do Bon Jovi saírem mesmo pensando que somos todos um bando de macacos de país subdesenvolvido? Não.

A pista premium aplaudiu a entrada do Fresno pra calar a boca deles do recado de ‘fodam-se vocês’ que haviam mandado para os fãs de Bon Jovi. Mas o vocalista entrou sem dizer nada, vomitou cinco músicas mais pesadas (que eu aposto que gravaram só pra abrir esse show) que não acabavam mais e fez o show todo de olhos fechados. Nós batíamos palmas ao fim de cada música mesmo sem termos gostado, mas a nossa educação foi exemplar. O baixista olhava para nós e sorria agradecido, mas o sr. Lucas Fresno-um-dia-vou-ser-fodão-como-bon-jovi continuava de olhos fechados e sem dizer nada. Era o medo escrito na testa. Fez o show como se fosse obrigado. Nós olhávamos pra trás e víamos o Morumbi em silêncio. Quietos. Mudos. Parados, estátuas. Só depois no dia seguinte que eu fui saber: todo mundo mostrou o dedo médio para os caras. E a gente nem viu. Babybrother disse que a arquibancada vaiou. E a gente nem ouviu. Estávamos somente aplaudindo para sermos cordiais e acreditamos que estava tudo bem. O estádio ainda nem estava cheio. Muita gente chegou só depois que o Fresno saiu do palco. Atrás de mim, Nicole, do alto de seus 15 anos, cantava com fervor as músicas deles. Só ela na multidão. Quando o sr.-metido-Fresno anunciou que era a última música (tipo pelamordedeus, eu sei que não tou agradando, essa é a última e prometo que não vai demorar), nós aplaudimos mais ainda. Finalmente. O baixista e o baterista se despediram de nós com olhar de agradecimento. O guitarrista................ tem guitarrista naquela banda?? O Lucas-comi-merda saiu com a frase ‘obrigado pelo respeito” e assim acabou a nossa tortura.

E então o tempo parou naquele momento porque eu não sei o que foi que ficamos fazendo ou falando. Só me lembro de ter reparado que toda a equipe era loira, os caras da iluminação e do som e tal. O irmão do Jon, que organizava tudo no palco e que as meninas morreram de mandar beijinhos. O câmera oficial. A mulherada tava delirando. Como já era de se esperar, as máquinas fotográficas do pessoal da pista premium eram excepcionais. Era proibido entrar no show com máquinas profissionais mas eu aposto que o pessoal da segurança nem sabe o que é isso. Eu via fotos perfeitas e até mais nítidas que a realidade se duvidar. E já tendo planejado comigo mesma que eu não ficaria refém de fotos e filmes porque queria curtir totalmente meu show (e quem tira fotos e filma não aproveita!), já coloquei a minha atual cara de pau em ação e pedi o nome da menina que estava do meu lado, que tinha uma máquina com uns 320 megapixels, pra procurar no Orkut depois e copiar as fotos dela. Fiz bem. A menina tem 500 fotos, de uma máquina sensacional. E valeu a pena tentar lembrar do nome dela durante um dia inteiro, porque com a minha memória de galinha eu precisaria superar minhas próprias expectativas.


5 comentários:

  1. esse show não tinha como ser mais perfeito. cada vez que eu penso que "ok, agora passou, eu posso voltar a ser normal", a coisa toda volta e, em posts como os seus, eu começo a reviver tudo.

    acho que tudo vai ser mais triste agora que acabou...

    ResponderExcluir
  2. Ei Re! Achei mto digno o comportamento de vcs que estavam na pista, afinal, não somos obrigados a gostar, mas a atitude do resto do estádio foi realmente ridícula.
    E esse relato tá uma delícia de ler, sempre fico esperando o próximo capítulo, hahaha.
    Beijos

    ResponderExcluir
  3. Li todos os atrasados, e sabe eu acho que teria a mesma atitude, respeita a bandinha ai e espera, afinal, não custava nada (olha como ando boazinha rs)

    Beijos

    ResponderExcluir
  4. Rê a parte do Fresno foi hilária vendo de cima, como seu babybrother já deve ter te contado. Todo mundo fazendo o tradicional: "ei Fresno vai tomar no ....!" mostrando os dedinhos médios! O som estava horrível e ainda por cima, como as luzes ficaram acesas, parecia que não estava acontecendo um show, parecia mais um ensaio, sei lá. Eu não xinguei nem vaiei (até porque minha irmã curte os caras) e tb porque acho desrespeito. Mas é como eu falei no meu blog: cada um no seu direito: eles no direito de cantar e o povo no direito de vaiar! Agora essa cara de dor de barriga do Lucas, pelamor! Socorro!!!! Rs!
    Ansiosa pelo próximo posto! Beijos

    ResponderExcluir
  5. Achei uma falta de respeito começarem a vaiá-los. Mesmo não concordando com a escolha da banda...
    Bjitos!

    ResponderExcluir