sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Sobre as Novas Meninas

Quando eu era pequena, o negócio era ser rosa. Na escola, as meninas usavam rosa, os meninos usavam azul. Não com relação às roupas, porque o uniforme era obrigatório até nas escolas públicas. Mas falando de material escolar, mochilas, cadernos, lapiseiras. O que era de menina era sempre rosa. As meninas tinham meias cor de rosa. Usava-se arquinhos de cabelo cor-de-rosa. As meninas brincavam de boneca, sempre. Eu, como já falei aqui algumas vezes, ganhava vestidos azuis. E ninguém nem reparava nisso, mas eu achava um saco. Eu também queria ser igual às outras meninas. E minha cor preferida também era o rosa.

Hoje o mundo mudou. Engraçado foi assistir gêmeas fazendo compras de material escolar. Uma queria cadernos da Barbie. A outra dizia simplesmente "não uso cadernos desse tipo. Dá esse do Batman". "Agora eu quero esse aqui da roda da moto, mãe, olha que eixo sensacional.." (me perdi nessa parte. Pra mim era só uma roda e pronto). Uma levou caderno de desenho da Pucca. A outra de um desenho qualquer do tipo Ben 10 da vida. Eu me surpreendi. Engraçado que, por mais que eu quisesse tudo rosa na infância, hoje tenho um estereótipo na cabeça a respeito de meninas e mulheres que pedem tudo rosa (eu acho que elas são todas nhenhenhém demais). Tipo, eu tenho um monte de coisas cor-de-rosa mesmo. Lençóis, toalhas, pijamas. Até meu blog anda rosa. Tenho muito mais coisas cor-de-rosa do que azuis nessa vida. Mas eu sou eu e tive um problema sério de vestidos azuis na infância. Traumatizei e talz. Mas eu sei que apesar disso EU não sou nhenhenhém. Mas me pego meio em dúvida sobre o que pensar a respeito quando assisto cenas do tipo. Engraçado que eu achei normal a menina que pedia material escolar rosa, mas achei estranho a outra que quis cadernos do Homem Aranha. Que saiu no meio da compra porque não podia faltar ao treino de futebol. Duas gêmeas. A da vida rosa, com cabelos compridos e roupa bem cuidada. A do Batman, cabelos curtos e roupa largada.

Então fiquei pensando que não sei, por mais que os tempos sejam outros, hoje o anormal é ter meninas rosas. O normal é ser menina bem resolvida, olhar o caderno preto de super herói e dizer 'nossa, que lindo'. E por mais que eu pense que, que bom, essa menina quando tiver 30 anos não vai ser desesperada pra casar com um cara qualquer que passar e vai fazer cara feia e certamente responder com uma frase bem mal educada quando perguntarem quando vêm os filhos. Isso é mesmo um avanço fenomenal em relação às mulheres da minha idade de hoje em dia. Mas por outro lado... e a feminilidade, onde fica? Não dá pra ter um meio termo, será? O futuro será feito somente de mulheres mais masculinas e homens afeminados (porque é só esse lugar no mundo que vai sobrar pra eles, coitados)?

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Sobre Síndrome do Pânico

Então. Como eu sei que a maioria das pessoas que me lê já sabe que... blablablá, esse é um assunto polêmico, o blog é meu e eu falo o que quiser a respeito e blablablá vou mandar todo mundo pro site da Mônica (vejam que meiguice, eu podia mandar pra outro lugar!)... já sabem, né? Que bom. Para os novatos, eu vou repetir (em 2011 eu prometi ser uma pessoa melhor então vou ser delicada): é um assunto polêmico e mesmo assim eu tenho o direito de dizer o que eu penso no espaço que é meu, não admito comentários mal educados e se você já sabe que vai dar piripaque com minhas opiniões, nem leia. Passeia lá no site da Barbie (isso é o máximo de delicadeza que eu consigo por enquanto, relevem).

Síndrome do Pânico é um negócio que há uns anos atrás eu nunca tinha ouvido falar. Penso muito que ainda bem que o negócio não é mais igual antigamente, que as pessoas furavam as cabeças dos outros pra sair sangue até que o coitado ficasse tonto a ponto de nem sentir mais a doença que tinha antes. Que bom que de lá pra cá a medicina evoluiu a ponto de não ter mais sentido escrever "morte natural" nas certidões de óbito. Mas tudo que envolve psicologia e psiquiatria é um grande mistério e eu não ia servir pra nenhuma das duas profissões.

De acordo com a Wikipédia (pra você ver que eu não sou do tipo leiga que fala merda, eu pesquiso a respeito das coisas antes de dizer a minha opinião), a síndrome do pânico é uma condição mental psiquiátrica que faz com que o indivíduo tenha ataques de pânico esporádicos, intensos e muitas vezes recorrentes. É importante ressaltar que um ataque de pânico pode não constituir doença ou ser secundário a outro transtorno mental. Caracterizado por crises súbitas, sem fatores aparentes e frequentemente incapacitantes.

Han. Daí eu me pergunto: quem me garante que essa pessoa está tendo uma reação não-controlável? Quem me garante que a coisa não é feita racionalmente? Quem me garante que alguém que sai na rua tem lá um piripaque porque quer chamar a atenção? E eu gostaria de dizer que não, nunca vi nada parecido, mas já vi. Aqui, bem pertinho, sabe se lá o que acontece pra alguém fugir de casa e se esconder num banheiro de rodoviária ou passar horas longe a ponto da família entrar em desespero e chamar a polícia ou ter que sair procurando pelo IML. Mas as pessoas voltam. As pessoas voltam a si, voltam pra casa, voltam a ter uma vida normal. Tipo, de repente tá ali estatalado, louco e babando e dormindo com o lixo e no dia seguinte sai pra trabalhar 7h da manhã como se nada tivesse acontecido. Não é tipo louco que fica louco pra sempre e pronto. Não. Então assim: pra mim é frescura. Um belo dia a pessoa quis chamar a atenção. Saiu de casa e deu piripaque, daí resolveu que não ia conseguir sair de casa e todo mundo ficou sabendo. Óh, fulano deu piti ali, coitado. Pronto. Amanhã voltemos à vida normal.

Sabe suicida que sai falando pra todo mundo que vai ali se matar? Que senta no alto do prédio ou na beirada da ponte e PERMITE que alguém socorra? Faz aquele estardalhaço, chama rádio, tv, jornais, parentes, faz testamento e fica de cá gritando 'ó, vou me jogar. eu vou hein. tou indo'? Então. Quem quer se matar não avisa. Morre e pronto e todo mundo só fica sabendo depois.

E acho mais: acho que existem médicos e remédios e tratamentos pra coisa sim (não, eu não sou retardada, eu sei que as pessoas investem nesse tipo de "doença") porque é fácil. Como eu li num livro ali, de um negócio nada a ver: é cômodo você ir no médico com uma doença qualquer. Eles ganham pra isso, claro que vão te atender. Remédios? Farmacêuticos ganham pra isso! É lógico que vai ter remédio até pra dor de cotovelo nesse mundo. Caso que a gente vê tipicamente nos filmes (e deveria ser só nos filmes): gente que vai no médico e não tem nada. Não tem nada mas só fica satisfeito tomando algum remédio. Água, que seja. E aí, pensando que é remédio, a pessoa melhora assim puf. Como se a água que tomou realmente fosse o melhor remédio de todos os tempos, milagroso. Ou, pior: mãe que acha que filho é doente. Sabe, aquela doença que as mães dão conscientemente remédios inapropriados para os filhos tomarem só pra provocar algum tipo de doença e poderem ter atenção de médicos e hospitais? Então.

Acho que é fácil ter qualquer uma dessas "doenças mentais". É fácil se fazer de louco. Cômodo. Um dia você simplesmente diz 'ó, sou doente' e não sai de casa pra enfrentar a vida, enfrentar lá fora, enfrentar os problemas, ir à luta. É covarde. Síndrome do Pânico? TODO MUNDO tem medo de sair de casa todos os dias. Ninguém sabe o que vai acontecer, se vai voltar são e salvo, se vai ser assaltado, se vai morrer atropelado, se algum parente querido vai ter algum problema sério, se você vai perder o ônibus, se o chefe vai gritar, se você vai derramar café na camisa ou se alguém vai pisar no seu pé. É ÓBVIO que se todo mundo for pensar em tudo antes de sair de casa, a gente vai ficar embaixo da cama mesmo. Claro. Mas não. A gente precisa de dinheiro. Precisa trabalhar pra pagar as contas. Precisa comprar o leite do filho, botar o pão na mesa, trazer flores pra esposa. Precisa-se trabalhar. Agora você me diz, se lá na roça, naquela vidinha difícil de interior de trabalho braçal e pouca comida na mesa..... se alguém lá tem síndrome do pânico. Vamos falar de coisas mais perto da gente: o pessoal lá na tragédia, na enchente, no deslizamento, perdeu tudo. Perdeu casa, comida, família. Você viu alguém com síndrome do pânico? Ah, não se tem notícia? Não se pode dizer? Vai lá perguntar, eu fico esperando. DUVIDO que você vai achar. Não tem tempo pra ter síndrome do pânico. Tem que limpar tudo, lavar tudo e sair no dia seguinte pra trabalhar pra poder ganhar dinheiro pra se refazer uma vida.

Eu posso ser muito injusta na minha opinião, mas nem os médicos que estudam anos, que doam suas vidas pra entender e descobrir sobre doenças do cérebro, não sabem ao certo o que acontece. Se você não entende do assunto, eu te digo: quando você tem uma doença mental qualquer, o diagnóstico é feito por eliminação. Até uma simples dor de cabeça constante (e disso eu entendo) é feito assim. E aí pelos sintomas que você tem descarta-se dor de cabeça ocasional, descarta-se doença física e visível (como câncer) e descarta-se cefaléia porque ela não dá enjoo. Diagnóstico: enxaqueca. Simples assim porque ainda não descobriram outras doenças com nomes diferentes e diferenças de sintomas. Então fica lá"enxaqueca". Como um "morreu de morte natural". Simples assim.

Enfim, [eu posso ser muito injusta na minha opinião]² a respeito de síndrome do pânico, mas os casos que vi, os que fiquei sabendo, TODOS eu penso que foi um piripaque. Pra quem não sabe, piripaque é o termo que os médicos dão para "esse paciente não tem nada e tá dando show". Engraçado que as pessoas que dizem ter síndrome do pânico, geralmente não têm muito o que fazer na vida. São pessoas com a vida confortável, que trabalham poucas horas, que não têm filhos pequenos pra criar, que não têm grandes preocupações na vida. Sinceramente, parece mesmo que um belo dia acordam com o pensamento de "puxa, que tédio, vou arrumar uma coisa pra fazer". E então vão ali e têm síndrome do pânico.

Eu vou acreditar se você tiver síndrome do pânico depois de um sequestro. Depois de um assalto violento. Depois que um filho seu morrer num acidente qualquer. Depois que a sua casa for assaltada e os bandidos mantiverem você, sua esposa e seus três filhos menores que 5 anos como escudo quando a polícia chegar e que alguém for morto à queima roupa ali na sua frente no carpete da sua sala e a marca de sangue ficar pra sempre no chão. Depois que a sua casa for tomada por uma enchente e você ver que seu trabalho de anos vai literalmente por água abaixo, um a um de seus pertences comprados de maneira tão sofrida. Depois que você estiver desesperado porque seu marido morreu de morte súbita e você antes dona de casa, tem cinco filhos pequenos pra criar sem nem saber por onde começar. Sabe? Casos do tipo, claro. Eu entendo. São mesmo chocantes e devem mesmo causar muito mais que uma síndrome do pânico. Mesmo assim, NENHUMA das pessoas que eu conheço que passaram por essas situações, tiveram síndrome do pânico.

Mesmo assim, porque eu decidi ser uma pessoa melhor em 2011, mesmo com toda essa minha opinião à respeito, tudo bem. Eu acho que de cada 100 pessoas que têm síndrome do pânico, umas 3 realmente têm. Porque sei lá, não se sabe de tudo, a medicina ainda não evoluiu a esse ponto, vai saber. E eu também sou maleável a ponto de saber que tudo tem uma certa margem de erro. Tá. De 100, três devem ter. Porque sobre todos os outros 97, eu te digo: se você realmente tivesse síndrome do pânico, se você soubesse que é irracional, incontrolável e se o que passa realmente não for pra chamar a atenção. É você, é reação sua, sem maiores motivos como os que eu exemplifiquei, dá aparentemente do nada e você SABE ali, com você mesmo, que é síndrome do pânico e pronto. VOCÊ SAIRIA ANUNCIANDO que ó, tenho síndrome do pânico, viu? Me ajuda que eu sou doente mental (veja lá que a Wikipédia diz que é condição mental psiquiátrica - não sou eu que estou dando nome aos bois não, eu só estou dizendo o termo em português coloquial, caso você for se ofender com isso). Vai sair querendo se expor nesse nível?

EU NÃO.


domingo, 23 de janeiro de 2011

Sobre creme na cara

Então que um belo dia você acorda daquele seu mundo tranquilo de simplesmente levantar de manhã, lavar o rosto e escovar os dentes. De repente um belo dia você cai na cadeira de um dermatologista que repete milhares de vezes ameaçadoramente que protetor solar é vital para sua existência na Terra. Veja bem. Eu disse VITAL. Que é igual a "se você não passar, morre". E então você volta pra casa pensando que meodeus, tantos anos de vida, nunca passei, agora então melhor passar cinco vezes por dia pra ver se corro atrás do prejuízo e elimino tantos anos acumulados de protetor solar não passado na cara por todo esse tempo. Quem sabe dá pra retardar um pouco mais o dia em que os supervisores de creme na cara no Juízo Final venham me condenar à cadeira elétrica ou forca por meus anos de rebeldia e tals.

Deve fazer pouco mais de dez anos que eu resolvi passar protetor solar na cara todo dia. Não, talvez menos. Fato é que todo dia de manhã eu acordo, escovo os dentes, lavo o rosto com sabonete especial porque minha mãe não me fez com pele de jacaré e eu sou sensível, pego aquele pote de protetor solar caro, porque qualquer Sundown é oleoso demais pra mim então eu tenho que simplesmente usar um protetor solar que custa 90 reais. Passo aquele treco caro na cara e saio. Agora veja bem que até protetor solar tem quantidade certa pra passar. Tem que ser duas ervilhas para um rosto todo. Não dá pra passar assim pouquinho e espalhar bem, senão não funciona. Então tá que eu passo minhas duas ervilhas de protetor solar na cara e espalho bem até parar de ficar branco e saio. Han. A minha pele não é capaz de absorver duas ervilhas de creme. É, porque eu não sou planta com raízes que absorvem umidade. Se fosse, eu ia viver de fotossíntese e não ia ter que me preocupar com o que eu como pra não engordar, olha que bonito. Mas não. Conclusão: eu entro no elevador com a cara brilhando logo cedo. Brilhando, eu disse. Como se tivesse corrido um quarteirão e transpirado horrores. E isso me incomoda. É, porque se eu fizesse parte do mundo das pessoas que não ligam pra passar cremes, eu ia olhar pra mim e pensar: credo. Já sai suada logo cedo. E pensando agora eu devo dizer que devia usar uma camiseta escrito "isso é protetor solar. você também devia passar."

Então que semana passada, sol do caramba em plenas 7h da manhã, eu indo trabalhar e parada no trânsito dos infernos, comecei a reparar no pessoal na rua. E vi que muita gente sai de casa com a cara brilhando. Me senti feliz. Vontade de fundar uma comunidade "brilharemos juntos e pra sempre". Ou "eu brilho mas não terei câncer, e você?". E então me senti acolhida, sabe? De repente eu vi que muita gente também passa protetor solar de manhã. E que deve ter mesmo muita gente que olha pra nós como eu olho o pessoal que sai de roupa de malhação e tênis e penso que meodeus, essa pessoa é louca de levantar 6h da manhã pra malhar. Deve ter muita gente que pensa simplesmente que eu não suei, mas que "vixe que mina louca que passa protetor solar todo dia logo cedo".

[nota] Talvez o pessoal do Crepúsculo brilhe no sol porque passa protetor. [/nota]


Mas um dia inteiro brilhando com protetor solar na cara acaba. E então que um belo dia você dorme naquele seu mundo tranquilo de simplesmente tomar banho, lavar o rosto, escovar os dentes e passar ácido na cara porque a dermatologista mandou você abraçar o ácido desde que você tinha uns 18 anos. Mas ácido é aquela coisa confortável, você passa e seca. Um belo dia você vai dormir com 31 anos na cara e descobre que já é dia de passar creme anti-rugas. Porque apesar de você não beber álcool, dormir dez horas por noite e fazer vários anos que você sai de manhã com a cara brilhando de protetor solar pra prevenir rugas, a meia idade está aí, batendo na porta. E por mais saudável que você seja e por mais que passe protetor solar na cara maravilhosamente bem, nada faz milagres. Duas ervilhas de quantidade de creme anti-rugas no rosto por noite. Que a pele não absorve. E você passa a noite grudando a cara no travesseiro por isso.

Eu me pergunto que fim será que tudo isso vai ter, sabe? Se lá no dia do Juízo Final o fiscal vai pegar aquele caderno de lançamentos grande e com meu nome, e se vai ter alguma linha que vai estar escrito "protetor solar, 680 horas - Crédito de 5 anos na eternidade com pele de Sandy. Anti-rugas, 340 horas - mais 3 anos de Sandy". E então se antes eu pensava que preciso saber o dia exato da minha morte pra fazer depilação com formato de estrela pra ficar bonita peladona para a autópsia, agora penso que preciso avisar alguém que eu quero que passem protetor solar na minha cara antes de me botarem no caixão. Se bem que anti-rugas também é importante. E como desabraçar do ácido, meu amigo de tantos anos? Melhor deixar claro: passem protetor solar, ácido e anti-rugas, exatamente nessa ordem, consecutivamente, um por vez na minha cara, em formato listrado. Quantidade de uma ervilha de cada.

Ow, se der pra passar um hidratante nos pés e um creme redutor na barriga também faz-favor, tá?

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Procrastinando

Na falta do que fazer (ou na procrastinação), a gente faz meme infantil que lê por aí nos blogs da vida...

Ah é, esqueci: em negrito, as verdades no momento. ;)

É noite agora.

Tem alguma coisa que você deveria estar fazendo agora. (nossa, nem tem conto o tanto de coisas)
Você comeu carne hoje. (só porque botei ketchup em cima)
Há uma televisão próxima a você.
Você se dá bem com seus vizinhos. (dizer bom dia e eles responderem e vice-versa é se dar bem, vai)
Você está com fome agora. (tou gorda e não pretendo ter fome pelos próximos 24 meses)
Você trabalhou hoje.
Você tem um emprego.
Seus pais ainda estão juntos. (há quase 32 longos anos)
Você acordou antes das 11:00 hoje. (antes das 7:00h, como TODOS os dias)
Gatos são melhores que cachorros. (são melhores justamente porque são piores. tendeu?)
Crepúsculo é uma saga horrível. (ah, é adolescente mas é bonitinho, vai)
Harry Potter é uma saga horrível. (ah, da primeira vez que eu vi o filme quis estar lá)
Seu celular está perto de você. (e ele anda hipocondríaco)
Sua cor preferida é azul ou roxo. (roxo yes!)
Seu cabelo é curto. (debaixo dos caracóis dos meus longos cabelos...)
Você está sozinho agora. (em partes, sim)
A última coisa que você bebeu foi água. (foi e eu ainda tenho sede)
Seu cabelo é da cor natural. (virgem!)
Você não bebe refrigerante. (eu evito, mas bebo)
Você tem pelo menos 50 reais na sua carteira. (42,50 eu contei.)
Você leu pelo menos 5 livros esse ano. (o ano acabou de começar, dá licença? só li um até agora)
Você conhece alguém que está no hospital agora. (graças a Deus, não.)
Você tomou banho hoje. (talvez eu ainda tome, não sei)
Você conhece alguém que venceu o câncer. (graças a Deus, sim!!!)
Você prefere usar tênis. (conforto rulez!)
Chocolate é melhor que baunilha.
Você é alérgico a amendoim.
Você nunca foi a Londres. (mas eu vou hein?!)
Você quer ir a Europa. (ôpa!)
Você está usando um notebook agora.
Cirurgia plástica é uma boa idéia. (sem ser por motivos de saúde, não!)
Seus amigos usam drogas.
Você está usando algum esmalte agora.
Você já fez uma dieta.
Você está usando meias agora. (porque tênis sem meia dá chulé)
Você cortou seu cabelo no último mês.
Seu aniversário é nos próximos 3 meses.
Filmes de comédia são melhores que de ação.
Você é horrível em matemática. (eu sou uma menina de exatas, mano!)
Você é fluente em mais de uma língua.
Você adora salada. (e dou prejuízo na churrascaria por isso)
Você tem 3 ou mais travesseiros na sua cama.
Você vive com seus pais.
Você está feliz agora. (talvez o copo esteja só meio cheio no momento)
Você já se formou no colégio. (e faz anos hein. nem lembro mais quase)
Você tem um animal de estimação. (ainda não. mas terei)
Você tem olhos claros. (na maior parte do tempo, não)
Seu nome tem mais de 5 letras.
Você está em um relacionamento.
Você consegue contar até 50 em outra língua. (essa pergunta é pra retardado, né?)
Você já dirigiu um carro.
Você vive fora do Brasil.
Você tem mais de 18 anos.
Você tem algum parente no exército.
Você é filho único.
Você é vegetariano.
Você já foi nos Estados Unidos.
Você tem uma tatuagem. (linda, linda, linda!)
Você tem um piercing.
Você usa aparelho.
Você usa óculos ou lentes.
Você tem cabelo cacheado. (às vezes. depende da vontade dele. hoje, não.)
Você saiu para comer na última semana. (foi. no aniversário do babybrother)
Você esteve bêbado alguma vez no último mês. (eu nunca fiquei bêbada na vida)
Você é bissexual ou homossexual.
Você foi ao cinema no último mês. (fui, ver o Nárnia 3)
Você se interessa em política. (ah não. coisa chata!)
Você beijou 2 ou mais pessoas esse ano. (tou me sentindo pressionada)
Você beijou alguém no último mês. (não deu tempo ainda)
Você foi abraçado hoje. (ninguém me ama)
Você já pagou mais de 250 reais em alguma roupa. (vestido de festa ainda é roupa, né?)
Você gosta de Lady Gaga.
Você ama rock.
Você ama música eletrônica.
Você ama rap ou hip hop.
Você ama MPB.
Você ama música antiga.
Você já tirou fotos de si mesmo só porque estava entediado. (olha minha cara de foto com biquinho no espelho ¬¬)
Você conhecia alguém com menos de 10 anos que faleceu.
Você já esteve em um acidente de carro.
Você já fumou cigarro.
Você já experimentou algum tipo de droga.
Você acredita em horas iguais. (hein?)
Você já ficou com alguém 5 anos mais novo que você. (haha! e foi bem bom!)
Você já ficou com alguém 10 anos mais velho que você. (credo-credo-credo)
Você já terminou com alguém para ficar com outra pessoa.
Alguém já terminou com outra pessoa para ficar com você.
Você já teve o coração partido.
Você já partiu o coração de alguém.
Você é cristão.
Você é espírita.
Você já passou 48 horas acordado.
Você está sentindo saudades de alguém agora.
Você ficou triste recentemente.
Você já traiu alguém.
Você já foi traído.
Você tem um coração partido nesse momento.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Daniel

Era um lindo sábado de sol. Eu, dez anos de vida, fazia alguma coisa que não me lembro pois vivia uma infância cheia de afazeres brinquedísticos numa época que não existia internet. Era sei lá que horas da manhã quando minha mãe me avisou que o almoço estava pronto e que era pra eu comer caso ela não chegasse até 13h. E saiu de ônibus. Meu pai, trabalhando, me ligou meio dia e disse que estava indo para a maternidade porque meu irmão ia nascer. Perguntou se eu queria ir junto, falei que não. Eu não podia perder o almoço. Minha mãe me mandou almoçar 13h.

Deu 13:30h, eu almoçada, ele veio me buscar. Eu botei lá um vestido de festa que tava no caminho e fui. Crianças de 10 anos daquela época não sabiam se vestir muito de acordo. No fim deu certo, era mesmo uma comemoração.

Encontramos com os futuros padrinhos dele no elevador e passamos no berçário. Meu pai perguntava qual deles era meu irmão e eu via todo mundo bonito e dormindo e pensava que tinham todos a mesma cara. Mas ele não. Não tava nem bonito nem dormindo. Pelado, vermelho e comprido, ele ainda não tinha tomado banho.


Eu sempre quis ter um irmão, sabe? Quando eu era filha única (e passei longos 10 anos sendo filha única) na hora de ir embora todo mundo sempre tinha alguém pra ir junto menos eu. Todo mundo sempre tinha alguém pra brigar. Todo mundo sempre tinha alguém pra dividir a culpa nas artes e a palmada como consequência. Todo mundo sempre tinha alguém pra botar a culpa de alguma coisa. Menos eu. Mas eu aprendi cedo a assumir minha própria culpa (por não ter ninguém pra colocar) ou mentir deslavadamente (por não ter álibis). Mas todo mundo sempre tinha alguém pra fazer par pra jogar o que quer que fosse. Todo mundo sempre tinha alguém pra defender, por mais que irmãos briguem feito cão e gato. Porque eu sempre via que no fundo no fundo havia muito carinho entre irmãos. E eu não tinha nenhum.

Engraçado que eu acredite que a minha independência e individualidade de hoje se deva aos longos dez anos que passei sendo filha única. Hoje sou muito feliz por conseguir viver sozinha e penso que talvez a solidão pra sempre não seja tão ruim assim como todo mundo fala. Mas, diferente de hoje, quando eu tinha 10 anos eu me sentia sozinha. Muito sozinha.

Um irmão era sempre o que eu pedia pra minha mãe. De aniversário, de dia das crianças. Papai Noel deve ter recebido muitas cartas minhas com o mesmo pedido. "Ah, Papai Noel, eu quero um Boca Rica. E não esquece o meu irmão." O Boca Rica eu nunca ganhei, mas ele veio. ELE, porque eu já não era besta nem nada. Via as coleguinhas pedindo irmãs e pensava. Quem? Eu, dividindo minhas coisas? Eu, com uma irmã, pegando minhas roupas? Eu, disputando atenção e comportamentos com outra mulher? Não. Pra isso eu já tinha uma prima e uma tia, exatamente da mesma idade e com as quais eu dividi muitos aniversários, presentes iguais e roupas do mesmo modelo que mudavam só de cor. Eu queria um IRMÃO. Homem. Quieto. Na dele. E assim foi.


Dez anos mais novo, Daniel hoje faz 21 anos, mas pra mim ele vai ser sempre babybrother. Porque o que a gente tem não é só aquela coisa de irmãos de quando ele corre atrás de mim pra imobilizar meus dois braços com uma mão só, porque eu fiz cócegas. Nem quando eu faço maria-chiquinhas no cabelo dele enquanto está no computador. Tem também toda a minha preocupação por ele e o respeito, mesmo que ele morra negando, dele por mim. Porque dez anos a mais são uma vida. E talvez por isso eu não seja assim TÃO desesperada pra ter um filho desesperadamente com o primeiro cara que passar na rua, como toda mulher da minha idade solteira e sem filhos que conheço. Eu já sou meio mãe. Do meu babybrother.

Daniel é um cara de 21 anos e 1,90m de altura que se esconde atrás da porta pra me assustar quando chego pra almoçar. E grava episódios de Cavaleiros do Zodíaco pra ver comigo durante o almoço. Desenho preferido DELE, porque o meu Thundercats ele diz que é uma porcaria. Daniel faz batatas ao forno com vinagre balsâmico pra mim, receita que aprendeu assistindo o Jamie Oliver. Daniel me coloca a par de todo um mundo nerd de podcasts, filmes, jogos, livros, séries e discussões, de um mundo tão dele que muito pouca gente consegue entrar. Afinal é meu irmão, tinha mesmo que se parecer comigo em alguma coisa. Eu aos 31 anos me esforço a cada dia que passa para não envelhecer meus pensamentos e assim continuar pra sempre falando a mesma língua e participando ativamente do mundo dele. Daniel fez com que quase ninguém consiga ganhar de mim no Mario Kart. Só ele, claro. E, estudante de nutrição na Usp (matando a irmã mais coruja da face da Terra de tanto orgulho), enche meus pacovás nas refeições quase todos os dias. Eu sou o objeto de estudos dele. E dou graças a Deus todos os dias por ele não ter escolhido medicina. Ia ser lindo testar em mim estetoscópios, bisturis, seringas e coisas do tipo.

Vinte e um anos depois, hoje eu olho pra ele e ainda o vejo me chamando de Buú. Uma das primeiras palavras que ele aprendeu a falar. Porque me comparava ao Buiú, da Praça é Nossa. Tirava sarro da minha cara com poucos meses de vida e mesmo assim eu só conseguia ver o carinho que ele tinha quando me chamava. Vejo ele com poucos meses se esticando no meu colo de propósito enquanto minha mãe brigava comigo porque eu não o segurava direito pra tirar foto. E vejo a minha infância solitária assistindo meu Bambalalão e Thundercats sendo radicalmente trocada pela infância dele, de Pokémon, Cavaleiros do Zodíaco e Rá-tim-bum. Eu fui assistir Cavaleiros do Zodíaco no cinema, minha gente. Presta atenção.

Mas todo o meu mimo fraternal-maternal-corujal por ele vocês já sabem e leem todos os dias. O que não sabem é que, por mais que o mundo gire, a vida passe e o tempo voe, e por mais que a cada dia que passa eu me decepcione mais com as pessoas (não só as pessoas distantes, mas para meu desespero quanto mais próximas da gente mais cruéis as pessoas são - ou são as minhas expectativas com relação à elas), por mais que eu pense que o mundo é injusto e que todo mundo só pense no próprio umbigo e passem com trator em quem está do lado, por mais que eu me sinta triturada a cada dia por uma relação com essa ou aquela pessoa. Por mais que eu desacredite em relacionamentos, de qualquer tipo. Por mais que eu tenha fatos concretos que afirmem que ninguém se importa com ninguém e que na pequena oportunidade que essa pessoa que está aí, ao seu lado, vai te dar o bote e você vai ficar ali, parado, incrédulo. Sem ter o que fazer nem o que dizer. Materialmente ou sentimentalmente, o que é pior. Parentes, amigos, namorados. Completos estranhos que só pensam em si mesmos. E um belo dia você vai descobrir, da pior maneira possível e ouvindo as piores coisas possíveis de ser ditas.

Por mais que a cada dia que passe e eu pense que tenho que viver pra mim e por mim porque ninguém além de mim vai fazer isso. Por mais que eu me feche no meu casulo sozinha e com meus pensamentos e sentimentos, porque só eu dou importância pra isso. A cada dia que passa eu me protejo desse mundo injusto. Dessas pessoas sem coração, sem compaixão. Sem sentimento. Por mais que a cada dia que passe eu não só suba mais meus muros de contenção, mas também reforce-os a cada decepção. Ainda assim, tem uma porta. De 1,90m de altura. Para o Daniel entrar. E porque ele ia reclamar se tivesse que passar por um buraquinho.

E com ele eu sou o que eu sou. Sem pensar no que ele vai dizer ou deixar de dizer. Com ele eu tenho toda a paciência do mundo. E passo bastante tempo explicando e conversando sobre assuntos que com todas as outras pessoas do mundo eu não faço porque sei que é perda de tempo. Eu não perco meu tempo com o Daniel, nem quando estamos vendo os filmes mais alternativos que ele baixou da internet pra ver comigo. Com ele o tempo não é perdido, é aproveitado. E mesmo sabendo que ele também é humano e por isso também vai cometer seus erros que podem me decepcionar assim como todos os outros, ainda assim as chances dele de fazer a coisa certa comigo são infinitas. Com ele eu me preocupo, pra ele eu vivo. É ele pensar que tem dor de barriga e eu chegar com o papel higiênico. Ou parar desesperada no meio da Marginal Pinheiros porque ele olhou pra mim de repente e disse "preciso ir no banheiro e é agora". Daniel é o meu refúgio. É a minha força de pensar que a vida ainda vale a pena. Porque eu não estou sozinha. É olhar nos olhos dele e ter a certeza de que eu sou importante pra alguém. De saber que alguém ainda me ouve. Falando de séries, jogos, hamburgueres ou coisas do tipo, que seja. Porque ele é homem. E nunca vai querer me ouvir falar de relacionamentos e pessoas, coisas que as outras pessoas me obrigam a falar a respeito e eu nunca quero. Ele é perfeito por isso também. E é exatamente como eu sempre quis.

Daniel me levou e me incentivou a comprar o ingresso mais caro do show do Bon Jovi quando me viu prestes a chorar quando fiquei sabendo que a meia entrada tinha acabado. E comprou pra ele a entrada mais barata e mais longe possível do palco para que o montante da conta não fosse tão absurdo por isso. Ficou no último lugar da última arquibancada e deu tchau pra mim, daqui da grade da pista premium. Daniel foi no show do Bon Jovi só pra poder me levar pra casa de carro quando eu já não tivesse forças pra andar. Daniel foi, depois do Jon Bon Jovi, a pessoa mais importante do dia mais importante da minha vida. Mas no final das contas nesse dia ele só teve a importância que teve em todos os outros desses 21 anos de vida. É a minha vida. É o meu babybrother. ♥

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Sobre Massagem com Bambu

Então. Já falei que eu passei um tempão na cidade que não tem nada e nada tem. Já tinha andado pelo comércio da região, já tinha ficado a par de todas as fofocas familiares, já tinha matado o pessoal jogando WAR. Já tinha comido tudo o que eu tinha direito e o que não tinha também. O que mais fazer?

Dessa vez eu decidi me informar mais sobre as altas aventuras da cidade e resolvi: ia fazer massagem. É, porque o atrativo turístico do lugar são as águas minerais naturais, cujas quais fazem com que a Nestlé ganhe muitos rios de dinheiro explorando tudo e tals. Então que dentro do parque que a terceira idade toda do mundo inteiro passeia o ano todo (porque só terceira idade se interessa pelos benefícios da água mineral no organismo) tem lá um prédio que é especializado em banhos, massagens e coisas do tipo. Já pensou em tomar banho de água mineral natural gaseificada? Bolinhas de gás saltitantes entrando pelos buracos do seu corpo? Então.

Eu, decidida a explorar as altas aventuras nunca antes vistas no lugar que eu vou sempre, cheguei lá pra perguntar como funcionava. E aí tinha banho de tudo quanto era coisa (que eu não tomei não, tinha água na minha casa e era de graça) e mais um monte de tipos de massagens bem diferentes. Eu até estava disposta a fazer a fangoterapia (mais conhecida como você, porco, na lama) mas não era MASSAGEM assim em si. Então comentei com a moça que eu tenho um problema sério ao fazer massagem - tenho cócegas. Ela me olhou como se eu fosse um ET e me sugeriu a massagem com bambus. Marquei, paguei.

Devo dizer que desde o dia que eu marquei até o dia que eu fiz a massagem em si, o que eu mais ouvi foi 'massagem com bambu? se você quiser eu vou lá fora, pego um bambu e bato em você com ele' daquelas pessoas que se dizem minha família e que, por menor quantidade que seja, ainda possuem sangue do meu sangue. Mas eu pensei que ainda bem que o pessoal queria me bater com o bambu mas eram ingênuos, sabe? Porque eu ia fazer um comentário desse igual o deles mas ia trocar o 'bater' por 'enfiar' mesmo. Enfim.

Cheguei lá no dia combinado e me encontrei com a Elizabeth, a massagista. E então veio aquela frase que eu não gosto muito de ouvir sem a preparação necessária. Aquela coisa de "tira toda a roupa e deita ali" me deixa encabulada quando dita assim do nada e sem carinho. Mas fui. Na sala, a parede toda era uma grande janela. Assim, de vidro, transparente. Eu pensando que os patos do lago estavam lá todos vendo a minha nudez quando a Elizabeth me falou que o vidro era espelhado do lado de fora. Não questionei. Se fosse ou se não fosse verdade, a essa altura do campeonato eu já tava lá peladona pra quem quisesse ver.

A massagem é feita num futon (procure no Google se não sabe o que é) ao invés de numa cama ou maca. Eu lá, pelada, mostrando tudo pra quem quisesse ver, virada de barriga pra cima num futon no chão, enquanto Elizabeth explicava que trabalharia com 16 tipos de bambus diferentes e blablabla. E então a massagem começou com ela enfiando um bambu entre os dedos do meu pé.

Eu, entendida de momentos em que é preciso relaxar e eu só penso que tenho que pagar essa ou aquela conta, lavar roupa ou limpar a casa, brigar com essa ou aquela pessoa, dessa vez fui na massagem com o peito aberto (e pelado). Decidi mesmo que não ia pensar em nada nem ninguém e ia meditar. Elizabeth percorria minhas pernas e braços com seus 9832168 tipos de bambus e eu tava lá curtindo na boa, feliz. E então ela chegou na minha barriga.

Eu havia avisado pra ela que tenho cócegas. Que saio das massagens mais tensa do que estava antes, porque passo o tempo todo me preocupando que não posso rir. E então ela me disse que tinha escolhido o tipo certo de massagem, porque a pressão com a qual ela passaria os bambus em mim não me deixaria ter cócegas. Certo.

Elizabeth passou aquele bambu na minha barriga como se eu fosse uma massa de pizza. E como que, ao invés de bambu, ela segurasse um rolo de macarrão. Então a partir desse momento eu passei a pensar que ela não fazia uma massagem. Ela abria uma massa. E nesse momento eu não consegui mais relaxar. Eu só conseguia pensar nas alternativas. Se eu era uma massa de pão ou de pizza. Se tinha que ficar fininha ou tipo Pizza Hut. Se eu era um pão de calabreza ou de queijo. E se depois que me abrisse ela ia colocar molho de tomate e mussarela.

Elizabeth fez toda a massagem com todos os bambus que tinha direito e chegou uma hora que eu ria. Não sei bem se de cócegas ou se de me imaginar uma massa sendo aberta. E aí eu vim aqui contar pra vocês que eu aposto que ninguém nunca se sentiu uma massa na vida assim como eu. E fiquei pensando se as massas também sentem cócegas quando a gente as abre com pau de macarrão. E em meio a tantas reflexões tão minhas, eu só conseguia lembrar de uma cena muito clássica da tv. E enquanto Elizabeth, boazinha, quietinha, dava o melhor de si naquele trabalho.. eu pensava que não podia esquecer de mostrar pra vocês como eu me senti naquele momento:


sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Beatriz

Todo feriado, todo final de ano. Desde que a vida ficou mais fácil e que é possível emendar, meus pais viajam. Praquela cidade que se você for sair perguntando, todo mundo é parente meu. Cidade essa que eu não posso chegar lá e ser simplesmente como sou aqui. Não posso sair na rua assim com essa minha cara de poucos amigos. Porque eu posso fazer cara feia pra alguém que é parente meu e eu nem sei. E aí depois eu já sei que vai ser pior pra mim.

Cidade pequena, cidade tranquila. Cidade que se diz bom dia para o vizinho. E quando você acorda e sai descabelada pela sala da sua casa e alguém do quintal do vizinho olha pra você e diz 'oooiii' e você olha pra ela como se fosse uma louca qualquer e continua na sua vida, uma hora você vai ouvir essa mesma louca qualquer falando com a sua mãe algo do tipo 'nooossa, falei oi pra Renata e ela nem respondeu'. Pronto. DA ONDE que a louca da vizinha sabe meu nome, meodeus? Bingo. Parente.

Eu não cresci convivendo com essas pessoas. E sou da comunidade 'desconheço parentes distantes' no Orkut. Mas não sei se é porque são mineiros (oi, você, você e você - eu já disse que amo os uai da vida?? ♪ Boorn to be uaaaii...), se é porque são meus parentes e mesmo sendo distantes têm muitos traços de personalidade que eu reconheço ou se é por toda aquela coisa de doce de leite com queijo branco, quando eu estou lá fico calma. Presto atenção nas conversas das tias-avós, dos primos. De segundo, terceiro, quinto, nonagésimo sétimo graus. E apesar do clima ser bastante diferente da minha terra natal (sou paulistana o-ô, não vivo sem poluição e trânsito iaiá) eu sou feliz lá. Mais ainda porque não faz nem um ano que a minha avó mudou pra lá. E mesmo ela me dando uma caneca de Natal, ainda é minha avó e eu a amo.

É lá que mora a Beatriz. Prima de terceiro grau, Beatriz é uma mocinha no auge de seus 15 anos. Faladeira pelos cotovelos, loirinha, olhos verdes, covinhas e que não gosta de ser chamada de Bia. Beatriz esqueceu de crescer direito e faz vários esportes extra-escolares por indicação médica. Mesmo assim, o máximo de altura que ela vai ter na vida é lá pelo metro e meio. Quem olha a Beatriz na rua acha que ela é uma criança de uns 10 anos, como a irmã mais nova, Mariana. E as moças das lojas oferecem vestidinhos de florzinha e anéis de borboletinha pra ela. Mas ela quer uma calça jeans de marca. Quer um Iphone. Quer trabalhar. Beatriz está na época de pensar o que vai prestar no vestibular. E quem olha de fora nos vê conversando sobre assuntos tão sérios com uma menina tão pequena. Mas é só chegar mais perto e ouvir a conversa que vai saber que a Beatriz já entende não só de assuntos sérios, mas também de sarcasmo e humor ácido. E se ela lesse metade das coisas que eu escrevo por aqui aposto que entenderia muito mais que muito marmanjo por aí.

Alguns dias com a Beatriz me fazem pensar que eu deveria conviver muito mais com ela. Porque é claro que, assim como as primas criancinhas vivem grudadas nela que é mais velha, ela acha muito mais legal estar com gente mais velha do que com as meninas frufrus da idade dela. Beatriz não é frufru. E tem exatamente a metade da minha idade, mas gruda em mim. E apesar de suas preferências de convivência, Beatriz é interessada em assuntos que correspondem à sua idade. E reclamou muitas vezes que ainda não assistiu Eclipse, já que o pai não deixou. E que gostaria de ter os livros de Crepúsculo, pra interagir mais com as meninas.

Beatriz é apaixonada pelo Luan Santana. E quando me contou isso e eu fiz careta, ela logo completou que antes isso que Restart. E eu concordei. "Ele é vesgo mas é lindo!!", ela diz. E então um belo dia Luan Santana foi fazer show na cidade. Em agosto passado. Ela, empolgadíssima, foi com os pais. O pai, razoavelmente importante na cidade, ganhou um ingresso para o camarim. Como Murph existe, um ingresso só para duas filhas histéricas. Beatriz, a mais velha. Mariana, 8 anos, mais nova. Mais mimada. Mais à mercê de todo e qualquer agrado que vier de qualquer um. A mãe pensou em uma boa alternativa: iriam as duas na entrada do camarim e quando a pessoa dissesse que só uma entraria, Beatriz se incluiria na conversa argumentando 'não, porque a minha irmã é menor, preciso acompanhá-la'. E num mundo perfeito, entrariam as duas.

O grande momento de entrar no camarim chegou e lá foram as duas. Quando a mulher comentou que só uma iria entrar e Beatriz abriu a boca pra dizer o combinado, Mariana respondeu: "ah tá, eu vou!" Quando a mulher falou "mas você é pequena, vai sozinha?", Mariana respondeu: "vou sim, claro!!" Deu o ingresso, fez tchau para Beatriz feliz da vida e entrou.

Beatriz olhou, da entrada do camarim, incrédula, a irmã saltitando para dentro. E o mundo dela nunca mais foi o mesmo. Mariana saiu muito tempo depois, sorrindo de orelha a orelha e comentando que Luan era muito bonito e cheiroso. Beatriz respondeu que "claro, ele é vesgo igual você, claro que você ia achar ele lindo!". Depois disso, Mariana pulou e gritou e cantou o show inteiro, a ponto de as outras pessoas do camarote repararem mais nela e tirarem mais fotos dela do que do próprio show. Beatriz ficou no canto. Emburrou, chorou. E esse se tornou o pior dia da longa vida de 15 anos dela.



Da última vez que o babybrother foi pra lá, conversou sobre Guns 'N Roses com a Beatriz. E dessa vez que fomos ela já conhecia uma quantidade considerável de músicas deles. Sabia cantar e tudo. Eu vi aí uma oportunidade de melhorar o gosto musical da priminha e contei pra ela do maravilhoso mundo Bon Jovi de ser. Bon Jovi nunca deixaria ela na mão. Bon Jovi cantaria um trecho de Pretty Woman olhando pra ela, sorrindo de cantinho e mandando coraçãozinho. Beatriz me contou que conhecia Always, a mais famosa. E pediu uma lista de músicas da banda pra baixar e ouvir. Eu, orgulhosa desse sangue do meu sangue, dei. E tudo bem que o babybrother abdicou de um lugar melhor no show e assistiu a tudo do lugar mais longe possível só pra que eu pudesse ficar no melhor lugar do mundo. Por mim, pra mim. Mas eu não comentei com a Beatriz que o meu irmão é melhor que a irmã dela. Mas eu sou muito feliz em ser irmã mais velha do Daniel, e não da Mariana.

Mas Beatriz, a prima mais querida das Minas Gerais da face da Terra, vai aprender. Vai aprender a gostar do que é bom. Vai aprender a ser roqueira. E já pediu um colar de cerejinhas (símbolo de mulheres roqueiras) de presente. E sem nem saber disso. Beatriz tem rock 'n roll na alma e um dia vai olhar pra galera e dizer 'Luan Santana quem?'.

Essa garota tem futuro, sabe? E é minha prima. :~

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Sobre presentes de Natal

Um dia babybrother cresceu levemente e resolveu que a partir daí ele ia comprar seus próprios presentes. E passou a me dar pentes e escovas de cabelo. Anos a fio. Natal, aniversário. Eu fui guardando, porque querendo ou não era o presente dado com amor pelo irmãozinho (eu era inocente essa época, nem pensava que ele me zoava feio desde cedo). E nunca usei. Nenhum deles. Porque meu cabelo é fino e liso e eu só uso um único pente de madeira, mesmo assim só de vez em quando. Mas se você for ver eu tenho uma coleção de pentes e escovas de todos os tipos, pra fazer qualquer cabeleireira babar.

Se você faz parte das pessoas que dizem que "Renata tem um armário enorme e lotado de coisas", releve. Tem muita coisa lá que eu guardo por ter sido presente de alguém que eu acreditei que me amava e tive dó de jogar fora. TIVE. Porque 2011 será o ano do desapego. Já falei pra mim mesma. E se eu vou vender todos os pentes e escovas pra alguém que tenha o cabelo todo duro, imagine qualquer outro presente que qualquer outra pessoa tenha me dado. Rá.

Decidido isso, estava eu aqui pensando. Não sei, de uns tempos pra cá o pessoal acha que dar cosméticos de presente é bacana. Tá. Depois que os Natais passam eu fico mesmo um tempão sem precisar comprar sabonete no mercado e fico toda cheirosa usando aqueles de marca chique com sementes disso e daquilo. É bacana, eu curto. Só que faz uns anos já que o pessoal tem me dado hidratante. E gente, o bagulho sempre acumulou lá no banheiro. Porque eu não sabia a utilidade real do negócio (dãã, eu sei que hidrata, só não sentia diferença nenhuma) até assistir uma entrevista da Sandy dizendo que o dermatologista dela manda passar duas vezes por dia. Então que eu continuo sem sentir muita diferença ao passar hidratante, mas se o dermatologista da Sandy manda é porque deve ter algum saldo positivo no resultado final. Além do fato que se eu passar todos os dias duas vezes por dia o meu estoque de hidratantes de presente de Natal vai acabar e eu vou poder finalmente ver meu armário do banheiro mais vazio.

O Natal de 2010 não foi diferente. Algumas semanas antes, a recém-tia recém enfiada na família me perguntou por diversas vezes o que eu achava do cheiro de carambola. De pitanga. De jabuticaba. Eu, sacando a dela (e Grinch que sou) respondi logo "me dá de morango que tá bom". É, porque pelas perguntas dela, jajá ia chegar na jaca. E andar por aí com cheiro de jaca não rola. Mesmo assim eu tive fé, sabe? Não, ela não vai me dar OUTRO hidratante. Vai ser qualquer outra coisa. E mesmo que seja frustrante abrir um embrulho de presente e dar de cara com um 'aaah, é um sabonete, que legal', mesmo assim eu até preferia. Porque sabonete pelo menos eu economizo no mercado depois. E me sinto a Xuxa tomando banho com sabonete de macadâmia com sementes de abacate e tals. Até rolava, sabe. Mas eu não compro hidratante no mercado. E no meu banheiro deve ter bem uns 20 frascos. Todos cheios. Todos presentes de alguém.

Quando ela me deu o pacote, eu já sabia. Um pote de hidratante de morango, que deve ter uns 300 litros. E olhei pra ela e disse "poxa, brigadão, que lindo, era tudo que eu queria" (repare no sorriso amarelo). E agora eu tenho vontade de passar tudo e sair toda branca na rua. Não porque eu queira ser hidratada. Não porque eu ache supimpa. Mas porque eu queria que acabasse logo.

Então deixei o hidratante pra lá e terminei de abrir meus presentes. Já tinha passado mesmo, eu já meio que sabia que seria assim. Não adiantava mais chorar o hidratante derramado. Nada mais seria pior.

Foi então que eu abri o presente da minha avó. E era uma caneca. Com inscrições de "ESTIVE EM PENEDO E ME LEMBREI DE VOCÊ."


- Tá, minha vó avacalhou de propósito. Porque deu um vuco-vuco geral aqui que acabei não levando ela pra fazer compras de Natal. Mas a culpa não foi minha. Mesmo assim, ela descontou em mim. E ainda me mandou dizer que era pra abrir o pacote e dizer "ai que lindo".

- Não, não é difícil me dar presente. Se você TÁ MESMO A FIM de me fazer feliz quando me der alguma coisa, vá em qualquer livraria na seção de Literatura Estrangeira. E me traz um. Passe longe de literaturas técnicas e autoajuda. Simples assim. 90% de certeza que eu vou gostar. Mas se você realmente quer que eu te peça em casamento pode me dar um macbook...

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

WAR

WAR é só um jogo de tabuleiro que persiste bravamente nessa geração voltada para jogos eletrônicos. WAR é um joguinho simples, cujo objetivo é justamente chegar ao seu objetivo escolhido previamente. Em WAR você conquista Ásia, África e mais um continente à sua escolha. Em WAR você conquista 24 territórios. Em WAR você destrói os exércitos azuis. Em WAR você conquista cinco pontos estratégicos e posiciona 10 exércitos em cada um.

WAR é um jogo que você leva pra jogar com os familiares na viagem. Porque família sempre resolve viajar praquela cidade que para de funcionar antes das 10 horas da noite. Que você tem que correr pra jantar antes disso enquanto as pizzarias e lanchonetes ainda estão abertas, porque quando passar das 22h tudo fecha e a cidade dorme. Cri cri cri...

WAR é um jogo pra se levar quando ninguém é viciado o suficiente pra saber jogar truco. Nem há tantos controles suficientes pra todo mundo jogar Super Nintendo no emulador do notebook do seu irmão. WAR é aquele jogo que demora 2 ou 3 horas pra acabar. E que apesar de seus pais e avós gostarem de assistir sua prole jogando, sempre vão dormir e acabam por saber o resultado final da partida só no dia seguinte.


WAR é aquele jogo bonito que todo mundo começa a jogar feliz e sorridente. Mas, nessa família, ninguém gosta de perder.


WAR é um jogo que faz com que emoções aflorem. De acordo com as sensações durante o jogo, ou de acordo com as vontades que temos de expressar nossos sentimentos familiares, o que importa é que é um momento único da vida. Momento esse que depois você vai poder passar o resto de seus dias dizendo que "fiquei nervosa por causa do jogo". E todo mundo vai entender, vai aceitar.

Eu joguei WAR com os tios e irmão 3 dias entre o Natal e Ano Novo.

- No primeiro dia eu fiz beicinho porque perdi e era meu aniversário, eles não tinham mais que a obrigação de ter me deixado ganhar. Então me deram um abraço coletivo de parabéns com a esperança de que eu ficasse feliz com isso. Eu não fiquei não. Eu perdi o jogo, caramba! Ainda se tivessem me dado uma grana, mas abraço? Façam-me o favor.

- No segundo dia implicaram porque eu tinha muitos exércitos na Alemanha, que é um território pequeno e me roubaram porque não me deixaram usar minhas próprias peças. Alegaram que mentira que estava tudo lá. Mano, a peça é minha. O território é meu. EU QUE SEI, tá sacando? Então joguei tudo as bolinhas pra cima e foda-se a dona do jogo que ia ter que procurar pelo chão depois.

- No terceiro dia eu tava toda empolgada porque agora sim estava ganhando, todos os meus exércitos no tabuleiro, todos os aviões atacando. Muito empenho. Pra dona do jogo roubar assim na cara dura e ganhar de repente. Eu fiquei com cara de tacho. A indivídua ganhou todas as três vezes que jogamos. Tipo assim, ela deve fazer só isso na vida. Além de toda a robalheira de mudar os exércitos de territórios sorrateiramente durante o jogo e tals. Eu falei que nunca mais jogo essa merda. Pelo menos não a dela. Então eu fui contra todos os meus 31 anos de educação e verifiquei se a minha mãe estava dormindo mesmo, que eu não sou besta nem nada. Daí abri a porta e mandei todo mundo pra fora da minha casa.


Sentimento natalino. Emoções familiares. É bonito mesmo. Eu acho.